Quinta, 10 Maio 2018 13:10

 

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O Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
 
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Roberto Boaventura da Silva Sá

Prof. de Literatura/UFMT; Dr. em Jornalismo/USP

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Depois do artigo “Longevidade da razão cínica”, publicado no dia 03/05/18, no qual trato do cinismo de artistas e intelectuais, que parecem ter deliberado pelo cultivo de um tipo de amnésia seletiva, além de uma conveniente cegueira, decidi expor minha oposição ao movimento que pede a liberdade de Lula. Por isso, na contramão do “Lula Livre”, lanço o trocadilho “Livre de Lula”.

Começo por uma leitura da música “Lula livre”, um sambinha de última qualidade, recheado de bizarros clichês, composto por Claudinho Guimarães, e cantado por Beth Carvalho, intérprete de tantos sambas de excelência. Que triste ver essa bamba cair, agora, não mais nos sambas de “cartolas”, “noéis” e outros menestréis, mas na panfletagem chula em prol de uma “Ideia” perversa e obsecada por corrupção. 

Pois bem. Do texto em análise, no plano formal, nada mais há de relevante do que um conjunto de rimas, se não pobres, nada nobres; no entanto, todas óbvias. Só por isso, o texto/panfleto já está condenado à miséria artística. A arte sempre pede um quê de imprevisibilidade. Ali não há nada disso. Nenhuma metáfora.

Na linha dos interdiscursivos, identifico algo próximo da excrescência musical “Pra frente, Brasil”, produzida durante a ditadura militar por Dom e Ravel. Daquilo, destaco:

...Todos juntos, vamos, pra frente Brasil... De repente é aquela corrente pra frente, parece que todo o Brasil deu a mão. Todos ligados na mesma emoção. Tudo é um só coração (...)”.

Agora, vejam os infelizes versos de Claudinho Guimarães para Beth Carvalho cantar em defesa da liberdade de Lula:

Pro Brasil andar pra frente// vamos caminhar// Seja elo da corrente...// Ele (Lula) andando livre no país// Ele une o país// Semeando amor...”.

De ambos os textos, há coincidências literais de três palavras/expressões-chaves: “pra frente (Brasil)”; “vamos”; “corrente”.

Fora dessas coincidências, mas na mesma lógica semântico-discursiva, destaco, do texto “Lula livre”, o verso “Ele une o país”, que se aproxima de “...todos juntos...”, da composição dos anos 70.

Por essa de “Lula livre” com “Pra frente, Brasil”, um signo da ditadura que se apropriara do sucesso da Seleção de Futebol no México, para ludibriar nosso povo, politicamente, muito sonolento, nem eu esperava. Em suma, são dois textos miseravelmente panfletários. Ambos mentirosos. Cada qual em seu tempo, ambos perigosos.

Mas por que “há perigo na esquina” (ops.), ou seja, na música/panfleto “Lula livre”?

Porque, por trás desse movimento – que, ao contrário do que diz o panfleto de Guimarães, Lula só desune o país – há uma prática preocupante de desmoralização do judiciário, que é falível, mas não a ponto de ter cometido qualquer perseguição política.

Nesse sentido, o ministro Gilmar Mendes lembrou, em entrevista (EFE: 04/05/18), que, dos onze ministros do STF, oito são indicados do PT. Disse mais:

O que ocorreu foi que, quando assumiu o PT, que tinha uma pequena base parlamentar, buscou apoio de outros partidos aos quais propôs como contrapartida a distribuição de recursos".

Mendes referiu-se, primeiro, ao esquema do Mensalão; depois, o Petrolão: um “produto” tipo exportação. Que o digam alguns países africanos, latinos e caribenhos.

Enfim, hoje, no Brasil, não há nenhum perseguido político que precisasse ser libertado. Contra todos os políticos e empresários já tornados réus, há fatos e fartas provas.

Contra fatos, só a amnésia, a cegueira e/ou o cinismo político; ou seja, perigosos chamarizes que podem chamar o que não se deseja...

 

Quinta, 03 Maio 2018 11:27

 

 

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JUACY DA SILVA*
 

Estamos em pleno outono, a caminho do inverno, ou seja, quando a temperatura no hemisfério sul esfria de forma continua. Enquanto isto, a temperatura politica brasileira esquenta de forma rápida, alimentada por conflitos de interesses, novas denúncias de corrupção envolvendo gente graúda, incluindo muitas autoridades que gozam de impunidade para seus mal feitos, graças ao famigerado “foro especial” ou em linguagem técnica “foro por prerrogativa de função”, crise econômica que persiste, desemprego que ainda é o flagelo de mais de 13,2 milhões de desempregados, além de outros 15,5 milhões de subempregados, descrença generalizada da população em relação aos políticos e demais autoridades em todos os níveis e assim por diante.


