Todos os anos o DIA MUNDIAL DA SAÚDE é comemorado em 07 de abril e a cada ano a OMS –Organização Mundial da Saúde, juntamente com outras organizações internacionais escolhem um tema, uma área considerada importante, para que a população de todos os países possa ser alertada sobre os perigos e riscos de algumas doenças consideradas graves e que devem merecer uma atenção especial e redobrada.
Neste ano de 2016, a OMS em parceria com a Federação Internacional de Diabetes resolveram voltar a atenção para esta doença que a cada ano é responsável por 14,5% do total de todas as mortes que ocorrem no mundo. Conforme o Atlas do Diabetes, a Federação Internacional de Diabetes, em 2015 aproximadamente cinco milhões de pessoas entre 20 e 79 anos foram a óbito devido ao diabetes, muito mais do que todas as guerras, conflitos armados, HIV/AIDS e diversas outras doenças juntas. Mesmo assim, a grande maioria da população não volta sua atenção e nem toma os cuidados necessários para prevenir e combater esta terrível doença.
No mundo todo em 2015 aproximadamente 415 milhões de pessoas foram diagnosticadas com diabetes tipos um ou dois e as previsões indicam que em 2030 este número poderá atingir mais de 640 milhões de pessoas, sendo que 51.9% constituídos por pessoas do sexo masculino e 48,1% do sexo feminino. Todavia, como um dos fatores que favorecem o surgimento do diabetes é a obesidade, outra doença graves na atualidade e conforme estudos recentes indicam que as mulheres aos poucos vão suplantando os homens tanto no que concerne a obesidade quanto ao diabetes isto passa a exigir um cuidado maior por parte das políticas públicas de saúde.
O diabetes, tanto o tipo 1 quanto e principalmente o tipo dois acarretam sérias consequências para as pessoas que são diagnosticadas com esta doença quanto seus familiares e o próprio país, tendo em vista que é uma doença crônica e que tem como uma de suas principais causas hábitos alimentares errados e estilo de vida maléfico, muitas vezes arraigados culturalmente difíceis de serem alterados.
Como é uma doença silenciosa, com poucos sintomas, calcula-se que o número real da incidência da doença á muito maior do que as estatísticas oficias indicam, pelo menos 40% a mais, principalmente nos países subdesenvolvidos e em desenvolvimento, onde as pessoas não têm acesso a serviços de saúde de qualidade ou sequer costumam realizar exames preventivos contra esta e tantas outras doenças crônicas, como câncer, as doenças cardiovasculares e os vários tipos de demência.
Em termos mundiais os custos/gastos com a prevenção e o tratamento do diabetes representam 12% do custo total com saúde, sendo que em alguns países este custo pode chegar até a 20%, indicando a gravidade e as consequências da doença.
O Brasil é o quarto país em número de pessoas com diabetes e o crescimento da doença é em torno de 3% a 3,5% ao ano. Dados do Atlas internacional de diabetes indicam que no Brasil em 2015 existiam 14,3 milhões de pessoas com a doença e pelo menos dez milhões com pré-diabetes, demonstrando o desafio que esta doença representa para a política nacional de saúde, tanto o SUS quanto os planos de saúde e também para as famílias que precisam custear diretamente o tratamento da doença. Se a tendência do crescimento da doença não for alterado, as projeções indicam que em 20130 o Brasil deverá registrar mais de 22,5 milhões de pessoas com diabetes e pelo menos 18 milhões com pré-diabéticos, um dos maiores desafios para um Sistema público de saúde que já esta no maior caos, a beira da falência.
O Brasil é o quinto pais que mais gasta com a prevenção e tratamento do diabetes, com um custo de aproximadamente R$ 22 bilhões de reais por ano, mas este montante, investido pelos poderes públicos está muito distante das necessidades para que esta doença seja de fato combatida, desde as medidas preventivas, diagnósticos apropriados e o tratamento necessário.
Enfim, neste DIA MUNDIAL DA SAÚDE, tanto os profissionais da área quanto a população em geral devem refletir um pouco mais em torno desta doença que tem passado desapercebida por milhões de brasileiros e que tantas vidas tem ceifado de forma desnecessária e precocemente.
DIABETES não é brincadeira, é uma doença perigosa e insidiosa que provoca muitas consequências, sofrimento e, inclusive, a morte. Estudos indicam que em torno de 68% das pessoas acometidas por diabetes acabam vindo a óbito decorrente de infarto ou outras doenças cardiovasculares.
O Diabetes é uma doença muito mais grave e que atinge muito mais gente do que a zika, a dengue, os homicídios e tantas outras doenças de massa que tanta gente fica apavorada. PENSE NISSO, faça seu diagnóstico, procure orientação profissional adequada e não brinque com a vida, este é o bem mais precioso que você pode ter, nada é mais importante do que a saúde!
JUACY DA SILVA, professor universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia, articulista e colaborador de sites, blogs e outros veículos de comunicação. Email O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Blogwww.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy
Roberto Boaventura da Silva Sá
Dr. Jornalismo/USP; Prof. Literatura/UFMT
Em clima de divisão social, o “nós” do título refere-se à cúpula do governo federal, com destaque à Sra. Rousseff e ao Sr. Lula, aos que compõem o staff do governo e aos demais séquitos, destacando seus agentes nas universidades federais.
Desse importante contingente de brasileiros, para conversar sobre “democracia”, dirijo-me ao último grupo, com ênfase a alguns colegas de vida acadêmica.
Começo esse diálogo resgatando uma chamada jornalística que esteve no site da UFMT no dia 28/03/16. Na essência, o texto – em sintonia com as manifestações em prol de algo como “Fica Dilma” e “Lula é nosso senhor todo poderoso” – convidava a comunidade universitária para participar do “Manifesto em Defesa da Democracia” e outros itens mais.
Conforme os organizadores do ato, o evento tinha como propósito “...discutir e manifestar-se sobre as ameaças ao Estado Democrático de Direito vividas atualmente pela sociedade brasileira”.
