Segunda, 30 Junho 2025 09:02

 

 

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Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
 
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Por Juacy da Silva*

Estamos chegando ao final de junho, mês dedicado à proteção e conservação da Natureza e da Ecologia Integral, o chamado Junho Verde, onde também tivemos a oportunidade de comemorar a Semana e o Dia Mundial do Meio Ambiente.

Metade deste ano de 2025 já se foi; temos ainda a outra metade para refletirmos e corrigirmos o que anda errado e planejarmos nossas ações para o restante deste ano e, no caso da política, já irmos pensando mais seriamente sobre as eleições gerais (para Presidente da República, renovação de dois terços do Senado, a Câmara Federal inteira; os governadores de Estado e as Assembleias Legislativas também).

Tendo em vista a “máxima” do Papa Francisco, na Encíclica Laudato Si’, de que “tudo está interligado, nesta Casa Comum”, o Planeta Terra, quando refletimos sobre a Ecologia Integral, não podemos esquecer que tudo o que acontece ou deixa de acontecer relacionado ao meio ambiente está umbilicalmente ligado às estruturas do Poder (Executivos, Legislativos e Judiciário e, também, claro, às questões geopolíticas e estratégicas globais, como sempre tem sido constatado quando da realização das COPs – Conferências do Clima, como a COP 30, que será realizada no final de novembro próximo em Belém).

Lamentavelmente, considerando todos os parâmetros relacionados com a proteção do planeta, dos ecossistemas e biomas, nacionais e internacionais, chegamos à triste conclusão de que a realidade socioambiental está a cada dia pior, e os poderosos, tanto dentro do Brasil quanto ao redor do mundo, ou seja, os grandes poluidores, que promovem desmatamento, queimadas, envenenam os solos, as águas e o ar com excesso de agrotóxicos, a mineração e garimpos que não respeitam os direitos da coletividade e provocam danos e crimes ambientais, os produtores de petróleo e outros combustíveis fósseis, enfim, os destruidores do planeta, colocam, sempre, seus interesses econômicos acima dos direitos e interesses dos povos.

Por isso, precisamos continuar insistindo sempre em relação à importância de um despertar coletivo ou o que é denominado de Consciência Ecológica, em que cada um dos três grandes agentes da destruição do planeta: a) a população em geral; b) o setor empresarial e, c) os poderes públicos assumam suas responsabilidades em relação a esta necessidade de bem cuidarmos do meio ambiente, para torná-lo saudável e, REALMENTE, sustentável.

No caso do Brasil, isto é um mandamento constitucional, conforme o artigo 225, que estabelece de maneira clara, cristalina e objetiva que “o meio ambiente ecologicamente equilibrado [é] categoria de bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.

Lamentavelmente, parece que este e tantos outros direitos contidos em nossa Constituição (Cidadã, como dizia Ulysses Guimarães) de 1988, continuam apenas “letra morta”, na maior parte dos Estados e Municípios brasileiros.

A ideia de separar, do contexto geral do calendário e datas comemorativas em geral, e “criar” um calendário ecológico e mais algumas datas importantes na dimensão socioambiental tem como objetivo divulgar alguns dias e momentos em que possamos voltar nossa atenção e refletirmos mais seriamente sobre aspectos singulares e importantes que, se realmente observados, poderão contribuir para este despertar coletivo. Enfim, pode ser a base para algo importante, inclusive enfatizado pelo Papa Francisco na Encíclica Laudato Si’, quando ele menciona a questão da necessidade de um Pacto Global pela Educação (ao lado da Economia de Francisco e Clara) e, mais importante ainda, a necessidade de um amplo programa de Educação Ambiental, em sua dimensão crítica, criadora, enfim, uma Educação Ambiental ou Ecológica, realmente, Libertadora.

Transcrevo, a seguir, o Calendário Ecológico relativo aos próximos três meses, julho, agosto e setembro, onde são mencionados dias importantes para serem observados e que podem servir de base para uma reflexão mais profunda sobre os rumos da Crise Climática, da destruição da biodiversidade, dos biomas e ecossistemas, da degradação das águas, principalmente dos oceanos, e o que podemos fazer para que possamos mudar o rumo deste cenário catastrófico, desta crise aguda e profunda que temos diante de nós, tão bem documentada e que consta de inúmeros estudos, pesquisas e alertas de milhares e milhares de cientistas mundo afora.

Lamentavelmente, esses alertas continuam amplamente ignorados. Ou mudamos a forma como a humanidade se relaciona com a natureza, se relaciona entre países, povos e culturas, ou seremos tragados por grandes tragédias ambientais e outras mais, como as guerras, os conflitos armados e as ações terroristas que apenas demonstram a irracionalidade e a bestialidade humana.

Segue o Calendário Ecológico relativo aos próximos três meses. Oxalá muitas pessoas possam ler e refletir sobre esses marcos significativos na luta ambientalista nacional e internacional. Oxalá nossos parlamentares e integrantes dos Poderes Executivo e Judiciário, nas três esferas de Governo (nacional, estaduais e municipais), possam incluir os desafios/problemas socioambientais nas peças orçamentárias (PPA, LDO e LOA), para que as políticas públicas sejam contempladas com recursos orçamentários e financeiros, a fim de que possamos cuidar melhor de nosso tão sofrido e agredido meio ambiente / ecologia integral.


JULHO
03 – Dia Internacional Sem Sacos Plásticos
03 – Dia Nacional de Combate à Discriminação Racial
05 – Dia Internacional do Cooperativismo
12 – Dia do Engenheiro Florestal
13 – Dia do Engenheiro de Saneamento / Sanitarista
17 – Dia Mundial de Proteção das Florestas (ver também dias 21 de março e 21 de setembro)
26 – Dia Mundial de Proteção dos Manguezais

AGOSTO
08 – Dia Interamericano da Qualidade do Ar (ver também 07 de setembro – Dia Mundial do Ar Limpo – Combate à Poluição do Ar)
09 – Dia Internacional dos Povos Indígenas (ver também 19 de abril)
12 – Dia Nacional dos Direitos Humanos
14 – Dia do Controle da Poluição Industrial
19 – Dia de Luta da População em Situação de Rua
20 – Dia Mundial Contra os Mosquitos
21 – Dia Nacional da Habitação
28 – Dia Nacional do Voluntariado
29 – Dia Nacional de Combate ao Fumo

SETEMBRO
1º de setembro a 4 de outubro: Tempo da Criação
01 – Festa da Criação e momento de abertura do Tempo da Criação
01 – Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação
03 – Dia do Biólogo
05 – Dia da Amazônia
07 – Dia da Independência do Brasil
07 – Dia Mundial do Ar Limpo – Combate à Poluição do Ar (ver também 08 de agosto – Dia Interamericano da Qualidade do Ar)
10 – Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio
11 – Dia Nacional do Cerrado
13 – Dia do Engenheiro Agrônomo
16 – Dia Internacional de Luta para a Preservação da Camada de Ozônio
19 – Dia Mundial de Luta pela Limpeza das Águas (ver também 22 de março)
21 – Dia da Árvore (ver também 21 de março e 17 de julho)
22 – Dia Nacional em Defesa da Fauna
25 – Dia dos ODS – Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ONU)
22 – Dia Mundial Sem Carro (Combate à Poluição por Queima de Combustível Fóssil)
29 – Dia Internacional de Conscientização sobre Perda e Desperdício de Alimentos (Dia Internacional do Desperdício Zero – ver também 30 de março)
29 – Dia Mundial dos Rios

 

*Juacy da Silva, professor fundador, titular e aposentado da Universidade Federal de Mato Grosso, sociólogo, mestre em sociologia, ambientalista, articulador da Pastoral da Ecologia Integra Regiao Centro Oeste. E-mail O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.; Instagram @profjuacy

Sexta, 13 Junho 2025 14:42

 

Juacy da Silva*

"Fé encarnada" refere-se à fé que é vivida e praticada no mundo, em vez de ser apenas um conceito abstrato. É uma fé que se manifesta em ações concretas, responsabilidade social e em uma vida que busca a justiça e a promoção do bem-estar dos outros. Em vez de ser apenas uma crença, a fé encarnada é um chamado à ação, uma vida que demonstra a fé por meio de atos de amor, da solidariedade, do cuidado e do serviço.

Amigas e amigos, ao longo de cada ano, todos os anos, inclusive este ano em curso de 2025, existem vários “dias especiais”, dedicados a algum ou alguns aspectos importantes tanto para o movimento ambientalista quanto para a Pastoral da Ecologia Integral, enfim, cristãos e não cristãos e, também, para o futuro do planeta.

Em boa hora, já pela oitava vez, a CNBB tem escolhido como tema para a CAMPANHA DA FRATERNIDADE, ao longo das últimas seis décadas, algum aspecto importante relacionado com a ecologia/meio ambiente e, neste ano de 2025, o tema foi FRATERNIDADE E ECOLOGIA INTEGRAL.

Geralmente — e este ano não está sendo diferente — a ênfase quanto ao tema e lema da Campanha da Fraternidade praticamente se encerra na coleta especial e, no restante do ano e dos anos seguintes, praticamente as questões ambientais, ecológicas, desaparecem das preocupações da Igreja Católica, como também de todas as demais Igrejas Cristãs (evangélicas) e também das demais religiões não cristãs. Parece que tudo está otimamente bem com o nosso planeta. Assim pensam e agem os negacionistas ambientais ou ecológicos.

Parece que a crise climática, a destruição das florestas, as queimadas, a degradação dos solos, o uso abusivo de agrotóxicos que envenenam os alimentos e afetam a saúde humana, a destruição da biodiversidade, a questão do lixo/resíduos sólidos — principalmente o desafio mundial dos plásticos —, a degradação das águas, a poluição dos córregos, dos rios e dos oceanos, a destruição das nascentes, a poluição do ar, enfim, a falta de cuidado com a Casa Comum, nada disso faz parte de nossas práticas religiosas, que continuam alheias ao que acontece ao nosso redor.

Todas essas mazelas estão inseridas em um contexto em que o “marketing” empresarial, a propaganda e a mistificação das massas estimulam exageradamente o consumismo, o desperdício, a obsolescência dos bens produzidos por sistemas econômicos que se caracterizam, como sempre enfatizou o Papa Francisco, ao mencionar os paradigmas da Economia da Morte e que precisamos substituí-los por novos paradigmas de uma Economia da Vida, por meio da Economia de Francisco e Clara, baseada na solidariedade, no respeito pelo bem comum, em que tanto as atuais quanto as futuras gerações estejam incluídas.

Como cristãos (católicos e evangélicos) e também adeptos de outras religiões, filosofias e crenças, esquecemo-nos de que, para nós, a Ecologia Integral está assentada sobre três fundamentos importantes: a espiritualidade ecológica, as ações sociotransformadoras e a mobilização profética contra todas as formas egoístas e gananciosas de nos relacionarmos com a natureza, que é finita e tem seus direitos também.

Essa forma imediatista e meramente utilitarista de nos relacionarmos com a natureza acaba afetando a humanidade como um todo, como, por exemplo, na exploração e uso de combustíveis fósseis (petróleo, gás natural e carvão), que são responsáveis por 75% das emissões de gases de efeito estufa, origem das mudanças e da crise climática que tanta destruição e morte têm provocado e continuam provocando no mundo.

Enquanto isso, um grupo minoritário continua se apropriando, de forma gananciosa, perdulária e simplesmente em busca de um lucro imediato — repito — continua explorando os chamados “recursos naturais”, que, em princípio, fazem parte do bem comum, para benefícios imediatos.

De forma semelhante, nessa apropriação do que deveria ser de todos, desrespeitam os direitos dos consumidores, o direito dos trabalhadores e também o direito das futuras gerações, como, de forma clara e cristalina, podemos ver no Art. 225: “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. Lamentavelmente, um dispositivo que pouco ou quase nada é cumprido. Apesar de ser um dispositivo constitucional, continua mera letra morta ou, como se diz, “apenas para inglês ver”.

Apenas para retornar à reflexão inicial, neste restante de junho (verde, pelo menos no slogan) e ao longo do mês de julho, temos alguns dias importantes no Calendário Ecológico, como podemos mencionar:

Restante de junho:

  • 17 – Dia Mundial de Combate à Desertificação e à Seca

  • 17 – Dia do Gestor Ambiental

  • 30 – Dia Nacional do Fiscal Agropecuário

Julho:

  • 03 – Dia Internacional Sem Sacos Plásticos

  • 12 – Dia do Engenheiro Florestal

  • 13 – Dia do Engenheiro de Saneamento/Sanitarista

  • 17 – Dia Mundial de Proteção das Florestas (ver também dias 21 de março e 21 de setembro)

  • 26 – Dia Mundial de Proteção dos Manguezais

Do Calendário Ecológico constam mais de 75 dias que, ao longo de todos os anos, podemos voltar nossos pensamentos, reflexões e ações com o objetivo de melhor cuidado com o nosso planeta, nossa Casa Comum.

Oxalá possamos observar tanto essas datas/dias importantes sobre alguns aspectos significativos para a saúde do planeta e despertarmos a nossa consciência e agirmos para combater todas as formas de destruição e degradação dos biomas e dos ecossistemas. Só assim passaremos da repetição de meros slogans para ações e gestos concretos, considerando a máxima: “pensarmos globalmente (pois, afinal, como sempre nos exortava o Papa Francisco, tudo está interligado nesta Casa Comum) e agirmos localmente”, começando pela nossa realidade imediata, nossas vizinhanças, nossos bairros, nossas cidades/municípios, nossos estados e nosso país.

No momento em que o Congresso Nacional e vários estados propõem e/ou aprovam leis que facilitam a vida de quem promove a destruição do meio ambiente, é importante que nossas vozes sejam ouvidas, considerando que a omissão é um pecado — neste caso, pecado ecológico — e conivência com crimes ambientais; promovendo a mobilização profética, em um sinal de que continuaremos defendendo, de verdade, o nosso planeta, a nossa Casa Comum.

Este é o verdadeiro compromisso de cristãos e não cristãos, principalmente quando tanto enfatizamos o ecumenismo e o diálogo inter-religioso. Que tal colocarmos a defesa do meio ambiente, da Ecologia Integral, das obras da Criação como aspectos importantes para o planeta, em torno dos quais esta unidade ou união de esforços seja nosso ponto central? Orar, rezar é importante para todas as religiões, mas só isso não basta quando se trata de defender o meio ambiente — precisamos também agir, enquanto é tempo.

Essa é a dimensão de uma religiosidade e de uma fé engajada, comprometida com a justiça ambiental, com a justiça social e com a justiça intergeracional, bem distante de tantos “sepulcros caiados” que, longe de defender as obras da criação, acabam manipulando mentes e corações de milhões de pessoas incautas — e que tanto se multiplicam na atualidade.

 

*Juacy da Silva, professor fundador, titular e aposentado da Universidade Federal de Mato Grosso, sociólogo, mestre em sociologia, ambientalista, articulador da Pastoral da Ecologia integral Região Centro Oeste. E-mail O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.; Instagram @profjuacy 

Quarta, 11 Junho 2025 07:39

 

JUACY DA SILVA*

 

O “episódio” da agressão verbal, verdadeiro machismo e misoginia contra a ministra Marina Silva, há poucos dias, quando de seu comparecimento à Comissão de Infraestrutura do Senado Federal, transmitido ao vivo por diversas emissoras de TV e outros meios de comunicação de massa, foi uma demonstração de que a direita e extrema direita estão mais unidas do que nunca, com um propósito claro e transparente: emparedar o governo Lula e enfraquecer o PT e demais partidos de esquerda, visando às eleições gerais de 2026.

De pouco ou quase nada tem surtido efeito o fato da engenharia política de Lula, oferecendo ministérios e inúmeros cargos e favores para partidos de centro, centro-direita, direita e também parte da extrema direita, como é o caso do Republicanos.

Em diversas votações importantes, tanto na Câmara Federal quanto no Senado, como no caso do Marco Temporal, do teto de gastos, do Orçamento Anual do Governo Federal, nas propostas ainda em tramitação no Congresso, como a isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5.000,00 (cinco mil reais), o caso do PIX e agora o decreto do IOF, além da pressão por uma CPI na Câmara ou uma CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) no Congresso Nacional sobre a roubalheira dos consignados do INSS, inúmeros parlamentares de partidos que têm ministros e supostamente fazem parte da base do governo Lula, como integrantes do MDB, PSD, PP, Republicanos, União Brasil, votaram e votam contra os interesses do governo, numa clara demonstração de que estão jogando pesado, como se diz, “jogo bruto” contra o governo.

No momento, este emparedamento, capitaneado pelo presidente da Câmara e, em menor grau, pelo presidente do Senado, ambos de partidos que integram o governo Lula, respectivamente, Republicanos e União Brasil, faz um verdadeiro cabo de guerra sobre a questão do aumento do IOF, forçando o governo Lula a voltar atrás e encontrar novas alternativas, provocando mais um desgaste do mesmo perante a opinião pública.

De forma explícita, diversos líderes do União Brasil já afirmaram claramente que não estarão com Lula em 2026, e o mesmo é de se esperar em relação ao PP, ao PSD e a boa parte do MDB.
As estratégias tanto da extrema direita quanto da direita (eufemisticamente denominada de centro-direita, que de centro tem pouco), na hora “h”, acabam pendendo para a direita e extrema direita, são claras.

Existe uma tentativa, principalmente da extrema direita nacional, de promover um descrédito de algumas instituições nacionais, principalmente o Poder Judiciário, mais especificamente o STF, e o sistema eleitoral — no caso, as urnas eletrônicas — tanto dentro do país quanto no contexto internacional. Isso pode afetar o país como um todo, desacreditando, inclusive, diversas autoridades em suas atribuições constitucionais e legais.

A estratégia política, partidária e eleitoral também está a cada dia mais clara, aparentando um certo “racha” onde os incautos imaginam que seria uma “briga” entre a extrema direita, capitaneada por Bolsonaro e seus seguidores, independentemente de o mesmo ser julgado, condenado e preso, colocando “uma pá de cal” em sua pretensão de retornar aos Palácios da Alvorada (e seu cercadinho) e ao Planalto, facilitando o surgimento de alguém que represente seus seguidores, que poderá ser o governador de SP ou até mesmo um de seus filhos ou, talvez, sua esposa.

Para iludir os eleitores, alguns outros governadores, como o de Goiás, ou o do Rio Grande do Sul, do Paraná, Minas Gerais ou outro estado qualquer, deverão se fantasiar de “direita”, mas sem cutucar muito o bolsonarismo, e juntas, essas duas forças — extrema direita e “centro-direita” ou direita propriamente dita — vão abiscoitar boa parte dos votos, talvez uns 35% ou pouco mais.

Aí vem a esquerda, com os partidos tradicionais e alguns “centristas” e “direitistas” fiéis a Lula, por terem sido contemplados com cargos ministeriais ou de segundo escalão, e ainda o risco de o PDT embarcar no “canto da sereia” de Ciro Gomes, que há tempos tem se bandeado para o lado bolsonarista, podendo retirar um “naco” do eleitorado da esquerda que anda meio triste com Lula.
Mesmo assim, Lula continua com seus “encantos” e pode também abocanhar entre 40% a 45% do eleitorado, e seguir para a disputa no segundo turno. Aí é que a coisa se complica, como dizem, “a porca torce o rabo”.

Dependendo de quem possa chegar ao segundo turno, vindo da direita ou da extrema direita, pode facilitar ou dificultar a vida da esquerda. Mesmo assim, há quem aposte que, novamente, Lula sairia vencedor com uma pequena margem, como aconteceu na última eleição.

A outra linha da estratégia da direita e da extrema direita é ampliar sua representatividade tanto na Câmara Federal, onde já domina amplamente, mas, fundamentalmente, no Senado da República, e aí, dominar totalmente o Congresso.

Se isso acontecer e Lula for reeleito, pior do que na atual gestão, estará “enleado” de forma complicadíssima junto ao Congresso Nacional e enfrentará uma oposição mais aguerrida e virulenta do que nesta legislatura, podendo correr o mesmo risco que abateu Dilma, de um “impeachment” por qualquer motivo que possa se imaginar. Portanto, a escolha do vice na chapa de Lula será importante para evitar o que aconteceu com Dilma.

Outra estratégia também bem clara da direita e extrema direita, aliadas ou “adversárias” na quase totalidade dos estados, mas tendo entre ambas um denominador comum, ou seja, terão sempre como adversário ou quase inimigo o PT e as esquerdas, serão as eleições majoritárias (duas vagas de senador, uma vaga de governador) e centenas de vagas nas Assembleias Legislativas.

Da mesma forma que nas eleições municipais, em que o avanço da direita e da extrema direita quase “varreu” o PT e demais partidos de esquerda em milhares de municípios e estados, como no Rio Grande do Sul, SP, MT etc., também este é o grande objetivo das forças conservadoras.

Assim, a direita e extrema direita poderão “rasgar” a Constituição Federal e as Constituições Estaduais e promover um verdadeiro retrocesso constitucional e legal, tanto em nível nacional quanto em nível estadual, impondo suas pautas conservadoras e que irão desmontar as estruturas e as diversas instituições públicas e alterar profundamente as políticas públicas, principalmente as que “favorecem” os pobres, excluídos, as diversas minorias, as leis ambientais, as leis trabalhistas, a previdência social, os organismos de controle, a militarização da política, das escolas — enfim, algo como já está acontecendo em vários países em que a direita e extrema direita, isoladas ou em alianças políticas e estratégicas, têm apontado nesta direção.

A grande meta das forças conservadoras é o “Estado mínimo” para os pobres e classe média baixa, que se tornaram mais pobres e miseráveis, e o “Estado máximo” para os ricos e os privilegiados.

Março do ano que vem será o momento de conferirmos este cenário e podermos novamente avaliar, com dados da realidade, qual o futuro que nos espera nas urnas em outubro e novembro de 2026. Quem viver, verá!

Aí surge a grande indagação: diante de um quadro/cenário como este, bem claro, qual ou quais as estratégias do PT e das esquerdas? Só existem dois caminhos que se entrelaçam: voltar às bases, voltar a conquistar a confiança dos movimentos populares, ganhar as ruas e avenidas neste país, mobilizar-se nas redes sociais; fortalecer tanto a frente de esquerda quanto uma frente mais ampla que a “esquerda tradicional”, ampliando o chamado “arco de alianças”; tentar “segurar alguns pedaços dos partidos de centro e de direita” contemplados com cargos e outros favores do atual governo (Lula) e, aí sim, o mais importante: construir um Projeto Nacional de Desenvolvimento que fortaleça a soberania nacional, o desenvolvimento científico e tecnológico, sustentável, solidário, justo, que empolgue tanto empresários, a classe média, as grandes massas, os pobres, oprimidos e injustiçados que ainda existem neste país e têm sido “encantados” pelas propostas da direita e extrema direita, como bem tem enfatizado Jessé de Souza quando fala dos “pobres de direita”, principalmente evangélicos e boa parte dos católicos.

Hoje, as igrejas e religiões são mais fortes, política e eleitoralmente, do que as mais de duas ou três dezenas de partidos — e é aí que mora o perigo para qualquer democracia!

Enquanto isso, no STF, tem início mais uma etapa que poderá condenar definitivamente e conduzir à prisão tanto Bolsonaro quanto vários outros réus, como aconteceu com a deputada Carla Zambelli, bolsonarista raiz e agora fugitiva e procurada pela Interpol.

Muita coisa ainda vai acontecer até outubro de 2026, ante as quais precisamos estar alertas!

 

*Juacy da Silva, professor fundador, titular e aposentado da Universidade Federal de Mato Grosso, sociólogo, mestre em sociologia, ambientalista, articulador da Pastoral da Ecologia Integral. E-mail O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. ; Instagram @profjuacy

Quinta, 05 Junho 2025 11:32

 

Por Juacy da Silva

 

“Muitos daqueles que detêm mais recursos e poder econômico ou político parecem concentrar-se, sobretudo, em mascarar os problemas ou ocultar os seus sintomas, procurando apenas reduzir alguns impactos negativos das mudanças climáticas. Mas muitos sintomas indicam que tais efeitos poderão ser cada vez piores, se continuarmos com os modelos atuais de produção e consumo.”
— Papa Francisco, 2015, Laudato Si’, 26.

 

Hoje, 05 de junho de 2025, é mais um Dia Mundial do Meio Ambiente, momento em que precisamos parar e refletir, de forma objetiva e crítica, sobre a situação ecológica, ambiental ou socioambiental que nos cerca — pouco importa a denominação que damos a essa triste realidade, seja local, municipal, estadual, nacional ou mundial.

O importante é reconhecermos, como sempre nos exortou e convocou o Papa Francisco, que “tudo está interligado nesta Casa Comum”. Essa é uma das mensagens centrais de suas encíclicas Laudato Si’, Fratelli Tutti e das exortações Querida Amazônia e Laudate Deum. Há apenas um planeta Terra. Se destruirmos esta Casa Comum, estaremos destruindo todas as formas de vida — inclusive a vida humana.

Mais ainda, precisamos refletir profundamente sobre o significado de suas palavras ao afirmar que, na raiz de todas as mazelas e da degradação ambiental, estão as ações humanas: irracionais, egoístas e imediatistas, que não se preocupam com os males que estamos causando à ecologia integral — tanto para as gerações atuais quanto, principalmente, para as futuras.

O Papa Francisco também nos adverte que, sem uma mudança profunda em nossos hábitos e em nosso estilo de vida — marcado pelo consumismo, pelo desperdício, pelo descarte — e em nossos sistemas produtivos, que não respeitam os trabalhadores, nem os consumidores, tampouco os direitos e limites da natureza, estaremos diante de uma tragédia anunciada. Um cenário de crise climática com consequências catastróficas para todos. E, como sempre, os mais pobres e excluídos serão os que mais sofrerão com a degradação socioambiental — com mais dor, mais fome, mais miséria e mais morte.

Por isso, ele insiste em afirmar: “Os gritos da Terra são também os gemidos e sofrimentos dos pobres.” E que, para reencontrarmos o caminho de volta às belezas do “Jardim do Éden”, à “Terra sem males”, ao “Bem Viver”, é preciso passar por uma verdadeira conversão integral, uma CONVERSÃO ECOLÓGICA — não apenas individual, mas comunitária.

Essa conversão só acontece quando decidimos trilhar o caminho da transformação individual e coletiva. Defender o meio ambiente e a ecologia integral significa construirmos um novo pacto econômico, político, social, religioso e cultural, no qual todos percebam que fazemos parte de uma única raça: a raça humana. E que não faz sentido continuar cultivando os paradigmas de uma economia da morte. Precisamos, urgentemente, começar por nossas realidades locais, expandindo para nossas cidades, estados, países, continentes — até alcançar o mundo inteiro.

É necessário substituir os paradigmas da Economia da Morte por novos paradigmas da Economia da Vida — como a economia solidária, a agroecologia, a economia criativa e a economia circular.

Para isso, ainda segundo o Papa Francisco, precisamos de um grande e verdadeiro Pacto Global pela Educação — crítica e libertadora — que inclua a educação ambiental ou educação ecológica nessa mesma perspectiva crítica e transformadora. Somente assim estaremos mais próximos de uma autêntica Revolução Ecológica.

Só então poderemos vencer o negacionismo ecológico e reverter a trajetória sem retorno na qual o mundo inteiro — inclusive nós, aqui e agora — já embarcou e insiste em permanecer.

O bem comum, a solidariedade, a parcimônia, o cuidado com o outro e com o planeta, e a certeza de que nos aproximamos de um “ponto de não retorno” em relação aos desastres ecológicos e catástrofes “naturais” — essas devem ser as “réguas” com que devemos medir os danos causados à natureza, à humanidade e às obras da Criação.

Este é o verdadeiro sentido de “celebrarmos” todos os anos — e todos os dias — o Dia Mundial do Meio Ambiente.

Abraços


Prof. Juacy da Silva
Cuiabá, 05 de junho de 2025

Quarta, 28 Maio 2025 17:05

 



Juacy da Silva*

 

Pense bem, não espere que a última árvore seja destruida e as nascentes, rios, os córregos serem totalmente poluídos e degradados para começar a se preocupar com a natureza e com o planeta, aí será tarde demais; o tempo, o momento para agir e fazer a diferença é hoje, é agora. Lute por um mundo melhor, sustentável, justo e solidário.

A partir deste próximo domingo, 01 de Junho até sábado, 07 do mesmo mês, no mundo inteiro estará sendo comemorada a SEMANA DO MEIO AMBIENTE, com diversas programações que estimulam ações e reflexões sobre a necessidade imperiosa de cuidarmos bem da ECOLOGIA INTEGRAL, enfim, de nossa CASA COMUM.

O ponto alto dessas celebrações será na quinta feira, 05 de JUNHO, que é o DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE, instituído pela ONU – Organização das Nações UNIDAS por ocasião da primeira Conferência Mundial que tratou das questões do Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada em Estocolmo, na Suécia, em 1972, ou seja, há 55 anos.

Nesse tempo, mais de meio século, a destruição dos biomas, dos ecossistemas, da biodiversidade, a desertificação, a poluição das águas, dos solos, do ar, o desmatamento, as queimadas, enfim, a destruição do planeta e a crise climática tem piorado sem precedentes na história humana, apesar de tantos tratados, conferências do clima e tantos outros acordos e compromissos internacionais.

A data, 5 de junho, foi escolhida para coincidir com o início daquela conferência. O objetivo principal do Dia Mundial do Meio Ambiente é despertar a consciência da população em geral, mas principalmente dos governantes, dos empresários, das lideranças políticas, religiosas e sociais, das organizações da sociedade civil sobre os problemas socioambientais, principalmente a grave crise climática, cujas origens já são sobejamente conhecidas e cujas consequências são e serão cada vez mais desastrosas, impondo muito sofrimento e morte ao redor do mundo, principalmente aos bilhões de pobres, excluídos e oprimidos, daí a importância da conservação, da preservação, da recuperação e uso sustentável dos recursos naturais.

O tema central das celebrações do Dia Mundial do Meio Ambiente em 2025 é o combate à poluição plástica e a promoção de ações coletivas para enfrentar esse desafio global, que segundo a ONU é um problema grave e foco importante para a proteção do planeta, além de diversos outros aspectos relacionados com a degradação ambiental, como a falta de arborização urbana, por exemplo.

Sem arborização e florestas urbanas não existem cidades sustentáveis, aprazíveis, este é um pensamento bastante verdadeiro e reflete a importância crucial da vegetação para o desenvolvimento urbano sustentável. A arborização das cidades e as florestas urbanas oferecem múltiplos benefícios socioambientais que contribuem para uma melhor qualidade de vida, para o meio ambiente e a economia.

Com toda certeza e inúmeros estudos e pesquisas tem demonstrado que as cidades que priorizam a arborização e as florestas urbanas são mais resilientes, saudáveis e sustentáveis, oferecendo condições melhores para se viver, mais aprazíveis, mais bonitas.

A arborização das cidades e as florestas urbanas são, além constarem da Legislação, incluindo dos planos diretores, repito, são essenciais para o desenvolvimento de cidades que garantam uma melhor qualidade de vida para as pessoas e a preservação do meio ambiente.

Afinal, como sempre tanto nos exortou e enfatizou o Papa Francisco, em se tratando da Ecologia Integral, ”tudo está interligado, nesta Casa Comum” e precisamos cuidar do planeta com um todo e não apenas destacando apenas alguns desses desafios particulares.

Nessas celebrações relativas ao Dia Mundial do Meio Ambiente precisamos falar também de justiça social, justiça ambiental, justiça climática e, mais do que nunca, de justiça intergeracional, afinal, precisamos nos perguntar: Que mundo, que planeta as gerações passadas e as gerações atuais irão deixar como herança para as futuras gerações?

Se nada ou pouco for feito para deter a concretização desta “tragédia anunciada", se a ganância, a busca de lucro a qualquer preço, o consumismo, o desperdício e a total falta de respeito pelos direitos e os limites da natureza não forem observados, com certeza dentro de uma, duas ou três décadas milhões de seres humanos e também boa ou a maior parte da biodiversidade não terão condições de sobreviverem neste planeta e irão desaparecer.

Para que o futuro do planeta seja garantido, precisamos urgentemente cuidar das nossas águas, de nossos solos; de nossas árvores, de nossas florestas, de nosso ar que está a cada dia mais poluído, de nosso clima que está aumentando a temperatura, provocando ondas de calor, derretimento das cordilheiras, das geleiras e tantos outros problemas.

Dados recentes da Organização Mundial da Saúde indicam que em 2020 dos mais de 56 milhões de mortes ocorridas no mundo, nada menos do que 13 milhões tiveram como causa de morte algum problema socioambiental.

Em 2021 em torno de 8,1 milhões de pessoas morreram por problemas de poluição do ar, principalmente nas cidades e áreas periféricas, isto é muito  grave e a arborizaçao urbana e as florestas urbanas bem que podem mitigar esse problema da poluição do ar.

As nossas cidades e Cuiabá não é diferente, enfrentam problemas graves e urgentes como a falta de saneamento básico, a falta de ARBORIZAÇÃO URBANA,  córregos e rios, outrora limpos e com muita vida, hoje são verdadeiros esgotos a céu aberto, milhões de famílias vivem em meio ao lixo, animais peçonhentos, urubús, porcos, cães e pessoas revirando os lixões em busca de alimentos e outras coisas para sobreviverem, essas são as cenas que ainda continuam “enfeitando” o panorama urbano, para tristeza e vergonha nossa.

Inúmeras doenças decorrentes da falta de cuidado com o meio ambiente, em diversos países, como a malária, a dengue, a zika, a chikungunya, além de doenças parasitárias intestinais e de pele já se tornaram endêmicas ou pandêmicas e causam dezenas de milhares de internações além de inúmeras mortes desnecessárias, como aconteceu com a pandemia da COVID-19, que sacrificou quase um milhão de vidas somente no Brasil e quase 15 milhões ao redor do mundo, muito mais do que diversos conflitos armados e guerras que tanto nos horrorizam.

Para celebrar este DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE, na próxima quinta feira, 05 de JUNHO, a Associação PROJETO CUIABÁ MAIS VERDE, em parceria com a CDL/MT (Câmara dos Dirigentes Lojistas) estará promovendo uma Mesa de Debate sobre o tema “ARBORIZAÇÃO URBANA: POR UMA CUIABÁ MAIS VERDE”, a ter lugar no salão de Reuniões daquela Entidade, na Avenida Getúlio Vargas 750, Centro – Cuiabá, às 18h. Mais informações pelo telefone 65 3615 1500.

Sem arborização urbana não existem cidades sutentáveis. As ondas de calor que a cada dia estão sendo mais constantes em Cuiabá só podem ser mitigadas com arborização de nossa cidade, que precisa voltar a ser, novamente, a Cuiabá, Cidade Verde!

A Prefeitura de Cuiabá precisa cumprir o que está contido no Plano Diretor de Desenvolvimento Estratégico de Cuiabá, aprovado pela Câmara Municipal e que se tornou na Lei Complementar 150, de 29 de Janeiro de 2007, ou seja, há 18 anos a eleboração do Plano Diretor de Arborização Urbana de nossa Capital passou a ser uma determinação legal, que nunca foi cumprida por diversos prefeitos que passaram pelo Palácio Alencastro.

Esta é a nossa luta atual, para que o atual prefeito encaminhe à Câmara Municipal o PDAU – Plano Diretor de Arborização Urbana de nossa Cuiabá, Cidade Verde de novo!

Venha refletir conosco sobre o futuro de nossa cidade, enfim, sobre a Cuiabá que temos e a Cuiabá que queremos e temos direito de tê-la!

Compareça, participe, compartilhe com seus contatos. A participação é aberta a todas as pessoas interessadas.

*Juacy da Silva, professor fundador, titular e aposentado da Universidade Federal de Mato Grosso, sociólogo, mestre em sociologia, articulador da Pastoral da Ecologia Integral, membro do Conselho Fiscal da Associação Projeto Cuiabá Mais Verde . E-mail O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Instagram @profjuacy

Sexta, 16 Agosto 2024 14:02

 

 

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para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
 
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JUACY DA SILVA*

 

“Atualmente muitos possuem uma má noção da política, e não se pode ignorar que frequentemente, por trás deste fato, estão os erros, a corrupção e a ineficiência de alguns políticos. A isto vêm juntar-se as estratégias que visam enfraquecê-la, substituí-la pela economia ou dominá-la por alguma ideologia”. O mundo não pode funcionar sem política, pois não se pode haver fraternidade universal sem uma boa política. Portanto, não se trata de demonizar a política, mas de promover uma “Política Melhor”, comprometida com o bem comum, capaz de transcender populismos e liberalismos simplistas e promover a caridade social. A política melhor propõe uma abordagem que valorize a geração de trabalho e renda, a inclusão social, a diversidade e a caridade social como elementos fundamentais na construção de uma sociedade mais justa, fraterna e voltada para o bem de todos.” Papa Francisco, Encíclica Fratelli Tutti.

Estamos no início de mais uma Campanha Eleitoral, desta vez para a escolha de dezenas de milhares de prefeitos e vereadores pelo Brasil afora, que pelos próximos quatro anos irão administrar orçamentos bilionários ou apenas algumas migalhas que caem das tetas do Tesouro Nacional, Estaduais ou municipais. Em nosso país existem 5.570 Municípios e um total de 60.311 vereadores e vereadoras, esta é a base da “pirâmide” política brasileira, razão pela qual costuma-se dizer que o povo, a população vive, realmente, é nos municípios, daí a importância das eleições municipais.

A realidade dos municípios brasileiros é bem diversa, temos desde municípios com milhões de habitantes, como São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Porto Alegre, Belo Horizonte, Fortaleza, Belém, Manaus, Curitiba ou Recife, só para mencionar algumas dessas Capitais, ao redor das quais se agregam outros municípios e são formados os “aglomerados urbanos” e as Regiões Metropolitanas, em que os problemas são extremamente complexos e que já existem por décadas e também milhares de municípios com menos de 10, 5 ou até 2 mil habitantes, municípios esses que vivem de “pires nas mãos’, cujos orçamentos advém das transferências dos fundos de participação federal e estaduais ou de recursos de programas de transferência de renda, como “bolsa família” e vários outros de cunho assistencialistas.

Independentemente do tamanho territorial, da população ou do orçamento municipal, o que determina o futuro desses municípios, principalmente das cidades, onde vivem mais de 80% da população brasileira, é que quem coloca político no poder em uma DEMOCRACIA é o povo, através do sistema eleitoral que garante o exercício do voto direto e secreto, onde a URNA ELETRÔNICA, é um instrumento seguro e confiável, por mais que políticos negacionistas e fascistas continuem sendo eleitos por essas urnas e dizem que as mesmas sejam passíveis de manipulação, sem que isto jamais tenha sido comprovado!

Costuma-se, também, dizer que cabe aos eleitores e eleitoras o bom discernimento, para evitar que nos poderes Executivo e Legislativo, tenhamos pessoas incompetentes, corruptas, demagogas e que utilizem de seus mandatos para ocuparem as esferas de poder, para fins pessoais, familiares ou de grupos, esquecendo-se de que o Bem Comum e a construção de uma sociedade, um país e, também é claro, um município mais justo, mais solidário, mais SUSTENTÁVEL e menos desigual, como acontece no Brasil, deve ser o principal foco no exercício de um mandato eletivo.

Assim, cabe ao eleitor ou eleitora fazer a escolha correta, visando a melhor política, elegendo candidatos/candidatas que defendam a democracia, os direitos das pessoas (direitos humanos na concepção do que a ONU estabelece e não no desvirtuamento de alguns que imaginam que Direitos Humanos sejam apenas defender direito de bandidos); respeitem a diversidade de opinião e das necessidades que existem em todos os municípios e cidades.

Se os eleitores/eleitoras elegem "tranqueiras", gente desonesta e incompetente, candidatos oportunistas, demagogos e enganadores do povo, não adianta ficar reclamando durante quatro anos, afinal, em uma democracia o que deve prevalecer é a VONTADE SOBERANA da MAIORIA, assim, os eleitos/eleitas pode ser constituída dessas figuras que a gente bem conhece e que jamais deveriam estar ocupando cargos e funções públicas eletivas.

Vamos escutar e refletir sobre as propostas que candidatos e candidatas dizem que irão pautar seus mandatos, da mesma forma, nós também., como eleitores e eleitoras, enfim, CONTRIBUINTES, TEMOS O DIREITO de dizer aos candidatos e candidatas o que desejamos e "exigimos" que os mesmos realizem após saírem-se vitoriosos nas urnas.

Para tanto, cada eleitor e eleitora deve refletir sobre a realidade de sua comunidade, seu bairro, enfim, seu município, tanto o território rural quanto as cidades, evitando cairmos no “conto do vigário” dessas tranqueiras travestidos/travestidas de gestores públicos.

No caso de vereadores, vereadoras , prefeitos e prefeitas que estão no cargo, devemos refletir e examinar o que fizeram ou deixaram de fazer e, se não fizeram nada a não ver surrupiar recursos públicos e articularem seus esquemas corruptos, essas figuras não merecem ser reeleitas ou reeleitos.

A hora de dar um CARTÃO VERMELHO a esta máfia ou familiocracia do poder é quando o eleitor ou a eleitora está sozinho/sozinha, com sua consciência, diante da URNA ELETRÔNICA e fazer sua escolha pessoal, mediante o VOTO SECRETO, uma conquista da cidadania, fruto de muitas lutas, ao longo de décadas no mundo e no Brasil também.

Não devemos e nem podemos eleger políticos golpistas, fascistas  que pregam a ditadura, o arbítrio e defendem a opressão, a tortura, a violência política, a violência dos organismos do Estado, o racismo, o machismo, a xenofobia, a mentira (fake news) ou que sejam NEGACIONISTAS, principalmente em relação aos desafios ambientais e a crise/emergência climática.

Escolher bem agora é importante, para evitar que a dor, o sofrimento e o desencanto com os políticos e a choradeira estejam presentes pelos próximos quatro anos!

Precisamos, como sempre nos exorta o Papa Francisco, “realmar a economia e encantar a política” como únicos caminhos para um mundo melhor e uma sociedade mais justa!

Enfim, não podemos cair no CANTO DA SEREIA, ficarmos iludidos e iludidas com propostas mirabolantes ou favores materiais e muito menos com promessas de recompensa para nosso voto, pois "VOTO NÃO É MERCADORIA" que se vende e se compra nas eleições, voto é a ARMA DO POVO, que deve ser usado para escolher bons políticos, competentes e que pautam suas ações em prol da coletividade, principalmente da população pobre, excluída; marginalizada, mas trabalhadora e que também paga uma pesada carga tributária e evitar que MAUS POLÍTICOS sejam galgados `as estruturas do poder com o nosso voto.

Outra coisa importante, como no Brasil são realizadas eleições de dois anos, de forma intercalada, quando podemos e devemos escolher, como em 2024, prefeitos, prefeitas, vereadores e vereadoras e, em 2026, nas eleições gerais, quando elegeremos ou reelegeremos Presidente da República, Governadores/Governadoras de Estados, dois terços do Senado da República, Deputados Federais e Estaduais.

Diante disso, precisamos estar alertos e alertas com as raposas e os “eternos donos do poder”, os políticos carreiristas que só aparecem de quatro em quatro anos abraçando e prometendo, o que não consegue cumprir, “pedindo” nossos votos de novo.

O poder não pode ser usado para beneficiar os poderosos e penalizar os pobres, como atualmente acontece, precisamos mudar tudo isso e as eleições limpas e democráticas são este grande instrumento da cidadania.

Nós, como eleitores e eleitoras precisamos saber que “temos lado”, o nosso lado é a busca de um país decente, justo, que ofereça melhores condições de vida  para a grande maioria da população que continuam vivendo à margem da sociedade.

Este é, em suma, o sentido e o significado das eleições em uma democracia, um despertar da consciência popular, afinal, nossa Constituição estabelece que “todo o poder emana do povo” e não da vontade da chamada “classe política”, como as vezes acontece! A Hora das mudanças é agora, amanhã pode ser tarde demais!

*Juacy da Silva, professor fundador, titular e aposentado da Universidade Federal de Mato Grosso, sociólogo, mestre em sociologia, ambientalista, articulador da Pastoral da Ecologia Integral. Email O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Instagram @profjuacy
 

 

Quinta, 25 Julho 2024 15:59

 

 

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Juacy da Silva*



“O clima é um bem comum, um bem de todos e para todos. Em nível global é um sistema complexo, que tem a ver com muitas condições essenciais para a vida humana. Há um consenso científico muito consistente, indicando que estamos perante um preocupante aquecimento do sistema climático... A humanidade é chamada a tomar consciência da necessidade de mudança de estilo de vida, de produção e de consumo, para combater esse aquecimento ou, pelo menos, as causas humanas que o produzem ou acentuem”. Papa Francisco, Encíclica Laudato Si, 24 de Maio de 2015.

Há poucos dias fui convidado para participar de um painel, onde estavam presentes, além de outros dois apresentadores, diversos integrantes da Frente Brasil Esperança, de um dos candidatos a Prefeito de Cuiabá, a Capital de Mato Grosso, a maior cidade do Estado que, juntamente com o município de Várzea Grande e outros municípios que integram a Região Metropolitana do Vale do Rio Cuiabá, na Baixada Cuiabana, formam o maior aglomerado urbano de Mato Groso, com aproximadamente um milhão de habitantes ou pouco mais.

O tema em debate era Desenvolvimento Urbano e Emergência climática e o painel tinha por objetivo subsidiar a elaboração do Plano de Governo da referida frente política partidária, atendendo ao que determina a Legislação Eleitoral vigente.

Várias das ideias e aspectos tratados no referido painel podem ser aplicados a diversas outras cidades e municípios, tanto no Estado de Mato Grosso quando, de resto, em todos os Estados brasileiros.


O processo de urbanização que vem ocorrendo no Brasil há praticamente mais de meio século ou quase um século tem ocorrido de forma “espontânea”, onde a ausência do poder público, do Estado enquanto entende político tem sido uma constante.


Dois grandes conjuntos de forças tem estado em disputa pela primazia neste processo de urbanização caótico. De um lado as camadas pobres, excluídas que pela ausência de uma política habitacional e demais equipamentos urbanos, para garantirem tanto o direito à moradia quanto à dignidade humana, tem se utilizado das ocupações, tanto de áreas privadas quanto de áreas públicas, incluindo áreas de proteção ambiental e outras totalmente impróprias para moradia digna, como encostas, áreas alagadiças, manguezais, proximidade córregos totalmente poluídos e, de outro, os grandes grupos que fazem da especulação imobiliária a fonte de polpudos lucros, ante a omissão e às vezes a conivência dos poderes constituídos.


Além disso, a variável ambiental ou ecológica jamais tem estado presente quando se trata de definir políticas urbanas ou mesmo políticas regionais contribuindo para a degradação dos biomas e ecossistemas onde os municípios e cidades estão inseridas, como é o caso da Baixada Cuiabana em Mato Grosso, onde a degradação de todos os cursos d’água, córregos e o próprio Rio Cuiabá já se transformaram em grandes esgotos a céu aberto, afetando e destruindo o Pantanal, inviabilizando a existência deste bioma, considerado um Patrimônio da Humanidade pela UNESCO.


A mudança do clima, que na verdade tem se apresentado como uma grande crise climática e dia após dia está se transformando em uma EMERGÊNCIA CLIMÁTICA precisa estar presente quando da definição das políticas públicas, principalmente das políticas urbanas, periurbanas e regional, afinal, as cidades estão inseridas em um contexto em que “tudo está interligado”, como constantemente tem nos exortado o Papa Francisco.


O Aquecimento Global é fruto da ganância humana, do desrespeito quanto aos direitos da natureza e da falta de cuidado em relação ao meio ambiente em geral, provocado tanto pela omissão e incapacidade ou falta de vontade política de um lado e também pelo descaso que a população tem em relação a tais desafios. Sabemos, perfeitamente, que na origem da grande maioria das chamadas catástrofes ambientais estão as ações humanas irracionais e imediatistas.


O Aquecimento global é fruto de vários fatores entre os quais podemos enumerar: o desmatamento e destruição das florestas, as queimadas, a poluição do ar, as atividades agropecuárias, industriais, a geração crescente de resíduos sólidos/lixo e a falta de cuidado correto e adequado com os mesmos; a utilização de energia oriunda de combustíveis fósseis (petróleo, gás natural e carvão), principalmente no sistema de transporte e logística, o consumismo e o desperdício de todos os bens produzidos.


Ao longo de mais de cinquenta anos, desde a realização da Primeira Conferência Mundial do Meio Ambiente promovida pela ONU, em 1972, em Estocolmo, na Suécia, passando pela constituição do IPCC – Painel Intergovernamental sobre mudança do Clima, criado pela Organização Meteorológica mundial (OMM) e pelo programa do desenvolvimento e meio ambiente (UNEP) da ONU em 1988 e que conta com a adesão de 195 países e territórios que fazem parte da ONU, inclusive o Brasil, tanto a ONU quanto diversas outras organizações nacionais e internacionais tem feito inúmeros alertas quanto a esta corrida rumo a destruição do planeta.


O objetivo principal do IPCC é fornecer aos formuladores de políticas públicas em todos os países informações científicas e atualizadas, através de seus relatórios anuais, sobre mudança climática e suas consequências para os países e suas populações.


Lamentavelmente, a grande maioria dos governantes e gestores públicos não tem dato a devida importância que este tema deveria merecer, razão pela qual os problemas socioambientais tem se agravado em todos os países, tanto em dimensão nacional quanto regional/estadual e municipal.


Outro aspecto que também tem chamado a atenção tem sido a realização das Conferências do Clima, as chamadas COPs, que em 2025 deverá ser realizada em Belém do Pará. Tais conferência tem se constituído em um grande fórum de diálogo, debates e embates entre as diferentes forças políticas, sociais, econômicas e ideológicas e, pelo menos no papel, tem buscado alguns acordos e consensos internacionais, como aconteceu na COP 3, em 1997, no Japão, quando foi aprovado o Protocolo de Kyoto e, depois, a COP 21, na França, quando foi aprovado o Acordo de Paris, que passou a vigorar a partir de 2016.


Além desses acordos internacionais a Assembleia Geral da ONU aprovou em 2015 o estabelecimento dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, a vigorarem por mais 15 anos, em substituição aos objetivos do Milênio, a chamada Agenda 20230.


Vários dos 17 objetivos e 169 metas do Desenvolvimento Sustentável, os chamados ODS, estão direta ou indiretamente relacionados com questões socioambientais, sendo que sete deles deveriam ser considerados quando da definição das políticas municipais, regionais/estaduais e nacionais por afetarem de forma mais profunda as relações dos seres humanos com a natureza.


Esses sete Objetivos são os seguintes: ODS 6– Água limpa e saneamento básico; 7 – Energia acessível, renovável  e limpa; 11 – Cidades e comunidades sustentáveis; 12 – Consumo e produção responsáveis e sustentáveis; 13 – Combate `as alterações climáticas (crise e emergência climática); 14 – Vida debaixo d’água (principalmente a questão dos mares e oceanos que estão se transformando em uma grande lixeira planetária); 14 – Vida sobre a terra.
Tendo por base esses aspectos, apresentei no referido Painel mencionado no início desta reflexão uma série de sugestões, que, em minha opinião, deveriam ser consideradas por todos os candidatos a Prefeito e Vereadores/Vereadoras, tanto de Cuiabá, quanto de diversos outros municípios de Mato Grosso e do Brasil, como forma de um grande pacto municipalista, tendo as questões ambientais como as variáveis estratégicas a nortearem as futuras gestões municipais.


Se nossos governantes, em todas as esferas de governo e poderes, não firmarem um compromisso sério, para que em todos os instrumentos de gestão pública, como os Planos Diretores Municipais, planos setoriais e os instrumentos orçamentários, como LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias), PPA (Plano Plurianual de investimentos) e LOA (Lei Orçamentária Anual) essas variáveis sejam a espinha dorsal das gestões municipais, jamais vamos ter condições de agirmos preventivamente, evitando que inúmeros desastres “ambientais”, como o que ocorreu recentemente no Rio  Grande do Sul ou em outros estados, estejam presentes com mais frequência e com maiores impactos sobre nossas cidades e nossas populações.


Finalmente, não podemos ignorar dois aspectos. O primeiro é quanto `a participação popular, principalmente a população que vive nas periferias urbanas, as grandes massas de excluídos, pobres e considerados “invisíveis” pelos nossos governantes, só lembrados quando das campanhas eleitorais, é fundamental para o êxito deste enfrentamento. Isto é o que chamamos de Cidadania Ecológica.


O segundo aspecto é a importância de uma maior integração entre as instâncias políticas e as gestões federal, estaduais e municipais, sem esta integração estaremos sempre a mercê das improvisações e da falta de continuidade de políticas públicas, o que representa um desperdício de recursos humanos, técnicos e financeiros.


A seguir as sugestões que apresento aos Candidatos a Vereadores, Vereadoras, Prefeitos e Prefeitos, enfim, nossos futuros governantes e gestores municipais.


1.     Plano Municipal de Arborização urbana, incluindo construção ou rearborização de parques, praças e quintais, com espécies regionais e também com árvores frutíferas e também com plantas medicinais.

2.     Quintais Ecológicos –oferecer orientações técnicas e estimular as pessoas que tenham ou vivam em residências urbanas ou periurbanas, que disponham de áreas disponíveis que plantem árvores frutíferas e construam hortas domésticas cultivadas de forma orgânica, contribuindo para um melhor cuidado com o solo, com meio ambiente, garantir uma alimentação saudável e, ao mesmo tempo, contribuir para enfrentar a emergência climática.

3.     Reativação do Programa Municipal de Plantas Medicinais FITOVIVA como em Cuiabá, para a implantação da Farmácia Viva com atividades de produção de fitoterápicos, chás, capacitações dos profissionais de saúde e comunidade, implantação de jardins medicinais, atividades culturais, ambientais e agroecológicas bem como geração de emprego e renda.

4.     Apoio para o fortalecimento do “CINTURÃO VERDE”, contribuindo para segurança alimentar, o abastecimento local/regional, a geração de oportunidades de trabalho e renda, tendo como base a agroecologia, a agricultura urbana e periurbana, o cooperativismo e a economia solidária, fortalecendo a agricultura familiar.

5.     Plano para limpeza de córregos e rios, bem como a recuperação de nascentes
6.     Muros, calçadas e arborização de terrenos desocupados – plano de incentivo – isenção de IPTU total por 4 a 5 anos, em escala regressiva – Pacto da CIDADANIA ECOLÓGICA, através do qual os moradores plantem árvores, construam e cuidem de calçadas, muros e mantenham seus imóveis limpos.

7.     Estímulo para a criação de cooperativas populares de consumo – economia solidária nos bairros periféricos, reduzindo o nível e exploração dos consumidores dessas regiões.

8.     Estímulo para a criação de cooperativas de usuários de energia solar em bairros periféricos – com financiamento público.

9.     Utilização de energia solar em todos os imóveis (próprios ou alugados) pela municipalidade e também para reduzir os custos com energia e com iluminação pública – vide exemplo de Santo André em SP.

10.  Estímulo para o uso de veículos elétricos em toda a frota municipal e também frota de ônibus do transporte público, reduzindo a poluição urbana oriunda do uso de combustíveis fósseis.

11.  Criação de uma empresa municipal de transporte coletivo, com passagem a preços reduzidos (tarifa zero) para a população desempregada, subempregada ou que seja inscrita no CAD único. Vide exemplo de Maricá - RJ, com transporte público gratuito a toda a população.

12.  Obrigatoriedade da coleta seletiva pela empresa de coleta de lixo, uma ou duas vezes por semana, criando um amplo programa de estimulo à coleta seletiva, reciclagem e economia circular, bem como um amplo programa de EDUCAÇÃO ESCOLÓGICA nas escolas, nas organizações sindicais e comunitárias e nas igrejas e nas entidades empresariais, combatendo o consumismo, o desperdício e a geração de lixo. Objetivo atingir a redução do lixo gerado = LIXO ZERO.

13.  Aumentar e recuperar parques, praças, bem como criar FLORESTAS URBANAS e PERIURBANAS, contribuindo para a redução dos impactos da EMERGÊNCIA CLIMÁTICA.

14.  Programa de utilização de águas das chuvas e do reuso de água, tanto em residências quanto empresas e organizações comunitárias, contribuindo para a proteção dos mananciais.

15.  Programa de estímulo à participação popular na gestão pública, incluindo todos os tipos de conselhos e também na discussão, implementação, acompanhamento e fiscalização dos orçamentos públicos (PPA, LDO, LOA, Planto Diretor e Planos setoriais).

16.  CIDADE DIGITAL - Programa e infraestrutura de internet de alta velocidade – banda larga em todos os setores da administração municipal, incluindo Escolas, unidades de saúde e também em Centros e organizações comunitárias, de forma gratuita a todos os usuários de serviços públicos, principalmente população que reside nas periferias urbanas e distritos rurais.

17.  Definição de um amplo programa de Creches em tempo integral e escolas em tempo integral (até pelo menos a oitava série), possibilitando que os pais e as mães possam trabalhar e terem a certeza de que seus filhos estão em segurança, contando com apoio pedagógico.

18.  Programa para universalizar e humanizar o atendimento à saúde pública (SUS), tornado o atendimento mais efetivo, mais eficaz e mais eficiente, incluindo o acesso a medicamentos e tratamento de média e alta complexidade. FILA DO SUS – SAÚDE PÚBLICA ZEERO.

19.  Melhoria da infraestrutura urbana – limpeza pública, coleta de lixo, limpeza e desobstrução de bueiros e “bocas de lobo”, pavimentação, abastecimento universal de água, de coleta e tratamento de esgoto, PRINCIPALMENTE NOS BAIRROS PERIFÉRICOS DE CUIABÁ, QUE ESTÃO PRATICAMENTE ABANDONADOS.
20.  Amplo programa de habitação popular, com maior dignidade, incluindo casas ou aptos compatíveis com o tamanho das famílias e com quintais ou áreas verdes ou espaços de esportes e lazer.

21.  Programa de estímulo à cultura, ao desporto e lazer, principalmente para atender a população que vive na periferia, em todas as faixas etárias (crianças, jovens, mulheres, idosos e adultos).

22.  Programa para melhor cuidar da saúde mental da população, principalmente da população pobre e excluída, incluindo a população que vive na rua, combatendo todos os tipos de dependência química (alcoolismo, tabagismo e também o uso de drogas ilícitas).

23.  Criação ou reformulação de Secretaria do Meio Ambiente e Mudança/emergência climática, com um setor para monitorar as alterações climáticas e seus impactos no sistema produtivo e na saúde das pessoas.

24.  Criação e ou ampliação dos Centros de Convivência para idosos, incluindo atividades de esportes, lazer, cultura (salas de leitura, bibliotecas, videotecas, cinema, música etc.), aberto durante o dia e também parte da noite e aos finais de semana.

25.  Criação de uma rede de bibliotecas públicas a serem instaladas em Centros Comunitários e Escolas públicas, como forma, de estímulo tanto da leitura quanto da convivência, troca de experiências e alguns serviços públicos, para atendimento, principalmente da população periférica.

26.  Programa de revitalização socioeconômica e ambiental do Centro Histórico de Cuiabá e suas adjacências, incluindo bairros do Araés, Baú, Poção, Dom Aquino e Porto, incluindo a ocupação de milhares de imóveis desocupados, abandonados ou subutilizados, incluindo a revitalização do Morro da Luz.
27.  Criação de corredores de circulação de pedestres e ciclovias, com ARBORIZAÇÃO ao longo das principais vias públicas de Cuiabá, incluindo no CENTRO HISTÓRICO E ADJACÊNCIAS, em conexão com o Município de Várzea Grande, facilitando a mobilidade urbana e garantindo a segurança e o bem estar de pedestres e ciclistas.

28.  Mesmo que não seja competência do Prefeito de Cuiabá, todavia não podemos ignorar a importância que a Capital do Estado tem no que concerne tanto em relação às demais regiões do Estado e, principalmente quanto à Região Metropolitana do Vale do Rio Cuiabá (incluindo Várzea Grande, Nossa Senhora do Livramento, Jangada, Acorizal, Chapada dos Guimarães e Santo Antônio do Leverger), bem como os demais municípios da “Baixada Cuiabana”, incluindo Nobres, Rosário Oeste, Planalto da Serra, Brasilândia, Poconé, tendo o Rio Cuiabá e o Pantanal como pontos de referência e toda a degradação socioambiental da região. Cabe aos prefeitos de Cuiabá e de Várzea Grande liderarem o processo de um programa de âmbito sub-regional para o desenvolvimento sustentável, integrado e integral deste território, através de parcerias principalmente nos setores de transporte, mobilidade urbana, saneamento básico (abastecimento de água, esgotamento sanitário), saúde pública, educação, abastecimento e o cuidado correto dos resíduos sólidos.

 

*Juacy da Silva, professor fundador, titular e aposentado da Universidade Federal de Mato Grosso, sociólogo, mestre em sociologia, ambientalista, ex-secretário de Planejamento e Gestão, ex-diretor Executivo do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento Urbano e ex-ouvidor Geral da Prefeitura de Cuiabá, Articulador da Pastoral da Ecologia Integral. Email O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Instagram @profjuacy 

 

Quarta, 17 Julho 2024 18:14

 

  

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Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
 
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Juacy da Silva* e Aline Monçale**

Você já ouviu falar em sequestro de carbono? Crise climática? Calendário ecológico? Preciso conversar com você.

As florestas e os oceanos são os grandes mecanismos para o sequestro de carbono e demais gases de efeito estufa, estes grandes provocadores do aquecimento global e das terríveis mudanças climáticas, mudanças estas que já se configuram como uma grave crise climática.
Todavia, se as florestas são destruídas e queimadas; e os oceanos são degradados e transformados, cada vez mais, em uma grande lixeira planetária, esses mecanismos de sequestro de carbono se extinguem, trazendo ainda mais destruição das florestas e a degradação, poluição e o aquecimento de nossas águas num grande ciclo que aumenta assustadoramente o nível de gases de efeito estufa na atmosfera e se retroalimentam.
As florestas e os oceanos são essenciais para que a temperatura média da terra não exceda de 2º graus centígrados em relação à temperatura média existente no período pré-industrial, marco este que, ocorrendo, coloca exponencialmente em risco todas as formas de vida na terra, principalmente a vida humana e isto não é nenhuma novidade, posto que inúmeros relatórios científicos tem nos alertado nos últimos dez anos.

Anualmente, o Calendário Ecológico inclui alguns dias importantes para podermos refletir sobre aspectos significativos para o “nosso futuro comum”. Entre tais celebrações, está incluído o DIA MUNDIAL DE PROTEÇÃO DAS FLORESTAS, a ser comemorado anualmente em 17 de Julho.

Além deste importante dia, podemos também mencionar outros que estão diretamente relacionados com a importância das florestas, tais como: 21 de Março – Dia Internacional das Florestas; 28 de Abril - Dia da Caatinga; 24 de Junho - Dia da Araucária (praticamente já extinta); 27 de Maio - Dia da Mata Atlântica (já destruída em mais de 90%); 05 de Setembro - Dia da Amazônia (também ainda em processo de intenso desmatamento, queimadas e atividades ilegais de mineração e extrativismo vegetal); 11 de setembro – Dia do Cerrado (outro bioma que vem sendo sistematicamente destruído e degradado por um processo de uso muito intensivo do solo, afetando todos as nascentes e bacias hidrográficas brasileiras); 12 de Setembro - Dia do Pantanal (que ao longo dos últimos 30 anos vem sendo destruído impiedosamente por queimadas, o que irá decretar a sua morte nas próximas décadas, se medidas eficazes não forem implementadas); 17 de Setembro – Dia dos Pampas (outro bioma bastante degradado) e, 21 de Setembro – Dia da Árvore (marco representativo, quando algumas autoridades, em gestos muitas vezes demagógicos e apenas simbólicos, costumam plantar algumas mudinha de árvores, enquanto bilhões de árvores são destruídas tanto no Brasil quanto no resto do mundo).

Um dos, talvez (ou com certeza) o maior desafio socioambiental que a humanidade está enfrentando nos dias atuais e que se agrava a cada dia mais, é a CRISE CLIMÁTICA, que reclama uma urgência quanto ao seu enfrentamento.

Esta crise à fruto do aquecimento global que decorre de um processo muito intenso e acelerado de degradação de todos os biomas e ecossistemas, incluindo a destruição da biodiversidade, o desmatamento, as queimadas e o uso muito intensivo de todos os chamados “recursos naturais”, solo, água, minerais e a rica biodiversidade animal e vegetal.

Este processo tem se intensificado desde o início do período industrial, cujos modelos econômicos, políticos, sociais e culturais são movidos pela busca do lucro imediato e a qualquer preço, pela acumulação de riquezas em poucas mãos e grandes grupos econômicos, principalmente de âmbito transnacional, embasados no estímulo ao consumismo, ao desperdício, à obsolescência prematura dos produtos, enfim, uma economia do descarte e da morte.

Tais modelos não respeitam nem os limites da natureza, do planeta Terra, nem os direitos dos trabalhadores e dos consumidores e muito menos os direitos das próximas gerações poderem viver em um mundo sustentável e saudável.

É neste contexto que surge à questão da importância das florestas para, não apenas a mitigação da crise climática, mas também pelo papel que as mesmas, juntamente com outros ecossistemas, desempenham no equilíbrio socioambiental, enfim, da ecologia integral, onde, como tanto vem acentuando o Papa Francisco: “(…) tudo está interligado, nesta Casa Comum” e que na origem da destruição, da degradação dos biomas e dos ecossistemas e da crise climática estão as ações pecaminosas, criminosas e egoístas dos seres humanos.

A solução existe e precisa passar pela conversão ecológica, que tenham como horizonte uma cidadania ecológica plena, em que tanto os direitos das atuais gerações quanto e, principalmente, das próximas gerações estejam presentes e concretamente definidas através de políticas públicas tanto locais, quanto regionais, nacionais e internacionais, onde recursos sejam definidos e alocados para tais políticas e não apenas discursos vagos, demagógicos e manipuladores como, as vezes, sabemos que acontece.

Quando iniciou e se intensificou o processo da industrialização, principalmente na Europa, nos EUA e no Japão, em meados do Século XVIII, as florestas temperadas do hemisfério Norte, praticamente já tinham sido extintas.

Para alimentar a industrialização, ocorreu um processo muito intenso de ocupação, colonização e pilhagem por parte das potências colonialistas, principalmente por parte de países europeus tendo a África, a América Latina e partes do continente asiático como territórios a serem “conquistados, dominados e pilhados”, onde a destruição das florestas e outros recursos minerais eram os alvos preferidos dos colonizadores de outrora e parecem continuar sendo os objetivos das potências dominantes e hegemônicas da atualidade.

De acordo com o último relatório (2023) “O Estado das florestas mundiais”, da WWF,  entre 1970 e 2018 a perda da biodiversidade florestal foi de 79% de toda a biodiversidade florestal do mundo.

Conforme relatório da UNEP, agência especializada da ONU para questões de meio ambiente de 2020, sobre a situação das florestas mundiais, entre 1980 e 2020 ocorreram a perda de 178 milhões de ha de florestas seja pelo desmatamento ou por queimadas/incêndios florestais, como vem ocorrendo nos últimos anos no Pantanal, no Cerrado e na Amazônia brasileira e continental.

O Brasil contribui com assustadores 40% dessas perdas. Em 38 anos, entre 1982 e 2020 nosso país “perdeu” 15% da área de florestas, totalizando 87,4 milhões de ha.

Além do desmatamento e das queimadas que destroem as florestas, cabe ressaltar também que existem no mundo atualmente mais de um bilhão de ha de áreas degradadas, sendo a média anual em torno de 100 milhões de ha, o que demonstra a irracionalidade humana ao destruir as florestas.

Diante deste quadro de destruição das florestas e dos impactos que essa destruição representa para a manutenção do equilíbrio ambiental no planeta, é mais do que urgente que, com a máxima urgência, os países cheguem a um acordo internacional para que, realmente, as florestas nativas sejam preservadas de forma planejada e que também as florestas plantadas sejam estimuladas, inclusive as reservas, florestas urbanas e periurbanas.

Só assim, poderemos garantir o futuro da humanidade e mitigar a crise climática que se abate sobre o planeta Terra, a nossa Casa Comum.


*Juacy da Silva, professor fundador, titular e aposentado da Universidade Federal de Mato Grosso, sociólogo, mestre em sociologia, ambientalista, articulador da Pastoral da Ecologia Integral. Email: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Instagram: @profjuacy

 

**Aline Grasielli Monçale, médica Dermatologista pela Universidade Federal de Roraima e Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado no Amazonas, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, mestre em Saúde Coletiva pela Universidade Federal de Mato Grosso, fundadora do projeto social Dermatroller e atual Mrs Glam World. Email: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Instagram: @alinemoncale_dermato

 

Segunda, 08 Julho 2024 10:55

 

 

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Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
 
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Juacy da Silva*

 

Diante do desempenho considerado insatisfatório ou quase pífio de Biden no primeiro debate presidencial ocorrido no último dia 27 de Maio, quando o atual presidente dos EUA enfrentou seu arquirrival, ex-presidente Donald Trump, em que, segundo os analistas e organismos de comunicação foi “derrotado”, tem crescido a pressão de vários setores do Partido Democrata, para que Biden retire sua postulação à corrida presidencial, principalmente por parte dos grandes doadores de fundos para a Campanha dos democratas.


Diante disso, as pesquisas indicam que quem melhor se posiciona na corrida à Casa Branca são duas mulheres, ambas negras, a ex-primeira dama Michelle Obama, esposa do primeiro Presidente Negro dos EUA, Barack Obama e a atual vice-presidente, a primeira afro-americana de ascendência indiana a ser eleita para este cargo, Kamala Harris. Entre as duas Michelle Obama tem maiores chances de derrotar Donaldo Trump, mas a mesma desconversa sobre este assunto, tendo em vista a amizade que une as famílias Obama e Biden ao longo de algumas décadas, inclusive dos quatro anos em que Biden foi vice-presidente de Obama.


Enquanto as pesquisas indicam que Biden está “tecnicamente” empatado com Trump nas pesquisas eleitorais e em algumas sai derrotado, tanto Michelle Obama quanto Kamala Harris tem a seu favor números expressivos e seriam as únicas candidatas para garantirem que os Democratas continuem na Casa Branca por mais quatro anos.

Para entender melhor esta dinâmica política e eleitoral, é importante, fundamental, voltar os olhos e a reflexão sobre as últimas eleições americanas em que Biden derrotou o então Presidente Donald Trump e toda a celeuma em torno dos resultados eleitorais e a invasão do Congresso Americana por uma turba ensandecida, coisa jamais vista na política americana ao longo de séculos.


Depois da retumbante vitória do Partido Trabalhista, de centro esquerda no Reino Unido, pondo fim a 14 anos de governo conservador, impondo a maior derrota que a direita (conservadora britânica) já teve em quase 200 anos, agora a “bola” da vez passa a ser a escolha do candidato ou candidato do Partido Democrata, nos EUA.


A vitória de Biden em 2020, pondo fim a quatro anos de governo Trump, de extrema direita, negacionista climático e em relação `a covid 19, por apenas uma pequena margem de votos populares, 51,3% para Biden (81,3 milhões de votos), contra 46,8% (74,2 milhões de votos para Donald Trump).


No Colégio eleitoral, onde, de fato as eleições americanas são decididas Biden obteve uma vitória mais expressiva, 306 votos contra apenas 232 votos para Trump, apesar de que, em número de estados, Biden venceu em 27 e Trump em 26. Todavia, cabe uma observação em relação aos resultados nos Estados, geralmente, os Democratas conseguem vencer na maioria dos estados com maiores colégios eleitorais, enquanto os republicanos representam a maioria dos eleitores de estados menores e mais conservadores.


Apesar da vitória de Biden, o presidente Trump, que estava no cargo, questionou judicialmente os resultados das eleições em diversos estados, colocando em dúvida o processo eleitoral, à semelhança do que dois anos depois, em 2022, também o Presidente Bolsonaro, no cargo e adepto da ideologia de extrema direita sempre tenha contestado os resultados eleitorais e a segurança das urnas eletrônicas no Brasil, coisa que jamais tenha sido comprovada.


Desde a proclamação da Independência nos EUA, em 1.776, jamais houve um golpe de estado ou intervenção militar para depor um governo escolhido eleitoralmente, pelo voto popular e pelo Colégio Eleitoral.


No entanto, na esteira das dúvidas levantadas por Trump, dizendo que as eleições teriam sido fraudadas e que ele (Trump) seria, na verdade o eleito, sem que isto tenha sido acatado por todas as instâncias judiciais do sistema americano, foi sendo formado um clima de conflito e de “Fake news”, que chegou às vias de uma verdadeira insurreição (popular), e uma turba ensandecida, inspirada pelos discursos de ódio de Trump, viesse invadir o Congresso Americano, gerando prejuízos materiais e, inclusive, algumas mortes, rebelião esta que tentava impedir (na marra) o reconhecimento dos resultados eleitorais pelo Congresso e, consequentemente, impedir a posse de Biden, como legítimo Presidente eleito.


Esta rebelião ocorreu em 06 de Janeiro de 2021, algo semelhante ao que viria a ocorrer em Brasília, em 08 de Janeiro de 2023, uma semana após a posse de Lula, na tentativa de criar condições para um golpe de estado e a derrubada de um governo legitimamente eleito e empossado.


Ambas as insurreições e tentativas de golpe e rompimento do processo democrático foram perpetrados por adeptos da ideologia da extrema direita tanto nos EUA quanto no Brasil.


Mesmo tendo sido eleito democraticamente, Biden, da mesma forma que Lula, não conseguiram a maioria no Congresso, principalmente na chamada “Câmara Baixa” ou Câmara dos Deputados, demonstrando que teriam que enfrentar uma feroz oposição parlamentar, na tentativa de desestabilizar seus governos.


Diferente do Brasil, onde existem diversos partidos que acabam “apoiando” o Governo e facilitando a formação de uma maioria parlamentar, nos EUA, a dinâmica política é determinada, de fato, por um bipartidarismo ferrenho, poucas ou quase nunca parlamentares trocam de lado para apoiarem os presidentes de outro partido, o que dificulta muito a gestão do Presidente eleito, que necessita de apoio parlamentar para inúmeras medidas tanto de política interna quanto de política externa.


Mesmo assim, Biden tem conseguido resultados considerados pela sociedade e pelo famigerado “mercado” como satisfatórios e isto, apesar de sua idade avançada, sempre questionada publicamente, tem dado condições para que Biden tente a reeleição, em uma nova disputada exatamente contra Trump, que sagrou-se vencedor nas primárias republicanas de forma ampla e inconteste.


Antecedendo as convenções que homologam as candidaturas que saíram vencedoras nas prévias partidárias (a Republicana será em Milwaukee, estado do Wisconsin entre 15 – 18 de julho de 2024) e a do Partido Democrata em Chicago, estado do Illinois, entre 19 -22 de Agosto de 2024), quando, finalmente, a Campanha eleitoral tem sua largada oficial, onde os comícios e, principalmente, os debates entre os candidatos a Presidente e também entre os candidatos a Vice Presidentes tem uma importância crucial, principalmente nos “Estados Pêndulos” (swing states).


É importante que situemos as eleições americanas em um contexto geopolítico internacional e como as superpotências agem interna e externamente neste jogo do poder mundial, em que tanto essas potências (EUA, CHINA, Rússia, União Europeia, índia) e outros países que fazem parte dos diversos blocos formados em torno dos interesses dessas potências e super potências, considerados os “peões” em um jogo de xadrez.


Assim, é bom observar de forma mais atenta o que pode ocorrer no processo das escolhas dos Candidatos a Presidente dos EUA, nesses próximos 30 ou 60 dias, muita coisa pode ser alterada nesta dinâmica, influenciando significativamente os resultados das eleições que devem ocorrer no início de novembro neste Gigante do Norte, que ainda é a super potência com maior poderio econômico, militar e estratégico e tecnológico mundial.


Uma vitória de Trump pode significar não apenas o retorno do Partido Republicado, dos conservadores à Casa Branca, mas, também um estímulo ao avanço da direita e da extrema direita ao redor do mundo, inclusive no Brasil.


Por isso, os resultados das eleições americanas podem influenciar e geralmente influenciam, significativamente, as relações internacionais e também as questões da guerra, da paz, do comércio internacional e, também, da crise climática, além de tantos outros aspectos, razões mais do que suficientes para estarmos atentamente observando-as.


*Juacy da Silva, Professor fundador, titular e aposentado da Universidade Federal de Mato Grosso, Sociólogo, mestre em sociologia, ambientalista, articulador da pastoral da ecologia Integral, ex-integrante da Escola Superior de Guerra e do Inter-American Defense College, em Washington, DC, EUA. E-mail O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Instagram @profjuacy

 

Terça, 11 Junho 2024 13:52

 

 

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Juacy da Silva*


Ninguém, em sã consciência, pode negar a importância dos avanços da ciência e da tecnologia para a melhoria da qualidade de vida e do bem estar das pessoas, em todas as faixas etárias e em todas as áreas das atividades humanas, tanto é verdade que, graças à este processo, inúmeras doenças que encurtavam a vida das pessoas, principalmente inúmeras doenças de massa, foram e continuam sendo enfrentadas, combatidas, debeladas e curadas através das vacinas, diagnósticos precoces que passaram a ser realizados com mais precisão, o tratamento e a cura tornaram-se quase universais, apesar de amplas camadas de pobres e excluídos mundo afora continuarem por fora desses benefícios, inclusive no Brasil que não tem acesso aos benefícios dessas inovações tecnológicas, razões pelas quais a expectativa de vida ao nascer e em todas as faixas etárias tem aumentado muito e continua aumentando, prova disso é a quantidade e percentual de pessoas com mais de 80, 90, 100 anos ou mais, o que era uma raridade há seis décadas ou há um século.


Da mesma forma que esses avanços tecnológicos estão presentes em todas as atividades como agricultura, pecuária, produção industrial de outros bens e serviços, facilitando a vida humana, ampliando e aprimorando o conhecimento humano sobre aspectos totalmente desconhecidos não apenas há séculos, mas nas até mesmo últimas décadas e na atualidade.

Esta ampliação e aprimoramento do conhecimento, transformado em novas tecnologias e formas de gestão podem ser observadas, por exemplo, na engenharia genética, na reprodução humana, animal e vegetal, em tantas invenções, cujos impactos são altamente significativos nas comunicações, na descoberta de novos medicamentos ou no uso mais eficiente e científicos das plantas medicinais, no ensino, no lazer, na gestão pública, privada e, inclusive, nas igrejas, ONGs e outras entidades representativas da sociedade civil.

Todavia, dia após dia estamos vivendo em uma sociedade e um mundo digital, virtual, que também distancia as pessoas, afetam os sistemas de relações humanas, de trabalho e de produção e o estilo de vida, com impactos positivos e também extremamente negativos em nossas vidas.

A virtualidade, a era digital, apesar de aparentemente conectar as pessoas, na verdade estão se transformando em uma fuga em relação ao contato verdadeiro, aquele que a gente olha nos olhos da outra pessoa, estende a mão, oferece e recebe um abraço caloroso, físico, dialoga, onde as palavras são ditas e ouvidas direta e pessoalmente, mas mesmo assim esta “realidade abstrata” avança, da vez mais, nas relações humanas, distanciando, física e emocionalmente as pessoas.

Existe uma corrida tresloucada para compartilhar fotos, figurinhas, “emojes”,  mensagens enlatadas que substituem as palavras, o objetivo é termos milhares, centenas de milhares ou até milhões de seguidores,  “amigos e amigas virtuais”, em uma demonstração fictícia de que a pessoa é popular, tem a capacidade ou a “expertise” de influenciar pessoas, daí surgem os  e as “influencers”, muitos que conseguem ganhar algum dinheiro ou até mesmo ficarem ricos, vendendo ilusões, compartilhando mentiras (fake news), discursos de ódio, ficções, enfim, ideias que, as vezes, não servem para nada.

E esta febre de trocar o mundo real pelo mundo virtual, está tomando conta de todas as camadas populacionais, tanto no Brasil quanto no mundo inteiro, está se tornando um vício, uma adição, causando uma dependência, não apenas tecnológica, mas fundamentalmente psicológica, distorcendo a cultura, como “modo de pensar, sentir e agir”, tornando-se um problema complicado e sério.

A cada dia mais crianças, bem pequenas, algumas com menos de 4, 5 ou 6 anos já acordam grudas em celulares, tabletes e outras parafernálias eletrônicas, essas crianças não sabem mais sequer operações aritméticas simples, afinal para que? O mesmo acontece com as pessoas idosas que também se tornam adictas a essas parafernálias eletrônicas. Ninguém gosta mais de ler, de refletir sobre os contornos da realidade, tudo se resume em um novo vocabulário, reduzido em palavras e maximizado em símbolos e figurinhas. A leitura e a reflexão crítica sobre a realidade perderam e estão perdendo espaço para a alienação e um mundo vazio.


Os celulares, símbolo maior deste avanço tecnológico e objeto de desejo de todas as classes, grupos sociais e faixas etárias, tem múltiplas funções, como simples operações aritméticas, como somar dois mais ou dividir dez por dois, além de terem substituído as máquinas fotográficas, os gravadores, as filmadoras, enfim, fazem tudo ou quase tudo na vida das pessoas e, com a chegada a inteligência artificial, assunto extremamente complexo e controvertido, as perspectivas são de que a chamada “alienação tecnológica” poderá  transformar e até mesmo “desconfigurar” nossas mentes (da humanidade) afetando, profundamente, as verdadeiras relações humanas, podendo representar uma nova forma de escravidão humana pelas máquinas e por quem as programam e utilizam, inclusive os donos do poder, as elites dominantes, governantes e também o crime organizado nacional e transnacional.

Neste contexto, não podemos deixar de mencionar ou de ignorar a propagação de mentiras, as famosas “fake news”, os crimes cibernéticos, onde até pessoas com altos níveis educacionais e importantes na sociedade, como foi o caso recente de uma desembargadora em Mato Grosso, que caiu no chamado “golpe do pix” ou coisa semelhante.

Além disso, a virtualidade ou o chamado mundo digital traz consigo também a invasão da privacidade, o uso indevido e as vezes criminoso da imagem pessoa, provocando sérios prejuízos, até mesmo psicológico, chegando, em alguns casos provocar o suicídio da vítima.


Parece que estamos vivendo uma realidade contida no Livro de George Orwell publicado em 08 de Junho 1949, ou seja há 70 anos, intitulado “1984”, onde ele preconiza o que seria o Estado Totalitário Comunista, onde todas as pessoas seriam vigiadas pelo “Grande irmão”, abrindo caminho para a desfiguração das relações em sociedade representado pelo totalitarismo, por todos os tipos de tortura, inclusive a tortura psicológica, que hoje já é uma realidade em todos os países, independente das ideologias dos respectivos governantes.

O livro 1984 serviu de roteiro para a produção de um filme de ficção, em 1956, que retrata na tela o que seria este estado totalitário. Eu assisti este filme em 1974, nos EUA, as imagens são tão impactantes que até hoje as guardo em minha mente. É um retrato bem real do que está ocorrendo na atualidade, onde a tecnologia une-se à ideologia e passa a ser instrumento de perseguição a todas as pessoas que se opõem aos desígnios totalitários.

Outra distorção deste mundo virtual é provocar o distanciamento mental, psicológico e social como no caso de famílias que ao estarem em uma mesa de refeição, onde antigamente eram momentos e espaços para o diálogo, para os conflitos ou enfim, momento felizes, hoje encontramos famílias e mais famílias em silêncio, cada pessoa com os celulares ou tabletes nas mãos e os olhos fixos na “telinha”, dirigindo-se `as demais apenas por monossílabos ou apenas com pequenos acenos de mãos ou de cabeça, estão se tornando pessoas cegas, surdas e mudas e, na maior parte das vezes, não falam, não ouvem e não veem o que existe em seu redor, pois estão absortas em seu mundinho virtual.


É comum em ambientes que requer silêncio ou atenção como em cinemas (cada vez menos presentes), teatros, igrejas ou em salas de aula, as pessoas esquecerem-se de que esses tipos de ambiente exigem determinadas condutas, silêncio, atenção e, quando menos se espera um celular toca alto, as vezes com músicas estridentes e as pessoas, sem o mínimo de respeito e consideração com as demais, simplesmente começam a falar alto, quase gritando, promovendo um verdadeiro distúrbio entre os presentes.

A realidade do mundo virtual é bem diferente do mundo real e pode provocar distorções na formação da personalidade, principalmente em crianças e adolescentes e também pessoas idosas, grupos considerados os mais vulneráveis, razões pelas quais, alguns países já estão implementando legislação proibindo a propriedade e  o uso dessas parafernálias eletrônicas para essas faixas populacionais, da mesma forma que proíbem a venda e o uso de drogas, lícitas ou ilícitas, como tabaco, bebidas alcoólicas, jogos que criam dependência etc.

A dependência tecnológica já está sendo considerada uma doença que exige tratamento mental, psicológico ou até mesmo psiquiátrico.

É interessante um pensamento, atribuído a um personagem, “chamado” de Mike Lonely (Mike solitário) ou algum autor anônimo, em que são retratados esses dois mundos, quando diz  que tantas almas atravessam batalhas silenciosas, tristes, mas continuam sorrindo para o mundo, como tantas pessoas que usam e abusam das tecnologias digitais para aparentarem felicidade, riqueza e estarem de bem com a vida, mas na verdade escondem a realidade verdadeira e continuam “sorrindo” para o mundo, vivem na solidão, tendo como companheira ou companheiro a angústia, a insônia, a ansiedade, a depressão, a solidão, o  isolamento social, enfim, vivem em um mundo fictício e quando descobrem isso entram em desespero e constatam que esqueceram de viver e conviver com as pessoas que estão próximas, seja na família, na escola, no ambiente do trabalho, na comunidade e nas Igrejas. ou em qualquer outro local.

Precisamos repensar como estamos “lidando” com essas parafernálias digitais e virtuais, não podemos, como seres humanos, ser transformados em máquinas, em robôs, manipulados e teleguiados por essas plataformas digitais e pela complexa e controvertida inteligência artificial, ainda pouco conhecida quanto aos verdadeiros impactos, POSITIVOS e NEGATIVOS, que terão sobre toda a humanidade!

Precisamos ser SUJEITOS, jamais OBJETOS, criadores e não apenas usuários passivos, atores e não apenas expectadores das transformações sociais, econômicas, políticas, culturais, religiosas e, claro, científicas e tecnológicas.


*Juacy da Silva, professor fundador, titular, aposentado da Universidade Federal de Mato Grosso, sociólogo, mestre em sociologia, ambientalista, articulador da Pastoral da Ecologia Integral. Email O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Instagram @profjuacy