Em assembleia geral realizada nessa sexta-feira, 13/04, no auditório da Adufmat-Seção Sindical do ANDES, os docentes da Universidade Federal de Mato Grosso discutiram a conjuntura política nacional e internacional, e as alternativas para atuação dos trabalhadores organizados.
A avaliação, de modo geral, é de que a sombra do autoritarismo já está instalada no país, de forma diferenciada das conhecidas em outros períodos históricos. Universidades punindo estudantes que participam de manifestações, docentes questionados por seus objetos de estudos políticos e a ascensão de grupos fascistas são alguns dos elementos que evidenciam isso.
Na UFMT, em particular, as imposições de um modelo de sociedade rejeitado pela maioria da população são refletidas pela intenção de implementar disciplinas de empreendedorismo em todos os cursos, entre outras medidas encaminhadas atualmente pela administração da universidade, atendendo aos interesses neoliberais em âmbito nacional e internacional.
O debate também foi bastante reflexivo com relação a atuação do Movimento Docente. Nesse sentido, duras intervenções problematizaram acordos da categoria com insígnias do tipo “Fora Temer” ou mesmo o reconhecimento de que a derrocada do governo petista se deu por meio de um golpe. “Aderir ao Fora Temer foi um equívoco, porque a frase deseduca, faz parecer que o problema é o Temer e não o projeto de sociedade que ele ou quem quer que seja faça avançar”, afirmou a professora Alair Silveira.
Para o professor Carlos Sanches, há um imbróglio por parte dos movimentos sociais que dialogam com governos que se dizem de esquerda, mas que se contradizem na prática. De acordo com o docente, a categoria não deve participar de nenhuma movimentação de cunho eleitoral, e sim realizar críticas mais profundas ao sistema vigente. “Por que nós não realizamos, por exemplo, campanhas massivas em defesa do voto nulo?”, questionou.
Para o professor Maelison Neves, um dos grandes desafios para os trabalhadores é justamente escapar das armadilhas do processo eleitoral. “Nós não teríamos condições de enfrentar o neoliberalismo dessa perspectiva, mesmo que elegêssemos alguém. Esse momento é de trabalho de base, de ir para as ruas, circular as palavras, transformar as consciências e disputar a concepção de sociedade sem ilusões’, afirmou.
Na avaliação da categoria, o Partido dos Trabalhadores tem grande responsabilidade sobre o desencantamento, a desconfiança e o descrédito que, inclusive, causam esvaziamento dos espaços de discussão política.
Por esse motivo, os docentes destacaram a necessidade de que as duas chapas que disputam a direção do ANDES Sindicato Nacional este ano se posicionem e apontem, de maneira crítica e contundente, quais caminhos desejam percorrer com a categoria para reorganizar a luta dos trabalhadores. Os docentes reconheceram que a unidade tática é necessária, no entanto, é preciso atentar para as estratégias.
Encaminhamentos
Após longo debate, os presentes encaminharam: a elaboração de uma campanha denunciando os partidos políticos que aprovaram a Contrarreforma Trabalhista, a Terceirização, a Emenda Constitucional do Teto de Gastos (EC 95/16), entre outros projetos que retiram direitos, para que esses partidos percam os trabalhadores de suas bases eleitorais; que a diretoria da Adufmat-Ssind deve consultar a comissão que ficou responsável por dialogar com o escritório de Contabilidade do sindicato com relação a desencontros na prestação de contas da gestão anterior, inserindo, caso não haja avanço nos trabalhos da comissão, a questão como ponto de pauta na próxima assembleia; e promover um debate entre as chapas que disputam a diretoria do ANDES-SN em 2018. Além disso, por sugestão do professor Tomás Boaventura, a diretoria da Adufmat-Ssind deve intensificar os informes para a base sobre eventos nacionais, comunicando no início das assembleias gerais a agenda de atividades e eventos próximos.
Luana Soutos
Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind