Sexta, 27 Abril 2018 20:40

 

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O Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
 
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 Por Roberto de Barros Freire*
 

Aqui no Brasil se costuma se apropriar de expressões estrangeiras sem se atentar para o seu significado ou sentido. Ou, pior ainda, sem sequer saber do que se trata, ou mesmo se as expressões estão certas. Um caso emblemático é a expressão que está na boca de todos, repetida a exaustão na atualidade: fake news.


Tenho para mim que o problema não é de um dilema entre a verdade e a falsidade, como a máxima em inglês sugere, mas antes entre mentira e verdade. No primeiro caso temos um problema de conhecimento ou epistemológico, a pessoa não conhece a verdade e repete o que ouviu falar ou aprendeu erroneamente. Quando a humanidade afirmava que a Terra era o centro do universo não estava mentindo, apenas tinha um conhecimento falso sobre o universo. No segundo caso, temos um problema ético, a pessoa sabe a verdade, mas enuncia uma mentira, o que leva os demais a pensamentos falsos.


Todos nós podemos ter pensamentos falsos quando estamos presos a ignorâncias, a superstições do passado, ou medos absurdos por desconhecer o mundo ou a realidade. Isso, no entanto, não é um problema de caráter, mas de ignorância; não é algo a ser punido ou reprimido, mas esclarecido, pois a pessoa já foi punida pela ignorância de não saber a verdade e ficar enunciando falsidades. Outra coisa muito diferente é quando alguém lança notícias mentirosas, afirmações deliberadamente falsas para que as pessoas tenham visões errôneas e deturpadas de algum acontecimento ou pessoa.


O que se assiste no mundo não é um acúmulo de notícias falsas, mas antes notícias mentirosas que os incautos e precipitados espalham pelas redes sociais, falseando ocorrências e pessoas com intuito nítido de prejudicar, bagunçar ou deturpar a realidade. Ainda que o autor da mentira quase sempre passe despercebido ou desconhecido, o fato é que a maior parte das pessoas crédulas e tolas espalham pelos quatro cantos do mundo as informações mentirosas. Os mentirosos com certeza merecem algum tipo de punição, mas eles são parte do problema. Tão sério quanto são as massas de pessoas ignorantes a repicar e repetir qualquer porcaria que recebe pelas redes sociais. Quanto mais estúpido e absurdo os enunciados, mais acreditam e disseminam para suas redes de contato.


Na verdade, a falta de compromisso com a verdade começa com as massas da população, que por vezes acredita falsamente que querem ajudar o mundo, quando é parte importante do caos de notícias atuais, onde nada parece confiável. Sem se aterem se é verdade, sem pensarem a respeito, apenas encaminham o que recebem, sem critério ou crítica, sem se certificar se é sequer razoável ou plausível. Se os mentirosos são ruins, as pessoas que divulgam suas notícias contribuem em muito para que a maldade se amplie.


Ora, o fato é que o problema está se tornando bem sério na atualidade, porque os meios de comunicação são mais rápidos e a abrange quase a humanidade inteira. E depois de lançada uma calúnia, uma mentira, só com muita dificuldade se consegue provar a inocência, e ainda assim se tem desconfiança do acusado. Há casos de pessoas linchadas que eram inocentes, só porque alguém falou que era culpada, e um enorme número de tolos acreditarem.


Creio que as pessoas deveriam pensar mais antes de lançarem para frente tudo que ouvem ou leem, e antes de querem fazer justiça, que busquem ser justas, que verifiquem as informações, que consultem pessoas mais sábias ou de melhor senso. Não é porque algum parente ou conhecido falou que é verdade, pois que esses podem se enganar, tanto quanto qualquer um, até mesmos os sábios. Logo, antes de tomar partido contra ou a favor, verificar a autenticidade e veracidade do fato ou ocorrido. Que cada um procure não espalhar mais mentiras do que aquelas que ouvimos dos políticos.
 

*Roberto de Barros Freire
Professor do Departamento de Filosofia/UFMT
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Quinta, 26 Abril 2018 10:25

 

 

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JUACY DA SILVA*
 

Os artigos 196 até 200 da Constituição Federal estabelece as bases e princípios relativos à saúde dos brasileiros, os quais deveriam ser cumpridos fielmente, mas na verdade boa parte do que ali consta não passa de boas intenções dos legisladores constituintes ou letra morta para “inglês ver”, como se diz quando normas constitucionais são simplesmente ignoradas.


No próximo dia 05 de outubro de 2018, vamos comemorar 30 anos da promulgação da Constituição Federal, que até 04 de outubro do ano passado (2017) já foi emendada ou remendada, alguns dizem, nada menos do que 97 vezes.


Para muitos estudiosos a Constituição Federal brasileira foi um avanço em termos de cidadania e para outros um conjunto de ideais apropriados para países capitalistas avançados ou até mesmo países socialistas. Outros estudiosos dizem que nossos constituintes pensaram que o Brasil estaria prestes a se tornar um regime parlamentarista e por ai vamos tentando ampliar  ou reduzir direitos, gerando muitas contradições e grandes polêmicas.


Por exemplo, o artigo 196 da Constituição Federal estabelece taxativamente que “ A saúde é direito de todos e dever do estado….” e o artigo 198, também estabelece as normas, princípios e diretrizes de como a saúde publica deveria ser organizada para que , de fato, atendesse aos princípios da universalidade, da equidade, da integralidade, da descentralização, da humanização, da participação da sociedade em sua gestão e sua autonomia.

Enfim, nossos constituintes imaginaram que a saúde brasileira deveria ser para todos, sem distinção de classe, cor, território ou condição econômica e social. Para quem lê a Constituição Federal e as Leis que criaram e organizaram o SUS, é algo maravilhoso, que contrasta com o descaso  como a população pobre, os excluídos são tratados.


Imaginemos uma mulher que viva no Amapá, onde só existe um mamógrafo para o estado todo e que esteja estragado, como poderá esta mulher realizar exames preventivos de câncer de mama? Imaginemos milhões de pessoas que a cada dia, por este Brasil imenso precisa acordar de madrugada ou passar a noite toda para tentar agendar uma consulta médica ou centenas de milhares de usuários só SUS que estão na fila virtual, invisível há dois, três ou cinco anos para agendar ou conseguir um exame de media ou alta complexidade ou uma cirurgia. Basta assistirmos os noticiários da TV, rádio, lermos as manchetes dos jornais ou da mídia virtual e a conclusão é a mesma: o atendimento dispensado à população pobre no Brasil é uma vergonha, um acinte, um desrespeito `as normas constitucionais, legais e à dignidade da pessoa humana.


Segundo dados recentes, do final novembro de 2017, do IBGE, pouco mais da metade da população brasileira, vive ou sobrevive com menos de um salário mínimo, enquanto a camada do topo da pirâmide econômica e social, 1% da população, recebe em media R$27 mil reais por mês e alguns marajás da República, nos três poderes chegam a ganhar mais de R$50 ou R$100 mil, incluindo uma minoria, nos ê poderes, que recebe auxílio moradia de mais de R$3 mil mensais e até ameaçam  fazer greve para manterem este e outros privilégios. Para esses, tanto o poder legislativo, quanto executivo e judiciário tem planos e serviços especiais de saúde, tudo custeado pelos cofres públicos.


Entre 2007 e 2014, o número de pessoas que tinham planos de saúde saiu de 39,3 milhões e atingiu 50,4 milhões, mas em decorrência da crise econômica, do desemprego e da inadimplência generalizada que se abateram sobre a classe média, entre 2014 e 2017 mais de 3 milhões de segurados perderam seus planos de saúde e tiverem que voltar ao SUS, que a cada dia está mais sucateado, seja pela corrupção que tomou conta da administração pública seja devido ao corte de recursos destinados a saúde e outras áreas, devido à aprovação do teto dos gastos públicos e da redução do tamanho do estado, sempre em detrimento da população pobre e excluída, pois os grandes grupos econômicos e os marajás da República continuam com seus privilégios, mordomias e outras benesses garantidos e até mesmo ampliados.


Para finalizar, devemos também levar rem consideração que até final de novembro de 2017 o numero total de aposentados e pensionistas pelo INSS era de 34 milhões de pessoas, dessas, 2/3 ou seja, 22,7 milhões desse total recebiam apenas um salário mínimo.


Enquanto os marajás da República, integrantes dos três poderes tem salario médio acima de R$20 mil, R$30 mil ou até mais, além de diversas privilégios e benesses, tudo custeados pelo Tesouro ou seja, dinheiro de uma pesada carga tributária que pesa mais sobre o consume e os pobres, nossos governantes imaginam que quem ganha salário mínimo pode ter saúde e educação de qualidade ou que possa, com um salário desses, ter uma vida digna.


A pergunta que se pode fazer é como uma pessoa, recebendo no máximo um  salário mínimo, de fome, pode sustentar a si e sua família, incluindo alimentação, saúde, transporte, habitação, vestuário, lazer e educação. Podemos dizer, sem sombra de duvida, que saúde, educação, moradia e alimentação de qualidade são privilégios para poucos no Brasil. O grande paradoxo é que continuamos assistindo a cada dois anos, os pobres elegendo governantes que pouco ou nada fazem para mudar esta triste e vergonhosa realidade, pois continuam sempre defendendo os privilegiados e seus interesses, esquecendo-se do povo que sofre e continua marginalizado.
 
JUACY DA SILVA, professor universitáio, titurlar e aposentado UFMT, mestre em sociologia, articulistas e colaborador de diversas veículos de comunicação. Email O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Twitter@profjuacy Blog www.professorjuacy.blogspot.com

Quinta, 26 Abril 2018 09:45

 

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Roberto Boaventura da Silva Sá
Dr. em Jornalismo pela USP/Professor da UFMT
 

 

Na antiguidade, o romano Terêncio – dramaturgo e poeta – dissera um enunciado lapidar: “Eu sou homem, e nada do que é humano me é estranho”.

No início do século XX, o russo Mikhail Bakhtin – filósofo da linguagem – apontara-nos que nenhum signo verbal se realiza fora de um contexto social.

Sendo assim, o enunciado de Terêncio – para o bem ou mal – tinha alvo mirado. Do nada, aquele romano “das antigas” não teria dito aquilo.

De minha parte, tenho relutado em aceitar a frase terenciana, principalmente quando sua seta está mirada para o que há de pouco nobre nas realizações do humano, que não são poucas e tampouco suaves; custa-me crer em muitas coisas das que fico sabendo. Deliberadamente, evito saber de muitas coisas.

Todavia, nem sempre essa disposição fica incólume, pois, assim como Terêncio, sou um ser da espécie humana; logo, bakhitiniamente falando, um ser eminentemente social.

Por essa destinação, uma vez que não sou árvore, pedra ou outra coisa qualquer, dias atrás, fui informado da existência de Jojo Todyinho, uma “artista” até então desconhecida por mim.

Pois bem. A referida “artista” conseguiu me chocar, não pelos gigantescos seios, que parecem ser sua marca artística, mas por sua ascensão meteórica; num estalar de dedos, eis que começaram a surgir convites para shows, com altos cachês, participação em programas de TV, entrevistas e matérias jornalísticas; até artigos de opinião, como este, por exemplo.

Resumindo: isso tudo, somado a outros meios de divulgação, resultou em Jojo Todyinho:  “artista” de projeção, que, paradoxal e obviamente, não tem peso artístico algum. Sua “obra” solo é entretenimento chulo a mentes vazias; por isso mesmo, naturalmente, agiganta-se; é quase imbatível. Contudo, pouca coisa se poderá criar depois de sua presença no mercado das futilidades, vendidas, aos desatentos, como manifestação artístico-popular da periferia. 

Para provar que não há arte em seu trabalho, destaco alguns “versos” produzidos por essa funkeira, de 21 anos, que saiu da internet para ocupar espaços antes impensáveis:

Que tiro foi esse?// Que tiro foi esse que tá um arraso?!// Que tiro foi esse, viado?// Que tiro foi esse que tá um arraso?!// Samba na cara da inimiga// Vai, samba// Desfila com as amigas...// Quer causar, a gente causa// Quer sambar, a gente pisa!// Quem olha o nosso bonde, pira// Quer causar, a gente causa...”

A transcrição acima é um exemplar, longe de ser único, do baixíssimo patamar cultural e educacional em que já chegou nosso país. Temo pelo dia em que só nos restará o bizarro, pois sua naturalização é humanamente espantosa.

Mais do que nunca, precisamos de políticas públicas para as verdadeiras manifestações culturais. Contudo, teremos de ter discernimento entre o que de fato é manifestação cultural de nosso povo e o que não passa de produto mercadológico; afinal, em sociedades capitalistas, sobretudo, e sobre todas, nada do que é humano pode espantar alguém.  

P.S.: já findado o artigo, fiquei sabendo, pelo UOL, que Todyinho acabara de lançar outro hit: "Vou Com Tudo". Nele, a “artista” enfrenta uma amiga falsa e ordena: “Tira a mão das minhas gavetas, bebê”.

Conforme explicações suas, esse bordão pode ser traduzido por: “Você está levando a pessoa no ‘blindão’ e a pessoa fica de sacanagem”.

Detalhe: a funkeira, apoiando-o nos volumosos seios, assinou um contrato com a Universal Music para o lançamento desse e dos próximos singles.

Trauma foverever.

Um país culturalmente rico não merecia tamanha indigência.

Quarta, 25 Abril 2018 09:10

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O Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
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RELATÓRIO POLÍTICO

ATIVIDADE DO GTPFS EM RIO BRANCO

 

Nome do Participante:

ALAIR SILVEIRA

Nome do Evento:

REUNIÃO GTPFS NACIONAL E IV ETAPA CURSO DE POLÍTICA E FORMAÇÃO SINDICAL

Cargo/Função (Delegado, Observador, Diretor, Assessor etc):

REPRESENTANTE GTPFS

Instância Deliberativa (AG, Reunião Diretoria, GT etc):

GTPFS

Cidade/UF:

RIO BRANCO/AC

Local:

ADUFAC

Período Evento:

05 A 07 DE ABRIL/2018

Data Saída:

04/ABRIL/2018

Data Retorno:

09/ABRIL/2018*

 

RELATÓRIO REUNIÃO GTPFS

    A Reunião do GTPFS, no dia 05/04, contou com a presença 08 professores, sendo dois desses da Diretoria Nacional.

   Nos informes gerais, foi feito um rápido relato sobre a situação atual das seções sindicais da ADUCG, ADUERN, ADUFPA, ADUFPR, ADUFPel e ADUFMAT.

   Solicitei à Coordenação da Mesa, a inclusão da Análise de Conjuntura como segundo ponto de pauta, assim como defendi a necessidade que esse seja um ponto de pauta permanente, posto que as decisões de ação devem ser decorrentes da análise da correlação de forças e do quadro mais geral.  Ambas as propostas foram aprovadas e, na sequência foi feita uma boa análise de conjuntura, com destaque para o alcance dos ataques aos direitos e, principalmente, o crescimento da intolerância social e das manifestações militares.

   Outro ponto que entendo necessário registrar foi a crítica feita ao GTPFS Nacional, tanto com relação à falta de regularidade para as reuniões nacionais, assim como para a impressão de que o GT se tornou uma extensão do GTPCEDS, tendo em vista a o conteúdos dos cursos de política e formação sindical, dedicados à discussão sobre LGBT, Mulheres, Indígenas, Quilombolas etc. Especialmente em face aos enormes ataques que agridem o conjunto da classe trabalhadores.

   Como exemplo foi feita referência aos impactos que a Contrarreforma Trabalhista, os desdobramentos já observados com relação à Justiça do Trabalho, assim como as ofensivas contra a autonomia da Universidade e a perseguição ideológica aos professores.

   Observei, nesse sentido, que o GTPFS está absorvendo a lógica da especificidade como ‘substituição’ ao classismo, cuja forma mais explícita é a disposição que muitos companheiros têm para participar de questões e atividades específicas, e o desaparecimento das atividades de classe, especialmente as Assembleias do Sindicato.

   Essas críticas foram debatidas e ratificadas, com relatos sobre essas experiências nas seções sindicais.

   Merece registro, ainda, a discussão qualificada que envolveu as definições necessárias ao funcionamento da Comissão Nacional responsável pelo acolhimento das denúncias de perseguição política.

   Sobre a criação de um Fundo para apoio às entidades sem contribuição suficiente, foi analisada a injustiça para com aquelas que contribuem corretamente, posto que muitas seções estão inadimplentes e/ou repassam valores inferiores ao ANDES/SN e/ou sequer repassam recursos à CSP-Conlutas.

 

Principais encaminhamentos Reunião:

 

  1. Inclusão da Análise de Conjuntura como ponto de pauta permanente;
  2. b.      Organizar Cursos de Formação Sindical: 1) Trabalho Docente: Perfil, Precarização e Trabalho (im)produtivo; 2) Contrarreforma Trabalhista e seus impactos;
 

 

REUNIÃO IV ETAPA CURSO DE POLÍTICA E FORMAÇÃO SINDICAL

 

  O Curso dedicado aos Quilombos e à luta dos quilombolas foi desenvolvido de uma forma muito agradável, com as professoras responsáveis interagindo integralmente com os participantes. Essa ‘abertura’ permitiu questionamentos e considerações que extrapolaram a especificidade dessas lutas, extrapolando os limites das próprias e, dessa maneira, possibilitando o aprendizado dessas experiências para o cotidiano de outros embates.

   Uma outra característica importante dessa Etapa foi a interação entre todos os participantes (incluindo-se as professoras) em todos as oportunidades, dentro e fora do ambiente do Curso.

    Em uma dessas ocasiões, todos os participantes construíram, em conjunto, um poema que ficou como a ‘marca’ desse Evento.

   Por fim, as professoras apresentaram um questionamento para que os grupos respondessem: “Organização e lutas quilombolas: Como as universidades e os movimentos sociais (sindical e outros) podem contribuir?” Dentre as várias sugestões de estreitamento das relações entre Universidade e Movimentos Sociais, incluindo-se aí maior visibilidade à produção já disponível e à oferta de oficinas, foi questionada a perspectiva contida na própria pergunta, que de maneira inadvertida pressupõe uma relação ‘elitizada’ sobre os movimentos sociais como um todo, na medida em que a Universidade aparece como aquela que “oferece”, “concede” e não como uma igual que troca experiências e aprendizados, a partir de ofícios e vivências diferenciadas.

   Ao final, um elenco de sugestões foi proposto, inclusive uma eventual parceria para o consumo de alimentos saudáveis pelos restaurantes universitários.

 

 

 

RELATÓRIO POLÍTICO

ATIVIDADE EM SINOP

Nome do Participante:

ALAIR SILVEIRA

Nome do Evento:

DEBATE SOBRE CONJUNTURA E ELEIÇÕES 2018

Cargo/Função (Delegado, Observador, Diretor, Assessor etc):

PALESTRANTE

Instância Deliberativa (AG, Reunião Diretoria, GT etc):

REPRESENTAÇÃO LOCAL SINOP

Cidade/UF:

SINOP/MT

Local:

AUDITÓRIO ADUFMAT SINOP

Período Evento:

12 DE ABRIL/2018

Data Saída:

12/ABRIL/2018

Data Retorno:

13/ABRIL/2018

 

RELATÓRIO

    A atividade teve uma participação de aproximadamente 60 pessoas e foi bastante interessante.

    Dada a atualidade do tema, houve, também, uma participação da plateia com a apresentação de muitos questionamentos, permitindo uma boa interação.

   Além da Palestra, no dia 13 de abril/18, foi concedida uma entrevista relativamente longa na Rádio 93,3. A apresentação da entrevista, segundo o radialista responsável, seria divulgada a partir de sábado (14/04/2018).

   As repercussões da Palestra e da Entrevista serão melhor avaliadas por aqueles que a assistiram.

 

 

 

 

 

 

 

Sexta, 20 Abril 2018 15:21

 

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 Por Roberto de Barros Freire

 

O que há de comum entre Michel Temer, Aécio Neves e Lula, além, é claro, de serem investigados pela justiça brasileira, sendo um deles já condenado? Usam os mesmos argumentos para se defenderem das acusações que lhe são imputadas. Os três acusam o ministério público de perseguição política contra suas candidaturas. Dizem que há uma conspiração contra eles e suas pretensões políticas. Que há um complô na justiça para afastá-los da vida pública, que tramam ardilosamente contra a verdade, que só eles conhecem.


Aliás, tal argumento é o que mais se encontra entre nossos presidiários. Se perguntarem aos presos, quase todos se dizem inocentes, que foram condenados injustamente, que são homens honestos e bons, mas que foram privados de suas liberdades por equívocos da polícia, da procuradoria ou mesmo da justiça. É o argumento típico de bandidos, que por mais que se encontrem indícios e provas de suas culpas, alegam sua inocência. Acreditam que uma mentira repetida diversas vezes, talvez se torne algum dia uma verdade.


Devemos dar a presunção da inocência aos políticos? Só se fossem pessoas comuns, sem cargos ou poder político. Para os políticos, é fundamental que se diga, não basta serem honestos, é preciso também parecer honesto, e na dúvida sobre seus atos ou ditos, devem ser imediatamente afastados de seus cargos e postos, colocados em ostracismo, até que se prove sua inocência. O benefício da dúvida é prerrogativa do povo, e se o povo tem alguma suspeita sobre seus políticos, os mesmos precisam se retirar da arena pública até que provem que as suspeitas estão erradas. É o que acontece na maior parte do mundo civilizado: na ocorrência de uma acusação, o político imediatamente sai do cargo que ocupa, do partido político a que pertence, e vai para a justiça comum provar sua inocência. Se comprovada sua inocência, recebe o direito de voltar à esfera política e ocupar cargo de poder.


Enfim, PMDB, PSDB e PT são mais semelhantes em suas práticas e discursos do que querem nos fazer crer que tenham grandes diferenças seus defensores. Para mim, tudo de ruim que um partido fala do outro é absolutamente verdadeiro, o que é falso o que cada um alega sobre suas qualidades.
 
Roberto de Barros Freire
Professor do Departamento de Filosofia/UFMT
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Sexta, 20 Abril 2018 15:19

 

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Roberto Boaventura da Silva Sá

Dr. em Jornalismo pela USP/Professor da UFMT

Na linda canção “Pranto do Poeta”, Cartola registra uma certeza sua diante da morte: em “Mangueira// Quando morre um poeta// Todos choram”, embora, paradoxalmente, seja “um pranto sem lenço// Que alegra a gente”.

No dia 16/04/18, não a Mangueira, mas o Império Serrano e o Brasil inteiro viveram a experiência da morte, aos 96 anos, de Ivone Lara, uma compositora/poeta, que aos 13 anos de idade, brindou-nos com “Tiê”, uma canção feita a um passarinho que havia ganhado como presente de aniversário:

“...Passarinho estimado// Que me deu inspiração// Dos meus tempos de criança...”

E a inspiração daquele juvenil momento perdurou até pouco antes de sua morte. Ivone Lara teria deixado aproximadamente quarenta canções feitas nos últimos quatro anos.

Mas, independentemente dessas novidades, até por conta de sua saúde, bem debilitada nos últimos anos, o que já havia composto era suficiente para que ela fosse reverenciada por todos os que apreciam uma canção liricamente bem feita. Reverência que lhe rendeu o respeitoso tratamento de Dona, a dama do samba.

Dentre seus apreciadores, estão os principais nomes da MPB. Maria Bethânia e Gal Costa talvez tenham sido as admiradoras mais importantes para sua carreira. Ambas gravaram a antológica e delicada canção “Sonho Meu”, composta por Ivone Lara, em parceria com Délcio Carvalho:

“Sonho meu// Vai buscar quem mora longe... Sinto o canto da noite// Na boca do vento// Fazer a dança das flores// No meu pensamento// Traz a pureza de um samba// Sentidos, marcado das mágoas de amor// Um samba que mexe o corpo da gente// E o vento vadio embalando a flor// Sonho meu”.

“Sonho Meu” veio a público no final dos anos 70. Por isso, ainda que não houvesse confirmação alguma, ficava bem difícil não imaginar que aquele poema musicado não fizesse referência a exilados políticos. Vale lembrar que o país vivia seus piores anos do regime militar; logo, o exílio fizera muita gente querida viver distante da terra onde os sabiás cantavam nas palmeiras ou nas laranjeiras.

Seja como for, na esteira de Clementina de Jesus e Jovelina Pérola Negra, Dona Ivone Lara completou uma singular tríade de mulheres negras, que viveram e venceram preconceitos, mas sem nunca servirem, deliberadamente, de bandeira ideológica a nenhuma militância de grupos.

Questionada sobre os preconceitos de que era vítima, Ivone Lara, com um lindo sorriso negro, respondeu que não ligava para isso; que, sempre firme, seguia adiante sua vida, compondo e cantando.

E por falar em sorriso negro, este foi o título de uma de suas canções – lírica e politicamente – mais lindas. Com base estrutural consolidada em um forte conjunto anafórico, tudo ali é feito com muita delicadeza poética. Às vezes, a sutileza da arte pode ser uma bandeira, mas sem que seja identificada como tal:

“Um sorriso negro, um abraço negro// Traz... felicidade// Negro sem emprego, fica sem sossego// Negro é a raiz da liberdade// Negro é uma cor de respeito// Negro é a inspiração// Negro é silêncio, é luto// Negro é... a solidão//  Negro que já foi escravo// Negro é a voz da verdade// Negro é destino, é amor// Negro também é saudade...”

E saudade é o que nos deixa Dona Ivone Lara. Todavia, sua falta física entre nós será sempre diminuída toda vez que, em algum lugar desse imenso e miscigenado país, em algum show ou roda de samba, no lugar do pranto, alguém, respeitosamente, cantar qualquer uma de suas inúmeras canções, todas, poeticamente, emocionantes.

Quarta, 18 Abril 2018 13:28

 

 

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JUACY DA SILVA*

 

Com certeza, pelo menos nas últimas seis décadas, nunca o Brasil realizou eleições gerais, para Presidente da República, Governadores de Estados, Deputados federais, estaduais e dois terços do Senado da República, em meio a uma crise tão aguda, cujo desenrolar poucos podem prever.


Há menos de dois anos tivemos o Impeachment da então presidente Dilma e sua substituição pelo então vice Michel Temer, que passou a formar um governo impopular e com diversos de seus ministros acusados ou investigados por corrupção, ele próprio duas vezes denunciado pela Procuradoria Geral da República, com aceitação das denúncias de corrupção, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e outros crimes de colarinho branco, só escapando de também ser impedido graças ao apoio, barganhado com a Câmara Federal, onde vários de seus aliados também fazem parte da “lista do  Janot” e ainda não condenados devido `a morosidade da PGR e STF.


Muitos analistas dizem que tão logo o famigerado “foro privilegiado” seja extinto ou reduzido em seu alcance ou também `a medida que parlamentares e outras autoridades percam esta regalia, com certeza terão o mesmo destino que o ex-presidente Lula e outros condenados pela Lava Jato.


Um outro aspecto desta crise é a divisão politica, ideológica, doutrinária ou de ideias que afeta profundamente o STF e outros Tribunais Superiores, onde a interpretação das Leis, incluindo a Constituição Federal fica ao sabor dessa divisão, gerando uma grande expectativa por parte da opinião pública e do mundo jurídico e, para alguns, gerando também insegurança jurídica, principalmente pela politização de seus julgados.


Apesar de alguns avanços conseguidos pelo Governo Temer na área econômica, incluindo a queda dos juros básicos, a queda da inflação e a retomada bem lenta, da economia, as contas públicas ainda estão no vermelho, prova disto é o déficit publico que há mais de três anos e por mais dois ou três pelo menos tem ficado e vai continuar sempre acima dos cem bilhões de reais anualmente, contribuindo, sobremaneira para o aumento da divida pública, que consome praticamente metade do orçamento geral da união.


Da mesma forma, a crise de gestão fiscal e orçamentária nos estados e municípios continua grave, sendo uma das razões para a falência dessas unidades da federação, contribuindo para o caos  generalizado dos serviços públicos, principalmente nas áreas da saúde, educação, segurança pública, saneamento básico e a deterioração da infraestrutura urbana e de logística.


O interessante é que as recentes pesquisas de opinião  eleitorais demonstram que o ex-presidente Lula, mesmo encarcerado justa ou injustamente, continua liderando as preferências como pré-candidato a Presidente da República. Na pesquisa do Data Folha, o mesmo, apesar de ter “caído” alguns pontos, segue com 31% das intenções de voto, praticamente a soma dos três outros postulantes: Bolsonaro 15%; Marina Silva 10%; Joaquim Barbosa 8%, ou seja, 32% a soma dos três. Resultados da pesquisa Vox Populi da última terça feira também demonstram sobejamente esta preferência pelo ex-presidente, que poderia ser eleito em primeiro turno.


Os candidatos do PSDB, DEM e MDB e outros partidos de centro ou direita não conseguem empolgar o eleitorado, demonstrando que estão sendo afetados pela rejeição que sofre o Governo Temer.


Neste Quadro complexo de uma crise permanente podemos incluir o fato da decisão do STF tornando o senador Aécio Neves réu por corrupção passiva e obstrução de justiça, a possibilidade da prisão do Tucano, ex-governador e senador Eduardo Azeredo, também condenado por corrupção e outros figurões importantes ou peixes graúdos que podem ser pegos na rede da Lava Jato ou outros processos.


Vamos aguardar mais alguns meses e ver o andamento da carruagem para podermos ter uma visão mais claras da gravidade e dos rumos da crise brasileira. Quem viver verá.


*JUACY DA SILVA, professor universitário aposentado UFMT, mestre em sociologia, colaborador de diversos veículos de comunicação. Email O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Blog O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Twitter@profjuacy
 
 

 

Sexta, 13 Abril 2018 14:47

 

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                                                                          Benedito Pedro Dorileo

 

A partir da década de 1970, Mato Grosso passa a emergir do imobilismo secular, dotado de força da sua vastidão territorial para oferecer ao País alternativas de grandes áreas notáveis pela potencialidade de sua agregação ao complexo produtivo nacional. Caracterizado como unidade periférica do processo civilizatório do Centro-Sul, sendo supridor de matérias primas e consumidor menor dos produtos acabados, gerados pelo processo industrial nacional.

Até, então, Cuiabá isolada tinha o Rio Cuiabá e o telegrama de Rondon como meios de comunicação, com parcas rodovias sem pavimentação asfáltica. A estrada de ferro do século XIX da Noroeste teve projeto desviado para transportar o minério da irmã Corumbá. Novo projeto trouxe-a até Rondonópolis, recentemente, sem atingir a capital mato-grossense.

O mérito de Rondonópolis: com a divisão de Mato Grosso pela Lei Complementar nº 31 de 11 de outubro de 1977, a Universidade Federal de Mato Grosso recebe a primeira unidade fora da sua sede, o Centro Pedagógico Estadual de Rondonópolis, criado em 2 de dezembro de 1974, através da lei n° 375, pelo governador José Fragelli. Não havia campus, os cursos distribuíam-se em espaços de colégios, até ser conseguida área para a sua construção. Foi embate do governo federal, povo de Rondonópolis e ação da UFMT. Dá saudade das primeiras colações de grau no cinema da Avenida Marechal Rondon, onde eu sentia, como reitor, a palpitação incontida do povo estuante por progresso.

Rondonópolis tem população estimada em 222.316 habitantes (IBGE, 2017) , com IDHM, em dados do PNUD de 2010, em 0,755, acima da média estadual de 0,725no mesmo período. O IDHM-E, ou seja referente à educação com 0,698, acima da média estadual, também em 2010. Possui o segundo PIB do Estado – a segunda economia estadual.

A cidade pela localização geográfica desponta, fortemente, no salto industrial, segundando a vocação inicial de ‘capital do algodão’, a agricultura. Basta visitar o maior polo de esmagamento, refino e envase de óleo de soja do País, polo destacado de misturador de fertilizante do interior brasileiro. Lidera em nível estadual a produção de ração e suplementos animais. Tem frigoríficos com padrões internacionais e avança para tornar-se competidor polo têxtil do Centro-Oeste. E começa a receber investimento no setor de metalurgia. Boa hora em que a UFMT lá criou o curso de Engenharia Mecânica. O escoamento está fortalecido com a chegada da Ferronorte, em localização privilegiada, no entroncamento das rodovias BR 163 e BR 364 .

Do povoamento, em 1902, inicia-se a história nas margens do Rio Vermelho. Em 1918, o tenente agrimensor Otávio Pitaluga conclui o projeto de medição e alinhamento. Em 1920, Rondonópolis transforma-se em distrito de Santo Antônio de Leverger. Em 1938, como distrito de Poxoréo que se elevava pelo diamante a município. Emancipa-se, gloriosamente, em 1953, no dia 10 de dezembro. Considera a sua fundação, em 10 de agosto de 1915, com 103 anos neste 2018.

Avantaja-se, intensamente, na Educação com redes de ensinos infantil, fundamental e médio. A UNEMAT, em 2017, passa a oferecer cursos de Ciências da Computação e Direito, em organização. Conta com a presença da Universidade de Cuiabá, UNIC. Os da Anhanguera Educacional. Cursos virtuais, além de outros do EAD.

Antes, como campus avançado da UFMT, com cursos de licenciaturas, outros de bacharelados, como Administração, Biblioteconomia, Ciências Contábeis, Econômicas, Engenharia Agrícola e Ambiental, Engenharia Mecânica, Medicina, Enfermagem e Psicologia, Zootecnia e outros.

 A Universidade poderia ter nascido com personalidade jurídica de Fundação, o que lhe valeria adequada autonomia como confere a Constituição Federal em seu artigo 207. A lei de sua criação retoma a natureza jurídica de Autarquia, retroagindo depois de luta aguerrida desde a UnB com Darci Ribeiro e JK, em 1960. E, em 1966, com a criação do Conselho de Reitores, liderada por Pedro Calmon, e, ainda, com a Reforma Universitária, lei n° 5540 de 28 de novembro de 1968, há 50 anos.

Gáudio para os rondonopolitanos pela emancipação da UFMT, por, agora, possuírem, através da lei n° 13.637 de 20 de março de 2018, a Universidade Federal de Rondonópolis, por certo o seu Dia de Confraternização Universitária para sempre.

Quinta, 12 Abril 2018 13:51

 

 

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para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
 
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JUACY DA SILVA*
 

O último final de semana foi marcado pela expedição da ordem de prisão do ex-presidente Lula, cuja repercussão ultrapassou as fronteiras do país, durante, praticamente quatro ou cinco dias, desde que o Supremo Tribunal Federal negou o “habeas corpus” para que Lula aguardasse em liberdade até que a ação fosse considerada “transitada em julgado”, até a noite de sábado, o noticiário dominante foi este fato.


Este pode ser considerado o final de um capítulo de uma longa história de um líder sindical, de origem nordestina, afrodescendente, pobre que enfrentou a repressão do período em que o Brasil viveu sob o regime militar, foi preso político e resolveu, juntamente com alguns intelectuais de esquerda ou centro esquerda, fundar um partido que buscava ser diferente na forma de se fazer politica no Brasil e na defesa verdadeira dos interesses e direitos dos trabalhadores.


Dentre os pilares do partido dos trabalhadores fundado e capitaneado por Lula por quatro década podemos destacar a ética na politica, a denúncia da corrupção e alguns dos ideais socialistas, um pouco distantes do marxismo e a defesa dos interesses da classe trabalhadora.


Por três vezes Lula tentou eleger-se presidente da República, mas só conseguiu este feito na quarta disputa, além de uma outra campanha fracassada quando tentou  ser governador de São Paulo. Tão logo eleito, em 2002, antes mesmo da posse, para acalmar o famigerado mercado, que estava todo arrepiado com a chegada da esquerda e de alguns comunistas ao poder, Lula divulgou a “carta ao povo brasileiro”, onde demonstrava que não iria romper radicalmente com o “status quo” e para governar iria seguir as expectativas do mercado. De sua equipe fazia parte Henrique Meirelles, presidente do Banco Central por oito anos, este mesmo que voltou como ministro da fazendo do governo impopular e corrupto de Temer.


Para tanto, para formar seu governo, não titubeou em aliar-se aos partidos de centro e de direita, além dos partidos de esquerda que com ele chegaram ao poder e, na composição de sua equipe de governo, buscou aliados nas forcas conservadoras, onde estavam e ainda estão boa parte dos políticos corruptos e fisiológicos que, por décadas, tem mamado nas tetas do governo e assaltado os cofres públicos.


Ao aliar a tais forcas corruptas e conservadoras, Lula ia aos poucos distanciando-se dos princípios basilares que sempre defendeu, descaracterizando o seu próprio partido, motivo pelo qual ao longo de seus oito anos no poder viu dezenas ou centenas de quadros que não concordavam com os rumos que seu governo ia tomando e abandonaram o PT fundando ou rumo a outros partidos de esquerda. Para manter-se no poder, o governo Lula utilizou-se dos mesmos mecanismos e práticas nada éticas, ou seja, formas corruptas e fisiológicas de se fazer politica, incluindo o peleguismo sindical e o aparelhamento da administração publica.


A partir deste ponto, o PT passou a preocupar-se muito mais com um projeto de poder do que com um projeto de país e os resultados deletérios não demoraram a se apresentar com o mensalão e depois com o petrolão/lava jato e tudo o mais que bem conhecemos.


Ao longo de décadas o Brasil vive em uma crise permanente, podendo estabelecer como pontos de referência o fim da ditadura Vargas, em 1945, o retorno de Vargas através das eleições de 1950, o suicídio de Vargas, o Governo meteórico e a renúncia de Jânio Quadros e a tentativa de impedimento da posse de João Goulart, a imposição do parlamentarismo, o retorno ao presidencialismo, através de um plebiscito, durante o governo João Goulart, a derrubada de João Goulart em 1964 e a intervenção militar, que durou até 1985, a eleição de Tancredo Neves e José Sarney, a morte de Tancredo antes da posse e a chegada de Sarney ao poder, que de apoiador incondicional dos governos militares se transformou em democrata de carteirinha, passando de cacique do PDS para cacique do PMDB, antes e novamente agora MDB.


Esta crise desembocou na convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte que elaborou a famosa “constituição cidadã” como a chamava o Dr. Ulisses Guimarães, Carta Magna já emendada e remendada centenas de vezes, cujo artigo quinto que pretendia ser a base das garantias individuas, incluindo o Famoso e controvertido item LVII, que apesar de muito claro tem merecido muito debate e um vai e vem por parte dos doutos ministros do STF, onde esta escrito de forma cristalina “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”.
 
Ao final do Governo Sarney temos as crises da renúncia/impedimento de Collor, as constantes disputadas ideológicas e políticas durante os governos FHC, o impeachment de Dilma e, finalmente, a crise atual, que pode ser considerada apenas mais um capítulo desta crise histórica que vivemos ao longo de mais 73 anos.
 
Muitos imaginam que com a prisão de Lula e as futuras condenações do mesmo em diversas ações que responde, o Brasil vai ser passado a limpo. Mero engano, a crise continua e a cada dia é mais grave do que podemos imaginar, como veremos nos próximos artigos sobre este mesmo tema.
 


*JUACY DA SILVA, professor universitário, fundador, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia, articulista de jornais, revistas, sites e blogs. Email O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Twitter@profjuacy Blog www.professorjuacy.blogspot.com

 

Quarta, 11 Abril 2018 15:45

 

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Roberto Boaventura da Silva Sá

Dr. em Jornalismo/USP; prof. de Literatura/UFMT

 

 

“Nunca, como antes, na história deste país”, vivemos dias tão tensos quanto inusitados. Por isso, falar de nossa atual conjuntura é pôr em risco até velhas amizades.

 

Mesmo ciente disso, “data venia", arrisco dizer que, na sessão do STF, de 04/04/18, depois da qual se pôde prender o ex-presidente Lula, o país teve uma importante aula sobre democracia e postura coerente. Explicarei adiante.

 

Como sou amante da arte do discurso, assisti à transmissão daquele evento praticamente o tempo inteiro.

 

De chofre, destaco a qualidade dos discursos dos onze ministros, independentemente de seus votos. Poucos foram os momentos de fragilidade na abordagem que cada qual fez para consolidar sua posição diante da matéria em pauta.

 

Porém, do conjunto de discursos, saliento o voto de Rosa Weber: ápice daquela “aula”. Como todos sabiam, além de outras mais, aquele seria o voto que:

 

1º) poria em risco – ou não – a estabilidade jurídica no país, pois, naquele momento, o STF tinha direcionamento coletivamente aprovado em 2016 para balizar a matéria. Até que haja reversão, o norteamento está dado, querendo ou não;

 

2º) selaria a existência pessoal e os rumos políticos de Lula;

 

3º) poria em constrangimentos futuros – ou não mais – a existência de diversos agentes da elite (políticos e empresários), já presos ou prestes a isso;

 

4º) redefiniria os rumos da própria eleição presidencial de outubro.

 

Mas não quero falar – pelo menos não neste artigo – desse futuro. Quero falar de duas das qualidades mais difíceis de serem vistas em tempos de relativizações gerais: a coerência e o pleno exercício democrático.

 

Ser coerente e democrata não são posturas para qualquer um. Por isso, exalto situações nas quais a coerência e a prática da democracia ficam evidentes, mesmo quando não agradam muitos da plateia; aliás, foi o que fez Rosa na sessão do STF já referenciada.

 

Em rápidas palavras, em 2016, a maioria do pleno do STF deliberou que as sentenças de condenados em segunda instância já poderiam ser cumpridas, em regime de reclusão, sem prejuízo de o réu continuar recorrendo a instâncias superiores.

 

Pois bem. Rosa foi uma dos cinco derrotados à ocasião. A partir disso, de 58 habeas corpus que julgou, não acatou 57 deles. Logo, não poderia, naquele momento, agir diferentemente no caso de Lula. A demanda de Lula era igual as dos demais recusados anteriormente.

 

Em outras palavras, Weber, mesmo pensando diferentemente da maioria, com o colegiado ficou para se manter como um ser democrático. Atitude rara, que deveria ser normal em sociedades democráticas. Caso agisse de forma diferente do que fez, agiria de maneira casuística. De resto, por nada, ninguém deveria defender atitudes tais.

 

Ao respeitar a colegialidade, Rosa manteve a linha da coerência, outra característica rara, que também deveria estar na normalidade de nossas ações, mas nem sempre está.

 

Não por acaso, no presente cenário político, cito, como exemplo, a vivência nas universidades, ressalvando as exceções. Apesar da indiscutível estrutura democrática de tais espaços, a experiência da democracia, por conseguinte, da coerência, é algo que raramente podemos dizer que vivenciamos de maneira plena. Não raras são as vezes que nossos representantes desrespeitam a colegialidade, em prol de suas interpretações e/ou interesses. Daí a dificuldade de muita gente, hoje, inclusive no meio acadêmico, entender o que é respeito a decisões coletivas. 

 

De qualquer forma, as lições de Rosa nos foram dadas; pena que em circunstâncias tão constrangedoras.