Neste 1º de Maio queremos destacar o significado deste dia para nós, professores/as da classe trabalhadora, tão duramente afetados pela conjuntura adversa, assim como todos os demais trabalhadores do Brasil e do mundo atacados pela regressão de direitos.
Nunca é demais lembrar o significado histórico do feriado de 1º de Maio: a data denominada como “dia do trabalhador” é um marco da luta das trabalhadoras e dos trabalhadores contra a exploração de sua força de trabalho - o roubo de seu tempo, de sua saúde, de seus sonhos - nos primórdios da ascensão do modo de produção capitalista. Nesse dia, no ano de 1886, operários se levantaram em protesto contra as péssimas condições de trabalho e pela redução da jornada exaustiva de 16 horas. Direitos como férias, décimo terceiro, descanso semanal, aposentadoria não existiam nessa época. A revolta cresceu e uma multidão se reuniu em Chicago para dar um basta a tamanha exploração. Foram fuzilados sem piedade. Hoje, 133 anos depois, parece que a roda do tempo gira em sentido inverso: já retiraram os direitos trabalhistas e querem agora retirar o direito à aposentadoria.
Contam com nossa complacência, com nossa falta de memória, como se tivéssemos sangue de barata. Mas com esse inseto compartilhamos apenas a resistência, a capacidade de sobreviver. O sangue vermelho que corre em nossas veias é o sangue de homens e mulheres fuzilados naquele 1º de maio tenebroso, em que se registrou a cruel marca da irracionalidade do Capital. Aliás, nesse mais de século, ainda estamos às voltas contra os emissários de Chicago – o “Chicago Boy” com apelido de posto de gasolina – que quer mais uma vez nos impor goela abaixo os grilhões de uma vida indigna e sem esperança.
A mesma Chicago que foi palco da resistência, relegou ao mundo uma vertente teórica nefasta contra a conquista dos trabalhadores, com ênfase no retorno ainda mais aprofundado do livre mercado conforme expressa Paulo Guedes, um dos “Chicago Boy” brasileiro que jamais trabalhou, porque é sócio de banco, e por isso mesmo aplaudiu a reforma trabalhistas que extinguiu a proteção trabalhista da CLT e agora defende uma reforma da previdência que na prática elimina o direito de aposentadoria da esmagadora maioria dos trabalhadores brasileiros. Em suma, nos impõe goela abaixo um pacote ultraneoliberal que retorna a condições de trabalho análogas ao século XIX, quando os trabalhadores se rebelaram.
Mas, como dizia o poeta:
E quem garante que a História
É carroça abandonada
Numa beira de estrada
Ou numa estação inglória...
Não passarão! 1º de Maio é dia de lembrar que nada temos a perder a não ser nossos grilhões.
Diretoria da ADUFMT 2019/2021