Direto da subsede de Sinop, a diretoria da Adufmat-Ssind iniciou a assembleia geral convocada para esta sexta-feira, 13/08, com os pontos de pauta: informes; análise de conjuntura; retorno da reunião com a Reitoria sobre os espaços físicos dos sindicatos e Greve Nacional dos Servidores do Setor Público no dia 18 de agosto.
Entre outras decisões, os presentes aprovaram a adesão à Greve Nacional dos Servidores no dia 18/08 e a manutenção da decisão anterior sobre a sede: não haverá nem a desistência do prédio, nem o pagamento de qualquer valor de aluguel.
Durante os informes, o diretor geral do sindicato, Reginaldo Araújo, disse que “Frente Popular pela Vida: em Defesa dos Serviços Públicos e de Solidariedade ao Enfrentamento à Covid-19”, coletivo do qual a Adufmat-Ssind faz parte, recebeu mais 25 mil quilos de alimentos da parceria com a ONG Ação Cidadania. Parte da doação foi recebida em Paranatinga, por comunidades indígenas, algumas foram levadas para distribuição em bairros periféricos de Sinop, e a outra parte está sendo distribuída em Cuiabá. “Com essa doação atingimos a incrível marca de 150 toneladas de alimentos distribuídos pela Frente, além de combustível para barcos das comunidades indígenas, ferramentas, fraldas, leite, cobertores e outros materiais que pudessem dar condições mínimas de sobrevivência para essa população”, afirmou Araújo, convidado os sindicalizados a contribuírem com alimentos ou qualquer valor (clique aqui para saber como).
Em seguida, o docente informou que a categoria dos Correios, que está mobilizada contra a privatização da instituição e os ataques aos serviços públicos, aprovou indicativo de greve para o dia 17/08. A decisão já provocou retaliação aos trabalhadores, que foram avisados que não receberão, este mês, o benefício de alimentação concedido todos os meses pela empresa pública.
Análise de Conjuntura
O professor Leonardo Santos abriu o ponto de pauta “análise de conjuntura” com elementos apontados na Nota Política da Diretoria, publicada pelo sindicato para marcar o primeiro mês da gestão (clique aqui para ler).
A nota destaca a dura conjuntura de ataques, agravados pela pandemia de Covid-19, em âmbito nacional e também no estado de Mato Grosso, o primeiro em número de mortes e um dos últimos no ranking de vacinação do país. Além da PEC 32, o documento aponta as perdas provocadas pelas políticas de privatização, voltadas para a Eletrobrás e os Correios, o esforço neoliberal para provocar desemprego, que já alcançou mais de 14 milhões de pessoas, além da fome, do Marco Temporal contra a população indígena, e a Educação em meio a este cenário.
O documento termina com a necessidade de centrar esforços na reorganização da luta dos trabalhadores, e reforçando o caráter classista da Adufmat-Ssind na atuação, inclusive, nas frentes de solidariedade e enfrentamento a essas dificuldades.
O professor Reginaldo Araújo destacou que, nos últimos dias, enquanto a população era distraída pela discussão do voto impresso, o Congresso Nacional aprovou a minirreforma Trabalhista, o distritão, privatizações e já se prepara para tramitar o texto da Reforma Administrativa.
A professora Maria Luzinete Vanzeler se disse contemplada pela nota da diretoria, mas registrou que a declaração do ministro da Educação, Milton Ribeiro, em entrevista recente, também deve estar no foco do debate. “Ele defendeu que a universidade deve ser para poucos, porque não são tão úteis. O discurso do ministro deixou evidente a intenção de formar mão de obra, tirando o sujeito pensante da sociedade. Esse deve ser o pior momento em toda a nossa curta história de vida, e tudo isso em meio a pandemia”, ressaltou Vanzeler.
Os tanques para intimidar os adversários também foram citados como uma forma de distração utilizada pelo Governo Federal, pois os docentes avaliam que a centralidade das discussões, nesse momento, deve ser as privatizações e a Reforma Administrativa. Não houve nenhum encaminhamento neste ponto de pauta.
Retorno da reunião com a Reitoria sobre os espaços físicos do sindicato
A reunião sobre a cobrança de aluguel da Adufmat-Ssind e do Sintuf-MT não foi menos dura do que a conjuntura.
Embora os advogados do sindicato demonstrem que não há nenhuma razoabilidade na proposta da Reitoria, estando o contrato de comodato em vigência e sem nenhuma legislação que comprometa o acordo - assinado, inclusive, pelo Conselho Diretor da universidade à época – a Reitoria insiste que a única forma de permanecer nas sedes é pagando o aluguel.
A vice-reitora, Rosaline Lunardi, que participou da assembleia anterior e disse que havia disposição para dialogar, foi quem recebeu as categorias nessa quarta-feira, 11/08. Numa postura bastante diferenciada da utilizada na assembleia, antes mesmo de apresentar os presentes na reunião, iniciou o encontro dizendo que há um único caminho para as entidades: pagar.
De acordo com os relatos da reunião, os representantes da Adufmat-Ssind e do Sintuf-MT falaram das orientações legais, das contribuições históricas das categorias com a universidade, mas nada pareceu modificar a intenção da administração. Haverá uma nova reunião em cerca de 20 dias, na qual as entidades e Reitoria se comprometeram a apresentar informações sobre como outras universidades e sindicatos estão encaminhando essa questão.
“Não podemos nos deixar convencer de que essa é uma ação protocolar. Trata-se de um ataque político direto aos sindicatos, às ferramentas de luta dos trabalhadores. Não haverá recuo”, disse o professor José Domingues de Godoi.
Por unanimidade, a categoria reafirmou que não deixará a sede e não pagará nenhum centavo de aluguel.
Durante o debate, os docentes destacaram que a conhecida “Oca” representa a luta do sindicato, mas também um marco arquitetônico dos povos originários. A professora Maria Adenir Peraro, historiadora e ex-diretora do sindicato, sugeriu que o prédio seja usado para além de sede administrativa e política, também como um centro de documentação, diante do grande acervo histórico pertencente ao sindicato que ela mesma está organizando.
O professor José Domingues lembrou que a construção da oca também está ligada ao início do curso de Arquitetura da UFMT, onde o professor José Afonso Portocarrero, idealizador da obra, leciona até os dias de hoje.
Considerando que o prédio da Adufmat-Ssind é um patrimônio histórico, cultural e arquitetônico, o presentes decidiram que a diretoria fará um documento divulgando todo esse processo, desde o estabelecimento da sede, no início da década de 1990, até o ataque atual.
Além disso, a Adufmat-Ssind deverá levantar a situação em outros sindicatos do país, se reunir novamente com a Reitoria na data combinada, e iniciar uma campanha explicando a situação, com textos e vídeos, em conjunto com o Diretório Central dos Estudantes (DCE) e o Sindicato dos Trabalhadores Técnico-administrativos (Sintuf-MT). Também foi encaminhado que os espaços da Adufmat-Ssind devem continuar sendo ocupados com atividades culturais, que a diretoria deve pensar formas de denunciar o que está acontecendo a outras instituições e entrar em contato com pessoas ligadas à história da sede do sindicato.
Um dos primeiros passos dessa retomada histórica é divulgar o documentário produzido em 2019, sobre os 40 anos da Adufmat-Ssind (clique aqui para assistir), que também faz referência a este processo.
Greve Nacional dos Servidores Públicos no dia 18/08
Após todo o debate realizado nos pontos de pauta anteriores, os docentes decidiram aderir à Greve Nacional dos Servidores Públicos convocada para o dia 18/08, traçando estratégias de mobilização e divulgação.
O sindicato divulgará o calendário das atividades que, até o momento, só tem a mobilização do Fórum Sindical, prevista para às 9h na Praça Ulisses Guimarães, e a construção dos trabalhadores dos Correios, a partir do indicativo de greve aprovado para o dia 17/08.
O sindicato deverá utilizar novamente a estratégia das faixas em torno da universidade, além de desenvolver um material de agitação voltado para a categoria, sobre a necessidade de parar e como parar.
Luana Soutos
Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind