Segunda, 22 Junho 2020 15:58
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Segunda, 22 Junho 2020 15:57
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Segunda, 22 Junho 2020 14:38
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Segunda, 22 Junho 2020 14:30
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Segunda, 22 Junho 2020 14:19
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Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
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JUACY DA SILVA*
Há quase 300 anos, Frederico II, o Grande, Rei da Prússia, dizia "A trapaça, a má fé, a duplicidade são, infelizmente, o caráter da maioria dos homens que governam as nações".
Parece que ele estaria falando a respeito do maior pais da América do Sul, nos dias de hoje, ante o despreparo, a incúria, a insensibilidade, a incompetência, o descaso como nossos governantes tem tratado a maior pandemia, o COVID 19, que está se abatendo sobre o mundo todo e em maior grau, neste momento, sobre o Brasil, o segundo em numero de casos e de mortes do mundo.
Nesta mesma linha de pensamento, ouso dizer que governantes incompetentes, corruptos, insensíveis e tiranos se comprazem com a bajulação, com a subserviência, obediência cega e acrítica, a passividade das massas, a falta de coragem do povo para confronta-los e promoverem transformações profundas no “status quo”.
Desde o início, há três meses, com o surgimento dos primeiros casos, quando o pais tinha todas as condições para se preparar e bem enfrentar, controlar e vencer o coronavírus, inclusive decretar a nível dos Estados e nacionalmente o “LOCKDOWN”, como fizeram diversos outros países, com um número ínfimo de casos e de mortes, como aconteceu na China, a começar pelo Presidente Bolsonaro que dizia o coronavírus seria apenas uma "GRIPEZINHA", um “resfriadinho”, continua causando vitimas, infectando mais de um MILHÃO de pessoas e matando quase 50 mil em nosso pais, com muito sofrimento e dor para milhões de pessoas.
Enquanto isso, nossos governantes, a começar pelo Presidente da Republica, diversos governadores, prefeitos e inclusive empresários, tentaram criar uma falsa dicotomia entre combate ao coronavírus x economia, desemprego etc., e se opuseram ao ISOLAMENTO SOCIAL, DISTANCIAMENTO SOCIAL, como a única estratégia correta e viável para reduzir os contagio, a expansão do coronavírus pelo território nacional e as mortes, pois só estão preocupados com seus próprios interesses, os lucros empresariais, eleições de 2022; o troca troca de cargos , a roubalheira praticada por bandidos nas compras de equipamentos que deveriam salvar vidas.
Nem mesmo realizar o número de testes necessários para conhecer de fato o tamanho, a extensão e a velocidade da expansão do coronavírus pelo pais todo, nossos governantes conseguiram. O Brasil ocupa a 151a. posição em número de testes por milhão de habitantes entre 191 países e territórios, situação pior do que diversas países bem pobres da África, América Central e Ásia. É o caso de se perguntar, porque todos os demais países conseguiram adquirir e realizar testes de forma massiva e o Brasil não consegue? Há aproximadamente um mês antes de sua saída/demissão o Ministro Mandetta falava o dia todo sobre a testagem em massa que estariam sendo adquiridos 23 milhões de testes, e nada disso foi feito, tudo apenas discursos enganadores em meio à pandemia.
Em decorrência, existe uma grande subnotificação tanto de casos de pessoas infectadas quanto de mortes, sendo que em pesquisa, por amostragem de âmbito nacional realizada pela Universidade Federal de Pelotas cuja segunda fase já esta concluída, com apoio do IBOPE quanto a definição do plano de amostragem, chegou `a conclusão de que esta subnotificação é de sete vezes menor, ou seja, existem sete vezes mais casos de pessoas infectadas e de mortes pelo coronavírus do que as estatísticas oficiais indicam, pelo simples fatos de que não estão sendo realizados testes de forma massiva, por pura incompetência governamental.
Assim, podemos concluir que o número de casos de pessoas infectadas pelo CORONAVIRUS no Brasil seria de no mínimo SETE MILHÕES e o de mortes em torno de 336 mil óbitos.
Outro aspecto que se fala pouco, apenas por alto, é o caos em que se encontrava o SUS quando do inicio da pandemia, da chegada do CORONAVIRUS, situação que já vem de longe e a cada dia mais se deteriora, tanto em termos de leitos hospitalares em geral, quando de leitos de UTI, respiradores e recursos humanos.
O CAOS e a falência do SUS reflete o descaso de nossos governantes em relação a saúde pública, que piorou sobremaneira com a aprovação do TETO DOS GASTOS há alguns anos, no Governo Temer, quando o Congresso foi e continua conivente com este verdadeiro crime que é congelar gastos com educação pública, com saúde pública e outras politicas públicas de interesse direto do povo, principalmente das camadas excluídas, que representam mais de 150 milhões de pessoas, que agora são as maiores vitimas tanto do coronavírus quanto do descaso de nossos governantes.
Hoje 19 de Junho de 2020 é um dia triste, um dia da vergonha nacional, oficialmente mais de UM MILHAO de pessoas infectadas e quase 50 mil mortes pela CONVID 19, em meio a uma grave crise política-institucional, econômica, moral e sanitária.
*JUACY DA SILVA, professor universitário, fundador, titular e aposentado UFMT, sociólogo, mestre em sociologia, colaborador de alguns veículos de comunicação. Email O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Twitter@profjuacy
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Sábado, 20 Junho 2020 11:18
A Frente Popular em Defesa do Serviço Público e de Solidariedade ao Enfrentamento à Covid-19 manifesta seu mais profundo repúdio à ação difamatória e de assédio moral coletivo da Prefeitura de Cuiabá que, a pretexto de realizar vistoria, violou os armários dos trabalhadores no Hospital de Referência para Covid-19 e os expôs a situação vexatória com acusações não comprovadas de retenção de EPI e extravio de forma ilícita, de forma vertical aplicando penalidades.
Agindo dessa forma, a gestão municipal reproduz a prática bolsonarista de caluniar as/os trabalhadores da saúde, perseguir e tentar silenciar as denúncias de descaso para com suas condições de trabalho num momento em que o sistema de saúde já está além de seu limite como consequência do relaxamento das políticas de garantia de isolamento social digno a toda a população.
Sexta, 19 Junho 2020 14:15
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Alair Silveira
Profa. Depto. Sociologia e Ciência Política –SOCIP/ICHS/UFMT
Profa. Depto. Sociologia e Ciência Política –SOCIP/ICHS/UFMT
Os tempos sombrios cada vez mais assumem forma - e nomes – na UFMT. O problema, portanto, não são “as pedras no caminho”, mas quem as coloca lá para desviar o curso das coisas. A reunião conjunta dos três conselhos superiores (CONSEPE, CONSUNI e DIRETORES), convocada pelo Reitor Evandro A. Soares da Silva para o dia 17 de Junho/2020, tendo como pauta o Colégio Eleitoral Especial, é a demonstração de como pedras podem ser colocadas no caminho da UFMT, de maneira a lhe comprometer o trajeto democrático. Curiosamente, em nome da preservação democrática!
Ensina a sabedoria popular que quando quiseres verdadeiramente conhecer alguém, conceda-lhes poder. Lamentavelmente, reuniões dos conselhos superiores têm oferecido oportunidades para conhecermos tanto aqueles que os presidem quanto aqueles que se curvam aos seus desmandos. Assim foram algumas reuniões do CONSEPE e do CONSUNI, quando o Regimento foi seletivamente ignorado, apesar dos apelos verbais e/ou formais de alguns conselheiros. Como a prática de alguns e a conivência de muitos também consolidam experiências, o que ocorreu na Reunião de ontem (17/06) foi, ao mesmo tempo, uma face mais truculenta de uma mesma prática, e a afirmação de um caminho de costas para a história da UFMT.
Não se trata somente de um professor da instituição (e procurador-geral do estado, Luiz Alberto E. Scaloppe) ter atuado de forma profundamente lamentável na condução da Reunião, atropelando intervenções, negando direito regimental à declaração de voto de abstenção, ignorando pedidos de esclarecimentos para a votação etc., mas de uma parcela significativa de conselheiros ter consentido essa atuação. Para o Reitor que gosta de citar poetas, sugiro a leitura do poeta carioca Eduardo Alves da Costa, que lamenta as flores roubadas e os jardins destruídos com a indiferença de muitos.
Se no dia 16 de Junho/2020 tivemos que ouvir conselheiros reconhecer a desigualdade social, para realçar sua existência histórica; conselheiros elogiarem – e não contestarem – os argumentos apresentados pelo conselheiro relator, mas manterem-se imunes ao seu apelo social; enfim, conselheiros ostentarem discursos democráticos e socialmente referenciados, e, ao cabo, com seus votos, decretaram a indiferença social como política da Instituição.
Afinal, a UFMT moderna, tecnológica, “empreendedora” precisa mostrar trabalho à sociedade. Precisa abrir mercado para os mercadores de tecnologias e plataformas de ensino remotas. Mesmo que ao custo de deixar pelo caminho vários dos seus estudantes. Aqueles mesmos que um dia a UFMT se congratulou por recepcionar, como manifestação do seu compromisso com a democratização do acesso e da diversidade.
Em que momento fomos ficando tão indiferentes socialmente? Quando foi que nos tornamos surdos aos argumentos dos outros? Aonde foi que esquecemos nosso compromisso com a Universidade Pública, Gratuita, Democrática, de Qualidade, Laica e Socialmente Referenciada?
Mas, se o dia 16/06 foi triste, o dia 17/06 foi trágico. Afinal, como coroar a destruição daquela Universidade, senão atropelando sua tradição eleitoral democrática que, mais uma vez, penaliza estudantes, além dos técnicos? Reitor e Diretor buscaram responsabilizar as entidades sindicais e estudantil, sugerindo que a escolha por um processo eleitoral de costas para a tradição eleitoral democrática da UFMT foi resultado da inação da ADUFMAT, do SINTUF e do DCE.
Como toda memória seletiva pauta-se pela conveniência, oportunamente lembraram da legislação para justificar as imposições de uma consulta não paritária e muito provavelmente virtual. Em contraposição, esqueceram que foram justamente enfrentando a Lei que as entidades garantiram, historicamente, a votação democrática e paritária.
Esqueceram das reuniões entre entidades e o Reitor, assim como o documento protocolado pelas mesmas, endereçado à Reitoria, defendendo a não realização do pleito em meio à pandemia e a prorrogação do mandato do Reitor, como forma excepcional de manter nossa tradição democrática, sem “flexibilizar” nossos princípios.
Mais triste do que a regência truculenta dos desapegados aos procedimentos democráticos, é tentar responsabilizar àqueles que se mantêm inarredáveis dos caminhos das flores que a todos incluem, para tentar invisibilizar as pedras que não só matam as flores, mas refletem indiferenças e silêncios.
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Sexta, 19 Junho 2020 14:08
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Por Ricardo S. Carvalho*
Pouca coisa é mais comum que ouvir, hoje, constatações e profecias sobre as mudanças que a Universidade irá forçadamente enfrentar, ou melhor, está enfrentando. Sem dúvida, a dimensão físico-estrutural terá que ser diferente (studios e profissionais para assessorar a produção de vídeo-aulas? Universalização do acesso a boa internet e computador na comunidade universitária? etc). Entretanto, no meu modesto juízo, é evidente que a gestão institucional e a grade curricular também terão que passar por modificações.
Partilho da opinião de que os programas de ensino, de pesquisa e de extensão são sempre passíveis de aperfeiçoamentos, como ocorre com a estrutura e com a gestão. Acredito verdadeiramente que mudanças podem e devem ser feitas periodicamente, na busca por melhor atender às demandas da sociedade – as quais também se alteram. Logo, temos todos a consciência de que qualquer sistema criado por nós – humanos - é imperfeito e, por isso mesmo, aperfeiçoável. Acho que até aqui todos estamos de acordo.
Contudo, creio que em vão tentaremos pensar, propor e/ou decidir sobre a eventual manutenção ou mudança da atual sistemática, sem termos uma compreensão minimamente clara do objetivo da educação que se pretende alcançar.
Carrego comigo a convicção de que cada tipo de educação tem um propósito específico e, por isso, exige uma sistemática de trabalho diferente; isto é, que instituições acadêmicas e de formação profissional, por exemplo, não se devem guiar pelo mesmo modelo de funcionamento. Devem, antes, ser tão diversas quanto necessário para atingirem os fins que respectivamente têm em vista.
Ocorre que, se entendi bem a missão dessa universidade, a UFMT pretende manter e promover a excelência no ensino, na pesquisa e na extensão, visando a formar cidadãos e, ao mesmo tempo, profissionais qualificados. Ou seja, cuidar da educação acadêmica e profissional, lançando os alicerces de uma educação superior, onde o estudante seja levado a aprender para e no futuro, ao longo de sua vida – que ele seja impelido a aprender a aprender. Portanto, aqui, a sistemática de ensino, pesquisa e extensão deve se adequar a este duplo objetivo.
Assim sendo, ela deve ser capaz de prescrever disciplinas e métodos que expandam as capacidades cognitivas do educando e, ao mesmo tempo, forneça a ele o acesso a uma vasta gama de conhecimentos e práticas.
Se este aprender a conhecer e a fazer – reconhecidamente nada desprezíveis para a formação profissional - exige do educando um esforço vigoroso, constante e sistemático, não deve ser diferente o empenho demandado para o treinamento das capacidades cognitivas – tão importantes para a formação acadêmica/superior, para aprender a aprender.
E, se aqueles aprenderes - a conhecer e a fazer - são facilmente entendíveis pela maioria; cabe, por oportuno, perguntar: o que seriam estas capacidades cognitivas necessárias ao aprender a aprender? Sem a pretensão de esgotá-las numa lista interminável, posso citar: a capacidade de se concentrar; de direcionar uma linha de raciocínio; de analisar um tema proposto para pesquisa e/ou para vida pessoal e social; de seguir, com discernimento, o desenvolvimento de uma argumentação (escrita ou falada); de nela ponderar adequadamente os indícios e provas disponíveis; de, nesse exercício, despertar, elevar e controlar a imaginação; bem como de organizar e relacionar a ela os conhecimentos acumulados.
Importante notar que o trabalhar (concentrar, raciocinar, analisar, argumentar, ponderar, organizar, relacionar, escrever, falar etc.) das ciências humanas difere do que se faz nas ciências duras, cerne das engenharias – apesar dos eventuais pontos comuns existentes. É que nelas, nas humanas, por exemplo, os indícios e provas raramente provêm de dados experimentais, a imaginação cumpre um papel mais decisivo e, por isso, exigem raciocínio e argumentação distintos.
Assim, o aprender nessas ciências demanda, antes do contato com o conteúdo específico de cada disciplina proposta, um entendimento mínimo das diferenças filosóficas (epistemológicas, ontológicas, teleológicas e, até, axiológicas) entre estes ramos da ciência - o que implora por diferentes esforços cognitivos. Sob pena de que os educandos (e até colegas), ao não (re)conhecerem estas diferenças basilares, não consigam distinguir entre uma mera opinião ou crença e um conhecimento arduamente construído sobre a vida social, o que danifica seriamente o exercício de sua cidadania – como vemos ocorrer largamente hoje em dia, em boa parte do mundo e, notadamente, no Brasil.
Um acontecimento que ilustra muito bem o alcance desses danos a esse exercício cidadão, no Brasil e no mundo, foi a eleição, pela Universidade de Oxford, do termo pós-verdade como a palavra do ano em 2016 – termo que, independente do nível de formação escolar dos indivíduos que compõem o contexto aos quais se aplica, “se relaciona ou denota circunstâncias nas quais fatos objetivos têm menos influência em moldar a opinião pública do que apelos à emoção e a crenças pessoais.” A atual realidade inquestionável destas circunstâncias demonstra que, ainda que sejam abundantes os conhecimentos e práticas de um indivíduo, se ele não desenvolver a habilidade para formar novas combinações de pensamentos a partir das lógicas inerentes a diferentes áreas do conhecimento será, quase sempre, ineficiente e obtuso – talvez até seja economicamente produtivo, mas politicamente será certamente dócil e manipulável (basta olharmos ao nosso redor).
A essa altura, creio que já estão colocados, pelo menos em parte e de uma forma geral, os resultados desastrosos obtidos para a vida pessoal e social quando se privilegia uma educação profissionalizante em detrimento da formação cidadã integral. Ou ser cidadão não implica em ter para além de uma profissão, em também ter e reconhecer deveres para com sua família, seus concidadãos, seu país, enfim, deveres para com a sociedade em geral?
Nesse ponto, é importante abandonar o efeito geral e nomeadamente arguir: nosso aluno médio se dá conta desses deveres, bem como firma suas opiniões e conhecimentos em fatos objetivos? Esta pergunta serve para a maioria das universidades brasileiras, e a resposta não pode ser diferente de um prosaico... “geralmente não”! É que essa habilidade apenas pode ser alcançada a partir do florescer de um aparato intelectual robusto e variado, cultivado por diferentes experiências cognitivas – experiência rara em universidades brasileiras.
Acredito que essa questão nos coloca claramente a importância do contato dos nossos estudantes com os métodos e conteúdos das ciências humanas, caso se pretenda uma formação integral. Uma formação que contemple os aspectos humanos, sociais, ambientais e profissionais. Formação que, se não brotar durante esse espaço de tempo na universidade, no caso da maioria dos estudantes jamais será alcançada - não florescerá depois, de maneira espontânea, em meio às turbulências e ao afobamento do dia-a-dia de trabalho.
Em resumo, entendo que um sólido conhecimento acerca da ciência experimental e do conteúdo profissionalizante é, isoladamente, insuficiente para auxiliar a formação de um pensamento complexo, sobre a vida em geral e sobre a vida profissional em particular. Ou seja, percebo que a ignorância daquelas diferenças entre os distintos ramos da ciência, bem como a consequente ausência daquele variado esforço cognitivo que ela acarreta, compromete o pleno alcance daquela missão institucional, especialmente no que toca ao aspecto cidadão da educação almejada para nossos engenheiros.
Portanto, entendo que se desejamos cumprir o mais plenamente possível aquela missão institucional, evitando que grande parte dos nossos estudantes obtenha apenas uma educação profissional, haveremos de, no mínimo, repensar a forma de introduzir, de apresentar e de dispor as disciplinas ligadas às ciências humanas na grade curricular obrigatória do curso. No meu sentir, esta escolha por humanizar nossos cursos não pode e não deve ficar a cargo exclusivo dos estudantes que aqui ingressam, através das disciplinas eletivas, por exemplo. Pois não estamos dirigindo nossos esforços apenas àquelas admiráveis e surpreendentes exceções que, por suas forças mentais intrínsecas, superam as barreiras erigidas por uma educação parcial.
Enfim, se a pandemia nos trouxe a urgência das mudanças, não seria hora de aproveitar a oportunidade e discutir mudanças maiores? Não seria hora de também debatermos seriamente a conjuntura em que ocorrem estas mudanças? Se essas mudanças, feitas nessa conjuntura, com essa correlação de forças, tem chances de nos serem favoráveis?
