Além das violências, as mulheres denunciam políticas públicas que podem agravar a desigualdade e exploração às quais estão expostas
Na próxima sexta-feira, 08 de Março, mulheres de todo o mundo param mais uma vez para denunciar abusos e desigualdades provocadas pela cultura patriarcal a serviço do sistema capitalista. Se, em pleno século XXI, as mulheres ainda são vistas como objeto, violentadas e mortas por aqueles que muitas vezes consideram companheiros, e recebem cerca de 40% menos do que os homens no exercício do mesmo cargo, uma greve internacional das mulheres deve ser a melhor resposta.
Em assembleia geral, a categoria docente da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) decidiu acompanhar a paralisação para marcar a data, e o Grupo de Trabalho Política de Classe para questões Étnico-raciais, Gênero e Diversidade Sexual (GTPCEGDS) da Adufmat-Ssind realizará um debate, às 9h, com o tema “A luta das Mulheres: da reparação ao ataque estrutural ao direito de existir”, que contará com a contribuição das professoras Lélica Lacerda e Ana Luisa Cordeiro.
As docentes, estudantes e técnicas organizadas farão, ainda, panfletagem no campus de Cuiabá, e participarão do ato unificado na Praça Alencastro a partir das 15h. Em frente à sede da Prefeitura da capital mato-grossense, as mulheres decidirão, em plenária, as lutas que serão encampadas pelas cuiabanas nos próximo período.
Além das violências - simbólica e física - sofridas diariamente, as denúncias que serão evidenciadas nesse 8 de Março incluem políticas públicas que poderão agravar a situação que já é dramática no país, como a flexibilização das regras para posse de armas. Em 2016, por exemplo, metade das mulheres assassinadas no país foram vítimas de arma de fogo: 2.339, segundo o sistema Datasus, do Ministério da Saúde.
No material elaborado pelo grupo Mulheres na Luta MT, outra denúncia: “assistimos indignadas, além da ameaça da posse de armas, à brecha criada pelo pacote de leis de Sérgio Moro, que poderá atenuar as penas para assassinos que aleguem ‘violenta emoção’”.
De acordo com a Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), em 2018, a taxa de feminicídio em Mato Grosso aumentou 37,5%. Facilitando o acesso à arma de fogo, e reduzindo as penas aos sujeitos que praticarem feminicídio, dados desse tipo só podem aumentar.
A revogação da Emenda Constitucional nº 95/2016, conhecida como “Teto de Gastos”, que congela os investimentos em saúde, educação, assistência social e segurança pública por 20 anos, e a retirada da proposta de Reforma da Previdência, também são demandas das mulheres, pois tendem a aprofundar as desigualdades e explorações impostas às mulheres.
Símbolo da luta das mulheres, sendo negra, moradora da periferia, mãe solo e LGBT, a vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco, será a grande homenageada do 8 de Março de 2019. O crime bárbaro, cometido na noite de 14 de Março de 2018, continua sem respostas, embora alguns envolvidos já tenham sido identificados.
Programação:
Paralisação na UFMT
9h – Debate na Adufmat-Ssind, “A Luta das Mulheres: da reparação ao ataque estrutural ao direito de existir”.
15h – Ato na Praça Alencastro, com plenária e manifestações diversas.
Luana Soutos
Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind