Quinta, 03 Setembro 2015 16:51

O AGRAVAMENTO DA CRISE

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JUACY DA SILVA* 

Parece que nossas autoridades, governantes em todos os níveis e poderes, não conseguem encontrar  um rumo para que o Brasil possa sair de uma das  mais graves crises  em que se encontra atualmente. Não  bastassem as crises econômica, social, moral, financeira, orçamentária que estão  destruindo a economia e as esperanças do povo brasileiro, aos poucos também está vindo à tona  uma crise institucional que pode lançar o país em um caos maior do que imaginamos, com sérios riscos para a estabilidade institucional e a democracia.

A inflação acumulada de janeiro a agosto já chegou a 7,35%  e ainda temos mais sete meses pela frente, tudo leva a crer que a inflação em 2015  deva superar os 10%, sendo que nos últimos doze meses já chegou a  9,04%. Como normalmente a inflação penaliza  mais as camadas mais pobres  e a classe média baixa, além de aposentados, cujos ganhos estão abaixo  de dois salários mínimos, isto  deverá fomentar mais insatisfação não apenas nessas camadas, mas também e principalmente junto aos servidores públicos, cujos salários estão muito defasados em relação à inflação acumulada nos  últimos dez anos, próximo de 45%  e isto é sentido por todas as categoriais de trabalhadores, que recorrem às greves não por aumento salarial mas sim pela recomposição das perdas inflacionárias, ocorridas nos governos Lula e Dilma.

Em um cenários como este não é difícil prever  que o Brasil irá enfrentar uma das  maiores fases  de greves e manifestações populares, cuja origem da insatisfação é a perda do poder aquisitivo, a queda da renda dos trabalhadores e aposentados  a que se somarão mais de 12 milhões de desempregados e o dobro de subempregados por este Brasil afora. São mais de 90 milhões de  pessoas insatisfeitas com o atual governo e nossas instituições que  estão aquém das necessidades e das aspirações do povo.

Neste  contexto  começam também a surgir rusgas entre autoridades como integrantes do STF, TSE, Procurador de Justiça,  Tribunal de Contas  da União, Senadores, Deputados Federais, Governadores  e a Presidência da República.
O que está acontecendo no Rio Grande do Sul pode ser uma amostra do que poderá vir a acontecer em diversos estados e municípios. Lá o atual governo eleito há  pouco mais de seis meses, herdou um estado   falido, com  um nível de endividamento acima do que  se consegue administrar. Esta é a herança deixada pelo   governo do PT que o antecedeu.

Sem recursos para pagar salários o atual  governo só encontrou duas alternativas, deixar de pagar parcelas da dívida com  a União e, ainda mesmo assim, ter que parcelar em duas ou até quatro vezes os salários dos servidores, gerando mais greves e o caos, agravado ainda mais pelo bloqueio que o Governo Federal fez em relação aos repasses para o Estado.  Se o atual governo, que não se alinha com o gestão Dilma ,  fosse do PT  com certeza o governo federal seria mais “compreensivo”, como tem sido com vários grandes  grupos econômicos que continuam mamando nas tetas dos bancos oficiais.

Outro dado ilustrativo da gravidade da atual crise é o fato de que o Governo Dilma, pela primeira vez na história recente, em mais de 50 anos,  apresentou ao Congresso um orçamento deficitário  para o ano seguinte (LOA para 2016), em mais de 30  bilhões, mas que para muitos analistas este déficit pode ser muito maior, atingindo a casa dos 70 ou 80  bilhões de  reais. O mesmo foi feito pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro, LOA para 2016  com mais de 15 bilhões de déficit.

Se ao longo de décadas o Governo Federal apresentava “superavit primário”  para poder pagar parte dos juros e encargos da dívida pública, que mesmo assim, durante os governos Lula e Dilma passou de  586 bilhões de dólares para algo em torno de 2,4 trilhões em dezembro vindouro, podemos imaginar o impacto que este caos orçamentário e financeiro terá sobre a dívida pública, que já consome quase  50% do OGU – Orçamento Geral da  União, apesar do aumento descomunal da  carga tributária brasileira, que já beira 40%, uma das maiores do mundo e serviços públicos semelhantes aos países mais pobres da África, Ásia e América Latina e Caribe.

Em um cenário como este não é difícil prognosticar que os protestos, movimentos de massa e a pressão para que a presidente Dilma  renuncie ou sofra  o impeachment vai ficar cada vez mais forte. O FORA  DILMA, FORA PT, FORA LULA  vão estar ecoando com mais vigor pelos próximos meses  e no ano que vem quando serão realizadas eleições municipais.

 

*JUACY  DA SILVA,  professor  universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia, articulista de A Gazeta.  Email O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.  Blog  www.profeessorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy

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