Segunda, 07 Julho 2025 17:22

 

A Diretoria da Adufmat-Ssind, no uso de suas atribuições regimentais, convoca todos os sindicalizados para Assembleia Geral Extraordinária PRESENCIAL a se realizar:

Data: 9 de julho de 2025 (quarta-feira)

Horário: 17h30 (Cuiabá) com a presença mínima de 10% dos sindicalizados e às 18h, em segunda chamada, com os presentes.

Pauta:

1) Possa da Diretoria Colegiada ADUFMAT- Ssind biênio 2025-2027 e das Representações Locais Colegiadas dos campi de Sinop e Araguaia Biênio 2025-2027.

2) Eleição do Conselho Fiscal - Biênio 2025-2027.

 

Cuiabá, MT, 07 de julho de 2025

Gestão Lutar e Mudar as Coisas nos Interessa Mais

 

Sexta, 04 Julho 2025 16:12

 

A Adufmat-Ssind e o Andes-Sindicato Nacional convidam, ainda, toda a comunidade acadêmica da UFMT para o debate "Que autonomia queremos? Conselhos democráticos ou burocráticos?", que será realizado na terça-feira, 08/07, às 14h, presencialmente, no auditório do Instituto de Educação (IE).

Novamente, a convidada para provocar reflexões sobre o tema será a professora da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), Ana Luisa A. de Oliveira. Graduada em Agronomia e doutora em Desenvolviento Rural, em abril deste ano foi a primeira docente negra aprovada pelo sistema de cotas da instituição.

Na ocasião, a docente partilhará das experiências na Univasf e de outras universidades, para que os presentes possam localizar os desafios que a própria UFMT ainda deve enfrentar e superar em sua democracia interna para o cumprimento efetivo dos direitos da comunidade.

 

Data: 08/07 (terça-feira)

Horário: 14h

Local: Auditório do IE e também online no Facebook da Adufmat-Ssind (clique aqui).

Sexta, 04 Julho 2025 14:16

 

A Comissão Eleitoral informa que a Seção 8 - Local de votação para a Diretoria e representações locais da Adufmat-Ssind 2025 no Hospital Julio Müller mudou para Sala 2 do Bloco Didático HUJM. 

Sexta, 04 Julho 2025 14:16

A Comissão Eleitoral informa que a Seção 8 - Local de votação para a Diretoria e representações locais da Adufmat-Ssind 2025 no Hospital Julio Müller mudou para Sala 2 do Bloco Didático HUJM. 

Sexta, 04 Julho 2025 09:46

Foto: Eline Luz / Imprensa ANDES-SN

O ANDES-SN e as demais entidades do Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos Federais (Fonasefe) iniciaram o mês de julho com uma Jornada de Lutas contra a Reforma Administrativa. Em 28 de maio, foi criado um grupo de trabalho (GT) na Câmara dos Deputados para elaborar uma proposta que vise "diminuir a máquina pública".

Nessa quarta-feira (2), a ministra do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), Esther Dweck, participaria de reunião do GT, na Câmara dos Deputados. O encontro foi cancelado e ainda não há nova data.

Na Jornada de Lutas contra a Reforma Administrativa estão previstas outras atividades para pressionar as e os parlamentares a se posicionarem contra qualquer medida que ataque os direitos de servidores e servidoras e que contribua para o desmonte dos serviços públicos. 

Na próxima segunda-feira (7), a partir das 8 horas, haverá concentração em frente ao Anexo II da Câmara dos Deputados. Já no dia seguinte (8), acontecerá o Seminário sobre a Reforma Administrativa da Frente Parlamentar do Serviço Público, no Auditório Nereu Ramos da Câmara. No dia 14, data prevista para apresentação do relatório final do GT da Reforma Administrativa e sua possível votação, o Fonasefe realizará um ato contra a Reforma Administrativa, também no Anexo II da Câmara dos Deputados.

ANDES-SN critica metodologia do GT 

Criado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), o grupo é coordenado pelo deputado Pedro Paulo (PSD-RJ) e tem o prazo de 45 dias para apresentar um relatório. Motta, entretanto, já afirmou que pretende apresentar o relatório final no dia 14 de julho.

No dia 17 de junho, durante audiência pública na Câmara dos Deputados, o ANDES-SN criticou a metodologia aligeirada do GT e a ausência de um amplo debate público, diante do impacto que a medida pode ter. Na ocasião, o Sindicato Nacional denunciou a natureza da reforma e suas intenções de acabar com direitos de servidoras e servidores públicos como, por exemplo, o direito de greve e a estabilidade, sob o argumento de cortar privilégios e megassalários.

Veja a íntegra da audiência do dia 17 de junho.

Não há gasto excessivo com servidoras e servidores

A criação do GT retoma a discussão da reforma Administrativa no Congresso Nacional, projeto que busca a destruição dos serviços públicos no Brasil. No governo Bolsonaro, a proposta de contrarreforma (PEC 32/20) foi retirada de pauta após muita luta das servidoras e dos servidores públicos federais. No ano passado, o então presidente da Câmara dos Deputados Arthur Lira (PP-AL), tentou pautar novamente o tema, sem sucesso. 

O debate traz novamente o mito de que o Brasil gasta excessivamente com as servidoras e os servidores públicos. O Fonasefe divulgou estudo, com base em dados do Portal da Transparência e da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), que demonstra a falácia dessa argumentação. 

Conforme o levantamento, há 24 anos, o gasto com servidores e servidoras está abaixo de 50% do teto previsto na LRF. O país gasta cerca de 13% do PIB com a mão de obra dos serviços públicos, menos que a média dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que é de 17%.

O Brasil, mesmo sendo um país continental, possui apenas 12% da força de trabalho nos serviços públicos das três esferas, atrás do Chile (13,10%), dos EUA (13,56%) e do Reino Unido (22,63%), por exemplo. O índice também é muito menor que a média da OCDE, de 23,48%.Veja aqui o estudo.
 

 

Confira o calendário de mobilizações da Jornada de Lutas: 

- 7 julho, às 8h - Concentração em frente ao Anexo II da Câmara dos Deputados – data prevista para a apresentação do Relatório Preliminar do GT da Reforma Administrativa;
- 8 julho, 13h às 18h - Seminário sobre a Reforma Administrativa da Frente Parlamentar do Serviço Público, no Auditório Nereu Ramos, na Câmara dos Deputados;
- 14 julho - Ato contra a Reforma Administrativa - concentração no Anexo II da Câmara dos Deputados - data prevista para apresentação do Relatório Final do GT da Reforma Administrativa.

 

Fonte: Andes-SN

Quinta, 03 Julho 2025 16:16

 

A Adufmat-Ssind e o Andes-Sindicato Nacional convidam toda a comunidade acadêmica da UFMT para o evento "Sou Docente Antirracista: por uma política de reparação das vagas de docentes cotistas", que será realizado nesta segunda-feira, 07/07, às 14h, presencialmente, no auditório do Instituto de Ciências Humanas e Sociais (ICHS).

A convidada para provocar reflexões sobre o tema é a professora da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), Ana Luisa A. de Oliveira. Graduada em Agronomia e doutora em Desenvolviento Rural, em abril deste ano foi a primeira docente negra aprovada pelo sistema de cotas da instituição.

Na ocasião, a professora apresentará resultados de pesquisa que denuncia equívocos na implementação da Lei de Cotas nos concursos da UFMT e apontará ações necessárias para a reparação da oferta de vagas.

Em junho deste ano foi sancionada a Lei 15.142/25, que amplia e atualiza a política de cotas no serviço público federal vigente desde 2014. Com a nova legislação, 30% das vagas em concursos públicos e seleções temporárias serão reservadas para pessoas negras, indígenas e quilombolas.

O evento será gratuito e aberto a todos os interessados.  

Quinta, 03 Julho 2025 13:58

 

A terceira edição da segunda temporada do programa do ANDES-SN “Carreira Docente em Movimento” foi disponibilizada no canal do youtube do sindicato, na última segunda-feira (30). O programa debate temas fundamentais relacionados à carreira docente, esclarece dúvidas da categoria, reafirma a luta por direitos e fortalece a organização coletiva.

Nesta edição, participam Gilberto Calil, 1º vice-presidente da Regional Sul do ANDES-SN, e Jennifer Webb, 1ª tesoureira do Sindicato Nacional. Ambos integram a coordenação do Grupo de Trabalho de Carreira (GT Carreira) e abordam as diretrizes da carreira docente definidas no 15º Conad Extraordinário.

O piso e a malha salarial, pilares para uma carreira docente valorizada, foram temas da terceira edição desta segunda temporada. A malha deve ser estruturada em cinco elementos, articulados, para garantir remuneração justa ao longo da trajetória profissional.

O primeiro elemento é o salário-base, que serve de referência para todos os adicionais, constituindo uma linha única de remuneração. Em seguida, vêm os níveis, por meio dos quais as e os docentes avançam na carreira. Os mesmos devem ser articulados, considerando o tempo de permanência em cada nível e o percentual de acréscimo correspondente. 

O terceiro ponto são os anuênios, adicionais relacionados à passagem do tempo, seja ânuo, biênios, triênios e quinquênios. A malha salarial também inclui o adicional de titulação e o percentual para Dedicação Exclusiva.

Nova temporada 

Após dez edições realizadas no ano passado, o “Carreira Docente em Movimento” retorna em sua segunda temporada, com foco nas diretrizes definidas durante o 15º Conad Extraordinário, realizado em Brasília (DF), reforçando a importância da mobilização em torno da carreira única.

A participação da categoria é fundamental para fortalecer o debate. Envie suas dúvidas e sugestões para o programa pelo e-mail: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo..
 
Clique aqui e confira o vídeo “O piso e a malha salarial”. 

 

Fonte: Andes-SN

Quinta, 03 Julho 2025 13:54

 

As e os docentes da Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg) estão em luta contra a tentativa do governo de Minas Gerais de privatização da instituição. Medida proposta pelo governador Zema (Novo) autoriza a transferência da gestão da Uemg e de seu patrimônio - bens móveis e imóveis - para a União, como parte do pagamento da dívida do estado. 

“Ao longo do mês de junho, foram realizados muitos atos e plenárias locais, nas 22 unidades acadêmicas que compõem a universidade. No dia 1º de julho ocorreu uma grande mobilização dos e das docentes, estudantes e técnico-administrativos. Nesse dia, foram realizadas uma audiência pública em defesa da Uemg, na Assembleia Legislativa, uma assembleia docente para deliberação do calendário de lutas pelo arquivamento dos Projetos de Lei (PL), e um grande ato unificado com outras categorias de servidores públicos contra as privatizações em curso no estado de Minas”, destaca a 2ª tesoureira da Regional Leste do ANDES-SN, Wilma Lucena.

Os meses de maio e junho foram marcados por ataques sistemáticos do governo mineiro à Uemg. Primeiro, a comunidade acadêmica foi surpreendida com os PLs 3.733/25 e 3.738/25, apresentados pelo Executivo à Assembleia Legislativa, no dia 8 de maio, que visam o fim do patrimônio da universidade, bem como sua privatização. “Logo após, o vice-governador fez declarações públicas à imprensa confirmando os reais objetivos dos referidos PLs, desrespeitando o papel e a importância da Uemg para Minas Gerais e ameaçando sua autonomia universitária. E, mais recentemente, a gestão da universidade foi surpreendida com a impossibilidade de novas contratações e/ou renovação de contratos de técnico-administrativos, o que implica na demissão de dezenas de servidores que são fundamentais para o bom funcionamento das atividades acadêmicas”, acrescenta Wilma. 

No total, são 14 proposições que preparam o terreno para adesão do Estado ao Propag (Programa de Pleno Pagamento da Dívida do Governo Federal), criado pela Lei Complementar Federal 212/25 e regulamentado pelo Decreto 12433/25. O PL 3.733 autoriza a transferência de bens imóveis do estado e de suas fundações para o governo federal. Já o PL 3.738 trata especificamente da transferência da gestão da Uemg e de todo o seu patrimônio para a União.

De acordo com Cássio Diniz, da diretoria colegiada da Associação dos Docentes da Uemg (Aduemg – Seção Sindical do ANDES-SN), a universidade é a que sofre, na atualidade, o maior ataque contra às instituições públicas do país. “Estamos enfrentando um grande risco de extinção da nossa universidade. A Uemg tem uma importância estratégica muito grande no desenvolvimento social e econômico do estado. É uma universidade multicampi, com 22 unidades acadêmicas, na capital e em cidades do interior. Hoje, conta com quase 22 mil estudantes de graduação e pós-graduação, quase 1.800 professores e professoras e centenas de técnicas e técnicos administrativos. É uma universidade que tem uma importância estratégica muito grande no desenvolvimento social e econômico do estado”, reforça Diniz.

O professor afirma que o dia 1º de julho será um marco na defesa da Uemg. “Enfrentamos um governo de extrema direita ultraliberal, que quer destruir a máquina pública, quer destruir os serviços públicos. A luta da nossa categoria e da comunidade acadêmica precisa ser uma trincheira forte contra esse projeto, que visa acabar com os direitos sociais, o direito à educação pública, o direito à vida da nossa sociedade em Minas Gerais e no próprio Brasil. Chamamos todos e todas a participarem do protesto no dia 1º, em Belo Horizonte, que contará com caravanas tanto da capital quanto do interior”, conclama.

Invenção da Uemg fortalece pesquisa nacional aplicada 

No dia 24 de junho, a Uemg realizou cerimônia para marcar a concessão da Carta Patente nº BR 102022017643-4, que reconhece, oficialmente, a invenção intitulada “Compósito, processo de obtenção e uso de estruturas tridimensionais fabricadas a partir do processo de modelagem por fusão e deposição”, o que demonstra a importância da universidade para o país. 

A invenção tem aplicação em materiais capazes de absorver radiação eletromagnética na faixa de micro-ondas, contribuindo para o desenvolvimento de dispositivos com menor detecção por radares. 

A Carta Patente é fruto de uma parceria entre a Uemg, o Centro Tecnológico do Exército, o Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG), a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e o Instituto de Estudos Avançados (IEAV).

Manifesto contra a extinção da Uemg

Assine o manifesto da Comunidade Universitária da Uemg contra a venda de seu patrimônio e pelo arquivamento imediato dos PLs 3733/25 e 3738/25. A transferência da gestão e dos bens móveis e imóveis da Uemg à União não é negociável. A Uemg não está à venda!

Quinta, 03 Julho 2025 09:57

 

 

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Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
 
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Por Danilo de Souza*

  

 Se o domínio do fogo foi a primeira grande virada energética da história dos Sapiens, a segunda revolução não foi menos transformadora: trata-se do domínio da fotossíntese, ou, dito de outra forma, da invenção da agricultura. Nesse momento-chave da história dos Sapiens, esta espécie deixou de depender exclusivamente da coleta e da caça de alimentos silvestres e passou a produzir, armazenar e planejar sua energia alimentar. Dominar a fotossíntese significou submeter os ciclos naturais das plantas ao controle dos Sapiens, e com isso redefinir para sempre a forma como se relacionam com o tempo, o espaço e a natureza.


É importante destacar que a agricultura não surgiu como um evento isolado, mas como um conjunto de práticas que emergiram de forma independente em diferentes regiões do mundo entre 10 e 12 mil anos atrás, como na Crescente Fértil, no Sahel africano, na China, na Mesoamérica e nos Andes. Jared Diamond (2005), em seu clássico Guns, Germs and Steel, chama esse processo de “transição de caçadores-coletores para agricultores”, e argumenta que foi ela que estabeleceu as bases para o desenvolvimento de civilizações complexas, com escrita, hierarquia e tecnologia. O que está por trás dessa transição não é apenas a produção de comida, é a reorganização completa da matriz energética que possibilita a reprodução dos Sapiens e o seu avanço na biosfera.

 


 

 

Nesse cenário, ao cultivar grãos e raízes, ao domesticar plantas que transformam energia solar em biomassa comestível, os Sapiens criaram um novo ecossistema artificial, o campo agrícola, do qual passaram a depender. A energia, que antes era captada por forrageamento em áreas silvestres, passou a ser concentrada em áreas delimitadas, plantadas e protegidas. Esse domínio da fotossíntese trouxe como consequência direta o aumento da densidade populacional, a fixação no território, a criação de excedentes, e, posteriormente, a necessidade de desenvolvimento da estrutura atualmente chamada de Estado.


Como evidenciam Mazoyer e Roudart (2010), no livro intitulado História das Agriculturas no Mundo, esse processo foi, ao mesmo tempo, técnico e social. Não bastava plantar: era preciso desenvolver ferramentas, rotinas, conhecimentos empíricos sobre solo, clima e estações. Era necessário, sobretudo, criar regras de partilha, definir propriedade, inventar o imposto, instituir o calendário. O ciclo da planta tornou-se o ciclo da sociedade. A sazonalidade da energia fotossintética moldou, além do prato dos Sapiens, os seus mitos, suas religiões e suas guerras.


O solo, o arado, o grão e a colheita passaram a ser objetos de disputa. A revolução agrícola não democratizou o acesso à energia, ela criou, pelo contrário, novas desigualdades. Pimentel (2008), no livro Food, Energy and Society, alerta para o fato de que o cultivo intensivo e a monocultura alteraram drasticamente o balanço energético dos sistemas ecológicos. Cada caloria produzida passou a demandar trabalho humano, animal ou, mais tarde, combustível fóssil. A agricultura, que parecia libertar os Sapiens da escassez, passou a exigir sua servidão ao campo em um primeiro momento.
Essa mudança se reflete na própria fisiologia humana e na organização do trabalho. Populações agrícolas, como mostram os registros esqueléticos, apresentaram diminuição na estatura média, aumento de doenças ósseas e menor diversidade nutricional. A energia calórica passou a ser obtida em maior quantidade, mas com menor qualidade. O pão substituiu a carne, e o mingau, o fruto. Alimentar-se tornou-se uma rotina repetitiva, e trabalhar a terra, uma obrigação diária.


No entanto, o domínio da fotossíntese permitiu a multiplicação de pessoas por hectare, a formação de cidades, e a especialização do trabalho. Um grupo podia plantar, outro guerrear, outro rezar. A energia solar, capturada pelas folhas das plantas e acumulada em grãos e frutos, tornou-se a base invisível de todas as pirâmides sociais. A energia da fotossíntese, que até então era difusa na paisagem, foi domesticada e centralizada. A agricultura fez dos Sapiens, além de agricultores, também soldados, escravos e imperadores.


Jared Diamond (2005) argumenta que os continentes onde a agricultura surgiu de forma mais produtiva, com espécies domesticáveis ricas em proteínas e fácil armazenamento (como o trigo, a cevada, o arroz), foram os mesmos que originaram os impérios expansionistas. A vantagem energética derivada do domínio da fotossíntese não se limitou à nutrição, ela se traduziu em capacidade de sustentar exércitos, gerar excedentes e financiar inovação. Foi, portanto, uma vantagem geopolítica.


Mazoyer e Roudart (2010), por outro lado, ressaltam o papel da agricultura como vetor de desigualdade global. Enquanto algumas regiões intensificaram suas práticas, mecanizaram e acumularam capital, outras permaneceram presas a sistemas tradicionais com baixa produtividade. O domínio da fotossíntese, nesse sentido, é também a história do desequilíbrio energético entre povos, regiões e classes sociais. A monocultura exportadora, o latifúndio, a dependência alimentar, todos são legados dessa segunda revolução energética.


Pimentel (2008), com foco no balanço ecológico, chama atenção para os custos energéticos da agricultura moderna: erosão do solo, perda de biodiversidade, uso intensivo de fertilizantes e defensivos. A fotossíntese, embora gratuita e renovável, exige contexto ecológico estável. Ao desequilibrar o ciclo natural com práticas agrícolas agressivas, os humanos colocaram em risco justamente aquilo que pretendiam dominar: a capacidade das plantas de transformar luz solar em vida.


No plano simbólico, a agricultura moldou as cosmovisões humanas. Deuses da colheita, rituais de fertilidade, festas de plantio e colheita estão presentes em praticamente todas as culturas camponesas. A semente enterrada que renasce foi, por séculos, metáfora da própria existência humana. A energia solar internalizada na planta passou a ser vista como milagre, como bênção, como dádiva, e, também, como punição, quando falhava.


Do ponto de vista energético, o domínio da fotossíntese foi a segunda grande conversão da história dos Sapiens: da energia do fogo à energia do sol transformada em amido, fibra e proteína. Diferentemente da energia química do fogo, a energia da agricultura é mais lenta, mais cíclica, mais dependente do tempo. Mas é, ao mesmo tempo, mais produtiva em termos de densidade populacional, e mais estratégica em termos de poder.
Com o domínio da fotossíntese, os Sapiens tornaram-se dominantes de processos mais complexos de conversão de energia, não apenas consumidores. Deixamos de perseguir alimentos para fazer com que eles crescessem diante de nós.


Se a primeira revolução energética, o fogo, nos deu sobretudo a ampliação do cérebro, a segunda, a agricultura, nos deu a civilização.


OBS: Coluna publicada mensalmente na revista - "O Setor Elétrico".

*Danilo de Souza é professor na FAET/UFMT e pesquisador no NIEPE/FE/UFMT e no Instituto de Energia e Ambiente IEE/USP.