Para encorpar o evento, a chamada enfatizava quem lá estaria: além da reitora da UFMT e da presidente da União Nacional dos Estudantes, outros quatro colegas citados nominalmente – todos defensores orgânicos/partidários do governo federal – já haviam confirmado presença.
Portanto, com aqueles destaques, qualquer manifestação/aclamação do mantra “Não vai ter golpe” estaria garantida. Em contrapartida, nenhuma discussão que resguardasse o contraditório seria sequer possível em um ambiente ocupado por defensores dos agentes do status quo, que aprenderam a usar a palavra “democracia” para tentar disfarçar a defesa que fazem do governo federal.
Mas o que significa essa defesa?
Significa defender e ampliar as políticas neoliberais em curso, que atacam principalmente os mais pobres, bem como aceitar suas práticas políticas, comprovadamente parceiras da criminalidade.
Sem desconhecer que transito nos perigosos espaços da moralidade, estou falando de corruptos na política, sim, e sem ignorar que do lado dos “eles” a corrupção também tem moradia garantida. E, é claro, a moradia destes está mais para o estilo “tríplex” do Guarujá daqueles do que para o “Minha Casa Minha Vida” da maioria iludida dos impiedosamente massificados.
Pois bem. Para minha surpresa, o referido “Manifesto”, desmembrado em dois documentos, passou a constar da pauta de uma reunião de um dos conselhos superiores da UFMT. Para que aquilo não fosse apreciado naquele momento, ponderei que nenhum dos membros tinha realizado qualquer reunião com seus pares para que pudessem, democraticamente, apresentar voto de representação. Em vão. A democracia interna na UFMT não é valor cultivado há muito tempo.
Derrotado nesse apelo, mas insistindo pela democracia interna daquele espaço institucional, só me restava pedir vistas de um dos processos. Outro colega já havia lançado mão desse dispositivo legal, pedindo vistas do primeiro processo.
Assim, se naquele momento nos livramos de atropelar pontualmente a democracia na UFMT, repito: a prática de nossa democracia interna tem sido pisoteada sistematicamente. Dentre outras, foi assim que ocorreu com a aprovação de algumas imposições do governo petistas, como o ReUNI (Reestruturação e Expansão das Universidades) e o ENEM.
Logo, sempre enquadrados pelo governo, cada aprovação feita dessa forma tem significado um tapa na cara não só da democracia, mas um murro na autonomia de nossa universidade.
Definitivamente, a defesa da democracia não pode ser abstrata. Ela requer lastro. E o lastro é sua prática diária, que vai além das palavras, sempre voando ao vento.
Docentes, técnicos administrativos e estudantes da UFMT escolheram, por meio do processo de consulta, Myrian Serra e Evandro Soares da Silva para a próxima gestão da Reitoria da universidade. Numa disputa apertada, os candidatos da chapa 4 obtiveram 49, 37% do total de votos, contra 47, 01% da concorrente, chapa 2.
O resultado oficial da consulta, decidida em segundo turno, foi divulgado por volta das 18h dessa quarta-feira, 06/04.
Se respeitado o processo, que não tem caráter oficial, o Governo Federal nomeará os indicados pela comunidade acadêmica em outubro de 2016. Desde a reabertura democrática do país, após da ditadura militar, os presidentes têm respeitado a vontade dos eleitores. A nova gestão será responsável pela administração da universidade até 2020.
Foram 9.163 votos válidos no total, com expressiva participação de docentes e técnicos, mas baixa adesão dos discentes. Com colégio eleitoral de cerca de 33 mil votantes, apenas 6.162 estudantes compareceram às urnas nesse segundo turno, contabilizando os votos válidos (5.995), nulos (114) e brancos (53).
A Adufmat-Ssind avalia que a participação docente, de mais de 61% do colégio eleitoral, foi positiva. “A principal contribuição desse processo é a abertura para reflexão sobre os caminhos da universidade. Numa perspectiva classista, questionamos se a universidade está contribuindo de alguma maneira para a vida dos trabalhadores, que papel social está desenvolvendo, além, é claro, das condições de trabalho e qualidade de ensino”, afirmou o presidente do sindicato, Reginaldo Araújo.
Para o presidente, mesmo com a avaliação da entidade de que todos os candidatos que concorreram ao pleito em 2016 representam o mesmo projeto de universidade, a mudança não deixa de trazer expectativas. “Uma nova gestão sempre traz expectativas de que seja um novo momento, com novas possibilidades de avançar nas questões que consideramos importantes”, disse.
Após o resultado, a professora Myrian Serra reafirmou sua disposição para dialogar a comunidade acadêmica. “A partir de hoje, estaremos todos juntos para construir uma universidade forte e democrática”, garantiu.
Em nome da chapa 2, o professor Paulo Teixeira agradeceu os votos e empenho de todos, e desejou uma boa gestão à chapa eleita.
Luana Soutos
Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind
Docentes, técnicos administrativos e estudantes da UFMT escolheram, por meio do processo de consulta, Myrian Serra e Evandro Soares da Silva para a próxima gestão da Reitoria da universidade. Numa disputa apertada, os candidatos da chapa 4 obtiveram 49, 37% do total de votos, contra 47, 01% da concorrente, chapa 2.
O resultado oficial da consulta, decidida em segundo turno, foi divulgado por volta das 18h dessa quarta-feira, 06/04.
Se respeitado o processo, que não tem caráter oficial, o Governo Federal nomeará os indicados pela comunidade acadêmica em outubro de 2016. Desde a reabertura democrática do país, após da ditadura militar, os presidentes têm respeitado a vontade dos eleitores. A nova gestão será responsável pela administração da universidade até 2020.
Foram 9.163 votos válidos no total, com expressiva participação de docentes e técnicos, mas baixa adesão dos discentes. Com colégio eleitoral de cerca de 33 mil votantes, apenas 6.162 estudantes compareceram às urnas nesse segundo turno, contabilizando os votos válidos (5.995), nulos (114) e brancos (53).
A Adufmat-Ssind avalia que a participação docente, de mais de 61% do colégio eleitoral, foi positiva. “A principal contribuição desse processo é a abertura para reflexão sobre os caminhos da universidade. Numa perspectiva classista, questionamos se a universidade está contribuindo de alguma maneira para a vida dos trabalhadores, que papel social está desenvolvendo, além, é claro, das condições de trabalho e qualidade de ensino”, afirmou o presidente do sindicato, Reginaldo Araújo.
Para o presidente, mesmo com a avaliação da entidade de que todos os candidatos que concorreram ao pleito em 2016 representam o mesmo projeto de universidade, a mudança não deixa de trazer expectativas. “Uma nova gestão sempre traz expectativas de que seja um novo momento, com novas possibilidades de avançar nas questões que consideramos importantes”, disse.
Após o resultado, a professora Myrian Serra reafirmou sua disposição para dialogar a comunidade acadêmica. “A partir de hoje, estaremos todos juntos para construir uma universidade forte e democrática”, garantiu.
Em nome da chapa 2, o professor Paulo Teixeira agradeceu os votos e empenho de todos, e desejou uma boa gestão à chapa eleita.
Luana Soutos
Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind
A apuração dos votos do segundo turno para escolha da próxima Reitoria da UFMT ainda não foi concluída. Ainda faltam computar votos de alguns campi do interior e polos regionais, além dos votos em separado.
A Comissão de Consulta suspendeu os trabalhos dessa terça-feira (05/04) por volta da 1h do dia 06/04 com o seguinte quadro do total de votos contabilizados até o momento:
49,96% - Chapa 4
46,29% - Chapa 2
Os votos que faltam serão apurados a partir das 14h dessa quarta-feira (06).
Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind
Circular nº 076/16
Brasília, 4 de abril de 2016
Às seções sindicais, secretarias regionais e aos diretores do ANDES-SN
Companheiros,
Encaminhamos, para conhecimento, a convocatória para a XIX Plenária Nacional do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação – FNDC que será realizada em São Paulo, nos dias 21, 22 e 23 de abril do corrente ano.
Chamamos a atenção para a importância da participação das seções sindicais do ANDES-SN no referido evento, bem como para a necessidade do recadastramento das seções sindicais filiadas ao FNDC (as orientações seguem nos documentos anexos).
Sem mais para o momento, renovamos nossas cordiais saudações sindicais e universitárias.
Prof. Epitácio Macário Moura
2º Vice-Presidente
ATENÇÃO: Acesso à convocatória e demais informações sobre o FNDC nos arquivos anexos abaixo.
CIRCULAR086 SEN23032016
Presentes: Amauri Fragoso, Clarkson Araújo, Eduardo Porfírio “Polaco”, Eugenia Martins, Gesa Linhares, Avanilson (em substituição a Helena Silvestre), Janaina Oliveira, Joaninha de Oliveira, José Campos, Julio Condaque, Luís Carlos Prates “Mancha”, Magno de Carvalho, Mauro Puerro, Miguel Leme, Neida Oliveira, Paulo Barela, Paulo Rizzo, Rita Souza, Sebastião Carlos “Cacau” e Wilson Ribeiro. Observadores: Alex da Mata Silva (MES).
1. Avaliação de Conjuntura e plano de ação - 1º de abril e encaminhamento sobre o 1º de maio:
O debate foi feito com base nos novos fatos da conjuntura que seguem agravando a crise política e alimentando a crise econômica (desemprego em alta, inflação disparando, etc.). A tentativa de nomear Lula como ministro da Casa Civil, a divulgação de conversas telefônicas entre ele e Dilma indicando que um dos motivos para a nomeação seria para obtenção do foro privilegiado e ainda a liminar concedida pelo Ministro do STF Gilmar Mendes suspendendo a posse, são alguns dos elementos superestruturais que potencializaram a crise nos últimos dias. Soma-se a isso a debandada que começa a ocorrer na base de sustentação do governo no congresso, as mobilizações pelo impeachment de Dilma e contra a nomeação de Lula (em alguns casos até espontâneas) e as recentes pesquisas indicando que 68% da população é favorável ao impeachment. Por outro lado, o governo e sua base de sustentação no movimento social também começaram a mobilizar-se com atos e manifestações contra a saída de Dilma e pela posse de Lula na Casa Civil. Contudo, tanto o discurso de Lula na maior manifestação de defesa do governo ocorrida no dia 18 de março em SP, quanto a postura de Dilma com a sanção da Lei Antiterror, o recente anuncio de mais um pacote de cortes de gastos nos serviços públicos, vão no sentido de sinalizar para a burguesia a vontade de repactuar a governabilidade. Portanto, a disputa entre o campo do governo e o da oposição de direita é claramente uma farsa entre esse dois campos burgueses já que qualquer dos dois lados que vencer essa disputa irá atacar os trabalhadores para dar conta da crise econômica. Em meio a tudo isso, alguns elementos apontam no sentido de que há espaço para a apresentação de uma alternativa. Os informes de preparação do dia 1º de abril em vários estados, assembleias de categorias, as mobilizações feitas pelo Sindicato dos Metalúrgicos de São Jose dos Campos em cima da palavra de ordem “Fora Todos, eleições gerais já”, a hostilização sofrida por Alckmin e Aécio na manifestação contra o governo, o crescente desgaste dos políticos tradicionais que vão aparecendo nas listas de beneficiários da corrupção e os processos de greve que seguem ocorrendo, demonstram que está aumentando o espaço para o debate da nossa posição pela construção de uma alternativa dos trabalhadores. Neste sentido, a política da CSP-Conlutas e do Espaço de Unidade de Ação tem se demonstrado acertada, ainda que nesse momento não tenha força suficiente para atingir a magnitude das manifestações contra e pró-governo. Sendo assim, a Secretaria Executiva Nacional tomou as seguintes deliberações:
- · A nova realidade nos coloca a possibilidade de fazer ações maiores. Portanto, é fundamental apostar em ações de peso do nosso dia de luta no 1º de abril, potencializando ao máximo esta atividade;
- · Acompanhar desde a SEN e dar apoio logístico e financeiro, para garantir os atos de São Paulo e Rio de Janeiro, que tem uma visibilidade maior e mais impacto na imprensa nacional;
- · Não participação no ato de 24 de março convocado pela Frente do Povo Sem Medo (aprovado por maioria com uma abstenção e respectiva declaração de voto da companheira Neida);
- · Não participação no ato do dia 31 de março convocado pela Frente Brasil Popular;
- · Fortalecer as atividades dos Servidores Federais do dia 14 de abril;
- · Emitir uma nota da CSP-Conlutas sobre o pacote do governo que ataca os servidores e os serviços públicos;
- · Preparar para a próxima reunião da Coordenação Nacional um debate mais aprofundado sobre a questão da palavra de ordem para o momento frente ao governo;
- · Moção de apoio a primeira ocupação de escola no Rio de Janeiro, o Colégio Estadual Mendes de Moraes
Encaminhamento sobre o 1º de maio: Miguel informa que os companheiros da Pastoral Operária, que articulam as organizações para o 1º de maio da Sé, se dispõem a fazer um ponto de encontro com a manifestação da CSP-Conlutas e já definiram que os seus eixos são: Em defesa do emprego, contra flexibilização das leis trabalhistas, contra a reforma da previdência e o ajuste fiscal, contra a terceirização, contra a criminalização dos movimentos sociais através da aprovação da lei antiterror, a corrupção é inerente ao sistema capitalista. Eles também definiram que o formato do ato será o mesmo dos anos anteriores com três blocos de falas sendo: movimentos populares, movimentos sindicais e partidos. Além disso, solicitam que caso cheguemos a uma proposta de unificação tenhamos o chamado aos dois atos em ambas as convocações (panfletos, boletins, etc.). Foi aprovado que Miguel vai seguir acompanhando as reuniões de organização do 1º de maio da Sé juntamente com a estadual/SP objetivando buscar a possibilidade de unificação das duas atividades, sem perder de vista a nossa resolução de realizar um ato nacional na Av. Paulista.
2. Seminário sobre Terceirização:
Dados os informes sobre o movimento de inscrições, detalhes de infraestrutura e fechamento da programação com os palestrantes, foi aprovada a seguinte alteração na programação do seminário: o Sintusp passa a integrar o terceiro painel do dia 02/4 cujo tema é“A crise econômica e política do Brasil, o avanço das privatizações e da terceirização”.
3. Informes diversos e agenda:
Informes: Foram apresentados diversos informes (abaixo) que serão encaminhados para publicação na página e na rede de e-mails da Central.
- · Congresso Sinasefe – 30º CONSINASEFE realizado entre 18 e 21 de março de 2016;
- · Informe sobre a greve da educação básica nos dias 13, 14 e 15 de março de 2016;
- · Seminário Nacional de Negros e Negras da CSP-Conlutas que ocorrerá 22 à 24 de abril de 2016, no Rio de Janeiro;
- · Tribunal Popular, a Samarco sentará no banco dos réus que ocorrerá no dia 1º de abril de 2016 como parte do dia de luta em Belo Horizonte/MG;
- · Informe sobre a paralisação dos trabalhadores da USP;
- · Campanha Internacional contra o Desemprego realizada pelo IDC (entidade internacional dos portuários) unificada com a Rede Internacional de Solidariedade, entidade da qual a CSP-Conlutas é parte integrante;
- · Processo de reestruturação administrativa no Dieese: Ficou acertado o agendamento em outra SEN de um ponto com mais fôlego para fazer o debate sobre o Dieese.
- · Informe sobre a mobilização dos estudantes secundarista com a consequente ocupação de uma escola e a participação dos estudantes na greve dos servidores estaduais, no Rio de Janeiro.
- · Aprovação de Moção de apoio a ocupação da escola no RJ.
Agenda:
- · 28 de março de 2016: Posse da diretoria eleita para a Federação Nacional dos Engenheiros: O companheiro Paulo Barela foi destacado para representar a Central;
- · 31 de março de 2016: Ato em protesto contra o desmonte na USP: A representação da central será feita pela companheira Joaninha.
Próximas reuniões da SEN: 14 de abril e 12 de maio, às 14 horas na sede nacional da Central em São Paulo/SP.
Próxima Reunião da Coordenação Nacional será nos dias 13, 14 e 15 de maio de 2016, em local a ser definido entre Rio de Janeiro/RJ e São Paulo/SP.
Telma Pioli
Secretaria Nacional CSP-Conlutas - Central Sindical e Popular
(11)3107-7984/3106-4450
JUACY DA SILVA*
Há quase 150 anos Rui Barbosa, em célebre discurso no Senado, deplorava o estado do país, durante os últimos anos do Império, que estava sendo destruído pela corrupção, dizendo que tamanha era a corrupção nos altos escalões governamentais, no meio empresarial e na sociedade em geral, que as pessoas de bem estavam ficando envergonhadas de serem honestas e a rirem da honra, valores considerados então e ainda hoje como princípios fundamentais para a gestão da coisa pública e da vida empresarial.
De lá pra cá, caiu o império, foi abolida, apenas formalmente, a escravidão, foi proclamada a República, que por muitas décadas foi alimentada pelo voto de cabresto e a corrupção nos sistemas politico, partidário e eleitoral; o Brasil experimentou uma grande recessão e quebradeira no início dos anos trinta do século passado , revoluções foram feitas, a ditadura do estado novo deixou suas marcas tanto no Sistema politico quando no desrespeito aos direitos humanos, tortura era uma prática para silenciar opositores, apesar de que ainda hoje muita gente, inclusive Lula e dois partidos PTB e PDT cultuam a memória de Vargas, o ditador da época.
Com o fim da segunda Guerra, também a ditadura de Vargas foi por água abaixo e um novo regozijo tomou conta da sociedade com a redemocratização, que acabou possibilitando a volta do ex-ditador nos braços do povo com votação popular. Mas as práticas de corrupção herdadas do estado novo marcariam novamente o período “democrático” da era Vargas e o mesmo, em meio a muitos escândalos, muito menores do que na atual fase dos Governos Lula/Dilma/PT e seus aliados, acabou não aguentando e imaginou que seu suicídio poderia devolver a paz e a ética a um governo de transição.
Após esta transição veio o governo JK, que construiu Brasília e mudou a capital, mas tudo a um custo muito elevado, super faturado, tanto econômico, financeiro quanto de muita corrupção. Ou seja, Brasília nasceu sob o signo da bonança e da corrupção de empreiteiras, dos políticos e dos grileiros de terras públicas. Talvez seja esta maldição que ainda hoje esteja presente na vida política, partidária, eleitoral e empresarial brasileira. Brasília sem dúvida é a capital da corrupção e das bandalheiras que denigrem a imagem do Brasil.
A corrupção no governo JK era tanta que possibilitou a Jânio Quadros, mato-grossense de Campo Grande, que fez carreira como o “homem da vassoura” no governo de SP assumisse o poder nacional e sua eleição foi a esperança do povo em imaginar que o maior mal daquela época e ainda de hoje, a corrupção , viesse a ser banida e os corruptos iriam para a cadeia.
Ledo engano, pressionado por um Congresso que lhe era desfavorável, repleto de antigos e novos corruptos, o Parlamento bloqueava todas as medidas que Jânio tentava impor para sanear o país econômica, financeira, política e moralmente. Com apenas sete meses, não aguentando as pressões de grupos de interesses aliados com os corruptos da época, Jânio acabou renunciando, levando o país a beira da Guerra civil.
Naquela época Presidente e Vice eram eleito separadamente, ou seja, o povo votava para presidente e também votava para vice presidente e, por obra do destino, o povo acabou fazendo uma escolha esdrúxula, elegeu Jânio Quadros, da UDN, com toda a sua retórica e ênfase no combate `a corrupção e João Goulart, o vice da chapa do PTB/PSD, que representava a herança getulista e de JK. Desnecessário dizer que era um governo que dificilmente teria unidade e rumo. O vice tinha um discurso e uma prática populista, demagógica enquanto o presidente tinha um passado de austeridade e de limpeza ética na política.
Diversos setores, inclusive militares, tentaram impedir a posse do vice, gerando um clima de muita tensão e mobilização popular e militar, com, inclusive a presença de tropas nas ruas e tudo o que a história registra.
João Goulart, com a ajuda de seu cunhado, Leonel Brizola, então Governador do Rio Grande do sul e miliares a eles aliados, acabou tomando posse mediante uma solução de compromisso que era a imposição de um parlamentarismo fajuto e de emergência, como alguns políticos oportunistas ainda hoje imaginam como solução para a atual crise, que acabou não dando certo, pois o Presidente simplesmente nomeava alguns primeiro ministros e ao mesmo tempo os boicotava, os desmoralizava e na surdina planejava um plebiscito, que acabou com o parlamentarismo e devolveu todos os poderes ao presidente, através da volta do presidencialismo.
João Goulart continuou sofrendo pressões dentro e fora do governo , ficou muito acuado e aos poucos se tornou um fantoche nas mãos de um movimento sindical marcado pelo aparelhamento público e pelo peleguismo e organizações populares financiadas com dinheiro público, quadro muito semelhante ao que ocorre atualmente com a Presidente Dilma.
Este artigo continua proximamente.
JUACY DA SILVA, professor universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia, articulista e colaborador de Jornais, Sites, Blogs e outros veículos de comunicação. Email O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Twitter@profjuacy Blog www.professorjuacy.blogspot.com
Sim, há uma situação em curso que não condiz com as regras democráticas para destituição do poder no Brasil. Não, não se trata da defesa de um governo que tem retirado direitos dos trabalhadores numa proporção nunca vista anteriormente. Nesse sentido, mas com importantes diferenças, caminharam as análises de conjuntura feitas pelos convidados pela Adufmat-Seção Sindical do ANDES-SN para debater a crise política do país nessa sexta-feira, 01/04.
Cinquenta e dois anos após o golpe militar de 1964, a angústia e o medo rondam os trabalhadores organizados em diversos movimentos sociais. A ofensiva na retirada de direitos, a crescente criminalização dos movimentos sociais, e a sombra de um Congresso Nacional dos mais conservadores desde a reabertura democrática do país assustam.
É um debate difícil e dinâmico, que intriga, confunde e divide a população. De maneira geral, muitos identificam que as estratégias utilizadas para impedir a continuidade do governo Dilma Rousseff ferem os preceitos constitucionais. No entanto, é impossível analisar de maneira simplista e seguir em defesa de uma democracia que, muitas vezes, agiu violentamente contra os trabalhadores.
Que democracia é essa que defendemos? Para quem? Questionaram os professores Alair Silveira (Sociologia e Ciência Política) e Paulo Wescley Pinheiro (Serviço Social). Embora tenham participado de mesas diferentes, ambos avaliaram que a “democracia” defendida deve, antes de tudo, ser qualificada.
No período da manhã, Pinheiro afirmou: “no dia da mentira, é preciso desvendar o teatro das sombras”. De acordo com o docente, nenhuma tentativa de compreensão dos fatos pode partir da mera descrição do imediato, pois o que se mostra na aparência, é diferente da essência. A própria “polarização” da população é aparente, ressaltou.
“A crise estrutural do capital exige que o Estado administre de determinada forma para manutenção do neoliberalismo, com a roupagem de ‘neodesenvolvimentismo’. E nesse momento, vários setores da elite disputam historicamente os projetos de gestão do Estado: liberais, conservadores, nacionalistas. É isso que está em jogo”, afirmou Pinheiro.
A classe trabalhadora, por sua vez, identifica suas demandas concretas e busca alternativas para elas. Nos momentos de crise, despolitizada e desorganizada, tende a acreditar em soluções imediatistas, muitas vezes expressas em posturas repressivas, moralistas e intolerantes de “salvadores da pátria” como o deputado Jair Bolsonaro.
E foi justamente esse papel de despolitizar e desorganizar os trabalhadores que o partido do governo federal desenvolveu nos últimos anos, segundo Pinheiro. Propondo e aprovando projetos em benefício da elite, contribuiu para esmorecimento e decepção da classe trabalhadora que apostou no próprio Lula como “pai salvador” em determinado momento. “Quando isso acontece a esquerda perde. O partido comunista pode até crescer, mas não na proporção do partido nazista”, disse o professor.
Na mesma mesa, o procurador e também professor da UFMT (Direito), Luiz Alberto Escaloppe, concordou com boa parte do que foi colocado por Pinheiro. Para ele, não há força popular no momento para mudar a situação, principalmente porque a única maneira que vislumbra para isso seria a ruptura com o modelo de atuação política.
Além disso, Scaloppe identificou nos brasileiros a manutenção e expressão de pensamentos que prejudicam avanços sociais. “É preciso entender essa mentalidade atrasada, esse comportamento excludente. Vejam como apontaram a população nordestina. Não são guetos. Boa parte da sociedade pensa assim”, afirmou.
Nessa perspectiva, o procurador acrescentou que a formação do pensamento de grande parte da população dificulta a compreensão de que lutamos todos contra inimigos comuns, dentre eles, os grandes veículos de comunicação.
Para o dirigente do MST, Antônio Carneiro, que participou do debate realizado a noite, os movimentos sociais precisam desenvolver novos mecanismos para dialogar com as bases. “Os trabalhadores do Brasil e do mundo estão perdendo direitos. Estamos com dificuldades para dialogar com as massas, e precisamos desenvolver novos instrumentos da luta de classes”. Até mesmo os espaços ocupados pelos grupos são fluidos agora: “a esquerda se viciou a fazer política por dentro do Estado, e as ruas agora são espaços de disputa também da direita”, definiu.
Em sua avaliação, esse é um momento de acirramento da luta de classes, e é preciso ocupar todos os espaços possíveis. “Nós identificamos dois blocos de atuação nesse momento: um bloco formado por neoliberais, empresários; e outro dos defensores do governo, formado por movimentos sociais”. De acordo com o dirigente, a crise política tem o objetivo de derrotar o PT, que representa a esquerda no imaginário da população, além de desgastar a imagem do provável candidato da sigla nas eleições de 2018, o Lula.
Carneiro compreende que o ex-presidente poderá desenvolver um papel de conciliação da base do governo e reverter a crise, segurando Dilma Rousseff na Presidência até 2018. Mesmo assim, o projeto de poder da atual presidente teria ruído, na avaliação do MST. Além disso, a aproximação de Lula teria o papel de mobilizar. “É fundamental a mobilização da esquerda nesse momento, para não permitir um governo ainda mais à direita. A esquerda sempre teve suas diferenças, mas num momento como o atual, a união é fundamental para resistência e avanço na busca de uma sociedade mais justa e igualitária”, concluiu.
Apesar das ponderações pró-governo, Carneiro afirmou que a defesa da democracia encabeçada pelos movimentos sociais não é igual a defesa do governo petista, e também ressaltou que a luta deve ser pelo aprofundamento da democracia.
A professora Alair Silveira iniciou sua fala, também durante a noite, contextualizando a crise do Brasil dentro da América Latina. Segundo ela, no final da década de 1990, a partir da eleição de Hugo Chávez, na Venezuela, tem início a chamada “onda rosa”, em que governos passam a ser considerados de “esquerda” porque, atendendo a agenda neoliberal, desenvolvem políticas compensatórias.
“Esses governos, devido ao discurso de ‘ação no limite do possível’, enfrentam menos resistência popular. Eles retomam o papel do Estado, não numa perspectiva universalista, mas com políticas focalizadas para população vulnerável”, explicou a cientista política.
Nesse contexto, lideranças populares como Lula, advindas da classe trabalhadora, são toleradas pelo Capital, porque permitem mudanças constitucionais que os líderes provenientes da elite enfrentam muita resistência para realizar. Assim, quando não podem mais ser controladas por algum motivo, essas lideranças são retiradas do poder, também por meio de golpes.
Com registros de ações similares em países latinos como Honduras e Venezuela, as variáveis dessas disputas dependem também das mobilizações populares.
Quanto a abordagem das crises econômicas estruturais, Silveira afirma que há um script seguido pelos países hermanos: com pessimismo e ressentimento, os discursos envolvem apelo à política da moral, desestabiliza os governos e polariza a opinião pública.
No Brasil, avalia Silveira, a crise política tem início em 2013, com as jornadas de junho. Insatisfeitos com os reflexos dos cortes orçamentários já realizados naquele ano, a população foi às ruas exigir educação, saúde e transporte de qualidade, entre outros. Sem direção política, as pessoas recuaram e, ciosos por mudanças, elegeram, em 2014, um dos Congressos mais conservadores dos últimos 50 anos.
Mas o PT estaria colhendo, agora, o que plantou durante o seu governo. “O PT apostou no esvaziamento da discussão programática. Realizou campanhas polarizadas entre PT e PSDB. Em nome da governabilidade congressual, propôs e votou favorável a um conjunto de ataques violentos aos direitos trabalhistas e sindicais. Por isso, ao mesmo tempo em que ampliou sua base eleitoral em setores inorgânicos por meio das políticas focalizadas, perdeu apoio de importantes grupos de trabalhadores organizados”, disse a professora.
Outras ações destacadas pela cientista política como prejudiciais aos trabalhadores, mas que identificam a opção política do PT pelo projeto neoliberal foram: investimento na economia de commodities em detrimento da industrialização (mais segura para os trabalhadores); crescimento do setor de serviços (um dos mais precarizados e mal remunerados); estímulo ao consumo e endividamento (incentivo de crédito consignado, inclusive com apoio da CUT); diretoria do BNDES sempre voltada para os interesses do Capital; aumento da dívida pública e a falta de compromisso com a realização da auditoria da dívida pública (que no Equador redirecionou 70% dos recursos públicos para benefício da população) e uma política tributária regressiva (quem ganha mais, paga menos e vice-versa).
Para concluir, Silveira afirmou que a imprensa e o Judiciário brasileiro nunca foram imparciais, cumprem papel seletivo e se utilizam de parcialidade escancarada com relação à crise política. “O problema é que esse sentimento anti-petismo está se tornando um sentimento anti-trabalhadores. E é isso que nos atinge e nos preocupa nesse processo”, afirmou.
A crise, a democracia e a universidade
Durante suas exposições, debatedores utilizaram situações vivenciadas na universidade para exemplificar a qualidade da democracia que, acreditam, deve ser defendida.
A atual tentativa de alteração da Resolução 158/10 do CONSEPE, que orienta o trabalho docente na UFMT, e a atuação da Polícia Militar no Campus de Cuiabá no dia 28/03 foram dois pontos destacados pelos professores da universidade.
“Como é possível participar de uma Manifesto em defesa da Democracia, enviando as pressas uma sugestão de alteração da Resolução 158, sem debater com os principais interessados, e permitindo que a polícia agisse com truculência contra os estudantes dentro da universidade?”, questionou Alair Silveira.
Um novo golpe nos moldes de 1964?
Nenhum dos palestrantes trabalhou a possibilidade de um novo golpe militar empresarial como o que o Brasil sofreu em 1964.
No entanto, provocados durante o debate pelos participantes, os debatedores do período noturno comentaram o tema. Silveira admitiu que fica assustada diante das semelhanças entre os elementos identificados na crise atual, e os relatados por diversos autores acerca dos anos anteriores ao golpe militar vivenciado no Brasil.
Mas tanto Silveira quanto Carneiro avaliaram que um eventual golpe de Estado, no contexto atual, provavelmente não seguiria os moldes do que culminou na ditadura militar de 1964.
Confira as fotos na Galeria de Imagens abaixo.
Os debates foram gravados e, nos próximos dias, estarão disponíveis para acesso no Canal da Adufmat-Ssind do youtube.
Luana Soutos
Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind
Sim, há uma situação em curso que não condiz com as regras democráticas para destituição do poder no Brasil. Não, não se trata da defesa de um governo que tem retirado direitos dos trabalhadores numa proporção nunca vista anteriormente. Nesse sentido, mas com importantes diferenças, caminharam as análises de conjuntura feitas pelos convidados pela Adufmat-Seção Sindical do ANDES-SN para debater a crise política do país nessa sexta-feira, 01/04.
Cinquenta e dois anos após o golpe militar de 1964, a angústia e o medo rondam os trabalhadores organizados em diversos movimentos sociais. A ofensiva na retirada de direitos, a crescente criminalização dos movimentos sociais, e a sombra de um Congresso Nacional dos mais conservadores desde a reabertura democrática do país assustam.
É um debate difícil e dinâmico, que intriga, confunde e divide a população. De maneira geral, muitos identificam que as estratégias utilizadas para impedir a continuidade do governo Dilma Rousseff ferem os preceitos constitucionais. No entanto, é impossível analisar de maneira simplista e seguir em defesa de uma democracia que, muitas vezes, agiu violentamente contra os trabalhadores.
Que democracia é essa que defendemos? Para quem? Questionaram os professores Alair Silveira (Sociologia e Ciência Política) e Paulo Wescley Pinheiro (Serviço Social). Embora tenham participado de mesas diferentes, ambos avaliaram que a “democracia” defendida deve, antes de tudo, ser qualificada.
No período da manhã, Pinheiro afirmou: “no dia da mentira, é preciso desvendar o teatro das sombras”. De acordo com o docente, nenhuma tentativa de compreensão dos fatos pode partir da mera descrição do imediato, pois o que se mostra na aparência, é diferente da essência. A própria “polarização” da população é aparente, ressaltou.
“A crise estrutural do capital exige que o Estado administre de determinada forma para manutenção do neoliberalismo, com a roupagem de ‘neodesenvolvimentismo’. E nesse momento, vários setores da elite disputam historicamente os projetos de gestão do Estado: liberais, conservadores, nacionalistas. É isso que está em jogo”, afirmou Pinheiro.
A classe trabalhadora, por sua vez, identifica suas demandas concretas e busca alternativas para elas. Nos momentos de crise, despolitizada e desorganizada, tende a acreditar em soluções imediatistas, muitas vezes expressas em posturas repressivas, moralistas e intolerantes de “salvadores da pátria” como o deputado Jair Bolsonaro.
E foi justamente esse papel de despolitizar e desorganizar os trabalhadores que o partido do governo federal desenvolveu nos últimos anos, segundo Pinheiro. Propondo e aprovando projetos em benefício da elite, contribuiu para esmorecimento e decepção da classe trabalhadora que apostou no próprio Lula como “pai salvador” em determinado momento. “Quando isso acontece a esquerda perde. O partido comunista pode até crescer, mas não na proporção do partido nazista”, disse o professor.
Na mesma mesa, o procurador e também professor da UFMT (Direito), Luiz Alberto Escaloppe, concordou com boa parte do que foi colocado por Pinheiro. Para ele, não há força popular no momento para mudar a situação, principalmente porque a única maneira que vislumbra para isso seria a ruptura com o modelo de atuação política.
Além disso, Scaloppe identificou nos brasileiros a manutenção e expressão de pensamentos que prejudicam avanços sociais. “É preciso entender essa mentalidade atrasada, esse comportamento excludente. Vejam como apontaram a população nordestina. Não são guetos. Boa parte da sociedade pensa assim”, afirmou.
Nessa perspectiva, o procurador acrescentou que a formação do pensamento de grande parte da população dificulta a compreensão de que lutamos todos contra inimigos comuns, dentre eles, os grandes veículos de comunicação.
Para o dirigente do MST, Antônio Carneiro, que participou do debate realizado a noite, os movimentos sociais precisam desenvolver novos mecanismos para dialogar com as bases. “Os trabalhadores do Brasil e do mundo estão perdendo direitos. Estamos com dificuldades para dialogar com as massas, e precisamos desenvolver novos instrumentos da luta de classes”. Até mesmo os espaços ocupados pelos grupos são fluidos agora: “a esquerda se viciou a fazer política por dentro do Estado, e as ruas agora são espaços de disputa também da direita”, definiu.
