A última semana foi de intensa mobilização em Brasília. Assim, o movimento conseguiu agendar algumas reuniões com o governo. Há mais de 90 dias parados, professores e estudantes de diversas universidades do país fizeram um ato na frente do Ministério da Educação (MEC), na sexta-feira (28/08), para pressionar uma posição a respeito das reivindicações do movimento: reversão dos cortes na educação, concursos, negociação sobre aspectos da carreira docente, autonomia das universidades, entre outros.
Cerca de mil pessoas ficaram na frente do MEC desde às 10h, rodeados por policiais. Da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), foram nove professores e vinte estudantes.
Por volta das 13h, os manifestantes foram avisados de que a secretária em exercício de Educação Superior do MEC (Sesu/MEC), Dulce Tristão, receberia uma comissão. Assim, o presidente e a vice-presidente do ANDES-SN (Sindicato Nacional), Paulo Rizzo e Marinalva Oliveira, respectivamente, e os estudantes Luiza Aquino (UFRJ) e Felipe Baqueiro (UFBA), entraram no prédio e não demoraram a voltar.
Após a breve conversa, os representantes informaram que a secretária disse não poder responder sobre a reivindicação de reversão dos cortes, mas reconheceu que há universidades sem condições de funcionamento. Uma postura diferenciada, avaliou Rizzo, já que antes o governo negava prejuízos.
Sobre as reivindicações estudantis, voltadas especialmente para a assistência estudantil, a secretária disse que há uma proposta de aumento de verba para 2016, mas que não poderia adiantar nada naquele momento sobre o montante.
De concreto, uma reunião entre ANDES-SN e a Secretaria de Educação Superior do MEC foi agendada para quinta-feira, 03/09, às 16h.
Outras informações do ANDES-SN afirmam que Tristão se comprometeu a enviar ao Sindicato uma lista detalhada, por universidade, das nove mil vagas para docentes que o MEC alega ter disponíveis. No entanto, afirmou que novos concursos não são realizados.
O movimentou avaliou que o ato acabou sendo vitorioso, principalmente pela postura diferenciada da secretária, de reconhecimento dos prejuízos trazidos pelos cortes, mas os docentes evidenciaram que querem negociação efetiva.
Desde o início da greve, o MEC só recebeu os docentes uma vez, em 23/06, quando tentou explicar, sem sucesso, que os cortes na educação não comprometeriam o funcionamento das universidades. “O ministro aparece no Jô Soares, no facebook, e diz que está acompanhando a greve e aberto a negociação. Mas se ele não nos recebe, não senta à mesa de negociação conosco, como está disposto a negociar?”, indagou Rizzo.
Na quinta-feira, 27/08, em ato unificado dos servidores públicos federais, os trabalhadores fecharam as entradas do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG) e também conseguiram agendar mais uma reunião com o governo para negociar o índice salarial; será no dia 01/08, às 10h.
Luana Soutos
Assessoria de Imprensa do Comando Local de Greve da Adufmat-Ssind