Partilho da opinião de que os programas de ensino, de pesquisa e de extensão são sempre passíveis de aperfeiçoamentos, como ocorre com a estrutura e com a gestão. Acredito verdadeiramente que mudanças podem e devem ser feitas periodicamente, na busca por melhor atender às demandas da sociedade – as quais também se alteram. Logo, temos todos a consciência de que qualquer sistema criado por nós – humanos - é imperfeito e, por isso mesmo, aperfeiçoável. Acho que até aqui todos estamos de acordo.
Contudo, creio que em vão tentaremos pensar, propor e/ou decidir sobre a eventual manutenção ou mudança da atual sistemática, sem termos uma compreensão minimamente clara do objetivo da educação que se pretende alcançar.
Carrego comigo a convicção de que cada tipo de educação tem um propósito específico e, por isso, exige uma sistemática de trabalho diferente; isto é, que instituições acadêmicas e de formação profissional, por exemplo, não se devem guiar pelo mesmo modelo de funcionamento. Devem, antes, ser tão diversas quanto necessário para atingirem os fins que respectivamente têm em vista.
Ocorre que, se entendi bem a missão dessa universidade, a UFMT pretende manter e promover a excelência no ensino, na pesquisa e na extensão, visando a formar cidadãos e, ao mesmo tempo, profissionais qualificados. Ou seja, cuidar da educação acadêmica e profissional, lançando os alicerces de uma educação superior, onde o estudante seja levado a aprender para e no futuro, ao longo de sua vida – que ele seja impelido a aprender a aprender. Portanto, aqui, a sistemática de ensino, pesquisa e extensão deve se adequar a este duplo objetivo.
Assim sendo, ela deve ser capaz de prescrever disciplinas e métodos que expandam as capacidades cognitivas do educando e, ao mesmo tempo, forneça a ele o acesso a uma vasta gama de conhecimentos e práticas.
Se este aprender a conhecer e a fazer – reconhecidamente nada desprezíveis para a formação profissional - exige do educando um esforço vigoroso, constante e sistemático, não deve ser diferente o empenho demandado para o treinamento das capacidades cognitivas – tão importantes para a formação acadêmica/superior, para aprender a aprender.
E, se aqueles aprenderes - a conhecer e a fazer - são facilmente entendíveis pela maioria; cabe, por oportuno, perguntar: o que seriam estas capacidades cognitivas necessárias ao aprender a aprender? Sem a pretensão de esgotá-las numa lista interminável, posso citar: a capacidade de se concentrar; de direcionar uma linha de raciocínio; de analisar um tema proposto para pesquisa e/ou para vida pessoal e social; de seguir, com discernimento, o desenvolvimento de uma argumentação (escrita ou falada); de nela ponderar adequadamente os indícios e provas disponíveis; de, nesse exercício, despertar, elevar e controlar a imaginação; bem como de organizar e relacionar a ela os conhecimentos acumulados.
Importante notar que o trabalhar (concentrar, raciocinar, analisar, argumentar, ponderar, organizar, relacionar, escrever, falar etc.) das ciências humanas difere do que se faz nas ciências duras, cerne das engenharias – apesar dos eventuais pontos comuns existentes. É que nelas, nas humanas, por exemplo, os indícios e provas raramente provêm de dados experimentais, a imaginação cumpre um papel mais decisivo e, por isso, exigem raciocínio e argumentação distintos.
Assim, o aprender nessas ciências demanda, antes do contato com o conteúdo específico de cada disciplina proposta, um entendimento mínimo das diferenças filosóficas (epistemológicas, ontológicas, teleológicas e, até, axiológicas) entre estes ramos da ciência - o que implora por diferentes esforços cognitivos. Sob pena de que os educandos (e até colegas), ao não (re)conhecerem estas diferenças basilares, não consigam distinguir entre uma mera opinião ou crença e um conhecimento arduamente construído sobre a vida social, o que danifica seriamente o exercício de sua cidadania – como vemos ocorrer largamente hoje em dia, em boa parte do mundo e, notadamente, no Brasil.
Um acontecimento que ilustra muito bem o alcance desses danos a esse exercício cidadão, no Brasil e no mundo, foi a eleição, pela Universidade de Oxford, do termo pós-verdade como a palavra do ano em 2016 – termo que, independente do nível de formação escolar dos indivíduos que compõem o contexto aos quais se aplica, “se relaciona ou denota circunstâncias nas quais fatos objetivos têm menos influência em moldar a opinião pública do que apelos à emoção e a crenças pessoais.” A atual realidade inquestionável destas circunstâncias demonstra que, ainda que sejam abundantes os conhecimentos e práticas de um indivíduo, se ele não desenvolver a habilidade para formar novas combinações de pensamentos a partir das lógicas inerentes a diferentes áreas do conhecimento será, quase sempre, ineficiente e obtuso – talvez até seja economicamente produtivo, mas politicamente será certamente dócil e manipulável (basta olharmos ao nosso redor).
A essa altura, creio que já estão colocados, pelo menos em parte e de uma forma geral, os resultados desastrosos obtidos para a vida pessoal e social quando se privilegia uma educação profissionalizante em detrimento da formação cidadã integral. Ou ser cidadão não implica em ter para além de uma profissão, em também ter e reconhecer deveres para com sua família, seus concidadãos, seu país, enfim, deveres para com a sociedade em geral?
Nesse ponto, é importante abandonar o efeito geral e nomeadamente arguir: nosso aluno médio se dá conta desses deveres, bem como firma suas opiniões e conhecimentos em fatos objetivos? Esta pergunta serve para a maioria das universidades brasileiras, e a resposta não pode ser diferente de um prosaico... “geralmente não”! É que essa habilidade apenas pode ser alcançada a partir do florescer de um aparato intelectual robusto e variado, cultivado por diferentes experiências cognitivas – experiência rara em universidades brasileiras.
Acredito que essa questão nos coloca claramente a importância do contato dos nossos estudantes com os métodos e conteúdos das ciências humanas, caso se pretenda uma formação integral. Uma formação que contemple os aspectos humanos, sociais, ambientais e profissionais. Formação que, se não brotar durante esse espaço de tempo na universidade, no caso da maioria dos estudantes jamais será alcançada - não florescerá depois, de maneira espontânea, em meio às turbulências e ao afobamento do dia-a-dia de trabalho.
Em resumo, entendo que um sólido conhecimento acerca da ciência experimental e do conteúdo profissionalizante é, isoladamente, insuficiente para auxiliar a formação de um pensamento complexo, sobre a vida em geral e sobre a vida profissional em particular. Ou seja, percebo que a ignorância daquelas diferenças entre os distintos ramos da ciência, bem como a consequente ausência daquele variado esforço cognitivo que ela acarreta, compromete o pleno alcance daquela missão institucional, especialmente no que toca ao aspecto cidadão da educação almejada para nossos engenheiros.
Portanto, entendo que se desejamos cumprir o mais plenamente possível aquela missão institucional, evitando que grande parte dos nossos estudantes obtenha apenas uma educação profissional, haveremos de, no mínimo, repensar a forma de introduzir, de apresentar e de dispor as disciplinas ligadas às ciências humanas na grade curricular obrigatória do curso. No meu sentir, esta escolha por humanizar nossos cursos não pode e não deve ficar a cargo exclusivo dos estudantes que aqui ingressam, através das disciplinas eletivas, por exemplo. Pois não estamos dirigindo nossos esforços apenas àquelas admiráveis e surpreendentes exceções que, por suas forças mentais intrínsecas, superam as barreiras erigidas por uma educação parcial.
Enfim, se a pandemia nos trouxe a urgência das mudanças, não seria hora de aproveitar a oportunidade e discutir mudanças maiores? Não seria hora de também debatermos seriamente a conjuntura em que ocorrem estas mudanças? Se essas mudanças, feitas nessa conjuntura, com essa correlação de forças, tem chances de nos serem favoráveis?
*RICARDO S. CARVALHO
ADUFMAT SINOP
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