Em sua avaliação, esse é um momento de acirramento da luta de classes, e é preciso ocupar todos os espaços possíveis. “Nós identificamos dois blocos de atuação nesse momento: um bloco formado por neoliberais, empresários; e outro dos defensores do governo, formado por movimentos sociais”. De acordo com o dirigente, a crise política tem o objetivo de derrotar o PT, que representa a esquerda no imaginário da população, além de desgastar a imagem do provável candidato da sigla nas eleições de 2018, o Lula.
Carneiro compreende que o ex-presidente poderá desenvolver um papel de conciliação da base do governo e reverter a crise, segurando Dilma Rousseff na Presidência até 2018. Mesmo assim, o projeto de poder da atual presidente teria ruído, na avaliação do MST. Além disso, a aproximação de Lula teria o papel de mobilizar. “É fundamental a mobilização da esquerda nesse momento, para não permitir um governo ainda mais à direita. A esquerda sempre teve suas diferenças, mas num momento como o atual, a união é fundamental para resistência e avanço na busca de uma sociedade mais justa e igualitária”, concluiu.
Apesar das ponderações pró-governo, Carneiro afirmou que a defesa da democracia encabeçada pelos movimentos sociais não é igual a defesa do governo petista, e também ressaltou que a luta deve ser pelo aprofundamento da democracia.
A professora Alair Silveira iniciou sua fala, também durante a noite, contextualizando a crise do Brasil dentro da América Latina. Segundo ela, no final da década de 1990, a partir da eleição de Hugo Chávez, na Venezuela, tem início a chamada “onda rosa”, em que governos passam a ser considerados de “esquerda” porque, atendendo a agenda neoliberal, desenvolvem políticas compensatórias.
“Esses governos, devido ao discurso de ‘ação no limite do possível’, enfrentam menos resistência popular. Eles retomam o papel do Estado, não numa perspectiva universalista, mas com políticas focalizadas para população vulnerável”, explicou a cientista política.
Nesse contexto, lideranças populares como Lula, advindas da classe trabalhadora, são toleradas pelo Capital, porque permitem mudanças constitucionais que os líderes provenientes da elite enfrentam muita resistência para realizar. Assim, quando não podem mais ser controladas por algum motivo, essas lideranças são retiradas do poder, também por meio de golpes.
Com registros de ações similares em países latinos como Honduras e Venezuela, as variáveis dessas disputas dependem também das mobilizações populares.
Quanto a abordagem das crises econômicas estruturais, Silveira afirma que há um script seguido pelos países hermanos: com pessimismo e ressentimento, os discursos envolvem apelo à política da moral, desestabiliza os governos e polariza a opinião pública.
No Brasil, avalia Silveira, a crise política tem início em 2013, com as jornadas de junho. Insatisfeitos com os reflexos dos cortes orçamentários já realizados naquele ano, a população foi às ruas exigir educação, saúde e transporte de qualidade, entre outros. Sem direção política, as pessoas recuaram e, ciosos por mudanças, elegeram, em 2014, um dos Congressos mais conservadores dos últimos 50 anos.
Mas o PT estaria colhendo, agora, o que plantou durante o seu governo. “O PT apostou no esvaziamento da discussão programática. Realizou campanhas polarizadas entre PT e PSDB. Em nome da governabilidade congressual, propôs e votou favorável a um conjunto de ataques violentos aos direitos trabalhistas e sindicais. Por isso, ao mesmo tempo em que ampliou sua base eleitoral em setores inorgânicos por meio das políticas focalizadas, perdeu apoio de importantes grupos de trabalhadores organizados”, disse a professora.
Outras ações destacadas pela cientista política como prejudiciais aos trabalhadores, mas que identificam a opção política do PT pelo projeto neoliberal foram: investimento na economia de commodities em detrimento da industrialização (mais segura para os trabalhadores); crescimento do setor de serviços (um dos mais precarizados e mal remunerados); estímulo ao consumo e endividamento (incentivo de crédito consignado, inclusive com apoio da CUT); diretoria do BNDES sempre voltada para os interesses do Capital; aumento da dívida pública e a falta de compromisso com a realização da auditoria da dívida pública (que no Equador redirecionou 70% dos recursos públicos para benefício da população) e uma política tributária regressiva (quem ganha mais, paga menos e vice-versa).
Para concluir, Silveira afirmou que a imprensa e o Judiciário brasileiro nunca foram imparciais, cumprem papel seletivo e se utilizam de parcialidade escancarada com relação à crise política. “O problema é que esse sentimento anti-petismo está se tornando um sentimento anti-trabalhadores. E é isso que nos atinge e nos preocupa nesse processo”, afirmou.
A crise, a democracia e a universidade
Durante suas exposições, debatedores utilizaram situações vivenciadas na universidade para exemplificar a qualidade da democracia que, acreditam, deve ser defendida.
A atual tentativa de alteração da Resolução 158/10 do CONSEPE, que orienta o trabalho docente na UFMT, e a atuação da Polícia Militar no Campus de Cuiabá no dia 28/03 foram dois pontos destacados pelos professores da universidade.
“Como é possível participar de uma Manifesto em defesa da Democracia, enviando as pressas uma sugestão de alteração da Resolução 158, sem debater com os principais interessados, e permitindo que a polícia agisse com truculência contra os estudantes dentro da universidade?”, questionou Alair Silveira.
Um novo golpe nos moldes de 1964?
Nenhum dos palestrantes trabalhou a possibilidade de um novo golpe militar empresarial como o que o Brasil sofreu em 1964.
No entanto, provocados durante o debate pelos participantes, os debatedores do período noturno comentaram o tema. Silveira admitiu que fica assustada diante das semelhanças entre os elementos identificados na crise atual, e os relatados por diversos autores acerca dos anos anteriores ao golpe militar vivenciado no Brasil.
Mas tanto Silveira quanto Carneiro avaliaram que um eventual golpe de Estado, no contexto atual, provavelmente não seguiria os moldes do que culminou na ditadura militar de 1964.
Confira a galeria de imagens abaixo.
Os debates foram gravados e, nos próximos dias, estarão disponíveis para acesso no Canal da Adufmat-Ssind do youtube.
Luana Soutos
Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind