Quarta, 10 Outubro 2018 16:53

 

Circular nº 339/18

Brasília(DF), 10 de outubro de 2018

 

Às seções sindicais, secretarias regionais e à(o)s Diretora(e)s do ANDES-SN

 

Companheiro(a)s,

 

Diante das indicações encaminhadas às Seções Sindicais e a deliberação de rodada de assembleias entre os dias 10 e 17 de outubro de 2018, aprovada na reunião conjunta dos Setores, realizada no dia 9/10/18, estamos convocando reunião conjunta dos setores das IFES e das IEES/IMES para o dia 18 de outubro de 2018 (quinta-feira), conforme o que segue: 

Horário: Das 9h às 18h

Local: Sede do ANDES-SN (SCS Quadra 2, Bloco C, Edifício Cedro II, 3º andar – Brasília/DF).

 

Pauta:

           1. Informes;

           2. Análise da conjuntura;

           3. Resultado das Assembleias

           4. Encaminhamentos.

          

 

Sem mais para o momento, renovamos nossas cordiais saudações sindicais e universitárias.

 

Profª Caroline de Araújo Lima

1ª Secretária

Quarta, 10 Outubro 2018 10:09

 

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O Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
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Por Vicente Machado Ávila*

 

Voto de cabresto no passado.

 

A figura do coronel era muito comum durante os anos iniciais da República, principalmente nas regiões do interior do Brasil. O coronel era um grande fazendeiro que utilizava seu poder econômico para garantir a eleição dos candidatos que apoiava. Era usado o voto do cabresto, onde o coronel obrigava e usava até mesmo de violência para que os eleitores de seu “curral eleitoral” votassem nos candidatos apoiadores por ele.  Como o voto era aberto.

Coronéis capangas e candidatos

Os interesses dos coronéis e candidatos eram garantidos pala ação impiedosas dos capangas.

Esse sistema permitia que os títulos eleitorais se transformassem em títulos negociáveis e que o governo exercesse sobre eles o ato do voto, praticado sob a odiosa fiscalização e vigilância de seus agentes.  Da ameaça de represália, da peita e do suborno.

Voto de cabresto no presente

No sistema político e eleitoral brasileiro, nos dias atuais, é mais difícil controlar o voto das pessoas, mas há novos mecanismos de pressão que são usados como, por exemplo, anotar as secções em que os eleitores de uma determinada família ou localidade votam, para depois conferir se a votação do candidato correspondeu ao que se esperava dos eleitores, que em troca recebem dinheiro, lotes e alimentos (cesta básica). Embora não seja possível se determinar “quem” votou em “quem” por este método, ele é eficaz entre a população mais pobre como instrumento de pressão psicológica.

Mas há também o uso de poder das milícias, nas comunidades pobres, que obrigam os moradores locais a votar em quem eles querem, ou não permitem o voto em candidatos que a milícia não aceita; se a população não cumpre a milícia pode abusar do poder e causar mortes ou parar de “ajudar” os moradores

Laicos ou lacaios?

Ignorando o sadio principio que separa religião do estado muitos pregadores religiosos( padres e pastores)praticam o voto de cabresto influenciando seus fiéis a votarem em candidatos na-povo e com isso empurram suas ovelhas para as presas afiadas da selvageria capitalista. 

                                                          

Professor

 BRASILINO EXPERANÇOSO

Quarta, 10 Outubro 2018 09:19

 

Em reunião conjunta realizada em Brasília (DF) na terça-feira (9), os Setores das Instituições Federais de Ensino (Ifes) e das Instituições Estaduais e Municipais de Ensino (Iees/Imes) do ANDES-SN indicaram às seções sindicais a realização de rodada de assembleias docentes entre 10 e 17 de outubro. Representantes de 28 seções sindicais participaram da reunião.

A reunião realizada nesta terça indicou que as assembleias deverão pautar: 1) Encaminhar a construção da mais ampla unidade dos trabalhadores e trabalhadoras para defender a democracia, os direitos e a universidade pública e combater o fascismo;

2) Discutir a conjuntura eleitoral na perspectiva de combate ao fascismo e remeter posição para a reunião unificada dos setores, a ser realizada em 18 de outubro; essa unidade deve ser feita com a construção de frentes antifascistas; Debater a conjuntura eleitoral a fim de definir posição e estratégia de combate ao fascismo no país para remeter à reunião dos setores no dia 18 de outubro.

As posições definidas nas assembleias de base das seções sindicais serão levadas à nova reunião conjunta dos Setores das Ifes e das Iees/Imes. Essa nova reunião será realizada em 18 de outubro, também na capital federal.

Antonio Gonçalves, presidente do ANDES-SN, avalia que foi importante o Sindicato Nacional realizar uma reunião para debater a situação política brasileira, de recrudescimento do conservadorismo. O docente ressalta que é fundamental que a categoria compareça às assembleias convocadas por suas respectivas seções sindicais para aprofundar o debate sobre as formas de combater o fascismo.

“Teremos uma rodada de assembleia até 17 de outubro. Nessas assembleias, discutiremos quais táticas serão utilizadas para construir uma frente antifascista”, disse.

Segundo Antonio Gonçalves, o objetivo é construir essa frente a partir da leitura da conjuntura: “o movimento fascista está ganhando força no Brasil, e não apenas no aspecto eleitoral”, avaliou.

“A reunião foi boa, com a presença de 28 seções sindicais. No dia 18 teremos o resultado das assembleias e poremos encaminhar para a base as diversas táticas que foram discutidas”, concluiu.

Debate de manhã

Na parte da manhã da reunião dos setores, a diretoria do ANDES-SN apresentou uma proposta de texto político sobre a conjuntura eleitoral, após o primeiro turno, aos presentes. O texto ressalta a gravidade da conjuntura atual, de uma crise que não é apenas política, mas social, cultural e econômica.

A proposta da diretoria reafirma a importância do Sindicato Nacional nessas décadas de luta a favor da categoria docente e da classe trabalhadora. “Neste momento, em que o cenário eleitoral expressa uma disputa entre frações da burguesia, protofascismo e projetos de conciliação de classe, é necessário reafirmar as posições históricas do ANDES-SN, analisar com precisão a conjuntura e definir ações para o período do segundo turno das eleições”, diz um trecho da nota. 

“Ao mesmo tempo em que as manifestações contra o fascismo ganharam as ruas, nas inúmeras e numerosas manifestações do dia 29 de setembro de 2018, sob o chamado #EleNão, também identificamos o crescimento de ações ofensivas, de perseguição, de agressões e um conjunto de fake news que tenham difundir a desesperança e o ódio”.

Saiba mais:

Reunião conjunta no ANDES-SN debate o cenário político brasileiro

 

Fonte: ANDES-SN

 

Terça, 09 Outubro 2018 17:39

 

Conjuntura política após o primeiro turno é debatida em reunião do ANDES-SN

 

Representantes de mais de 25 seções sindicais do ANDES-SN estão reunidos nesta terça-feira (9) para debater a conjuntura eleitoral do país. A reunião conjunta dos Setores das Instituições Federais de Ensino (Ifes) e Estaduais e Municipais de Ensino (Iees/Imes) ocorre na sede do sindicato em Brasília (DF).

A diretoria do ANDES-SN apresentou uma proposta de texto político sobre a conjuntura eleitoral, após o primeiro turno, aos presentes. O texto ressalta a gravidade da conjuntura atual, de uma crise que não é apenas política, mas social, cultural e econômica.

A proposta da diretoria reafirma a importância do Sindicato Nacional nessas décadas de luta a favor da categoria docente e da classe trabalhadora. “Neste momento, em que o cenário eleitoral expressa uma disputa entre frações da burguesia, protofascismo e projetos de conciliação de classe, é necessário reafirmar as posições históricas do ANDES-SN, analisar com precisão a conjuntura e definir ações para o período do segundo turno das eleições”, diz um trecho da nota.  

“Ao mesmo tempo em que as manifestações contra o fascismo ganharam as ruas, nas inúmeras e numerosas manifestações do dia 29 de setembro de 2018, sob o chamado #EleNão, também identificamos o crescimento de ações ofensivas, de perseguição, de agressões e um conjunto de fake news que tenham difundir a desesperança e o ódio”.

A diretoria ainda propõe a realização de assembleias de bases, plenárias, debates e outras atividades para refletir sobre a atual conjuntura do país. O debate continuará à tarde para deliberar os encaminhamentos da reunião conjunta.

Crime de ódio
No início da reunião, esta manhã, foi feita a leitura de uma nota política em repúdio ao assassinato do capoeirista, Romualdo Rosário da Costa. Mais conhecido como mestre Moa do Katendê, em Salvador (BA), ele foi vítima de um crime de ódio por divergir politicamente do seu assassino. 

 

Fonte: ANDES-SN

Terça, 09 Outubro 2018 10:38

 

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Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
 
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Por Aldi Nestor de Souza*
 

Planejei submeter um relato de experiência para o congresso de educação, SEMIEDU, que acontecerá aqui na UFMT, no mês de novembro desse ano.  O relato trata de uma experiência que fiz em sala de aula, de uma disciplina de Álgebra, aqui do curso de licenciatura em matemática da UFMT, na qual Paulo Freire e sua Pedagogia do Oprimido se fizeram presentes e transitaram no meio da abordagem axiomática da teoria dos Anéis e Corpos de que trata a citada disciplina. Chamei a experiência de Álgebra do Oprimido.

Eu até cheguei a escrever o relato. Num wordzinho, como esse que aqui escrevo, num total de 6 páginas, estava tudo pronto e relatado: as leituras freireanas, as aulas de álgebra, a linguagem abstrata da teoria matemática em questão, os debates sobre: a serviço de quem estão estas palavras abstratas?, de quem são mesmo as palavras que constam dos livros de Álgebra?, quem lê livros de matemática?, é a Matemática, em particular, a Álgebra, uma concentradora de conhecimentos e que tem a linguagem como o grande gargalo?

A ideia de usar Paulo Freire foi justamente a de discutir, à luz de sua educação como prática da liberdade e de sua educação dialógica, o papel rígido, de certa forma indubitável das ideias e escritas matemáticas que gozam de um conforto estupendo no meio acadêmico e quase não sofrem crítica sobre sua forma de se apresentar à sociedade e, em particular, para estudantes de cursos como os de formação de professores.

Até fiz a inscrição no SEMIEDU, paguei o boleto e tudo mais. Na hora H, a de enviar o material, fui dar uma conferida nas instruções para tal submissão e parei. O conjunto de regras e normativas, coisas da ABNT, davam um total de 15 páginas. Isso só para a modalidade RELATO DE EXPERIÊNCIA, relato esse que, segundo uma das normas, deveria ter entre 4 e 8 páginas. Isso mesmo, 15 páginas de regras para a submissão de um texto com no máximo 8 páginas.

Quando eu pensei em relatar essa experiência foi com a melhor das intenções, e até mesmo acreditando estar contribuindo ou sugerindo uma possibilidade de abordagem para disciplinas, como a que relatei, marcadas por um alto grau de abstração e reprovação por parte dos estudantes. Pensei no relato como forma de mostrar pros colegas de ofício e receber deles a apreciação e críticas, tão fundamentais na construção de práticas de ensino e aprendizagem.

Mas as regras, ah, as regras, me retiraram de tal maneira a vontade da tal submissão que desisti por completo. Tamanho de letras, espaçamentos, margens, referências bibliográficas, tudo com suas medidas, tantas e tão implacáveis, que cansei até de lê-las.

Reproduzo aqui, como ilustração, um pouquinho das tais regras só para o uso de alíneas.

“ É possível, também, o uso de alíneas, que obedecem às seguintes indicações:

  1. a) Cada item de alínea deve ser ordenado alfabeticamente por letras minúsculas seguidas de parênteses, como neste exemplo;
  2. b) Use ponto-e-vírgula para separar as alíneas, exceto no último item;
  3. c) A lista de alíneas é separada do parágrafo de texto anterior por meia linha em branco (6pts) e do parágrafo de corpo de texto seguinte por uma linha (12pts);
  4. d) O estilo "Alínea" constante deste documento pode ser usado para a aplicação automática da formatação correta de alíneas.”

É claro que esse conjunto de regras não é um privilégio apenas do SEMIEDU. Para qualquer lugar que se ande na academia, é forte a pressão de órgãos que nos medem da cabeça aos pés, nos controlam e nos padronizam. Estamos, lembrando aqui de Herbert Marcuse,  unidimensionais, no apogeu do progresso técnico e vivendo numa sociedade cada vez mais sem oposição.

Mas qual será mesmo a gravidade estética de um espaçamento 1,5 ser trocado, por exemplo, por um de medida 1,0? Ou por outra, quão sério é uma margem superior 2,5 ser trocada por uma de 3? Mais grave do que tudo: imagine a tristeza de um avaliador do evento ao ter que conferir essas medidas. Imagine ainda dispensar um trabalho acadêmico sob a alegação de que numa referência bibliográfica, uma certa letra minúscula foi trocada por uma maiúscula.

Lembrei aqui de um artigo, no qual constava a demonstração da infinitude dos números primos e que foi feita em apenas uma linha. Segundo as normas do SEMIEDU, esse importante trabalho não teria chance de ser aceito.

Por fim, quem tem tempo de ter criatividade se uma avalanche de normas e regras rígidas tolhem a paciência, roubam o tempo e  asfixiam a liberdade de pensar sob o pretexto de, nos moldes de uma linha de montagem, padronizar os trabalhos pela escrita?

De quem são, afinal, as palavras iguais que constam dos trabalhos acadêmicos? A quem interessa tanta coisa cinza?



*Aldi Nestor de Souza
Professor do departamento de matemática da UFMT/Cuiabá.
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Terça, 09 Outubro 2018 09:33

 

Em entrevista ao ANDES-SN, o sociólogo e professor da Unicamp, Ricardo Antunes, fala de algumas das questões abordadas em sua última obra "O privilégio da servidão", que traz um retrato detalhado da classe trabalhadora hoje, com suas principais tendências e as mudanças na configuração trabalhistas.

Entre várias reflexões sobre os ataques aos trabalhadores, Antunes faz um alerta. “Estamos na iminência de termos um ultra neoliberalismo, com fascismo, comandado por uma figura farsesca que usa farda. Talvez a gente viva agora o pior momento das universidades públicas se essa tragédia se consubstanciar. Espero que isso não venha a ocorrer, se não entraremos em uma fase mais difícil que na ditadura militar, mais difícil que o neoliberalismo dos anos 90 pra cá. Porque agora seria uma combinação nefasta de ultra neoliberalismo com uma ditadura militar sem limites e com respaldo eleitoral”. Confira a íntegra* abaixo:

Recentemente, você comparou a terceirização à escravidão por aluguel. Poderia explicar essa analogia?

Ricardo Antunes: É uma analogia, quase uma metáfora, mas é importante que isso seja dito. Como é que funcionava o trabalho escravo? Na escravidão havia a compra de uma “coisa”, essa “coisa” era o homem negro ou a mulher negra que, a partir de adquiridos, eram convertidos em propriedade dos senhores de terra, de engenhos, que faziam com que o uso dessa coisa dessa força de trabalho, como quisessem. O que ocorre com a terceirização? A terceirização é de certo modo é uma burla do assalariamento capitalista. Por si só, o assalariamento já é uma troca entre desigualdades, o trabalhador e a trabalhadora vendem um tempo de trabalho, são remunerados por parte desse tempo de trabalho e veem o seu sobretrabalho, ou seja, o tempo adicional apropriado privadamente pela empresa capitalista. Isso significa que existe uma aparente liberdade entre as partes, sempre aparente porque são forças desiguais. É curioso que o liberalismo econômico que deu fundamento ao capitalismo sempre disse que o trabalhador e a trabalhadora podem recusar o trabalho, daí a ideia de liberdade, mas isso é falso. Se eles recusarem a venda da força de trabalho, eles morrem de fome.

O que ocorre com a terceirização? É um processo ainda mais nefasto, porque a empresa que precisa de trabalhadores aluga, junto a outra empresa que fornece terceirizados, uma força de trabalho que vai ser paga pela empresa que contrata o terceirizado no seu espaço, mas aluga a força de trabalho para a empresa que está contratando, e esta então se utiliza dessa força de trabalho e paga um valor em relação ao conjunto da força de trabalho contratada.

Então veja: a analogia é que na escravidão o escravo é comprado pelo proprietário. Na terceirização, o trabalhador e a trabalhadora terceirizados são alugados pela empresa de terceirização ao qual ele e ela estão vinculados e essa empresa de terceirização aluga um plantel de trabalhadores, um, dois, cinco, 10, 500, mil, para uma empresa que as contrata sob a forma de locação. Ou seja, é uma regressão em relação ao assalariamento cuja liberdade já era aparente.  Agora, nem essa liberdade aparente existe mais, porque o trabalhador terceirizado e a trabalhadora terceirizada não têm condições de dizer aceito ou não aceito, negocio o meu salário ou não negocio, quero direitos ou não quero.

É uma forma híbrida que significa uma regressão que nos aproxima do passado escravocrata. Óbvio que todos nós sabemos a diferença entre o trabalho escravo no sentido literal, seja o greco-romano, seja o escravismo colonial - que é parte da chaga brasileira, latino-americana e também norte americana se pensarmos o sul dos Estados Unidos -, e das formas precarizadas de trabalho atuais como as formas s terceirizadas regulamentadas, não regulamentadas, o trabalho intermitente, temporário. Nós sabemos essa diferença. Mas essa força de trabalho é alugada, sem que ela negocie o seu valor. Porque isso é uma negociação entre empresas: a empresa A, que está contratando 100 ou 200 trabalhadores, junto à empresa B. Como se você alugasse 100 carros para colocar a serviço da sua empresa, só que agora você está contratando 100 trabalhadores, ou trabalhadoras. Essa é a alusão a uma nova forma de escravidão, uma escravidão que se acentua na era da escravidão digital. Aliás, esse é o tema do meu livro novo, o privilégio da servidão, entre outros pontos, o novo proletariado da era digital, publicado pela Editora Boitempo.

Já existe no Brasil a terceirização de atividades-meio, mas o grosso da produção ainda não era terceirizado. Já existe em nível mundial a venda de serviços por meio digital, como Uber ou plataformas de trabalho freelancer. Com a nova legislação você acha que esse uso do meio digital para venda de trabalho pode aumentar? Como você vê o avanço da precarização do trabalho de setores com maior escolaridade?

Ricardo Antunes: Primeiro é preciso dizer que a atual regulamentação que trata da terceirização é resultado de uma contrarrevolução preventiva que deslancha com intensidade no governo Temer e tem dois momentos. O primeiro foi a aprovação, no início do governo Temer, que permitia a terceirização. Dizia que a terceirização não é mais restrita às atividades-meio e passa a ser feita também nas atividades-fim. Com isso, se provocava uma medida anterior do TST que fazia distinção entre atividade-meio e atividade-fim, permitindo a terceirização nas atividades-meio, as atividades de alimentação, segurança, os que não são vitais para as empresas, mas que são imprescindíveis para que o vital seja produzido. Nesse período, certamente, chegamos a 12 ou 13 milhões de trabalhadores terceirizados nas atividades-meio, ou mais. Mas os capitais exigiam mais. E como a medida do Temer ampliou a terceirização, ela também criou um embate jurídico – decidido há poucas semanas pelo STF. Foi um ato inaceitável do Supremo na medida em que ele vai além do que foi decidido no decreto de Temer, permitindo a terceirização total. No meu livro há um capítulo da “Sociedade da Terceirização Total”. O que significa isso? Não só a terceirização das atividades digitais, que são quase todas hoje. O debate sobre o capitalismo 4.0 é digitalizar tudo. Ou seja, o mundo do trabalho hoje é uma combinação complexa de atividades digitalizadas e manualizadas, em uma relação muito profunda. Não é uma versus a outra. Basta dizer que, para que um celular seja feito, uma “obra do mundo digital”, é preciso que haja extração do trabalho mineral – que é uma das mais brutais atividades laborativas manuais. Na China, nos países asiáticos, na África, na América Latina. Nos países pobres, do Sul do mundo, nas periferias. 

O STF estendeu a terceirização para todas as atividades. E, em uma afrontosa confrontação com a realidade, dizendo que a terceirização não precariza. Então, vou fazer uma provocação: se a terceirização não precariza, eu sugiro que todos os ministros do Supremo, que votaram pela terceirização, terceirizem seus trabalhos! Seria uma maravilha ver os sete que votaram a favor da terceirização virarem ministros terceirizados. Aí eles vão perceber a diferença da atividade terceirizada, na qual a burla da legislação protetora do trabalho é mais frequente, as jornadas são mais intensas, os assédios mais violentos, a divisão sexual do trabalho faz com que as mulheres trabalhem ainda mais do que os homens, as negras mais que as brancas, as mulheres indígenas mais que as mulheres brancas, em uma cadeia da precarização. 

Isso afeta também as atividades que o Bordieu chamava de atividades que dispõem de mais capital cultural. Você pode terceirizar agora a ponta, a atividade-fim da empresa. Em um hospital você pode terceirizar o médico. Em uma universidade, pública ou privada, você pode terceirizar todas as atividades docentes. Em uma empresa de transporte aéreo você pode terceirizar os pilotos. E assim sucessivamente. Um ministro do TST usou uma frase em um debate que participamos juntos meses atrás: a porteira está aberta. E nesse caso, a porteira aberta é do inferno. Nós estamos regredindo a formas da escravidão do trabalho, inclusive escravidão do trabalho digital. Porque agora eu posso te acordar de noite para que você vá trabalhar. Eu posso, por exemplo, ir para uma indústria de fast food. Chego lá às onze para atender o horário de almoço, mas se o trabalho não for necessário eu não sou chamado, fico lá esperando até de noite. O restaurante sem movimento, eu não recebo nada e volto pra casa. Isso é uma forma de escravidão digital. Basta um celular para eu ser chamado. Como serei pago se não trabalho? E é tão lesivo isso que eu sou considerado empregado, mas não tenho emprego. Isto é muito importante: passa a ser possível e já está sendo feito nessas atividades dotadas de formação específica. Não há mais barreiras claras entre o que pode e o que não pode, uma vez que tudo pode. No limite, o judiciário pode ser terceirizado. E a questão não é jurídica, é social e política. 

São essas questões que movem e empurram as decisões jurídicas. O judiciário não tem autonomia nenhuma, ele é a expressão da vida real. E a vida real hoje, no mundo do capitalismo destrutivo, introduz o contrato de ‘zero hora’. Te chamo, você vem, trabalha e ganha pela hora que trabalhou. Se eu não tenho trabalho, não te chamo, você fica esperando e não recebe nada. Na Itália, há salário pago em voucher. Você recebe um voucher pelas horas que trabalhou. Até o salário por voucher é burlado, porque o empresário diz não poder pagar por voucher (esse sistema vigorou por pouco tempo porque o sindicalismo italiano o combateu e conseguiu travá-lo no ano passado). Além do precarizado legal, que é acintoso porque é a superexploração do trabalho, há o precarizado ilegal. Em Portugal, isso se chama ‘recibos verdes’. O exemplo mais espetacularmente visível disso hoje é o Uber. O trabalhador que tem seu carro não é dono dos meios de produção, ele tem o instrumento de trabalho, há uma brutal diferença. Ele paga pelo seguro do carro, paga pela manutenção, pela limpeza, paga se o carro quebra, não tem seguro-desemprego. O Uber diz que não é uma relação de trabalho. Todas essas empresas, citamos o Uber porque há uma massa enorme de trabalhadores no Brasil e no mundo. Se o trabalhador está desempregado hoje, a única alternativa que ele tem de emprego imediato é tendo um carro e se filiar ao Uber. Muitos se endividam para alugar ou comprar um carro e trabalhar como loucos para pagar isso e ganhar alguns poucos reais líquidos. Esta tragédia não tem mais limitação de onde pode chegar. O mínimo que se pode esperar em um processo eleitoral de candidaturas que tenham um mínimo de relação com a classe trabalhadora é que essa legislação deve ser revogada. Aliás, alguns candidatos têm dito isso abertamente. Na esquerda e na centro-esquerda. É selvagem essa legislação. E o empresariado não quer nem ouvir falar de qualquer tipo de mudança, eles querem é mais. 