Além desses fatos, ainda podemos assistir ao vivo os debates no STF e constatar que a mais alta corte de justiça do pais esta rachada ao meio, principalmente quando se trata de definir questões que afetam autoridades com foro privilegiado. Costuma-se dizer que generais, altos dignitários religiosos, políticos e integrantes do poder judiciário e também membros do ministério público mais se parecem com semideuses, donos da verdade absoluta, esquecendo-se de que tanto as políticas quanto as ações de governo, nos três poderes, são custeadas pelo suado dinheiro do contribuinte, incluindo metade da população que vive ou sobrevive quase vegetando com um salário de fome ou graças a algumas migalhas que caem dos orçamentos públicos, enquanto os marajás da República continuam com seus altos salários e demais mordomias.


Outros fatos que estão aquecendo a temperatura política e social no Brasil nos últimos meses podem ser destacados: a condenação e prisão do ex-presidente Lula, que, apesar de preso, ainda é o candidato da preferência do povo/eleitores brasileiros; a condenação e com certeza prisão do ex-governador e ex-senador mineiro, Eduardo Azeredo, envolvido em corrupção no chamada mensalão Tucano, apesar de que muita gente, por algum tempo, ter acreditado que todos os partidos, menos o PSDB, flertavam ou ainda flertam com a corrupção.


Neste aspecto outro fato neste clima politico quente foi a decisão do STF tornando réu o outrora cacique do PSDB, Senador Aécio Neves, que também, tudo leva a crer, pelo andar da carruagem, também irá parar atrás das grades, a menos que o STF mude sua postura e decisões e dê uma “forcinha” para que condenados em segunda instância possam recorrer das sentenças em liberdade, garantindo uma certa impunidade graças à morosidade como os investigados com foro privilegiado gozam junto aos tribunais superiores, tudo isto, com algumas exceções, é claro, como aconteceu com o ex-senador Deocídio do Amaral.


Contra algumas posturas consideradas dúbias ou contraditórias do STF e outros tribunais superiores, parece que esta havendo um certo “mal estar” por parte da cúpula militar, principalmente no Exército, envolvendo alguns generais de pijama e também parte dos generais do Alto Comando, incluindo o próprio Comandante do Exército, com pronunciamentos considerados duros e muito críticos em relação ao momento atual.


Fazendo coro com tudo isso, a candidatura do Deputado e ex-capitão do Exército, Jair Bolsonaro, bastante conhecido por suas posições radicais, seus discursos inflamados, está bem consolidada e , a menos que surja um fato novo, tende a chegar ao segundo turno das eleições presidenciais deste ano, se é que vamos mesmo ter eleições em outubro próximo.


Há poucos dias, o Senador Requião, do PMDB/PR divulgou um pronunciamento pelas redes sociais, alertando o país, autoridades e instituições sobre a gravidade do momento que estamos vivendo, incluindo os atentados a bala contra a caravana de Lula no Sul do país e contra o acampamento dos simpatizantes do ex-presidente em Curitiba. Segundo Requião estamos vivendo um clima muito tenso que pode desembocar em conflitos violentos no país, exigindo ou dando margem para uma intervenção militar, não como a que ocorre no Rio, mas como um golpe militar e a quebra da “normalidade democrática” e o rompimento dos liames que sustentam um estado democrático de direito.


Enfim, parece que estamos mais próximos de um enfrentamento generalizado entre grupos de interesses conflitantes que podem levar o país ladeira abaixo, com sérias repercussões na economia e nas instituições. Muita gente vê uma certa semelhança com o final de 1963 e os idos de março e o restante da estória e história que bem conhecemos.


Costuma-se dizer que é fácil perceber quando os tanques, veículos blindados e militares saem das casernas, difícil é prever ou antever quando voltarão, novamente, aos quartéis. Este filme tem sido visto e revisto em alguns países, como no Egito, por exemplo e não custa colocar “as barbas de molho”.

 


*JUACY DA SILVA, professor universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia, articulista e colaborador de diversas veículos de comunicação social. Email O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Twitter@profjuacy Blog www.professorjuacy.blogspot.com
 

Quarta, 02 Maio 2018 14:02

 

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Roberto Boaventura da Silva Sá

Dr. em Jornalismo/USP; prof. de Literatura/UFMT

 

Envolto ao clima do 1º de maio, reflito sobre os recentes acontecimentos que envolveram o PT e sua militância. Até agora, eu nada publicara sobre a prisão de Lula. Meu silêncio, ainda que não fizesse parte de razões cínicas, não escapava da covardia acadêmica, algo nada nobre.

 

Mas, afinal, de que “razão cínica” quero falar?

 

Respondo, usando parte das considerações que César Benjamin – um dos fundadores do PT – fez publicar no artigo “O triunfo da razão cínica” (Revista Caros Amigos, n. 80; nov/2003).

 

Há quinze anos, César deixava o PT. De seus motivos, destaco:

 

  1. “O PT está morrendo... suas posições históricas - sobre previdência, transgênicos, política econômica, FMI ou qualquer outro assunto - estão sempre prontas a ser sacrificadas no balcão em que se fazem as negociações...”;
  2. “Os que construíram o PT e não se corromperam nele não têm mais lugar... É tênue a separação entre política e negócios. Candidatos a deputado, até ontem assalariados, falam em levantar 10 ou 20 milhões para suas campanhas, sabe-se lá de que forma... Não há mais pudor...”;
  3. A crise do PT é a mais profunda da esquerda... A cooptação do PT pelo sistema de poder é a mais vergonhosa de todas, pois vem desassociada de qualquer ganho real para a base social que ele deveria representarLula aceitou ser o algoz dessa base...”;
  4. No lugar da verdade, marketing, dissimulação e engodo, uma enorme operação de deseducação política. No lugar de uma ação coletiva, um líder que... começa a se considerar semideus (“Eu sou uma ideia”, já disse Lula). No lugar de um projeto, espertezas... No lugar de diálogo, ameaças, chantagens, nomeações, demissões. No lugar da luta de ideias, movimentos sempre nas sombras. É o triunfo da razão cínica”
  5. “Aos pobres, Lula pede infinita paciência, enquanto atende com presteza... os financiadores de campanhas...”.

 

O artigo de César foi ignorado.

 

Não tardou, e, em 2005, explodiu o escândalo do Mensalão do PT. Mesmo diante de fatos, os cínicos, incluindo intelectuais, saíram dizendo que aquilo não passava de artimanhas das elites.

 

Não eram. Eram conchavos do PT com agentes das elites. Resultado: líderes do Partido foram condenados e presos. Dali em diante, o PT passou a promover uma divisão social, perguntando: e os outros (corruptos do PSDB et alii)?

 

Sua preocupação (a do “nós”) com os “outros” foi bem maior do que a ética devida. Na sequência, mais sofisticado e perverso, nova bomba: o Petrolão, ou seja, corrupção tipo outra camada do mesmo bolo podre.

 

Tanta falta de ética não isentaria, ad aeternum, Lula, hoje, devidamente preso. Outros petistas e líderes de outros partidos, igualmente corruptos, deverão ter direito aos mesmos metros quadrados. É necessário. Nossa democracia não pode sofrer golpe nesse processo em curso; aliás, seria o único até agora.

 

E é justamente em cima da palavra “golpe” que a razão cínica se revitaliza, tornando-se longeva. Que apeados do poder e apartados das tetas do Estado chorem, é normal. Senhores feudais e absolutistas também já derramaram lágrimas. Agora, é demais que intelectuais e artistas, que se enganaram um dia, queiram continuar se enganando.

 

Qual é o problema de – à lá Cazuza – reconhecer que nossos heróis morreram todos? Intelectuais também erram. Todavia, se insistirem em erros, há ditados populares que machucam, mas definem bem a postura.

 

Enfim, o cinismo de artistas e intelectuais me preocupa. Isso ajuda a consolidar a mentira de que Lula seja preso político. Não é.

 

Simples (e complicado) assim.

 

Sexta, 20 Abril 2018 15:21

 

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 Por Roberto de Barros Freire

 

O que há de comum entre Michel Temer, Aécio Neves e Lula, além, é claro, de serem investigados pela justiça brasileira, sendo um deles já condenado? Usam os mesmos argumentos para se defenderem das acusações que lhe são imputadas. Os três acusam o ministério público de perseguição política contra suas candidaturas. Dizem que há uma conspiração contra eles e suas pretensões políticas. Que há um complô na justiça para afastá-los da vida pública, que tramam ardilosamente contra a verdade, que só eles conhecem.


Aliás, tal argumento é o que mais se encontra entre nossos presidiários. Se perguntarem aos presos, quase todos se dizem inocentes, que foram condenados injustamente, que são homens honestos e bons, mas que foram privados de suas liberdades por equívocos da polícia, da procuradoria ou mesmo da justiça. É o argumento típico de bandidos, que por mais que se encontrem indícios e provas de suas culpas, alegam sua inocência. Acreditam que uma mentira repetida diversas vezes, talvez se torne algum dia uma verdade.


Devemos dar a presunção da inocência aos políticos? Só se fossem pessoas comuns, sem cargos ou poder político. Para os políticos, é fundamental que se diga, não basta serem honestos, é preciso também parecer honesto, e na dúvida sobre seus atos ou ditos, devem ser imediatamente afastados de seus cargos e postos, colocados em ostracismo, até que se prove sua inocência. O benefício da dúvida é prerrogativa do povo, e se o povo tem alguma suspeita sobre seus políticos, os mesmos precisam se retirar da arena pública até que provem que as suspeitas estão erradas. É o que acontece na maior parte do mundo civilizado: na ocorrência de uma acusação, o político imediatamente sai do cargo que ocupa, do partido político a que pertence, e vai para a justiça comum provar sua inocência. Se comprovada sua inocência, recebe o direito de voltar à esfera política e ocupar cargo de poder.


Enfim, PMDB, PSDB e PT são mais semelhantes em suas práticas e discursos do que querem nos fazer crer que tenham grandes diferenças seus defensores. Para mim, tudo de ruim que um partido fala do outro é absolutamente verdadeiro, o que é falso o que cada um alega sobre suas qualidades.
 
Roberto de Barros Freire
Professor do Departamento de Filosofia/UFMT
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Quarta, 11 Abril 2018 15:45

 

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Roberto Boaventura da Silva Sá

Dr. em Jornalismo/USP; prof. de Literatura/UFMT

 

 

“Nunca, como antes, na história deste país”, vivemos dias tão tensos quanto inusitados. Por isso, falar de nossa atual conjuntura é pôr em risco até velhas amizades.

 

Mesmo ciente disso, “data venia", arrisco dizer que, na sessão do STF, de 04/04/18, depois da qual se pôde prender o ex-presidente Lula, o país teve uma importante aula sobre democracia e postura coerente. Explicarei adiante.

 

Como sou amante da arte do discurso, assisti à transmissão daquele evento praticamente o tempo inteiro.

 

De chofre, destaco a qualidade dos discursos dos onze ministros, independentemente de seus votos. Poucos foram os momentos de fragilidade na abordagem que cada qual fez para consolidar sua posição diante da matéria em pauta.

 

Porém, do conjunto de discursos, saliento o voto de Rosa Weber: ápice daquela “aula”. Como todos sabiam, além de outras mais, aquele seria o voto que:

 

1º) poria em risco – ou não – a estabilidade jurídica no país, pois, naquele momento, o STF tinha direcionamento coletivamente aprovado em 2016 para balizar a matéria. Até que haja reversão, o norteamento está dado, querendo ou não;

 

2º) selaria a existência pessoal e os rumos políticos de Lula;

 

3º) poria em constrangimentos futuros – ou não mais – a existência de diversos agentes da elite (políticos e empresários), já presos ou prestes a isso;

 

4º) redefiniria os rumos da própria eleição presidencial de outubro.

 

Mas não quero falar – pelo menos não neste artigo – desse futuro. Quero falar de duas das qualidades mais difíceis de serem vistas em tempos de relativizações gerais: a coerência e o pleno exercício democrático.

 

Ser coerente e democrata não são posturas para qualquer um. Por isso, exalto situações nas quais a coerência e a prática da democracia ficam evidentes, mesmo quando não agradam muitos da plateia; aliás, foi o que fez Rosa na sessão do STF já referenciada.

 

Em rápidas palavras, em 2016, a maioria do pleno do STF deliberou que as sentenças de condenados em segunda instância já poderiam ser cumpridas, em regime de reclusão, sem prejuízo de o réu continuar recorrendo a instâncias superiores.

 

Pois bem. Rosa foi uma dos cinco derrotados à ocasião. A partir disso, de 58 habeas corpus que julgou, não acatou 57 deles. Logo, não poderia, naquele momento, agir diferentemente no caso de Lula. A demanda de Lula era igual as dos demais recusados anteriormente.

 

Em outras palavras, Weber, mesmo pensando diferentemente da maioria, com o colegiado ficou para se manter como um ser democrático. Atitude rara, que deveria ser normal em sociedades democráticas. Caso agisse de forma diferente do que fez, agiria de maneira casuística. De resto, por nada, ninguém deveria defender atitudes tais.

 

Ao respeitar a colegialidade, Rosa manteve a linha da coerência, outra característica rara, que também deveria estar na normalidade de nossas ações, mas nem sempre está.

 

Não por acaso, no presente cenário político, cito, como exemplo, a vivência nas universidades, ressalvando as exceções. Apesar da indiscutível estrutura democrática de tais espaços, a experiência da democracia, por conseguinte, da coerência, é algo que raramente podemos dizer que vivenciamos de maneira plena. Não raras são as vezes que nossos representantes desrespeitam a colegialidade, em prol de suas interpretações e/ou interesses. Daí a dificuldade de muita gente, hoje, inclusive no meio acadêmico, entender o que é respeito a decisões coletivas. 

 

De qualquer forma, as lições de Rosa nos foram dadas; pena que em circunstâncias tão constrangedoras.

Sexta, 06 Abril 2018 14:13

 

A Adufmat-Seção Sindical do ANDES convida toda a comunidade acadêmica da UFMT para um happy hour na próxima sexta-feira, 13/04, a partir das 18h, na Praça do Restaurante Universitário em Cuiabá.

 

“Com diversas atividades culturais, o Lusco Fusco com Elas tem o objetivo de marcar a unidade dos trabalhadores num contexto político delicado, de necessária mobilização”, explica o diretor do sindicato, José Ricardo de Souza.

 

Feira de artesanato, comida típica, intervenções artísticas e políticas qualificadas são um pouco do que os participantes vão encontrar no evento da próxima sexta-feira.

 

 

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind    

Terça, 30 Janeiro 2018 10:48

 

 

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JUACY DA SILVA*
 

Na semana passada dois acontecimentos significativos ocuparam as agendas nacional e internacional.  Um deles foi a condenação , em segunda instância da Justiça Federal em Porto Alegre, do ex-presidente Lula, acusado por prática de corrupção e lavagem de dinheiro, incluindo o aumento da pena de 9 anos e meio estabelecida em primeiro instância pelo Juiz Sérgio Morto, para 12 anos e alguns meses, incialmente em regime fechado, ou seja, mais dia, menos dia, se a defesa de Lula não conseguir reverter essas decisões ele vai acabar no xilindró, como outros políticos e empresários graúdos que já estiveram ou estão na cadeia há alguns meses ou anos.

Este fato é significativo porque vai ter repercussão nas eleições de outubro, não apenas para presidente da República, mas também para os demais cargos como senadores, deputados federais, estaduais e governadores.

Ao politizar as decisões judiciais deste e de mais cinco ou seis processos que Lula ainda responde também por corrupção, lavagem de dinheiro, tráfico de influência e formação de quadrilha, poderá impedir que o  fundador e líder máximo do PT seja candidato a um terceiro mandato como presidente da República. Mas mesmo assim, Lula será uma referência importante no processo eleitoral, podendo, inclusive ajudar a alavancar tanto o PT  quanto os demais partidos de esquerda em todos os estados.

Este acontecimento, ou seja, a condenação de Lula, deverá dar muito pano para mangas, como dizem e muita água ainda vai passar por debaixo da ponte até as eleições de outubro, lembrando que, da mesma forma como tramitou este e outros processos contra Lula, se a justiça, principalmente o STF e STJ, tiverem a mesma celeridade, com certeza a grande maioria dos mais de cem parlamentares, ministros, governadores e secretários de Estado e outros figurões poderão também ser impedidos de concorrerem `as eleições, afinal, esses  são acusados e investigados por crimes semelhantes aos de Lula e não seria justo condenar e prender meia dúzia de corruptos e deixar mais de uma centena de corruptos livres, leves e soltos ou então acontecer como no caso do ex-governador, ex-prefeito e deputado Paulo Maluf que demorou 18 anos para ser condenado e colocado na prisão, demonstrando que a morosidade da justiça contribui para a impunidade.

O segundo acontecimento da semana que terminou, foi a reunião do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, que contou com a participação de mais de 4 mil pessoas, incluindo mais de 70 chefes de Estado, de Governo, ministros , grandes empresários, centenas de jornalistas e representantes de organizações não governamentais, que assistiram diversas apresentações de Chefes de Estado e também puderam participar de mais de 400 painéis, onde foram debatidos temas importantes para as relações internacionais e o futuro do planeta e da humanidade.

O tema deste ano da reunião de Davos foi “criando um futuro compartilhado em um mundo fragmentado”. Decorrentes deste tema, diversas outros, mais específicos fizeram parte do encontro e que tem  estado na pauta das agendas oficiais e não oficiais nos últimos anos.

Dentre esses temas, também importantes, podemos destacar: mudanças climáticas, desastres naturais; conflitos regionais e guerras, incluindo Guerra cibernética, conflitos geopolíticos; migrações internacionais ou grandes deslocamentos populacionais internos; corrida armamentista e a proliferação de armas de destruição em massa; crise econômica, financeira e fiscal em vários países e, finalmente, um tema que muitos governantes e grandes empresários nem gostam de falar que é o aumento da pobreza e da desigualdade econômica, social e politica no mundo, tanto entre países quanto internamente em todos os países.

Todos esses temas estão interrelacionados e acabam  gerando diversas consequências tanto a nível mundial quanto nos países, com destaque para o desemprego, sub emprego, falência dos estados, impossibilitando-os de oferecerem obras e serviços públicos de qualidade e voltados, principalmente, para as camadas mais pobres e excluídas da sociedade, gerando insatisfação, protestos populares, conflitos sociais e políticos e instabilidade institucional.

Como bússola para os próximos encontros e as ações por parte das entidades governamentais, as agências internacionais, o setor empresarial e também a sociedade civil organizada, foram estabelecidas seis grandes agendas.

Essas são as seguintes: Agenda global; agenda geopolítica; agenda econômica; agenda regional e nacional; agenda de negócios e investimentos e, finalmente, a agenda do futuro, voltada para as inovações, as pesquisas, as descobertas, a reengenharia das instituições para fazerem face aos  avanços científicos e tecnológicos e as mudanças de vanguarda, principalmente nas áreas das artes, medicina, ciência e tecnologia e na formação de novas lideranças políticas, empresariais e comunitárias.

Foi também aceita a ideia da criação de um Conselho Global do Futuro, a ser integrado por mil dos maiores e melhores pensadores, pesquisadores e empresários de diversas áreas e campos do saber, com a finalidade de pensar e imaginar quais serão os grandes desafios que a humanidade estará enfrentando nos próximos anos e décadas, ou seja, identificar alguns fatos portadores de futuro.

Resta saber se tudo isso será realmente implementado e como as pessoas, os governos, os empresários, as ONGs e instituição vão  navegar neste mar extremamente revolto, evitando algumas catástrofes naturais ou humanas já bem previsíveis.


*JUACY DA SILVA, professor universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia, articulista e colaborador de diversos veículos de comunicação.

E-mail professorjuacy.yahoo.com.br Blog www.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy

Quinta, 25 Janeiro 2018 21:48
 
 
 
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JUACY DA SILVA*
 

Esta semana deverá passar para a história politica brasileira como um marco emblemático e também poderá ser conssiderada a base das eleições presidenciais de outubro vindouro. Nesta quarta feira, dia 24 de janeiro de 2018, o Tribunal Federal Regional, da Justiça Federal, em Porto Alegre, deverá julgar o recurso interposto pela defesa do ex-presidente Lula em relação à condenação imposta ao mesmo pelo Juiz Sérgio Moro, a nove anos e meio de prisão, pelas acusações de corrupção passiva, lavagem de dinheiro, no “affair” do famoso triplex do Guarujá.

Depois de passar praticamente incólume pelos seus oito anos de governo, apesar do escândalo do MENSALÃO, que levou à condenação e prisão da cúpula petista na época e de figuras de proa de partidos aliados que o apoiavam no Congresso Nacional, Lula acabou caindo na rede da Operação Lava Jato, como um peixe graúdo, além de diversos empresários, políticos e gestores públicos, todos amigos ou próximos de Lula, muitos que abriram o bico e deram com a língua nos dentes dizendo que, apesar de Lula assemelhar-se `aquela macaquinho que coloca as mãos nos ouvidos, na boca e nos olhos, dando a entender de que nada ouve, nada fala e nada vê, Lula acabou enrolado em diversas processos de investigações, bem menos do que, por exemplo, Eduardo Cunha, Sérgio Cabral, Gedel Vieira Lima, Rocha Loure, Garotinho, Maluf, Silval Barbosa, José Dirceu, Antônio Palloci, Marcelo Odebrecht, José Carlos Bumlai e tantos outros figurões que estão, já estiveram ou ainda poderão ir parar atrás das grades.

Mesmo com tantos processos, parece que Lula realmente em sua trajetória deixou de ser um grande líder sindical, para se transformar em um dos políticos mais sagazes ou talvez um mito no imaginário coletivo, tanto é verdade que há mais de ano, em todas as pesquisas de opinião pública onde são sondadas as preferências dos eleitores quanto aos candidatos, pré-candidatos ou pretensos candidatos a presidência da República, está sempre em primeiro lugar, disparado na frente, com mais de 30% das intenções de voto, praticamente o dobro do segundo preferido, o deputado Jair Bolsonaro, militar reformado, considerado linha dura, alinhado com a extrema direito e demais forcas conservadoras, parte que, inclusive propugna por intervenção militar no cenário politico nacional.

Os demais pretensos candidatos, Marina Silva, Alkimin, Dória, Álvaro Dias, Rodrigo Maia e outros vinculados aos diversas partidos nanicos, tem menos de 15%, alguns menos do que 5%, ou seja, são candidatos de si mesmos ou de seus apoiadores partidários e não empolgam a população e nem os eleitores.

Assim, dependendo do julgamento desta quarta feira, teremos três cenários. No primeiro cenário, Lula, se condenado poderá ser levado a prisão e aí o PT, MST e outros movimentos sociais devem dar inicio a uma grande agitação politica, gerando muitos conflitos pelo país afora, colocando em risco a estabilidade politica e institucional, complicando, inclusive a realização das eleições.

No segundo cenário, Lula poderá ser condenado, mas aguardará em liberdade algum recurso judicial e com certeza reforçará seu discurso de vitimização , de perseguição politica e deverá intensificar sua maratona pelo país, promovendo sua defesa junto ao povo e, ao mesmo tempo, intensificando sua candidatura e fortalecendo o discurso de oposição ao atual governo e seus apoiadores, muitos dos quais já foram aliados e comensais da mesa do poder, quando Lula e Dilma foram presidentes; esses são os eternos parasitas e oportunistas de plantão, que estão sempre à sombra do poder, pouco importa quem seja o governante de plantão.

No terceiro cenário Lula será inocentado e, da mesma forma que nos dois cenários anteriores, isto reforçará seu discurso e críticas às “zelites” conservadoras, reacionárias e insensíveis aos dramas da população mais pobre e excluída da sociedade, forcas essas que o próprio Lula atraiu e com elas organizou seus governos, favorecendo, inclusive, os grandes grupos econômicos  e políticos inescrupulosos do PT e de , praticamente, todos os partidos, se locupletaram com o fisiologismo e a corrupção.

Neste ultimo cenário, a vitória de Lula na corrida presidencial parece que será praticamente certa, cabendo apenas a dúvida, de quem deverá ser chamado/a por Lula para compor seu novo Governo? 

Por último, Lula sendo condenado e ou preso e impedido de ser candidato, a corrida eleitoral para a Presidência da República estará praticamente  zerada e ai vai ser difícil para o eleitor escolher candidatos confiáveis, com projetos claros de desenvolvimento nacional e as propostas para  o país sair da crise e que forcas estarão apoiando cada candidato, lembrando que os corruptos, oportunistas e aves de rapina estarão `a espreita apropriar-se da chave do cofre.

Enfim, vamos aguardar mais alguns dias ou semanas até que as coisas estejam mais claras, com uma única certeza, o Brasil não suporta mais ser governado por criminosos de colarinho branco, demagogos, políticos fisiológicos e oportunistas de sempre, seja a nível nacional, nos estados e municípios. Se isto acontecer, nossa desgraça só tende a piorar.

Oxalá os partidos políticos e os eleitores tenham consciência desta realidade e evitem eleger ou reeleger as figuras carimbadas, políticos corruptos, fisiológicos, incompetentes ou que desejam mandados para se protegerem como ocorre no foro privilegiado ou então para arquitetarem seus esquemas de favorecimentos e roubalheira, imaginando que a administração pública seja uma sinecura ou propriedade desses políticos demagogos e corruptos.

*JUACY DA SILVA, professor universitário, titular, aposentado UFMT, mestre em sociologia, articulista e colaborador de jornais, revistas, sites , blogs e outros veículos de comunicação. E-mail Blog www.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy Email O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

 

Sexta, 12 Janeiro 2018 17:16
 
 
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para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
 
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Roberto de Barros Freire

Não é qualquer um que pode ser ministro do governo Temer. Os pré-requisitos para ser nomeado não estão acessíveis aos comuns dos mortais. Para ser escolhido é fundamental um padrinho político, basta perceber que 5 dos ministros são filhos de políticos afamados, não por sua boas qualidades políticas ou éticas. Chamam a isso de busca de alianças políticas, o que denomino, de forma mais precisa e honesta, de encontro de cúmplices para realização de atos lesivos ao país e nepotismo.

Para escolher seus ministros, o presidente antes se encontra com condenados pela justiça federal, como Valdemar da Costa Neto ou Roberto Jeferson, nunca com homens honestos ou mesmo razoáveis, que, confesso, ninguém assim vejo perto do presidente. Entre os escolhidos sempre está alguém investigado pela polícia federal ou pelo ministério público, ou senão delatado em algum acordo de delação premiada. Não há ministro que não seja suspeito de algum crime, de participação em organização criminosa, recebedor de benesses estatais, caixa dois (que para os políticos não é um crime, apenas um “deslize” quase inocente ou natural) e regalias diversas.

Portanto, nada mais coerente que o presidente escolha uma pessoa que pública e notoriamente não respeita as leis trabalhistas, condenada que foi em dois processos trabalhistas, e nomeia para o Ministério do Trabalho. Atendeu aos interesses do bandido do pai e nem pensou na necessidade dos trabalhadores. Ela cumpre com todos os pré-requisitos para ministro do Temer: é filha de político desonesto, condenado, foi delatada pela Odebrecht, é política no pior sentido do termo. Teremos uma ministra que nunca trabalhou, vivendo à custa de falcatruas políticas do seu pai desde a mais tenra infância até ingressar na “carreira” política, e que, se conhece, não acha necessário respeitar as leis trabalhistas, e que provavelmente inventará formas de liberar patrões condenados na justiça do trabalho. De fato, as leis, aqui, de nada valem e estão sempre na mão dos governantes do momento interpretá-las da forma mais cômoda para si e mais incômoda para todos nós.

Desde o primeiro momento o presidente sempre mentiu, dizendo que faria um ministério de notáveis, que afastaria todos que se tornassem incriminados pelos organismos públicos, que agiria sempre pensando em primeiro lugar no país. Na verdade, os notáveis o são pela quantidade de irregularidades legais e morais que lhes estão associadas. Quando algum cúmplice, digo, aliado, está sendo investigado, se não tem, logo arruma um foro privilegiado para livrá-los da prisão, dando-lhes ministérios. Jamais se afasta de condenados e suspeitos da justiça federal, recebendo-os em casa. Temer governa apenas para manter seu poder frágil, comprado, submisso ao que há de mais atrasado no país, e o que de pior pode produzir as idiossincrasias humanas.

Um governante que não liga para a opinião pública, que faz e desfaz as coisas de acordo com aquele que exerce mais pressão no momento, que escolhe as pessoas não para resolver os problemas do país, mas os seus interesses políticos miúdos, não merece sequer respeito, pois que desrespeita a todos nós diariamente, na sua obscura busca de arrebanhar maiorias com dinheiro público. É um presidente que dá e dará ainda mais vergonha de nossa história política, que nunca se caracterizou por terem membros com grandes qualidades, mas que também nunca teve uma pessoa com tão poucas qualidades éticas ou políticas.

Roberto de Barros Freire
Professor do Departamento de Filosofia/UFMT
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Sexta, 06 Outubro 2017 15:42
 
 
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JUACY DA SILVA*
 

Costuma-se dizer que o Brasil possui várias características. Alguns dos estudiosos de nosso país, como Jacques Lambert que escreveu o memorável livro “ Os dois brasis”, um pobre  e outro rico; um que se apropria das riquezas nacionais e outro que é excluído, outros economistas como Celso Furtado que enfatizou a questão  das desigualdades regionais, outros enfatizaram as relações centro periferia, tomando como contexto as relações internacionais e o espaço ocupado por nosso país no concerto das diversas nações. Para  diversos  pesquisadores mais contemporâneos  o importante é destacar as questões de gênero, de raça e etnia e voltar a reforçar a dicotomia de classes como referências fundamentais para entender  nossa realidade e, a partir deste contexto poder ser elaborado  um projeto de nação ou projeto ncional de desenvolvimento, que não seja excludente para a maioria do povo brasileiro, como acontece na atualidade.

A ausência de um projeto nacional de desenvolvimento que alcance  ou abranja as diversas esferas ou expressões do poder  nacional tem sido substituído por improvisações, pela descontinuidade das ações públicas como balizadoras de um planejamento estratégico ou o que é denominado de planejamento de longo prazo,  planejamento este que deve ser de estado ,onde o planejamento de sucessivos governos sejam  etapas de uma caminhada mais longa, duas ou três décadas no mínimo.

Para que seja elaborado um projeto nacional de longo prazo, precisamos enfatizar muito mais as políticas  e estratégias nacionais, onde as ações  dos governos federal, estaduais e municipais sejam articuladas, integradas e compatibilizadas em termos de diagnósticos, recursos financeiros, orçamentários, humanos e tecnológicos, os correspondentes planos, programas, com objetivos, metas e indicadores para que possam ser avaliados e corrigidos os rumos  a tempo.

O que vemos nas últimas três décadas, que podemos tomar como pontos  de referência a promulgação da atual constituição federal  em 1988, a “redemocratizaçao” e o tão sonhado estado democrático de direito e o ano atual, ou mesmo o próximo ano de 2018, quando termina mais um período governamental nas esferas federal e estaduais, já que continuamos  com esta aberração política de eleições municipais na metade dos mandatos dos governos estaduais e muitos outras  aberrações políticas como a corrupção endêmica e epidêmica que assola o Brasil, de norte a sul, de leste a oeste, em todos os estados, municípios e nos diversos poderes do Estado, é um estado paquiderme, moroso, ineficiente, perdulário, opaco , cujas entranhas  ou estruturas foram  capturados por uma “classe política” corrupta, integrada por  agente, incluindo gestores e quadros partidários vorazes para assaltar os cofres públicos. São 3 décadas, trinta anos de  domínio da  corrupção e do crime organizado de colarinho branco dirigindo os destinos nacionais.

Nossos governantes  e gestores, principalmente  seus asseclas, tomaram de assalto o país e transformaram o estado, as instituições  e a população como reféns, da mesma forma  que a bandidagem  do crime organizado faz de refém populações inteiras  em favelas, hodiernamente e eufemisticamente denominadas de “comunidades”.  Existe  uma grande semelhança no que acontece na Rocinha, no Rio de Janeiro e em Brasília e nas capitais dos Estados, uma verdadeira Guerra de quadrilhas.

O tempo que deveria ser utilizado pelos governantes e gestores para bem gerir e implementar políticas públicas , suas correspondentes estratégias e as ações decorrentes, geralmente é utilizado para montar esquemas  fraudulentos e corruptos de como tirar proveito de  seus cargos e posições, loteando a administração pública, assaltando os cofres públicos, extorquindo  empresários ou quem necessita realizar atividades econômicas ou sociais  com os  poderes públicos.

Exemplos como dos estados do Rio de Janeiro, de Mato Grosso e de vários outros estados e também o que acontece no Congresso Nacional, tanto na Câmara Federal  quanto no Senado, onde os governos ou seja, o poder é utilizado para enriquecimento pessoal, de famílias  ou grupos ideológicos, partidários. Os exemplos  mais típicos são as quadrilhas comandadas de dentro dos palácios, onde as políticas públicas, as licitações são geridas `a base da propina e das negociatas, muito longe do espírito democrático e republicano.

O balcão de negócios que tomou conta dos  palácios do Jaburu, onde um mega empresário corrupto chegou a gravar  o Presidente da República, do Planalto, onde a agenda do Presidente é recheada de reuniões com parlamentares que trocam o apoio politico e parlamentar, para salvar o mandato espúrio do atual mandatário, por cargos para seus apaniguados e liberação de emendas; a forma criminosa como nos governos Lula, Dilma  e Temer preencheram cargos importantes nas estatais, bancos oficiais, ministérios,  as   denúncias, investigações, condenações e prisões de ex-ministros, ex-parlamentares, ex-governadores, ex-secretários, ex-gestores e empresários que faziam e fazem parte de quadrilhas de colarinho branco são  as provas de que estamos sendo governados não por estadistas  mas por criminosos que estão levando  o país, os estados e municípios ao fundo do poço, um verdadeiro mar de lama.

Diante de um quadro desses pouca esperança resta ao país e ao povo de que uma mudança significativa de rumo possa ocorrer em futuro próximo. Muita  gente nutre a esperança de que este nó possa ser desatado  com as eleições de 2018. Todavia, os atores e candidatos serão os mesmos que estão ai, mandando, desmandando e manipulando o cenário politico nacional.

Alguém  acredita que é possível que a raposa possa bem cuidar do galinheiro e das galinhas?  Ou  que o vampiro seja um bom gestor do banco de sangue? Com a palavra os leitores, eleitores e contribuintes.

*JUACY DA SILVA,  professor  universitário, titular e aposentado UFMT,  mestre  em sociologia, articulista  e colaborador de jornais, sites, blogs e outros veículos de comunicação. Twitter@profjuacy E-mail O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo." target="_blank">O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Blog www.professorjuacy.blogspot.com