Em relação ao Uber, qual o papel ideológico que cumpre o conceito empreendedorismo?

Ricardo Antunes: Eu também exploro isso no meu livro e é muito importante. Nós estamos em um cenário global, no qual o desemprego é regra e o emprego é exceção. A precarização, flexibilização, desregulamentação, trabalho intermitente, trabalho temporário tendem a ser cada vez mais a regra, especialmente nos serviços que diferem de uma fábrica, porque ela precisa de um trabalho sistemático. A indústria de serviços é diferente da indústria de transformação. Nesse contexto, como o desemprego se amplia enormemente e a legislação protetora do trabalho está sendo toda destruída, é necessário haver uma saída ideológica e política para a massa de trabalhadores desempregados. E o empreendedorismo é essa palavra mágica. Vasta, falaciosa, mentirosa. De cem empreendedores, quantos são bem sucedidos? As pesquisas precisam começar a mostrar isso. Quando a Globo, a Bandeirantes, colocam na televisão os maravilhosos exemplos de empreendedorismo colocam o que foi bem sucedido. Mas os milhares que pegaram seu fundo de garantia e investiram em um pequeno empreendimento comercial e fracassaram – por dívidas bancárias, pela regressão do mercado, pela crise econômica – não aparecem. Como a ideologia do empreendedor existe a nível mundial ela é muito poderosa. Ela dá a ideia do proprietário de si mesmo, mas omite a que é a do proletário de si mesmo. Porque o empreendedor tem essa face duplicada: é proprietário de si mesmo e proletário de si mesmo. Muitas vezes, ele proletariza a família. Ele enseja em si mesmo essa contradição de ser proletário e proprietário. Ela é poderosa enquanto ideologia e mentirosa e falaciosa enquanto concretude. Muitos perdem e por isso há aumento do suicídio. O empreendedorismo tem a aparência da vitória e a concretude da derrota. O fundamento do neoliberalismo em sua versão mais destrutiva (estamos vivendo uma terceira onda, mais devastadora, do neoliberalismo) é o individualismo possessivo entre os despossuídos. Ou seja, você é responsável pelo seu avanço. Se você fracassar é porque não tem ‘empregabilidade’, você não se preparou para preservar seu emprego. O que é uma mentira. Uma corporação quando decide fechar uma unidade produtiva no Brasil para levá-la para a China o desemprego que disso decorre não é motivado pela incompetência, despreparo ou falta de qualificação do trabalhador. 

Na Europa, há uma massa imensa de jovens ultra qualificados sem trabalho. Eles vão trabalhar em que? Engenheiros, economistas, sociólogos, etc. Vão trabalhar em hotéis, restaurantes, áreas de serviço de baixíssima remuneração, para as quais não seria imprescindível a formação. Na Universidade de Veneza, onde leciono há quase uma década como professor convidado, muitos de nossos alunos vão trabalhar abrindo e fechando portas dos 'vaporetos' - o transporte aquático. O máximo que se pede de qualificação é que se saiba falar inglês. Ganham 500 a 600 euros por mês, trabalham seis dias por semana e têm contrato de cinco ou seis meses que frequentemente não são renovados. São engenheiros, administradores, advogados. Outros estão em hotéis, supermercados, nessa massa de serviços que criou um imenso proletariado. Esta é a tendência do capital em escala global, das corporações ‘autossustentáveis’ - cômico se não fosse trágico. 

As grandes corporações da educação – a maior do mundo atua no Brasil – fragmentam o trabalho. Uma pessoa é responsável pela escolha do livro que será comprado pela universidade junto à editora e passará a ter o selo da universidade. Outra pessoa vai dar aulas sobre o livro que não foi ele que escolheu. Outra vai preparar a prova sobre o livro tratado em uma aula que ele não participou. E outra vai corrigir a prova de uma aula dada por uma, cujas questões foram preparadas por outra e cujo livro foi escolhido por outra. Você acrescenta, a isso, a educação à distância e tem empresas de educação com mais de um milhão de estudantes. Isso é muito mais lucrativo do que a indústria automobilística. Por isso que existe hoje uma voracidade pela privatização da escola pública. No caso brasileiro, a educação pública, que é a menina dos olhos do capital corporativo global, é formada pelo conjunto de universidades e escolas públicas que eles querem privatizar. E onde há luta, resistência, combate, isso não viceja tão fortemente, como a greve de trabalhadores de fast food dos EUA, a greve dos trabalhadores da limpeza da Justiça de Londres, greve de professores públicos em vários países do mundo. Onde o sindicato está despreparado ou cooptado, isso passa mais facilmente. Se o mundo corporativo puder, ele elimina os sindicatos. 

Aliás, Hayek já dizia, décadas atrás, algo como “os sindicatos são as corporações do trabalho, e essas corporações são nefastas para o capitalismo”. E é por isso que o neoliberalismo, forma do capitalismo do nosso tempo - uma fusão de ultraneoliberalismo com a destrutividade do capital financeiro - faz com que os sindicatos que interessem sejam apenas os com visão patronal, de colaboração e conciliação. Os sindicatos de confrontação não interessam ao capital. Não é por acaso que as universidades argentinas foram destruídas pelo neoliberalismo sob a ditadura militar. Se nós vamos para o Chile, em cada esquina há uma faculdade privada, porque o ensino público excelente que o Chile tinha até [o governo de Salvador] Allende foi destruído pelo neoliberalismo da ditadura militar de Pinochet. Atenção: estamos na iminência de termos um ultra neoliberalismo, com fascismo, comandado por uma figura farsesca que usa farda. Uma espécie de fascismo de farda. Talvez a gente viva agora o pior momento das universidades públicas se essa tragédia se consubstanciar. Espero que isso não venha a ocorrer. Senão, entraremos em uma fase mais difícil que na ditadura militar, mais difícil que o neoliberalismo dos anos 90 pra cá. Porque agora seria uma combinação nefasta de ultra neoliberalismo, com uma ditadura militar sem limites, e com respaldo eleitoral. Você é capaz de adivinhar o tamanho da confusão.  

E quais os efeitos para a educação pública?

Ricardo Antunes: A criança de 5 anos vai ser educada a poupar, fazer contas e aplicar no mercado. O ensino da filosofia, da sociologia, a história do país, uma ciência da saúde comprometida com as necessidades da população: tudo isso vai deixar de existir. Teremos faculdades privadas, ensino médio privado, ensino de base privado, e o mercado imporá quais são as questões vitais. E as questões vitais para o mercado são as mais destrutivas para a humanidade. E as questões vitais para a humanidade não interessam para o mercado. A dilemática do momento que entramos é: queremos uma educação para a humanidade ou uma educação destrutiva que favoreça a valorização e os lucros do mercado? Essa é a questão crucial de nosso tempo.

*Uma versão editada da entrevista foi publicada no InformANDES de Setembro. Clique aqui para ler o jornal.

 

Fonte: ANDES-SN

Imagem: Antonio Perri

 

Terça, 09 Outubro 2018 09:18

 

O mestre de capoeira e compositor Romualdo Rosário da Costa, conhecido como Moa do Katendê, foi assassinado a facadas na noite de domingo (7) em Salvador (BA). Mestre Moa foi esfaqueado doze vezes nas costas por um apoiador de Jair Bolsonaro quando disse que era eleitor do Partido dos Trabalhadores (PT).

 

O suspeito, cujo nome não foi divulgado, foi preso e confessou o crime à polícia. Segundo a Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), ele teria se aproximado do grupo em que Moa estava afirmado que era eleitor de Bolsonaro. O homem reagiu com violência após o mestre de capoeira afirmar que o grupo votava no PT. Germinio Pereira, primo do Mestre Moa, também foi esfaqueado no braço e teve que passar por cirurgia.

 

Nascido em Salvador, Moa do Katendê era um artista ligado às tradições afro-baianas. Compositor, dançarino, capoeirista, ogã-percussionista, artesão e educador, descobriu suas raízes aos oito anos de idade no “Ilê Axé Omin Bain”, terreiro de sua tia e incentivadora. Mestre Moa do Katendê falava sobre a “reafricanização” da juventude da Bahia e do processo de “reafricanização” do carnaval na Bahia, e atribuía esse processo à própria dinâmica interna da vida baiana.

 

Caroline Lima, 1ª secretária do ANDES-SN, afirmou que a Bahia amanheceu triste pelo assassinato. “Mestre Moa era um militante do movimento negro, do movimento de cultura afro-brasileira. Foi uma perda triste que é resultado do discurso de ódio. Não podemos deixar que isso nos abata, nem deixar que o ódio vença a esperança. Temos que seguir resistindo”, disse.

 

“O discurso de ódio e o projeto protofascista estão ganhando corpo e gerando uma polarização, usando da força e da violência para calar a divergência. O crime é reflexo dessa polarização e demonstra como o discurso de ódio está ganhando força no processo eleitoral”, completa Caroline.

 

A diretoria do ANDES-SN divulgou nota repudiando o assassinato. Leia aqui.

 

Fonte: ANDES-SN (com informações de Geledés)

 

Terça, 09 Outubro 2018 09:05

 

Um estudante da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) atirou uma mesa em cima de seu professor, Marcondes Abreu, que abordava o fascismo em uma disciplina do curso de Letras. A agressão ocorreu na quarta-feira (3), em Manaus. O professor apresentou à turma um vídeo do linguista Marcos Bagno, docente da Universidade de Brasília (UnB), sobre o fascismo. Em seguida, pediu que seus estudantes analisassem letras de músicas e as relacionassem ao tema. Nesse momento Marcondes foi agredido por seu aluno.

 

Depois de jogar a mesa em direção ao professor, o estudante ainda tentou continuar as agressões, mas foi impedido por seus colegas. O professor registrou Boletim de Ocorrência (BO) na Polícia Civil do Amazonas. "Eu levei pra turma um vídeo do Marcos Bagno. E numa parte do vídeo, ele fala sobre fascismo, as ditaduras. Falava que a língua é poder. Refleti sobre as letras de músicas. E o aluno começou a vociferar", relatou o professor em seu perfil da rede social. "Ele começou a gritar em sala e eu não revidei. Jogou a mesa na minha direção e fiquei acuado por detrás da mesa. A turma fez barreira pra ele não me alcançar. Com sorte consegui escapar, mas ele foi atrás de mim no corredor. Tenho medo, muito medo", disse Marcondes.

 

A Associação dos Docentes da Ufam (Adua – Seção Sindical do ANDES-SN) divulgou nota de repúdio às agressões. Na nota, a seção sindical lembra que a universidade pública, gratuita e laica é alvo de ataques que ameaçam as condições mínimas para o desenvolvimento das atividades de ensino, pesquisa e extensão. A Adua-SSind está prestando assessoria jurídica ao docente.

 

“Insatisfação, insegurança e medo tornaram-se sentimentos comuns na vida universitária. Nesse ambiente começam a surgir grupos de indivíduos que dão vazão a suas angústias por meio da violência. Assim é que a agressão física e verbal a estudantes, professores e professoras vem crescendo dentro das universidades”, afirma a Adua-SSind.

 

Confira a nota completa aqui.

 

Fonte: ANDES-SN

 

Segunda, 08 Outubro 2018 15:54

 

O processo eleitoral no Brasil vem revelando os projetos e os grupos favoráveis às ideias protofascistas e neoliberais, fundamentadas no discurso de ódio contra os movimentos negro, indígena, feminista e LGBT. Essa polarização e o acirramento das disputas em torno do 2º turno das eleições presidenciais, estão colocando em pauta o debate sobre os projetos políticos, o que é salutar dentro de um regime democrático, contudo, os e as favoráveis ao projeto fascista usam da violência para calar quem pensa diferente.

No processo do 2º turno das eleições o discurso de ódio fez sua primeira vítima: o compositor e capoeirista Romualdo Rosário da Costa, 63 anos, mais conhecido como Mestre Moa do Katendê, que foi esfaqueado pelas costas após criticar o candidato protofascista. Defensor da cultura afro-brasileira, militante social e com uma vida dedicada à luta, o movimento negro e o(a)s capoeiristas na Bahia perdem um grande companheiro, mas sua trajetória continuará inspirando aquele(a)s que lutam.

Diante disso, a Diretoria do ANDES-SN se solidariza com o(a)s familiares de Moa do Catendê, e repudia veementemente os discursos de ódio e a violência utilizada pelos grupos protofascistas contra aquele(a)s que defendem a democracia e as conquistas dos Movimentos Sociais.

O ódio não vencerá a esperança!

Mestre Moa do Katendê, presente!

Brasília (DF), 8 de outubro de 2018

Diretoria do ANDES-Sindicato Nacional

Segunda, 08 Outubro 2018 14:52

 

A direção da Biblioteca Central (BCE) da Universidade de Brasília (UnB) divulgou na quinta-feira (4) que cinco livros de seu acervo sobre direitos humanos foram danificados propositalmente. Os livros rasgados foram encontrados por um servidor da BCE, que percebeu um padrão nos danos e identificou ainda outros dois livros danificados.

 

Em entrevista ao portal G1, o servidor afirmou que notou que os danos são “muito característicos” e, por medo de ameaças, preferiu manter seu nome em sigilo. "O fato vem ocorrendo desde o início do ano. Foi de pouco em pouco. Supomos que foram casos isolados, mas agora reunimos sete livros que sofreram o dano", disse ele ao G1.

 

Quatro livros rasgados são da área de direitos humanos, um sobre a história do movimento pagão na Europa e, os demais, da seção de belas artes, sobre o renascimento. Um dos livros rasgados, cuja imagem circula nas redes sociais, é sobre a ditadura empresarial-militar brasileira. Na imagem é possível ver que o livro foi rasgado na página que traz a emblemática foto de um homem pichando “Abaixo a Ditadura” em uma parede.

 

Confira abaixo a nota da BCE da UnB.

 

NOTA PÚBLICA

 

A direção da Biblioteca Central da Universidade de Brasília (BCE/UnB) identificou cinco livros propositalmente danificados, todos sobre temáticas relacionadas aos direitos humanos. A BCE está, no momento, fazendo uma varredura em outros títulos acerca desse assunto, de forma a verificar se há mais obras rasgadas. Será aberta uma investigação preliminar para apurar as circunstâncias e identificar os responsáveis.

 

A UnB repudia quaisquer atos de vandalismo e informa que abrirá processo junto à Polícia Federal, órgão que apura casos de dano ao patrimônio na Universidade.

 

 

Fonte: ANDES-SN (com informações de BCE/UnB e G1).