Estatísticas recentes indicam que mais de cinquenta milhões de brasileiros, para não serem vítimas da omissão constitucional do Estado, utilizam algum plano ou seguro de saúde para sua manutenção pessoal.
Comercializada, a relação médico-paciente desaparece, surgindo um vínculo voltado ao lucro, inviabilizando o exercício da medicina hipocrática, pontuada muito bem pelo Presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM).
O médico passa a ser chamado de “prestador de serviço” e o cliente de “usuário”.
O antigo facultativo é remunerado pelas leis do mercado, e os contratos de serviços prestados receberam o apelido de “pacotes” e “pacotinhos”.
Os honorários profissionais desapareceram dos trabalhos médicos e o mercantilismo atingiu também o ensino da medicina, onde centenas de novas escolas foram autorizadas a funcionar a partir de 2003, sendo que 69% delas são privadas.
As mensalidades nessas escolas privadas chegam a atingir a incrível cifra de onze mil reais mensais, ficando na média de cinco mil e quatrocentos reais.
O Ministério da Educação, através de normas, define critérios para um município sediar uma escola médica, entretanto, os mesmos nem sempre são respeitados, segundo o Conselho Federal de Medicina.
Essas escolas, assim criadas e implantadas, confiam na cumplicidade ou incapacidade de fiscalização do MEC que, com deficiência de técnicos e recursos financeiros, acaba com os sonhos dos estudantes de frequentar uma qualificada casa de ensino.
Dessa forma, a segurança dos pacientes com bons médicos no sistema de saúde termina frequentemente em enorme frustração.
É oferecido à população um ensino-aprendizado de péssima qualidade, formando profissionais com insuficiência de conhecimentos científicos para o exercício da mais humana das profissões.
É intolerável esta realidade, que tem como sustentação, apenas, ganhos empresariais e ambições político-partidárias.
Temos de tratar de obter propostas de interesse público, e apagar esse vergonhoso quadro.
Gabriel Novis Neves
26/10/2015
JUACY DA SILVA*
Líderes do G20, grupo formado pelos 20 países com as maiores economias do mundo estão reunidos em Antalya, na Turquia para discutir e analisar os principais desafios que afetam não apenas esses países, mas o mundo todo.
Diversos temas constam da pauta dessas reuniões do G20, incluindo a situação da economia mundial, com destaque para a recessão ainda presente em vários países, inclusive o Brasil; a inflação que começa a acelerar em vários países; o desemprego, os subsídios que ainda são oferecidos para as fontes de energia baseadas em combustíveis fósseis e dificultam a viabilidade econômica das fontes limpas e alternativas, fundamentais para um desenvolvimento sustentável.
Na segunda feira, 16 de novembro, o Presidente OBAMA concedeu uma longa entrevista a mais de cem profissionais de imprensa de vários países quando destacou alguns aspectos, considerados por ele como importantes e que foram discutidos na reunião de cúpula do G20.
Além das questões econômicas já mencionadas Obama destacou três temas que mereceram uma discussão mais aprofundada: a) a questão do espaço cibernético, guerra e segurança cibernéticas; b) a questão das mudanças climáticas e a conferência do clima que deverá ser realizada em Paris dentro de duas semanas e a necessidade de um avanço para não apenas controlar as emissões de gases que provocam o efeito estufa, mas para conseguir um acordo para a sua redução significativa, e, finalmente, c) o combate ao terrorismo, principalmente a partir dos atentados praticados pelo Estado Islâmico no último final de semana em Paris.
Praticamente todos os questionamentos dos profissionais de imprensa presentes na coletiva versavam sobre este ultimo tema. Os principais questionamentos apresentados ao presidente Americano estavam direcionados principalmente sobre a estratégia do governo Obama que se recusa a enviar tropas americanas para combates terrestres.
Além de caracterizar o Estado Islâmico como a face do demônio, Obama enfatizou alguns aspectos importantes nesta Guerra. Primeiro, a necessidade de uma maior cooperação entre os diversos países, principalmente os que integram o G20,tanto em relação aos meios militares, inteligência quanto no estrangulamento econômico e diplomático, bem como reduzir até extinguir o espaço do que pretende o ISIS que deseja transformar-se em um califado, com território definido e governo constituído.
Obama fez questão de defender também que o mundo ocidental seja solidário e apoie uma solução para mais de um milhão de imigrantes sírios que estão sendo perseguidos e mortos pelo ISIS, independente de que esses refugiados sejam mulçumanos, cristãos ou de outras religiões. Reafirmou também que o ISIS não representa o islamismo, mas apenas um grupo terrorista composto de fanáticos e assassinos.
Finalmente OBAMA disse que em face do terrorismo seu governo tem dois grandes objetivos estratégicos: primeiro, manter a segurança física do território Americano, incluindo a população e os interesses nacionais dos EUA ao redor do mundo e, segundo, negar espaço de ação para o ISIS tanto na Síria e Iraque, destruindo suas bases de treinamento, suprimentos de armas e sua base econômica e financeira, procurando também eliminar seus líderes como aconteceu com a Al Qaeda, principalmente após o assassinato de seu líder maior, Osama Bin Laden, praticamente o fim do referido grupo terrorista.
Como última mensagem Obama disse que com certeza à medida que tanto curdos, quanto outros grupos insurgentes que lutam contra o Governo sírio conseguirem reconquistar esses territórios, com certeza o ISIS irá se transformar em apenas um grupo terrorista sem território e com toda a certeza não terá espaço para planejar suas ações e treinar seus membros e que o governo Americano e outros países aliados irão combater o ISIS ao redor do mundo até que o mesmo seja totalmente derrotado e desapareça.
Neste sentido OBAMA afirmou que até o momento 65países já se comprometeram a juntarem-se aos esforços Americanos e europeus para que esta Guerra, que tem seus objetivos e estratégias diferentes de uma Guerra convencional, que será de longa duração, possa ter êxito e devolver a paz tanto ao Oriente médio, norte da África quanto na Europa e em outros países, enfim, levar este combate decisivo a todos os locais em que o terrorismo tente impor suas práticas e ações suicidas. A paz verdadeira e duradoura somente será possível com a eliminação do terrorismo que tanto medo e pavor acarreta às pessoas e à população em geral.
*JUACY DA SILVA, professor universitário, fundador, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia, articulista e colaborador de jornais, sites e blogs. Email O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Twitter@profjuacy Blog www.professorjuacy.blogspot.com
Roberto Boaventura da Silva Sá
Dr. Jornalismo/USP; Prof. Literatura/UFMT
A semana que passou foi uma daquelas que ninguém gostaria de ver repetida.
No âmbito nacional, duas barragens se romperam em Mariana, uma das cidades históricas do ciclo do outro em Minas Gerais. Hoje, ao invés do metal que abundava no século XVIII, enriquecendo nações europeias, o que vemos é uma onda gigantesca de lama de dejetos de uma mineradora. A lama já extinguiu a vida de antigos povoados, bem como o ecossistema de uma vasta região.
Todavia, por mais danos que aquela lama tenha provocado, e ainda provocará, nada se compara ao lamaçal político diário que estamos vivendo há muito tempo em nosso país. Pelo viés de cortes orçamentários, esse tipo de lama extingui vidas humanas diariamente.
No plano internacional, perplexidades. Na luta entre jihadistas e valores ocidentais, muitos deles realmente absurdos, consoante as palavras do historiador Robert Darnton (Folha de S.Paulo; 17/11/2015: A11), o “coração mais civilizado do Ocidente”, há poucos dias, foi bombardeado.
A “Cidade Luz”, da antiga e glamorosa “belle époque”, hoje, é uma cidade que vive uma “époque d’enfer”. Literalmente, um show foi interrompido. Vidas humanas foram extintas sem aviso prévio. Agora, fazer soar novas notas e acordes musicais, sem sentir o pânico de ouvir algum barulho ensurdecedor de outras bombas e/ou o estampido de tiros, será desafio imenso a todos os mortais que, politicamente, estão do lado onde se põe o sol na Terra.
Mas não continuarei a falar das extinções de Mariana, nem das de Paris. Falarei de outra tragédia; falarei do abandono da sala de aula por parte também de ex-estudantes que mal assumiram vagas de concursos públicos para professores efetivos realizados alhures.
Na verdade, esta não é a primeira vez que trato do tema; e o faço, agora, aproveitando o conteúdo da matéria “São Paulo enfrenta saída recorde de professores” (Folha de SPaulo; 17/11/2015: B1).
Na essência, embora a matéria da Folha se circunscreva a São Paulo, essa realidade é nacional. E os motivos centrais por esse abandono de lá são semelhantes também, quando não os mesmos, aos de outros lugares país afora.
E quais são os motivos que estão afastando os professores da escola?
Vários. Acima de todos, os salários que já beiram a humilhação social. Somam-se a isso outras motivações: o excesso de carga horário de trabalho em sala de aula; a dupla ou tripla jornada de trabalho, geralmente em diferentes colégios; o excesso de alunos em salas nem sempre adequadas; o excesso de atividades extra sala de aula (elaboração e correção de provas e atividades diversas); a falta de estrutura física de muitas unidades escolares; a falta de recursos tecnológicos em diversos lugares do país; a falta de manutenção dos recursos tecnológicos, quando eles existem; a desmedida competição incentivada entre os pares; a ausência de limites sociais por parte da maioria das crianças, adolescentes e jovens; a constante exposição a atos violentos por parte de estudantes, de pais e de polícias militares, especialmente quando os professores estão em greve.
Diante desse quadro, ou mudamos quase tudo na educação brasileira ou, em breve, teremos uma carência de professores “nunca antes vista na história...”
P.S.: Na contramão desse tipo de abandono, registro minha admiração aos professores, estudantes, pais e membros de movimentos sociais que ficaram e ocuparam, dias atrás, várias escolas ameaçadas de serem fechadas exatamente pelo governo paulista. Foi uma rica e emocionante aula magna de cidadania.
Professor Odorico Ferreira Cardoso Neto
UFMT/CUA/ICHS
Em Barra do Garças, desde 1999, por meio da Lei Complementar nº. 049/99, a carreira do magistério era organizada nos mesmos padrões da Lei Complementar nº050/98 do estado de Mato Grosso.
A Lei Complementar nº 162 de 03 julho de 2014 que alterou os dispositivos da Lei Complementar nº 049 de 17 de maio de 1999 e da Lei Complementar nº 151 de 05 de julho de 2013, historicamente, retirou a condição de vanguarda educacional do município, trazendo retrocesso, desrespeito e luto aos profissionais da educação municipal. A ação de tornar a educação municipal “anoréxica” foi do prefeito apoiada por nove (09) parlamentares. O que foi alterado?
Art.2º - Para efeitos desta Lei Complementar, entende-se por profissionais do magistério público da educação básica aqueles que desempenham as atividades de docência ou as de suporte pedagógico à docência, isto é, direção ou administração, planejamento, inspeção, supervisão, orientação e coordenação educacionais, exercidas no âmbito das unidades escolares da educação básica, em suas diversas etapas e modalidades.
Art. 44 – Fica implantado por esta Lei Complementar em consonância com a Lei Federal nº 11.738/2008, o piso salarial nacional para os profissionais do magistério público da educação básica, na forma de subsídio, em parcela única, para jornada de, no máximo, 40 (quarenta) horas semanais; referentes às demais jornadas de trabalho, serão proporcionais ao valor do piso salarial.
Parágrafo único – A implantação pela Lei do piso nacional da educação básica compreende somente aos profissionais mencionados no artigo 2º desta Lei Federal nº 11.738/2008, não alterando vencimento dos demais servidores, cujos reajustes obedecerão ao regime normal de recomposição salarial da Municipalidade.
O professor e vereador Kiko em manifesto dirigido ao prefeito Roberto Ângelo Farias, ao Presidente do PT e Vice – Prefeito Mauro Gomes Piauí, aos dirigentes e militantes da Educação e aos vereador@s assim se expressou em relação à derrubada da Lei Complementar 049/99:
[...] Quando Vossa Excelência mandou o projeto de lei, dispondo sobre a alteração da Lei Complementar 049/99 sem discutir com os educadores, com a Secretária de Educação, com o líder do prefeito na Câmara, que é professor, mudando coeficientes, achatando a carreira do magistério, excluindo em torno de 400 profissionais da educação da carreira, não visualizo alternativa que não seja sair da liderança do governo. [...] Mexer na carreira dos profissionais da educação para assegurar o pagamento do piso nacional, retirando dela os técnicos administrativos e o apoio administrativo representa retrocesso nas lutas históricas, havendo quebra no pacto pela educação de qualidade. A carreira está consolidada e o piso é uma conquista a partir de 2009 não implementada em nosso município.
O que estava escrito na Lei Complementar nº. 049/99?
TÍTULO II
DA ESTRUTURA DA CARREIRA DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA
CAPÍTULO I
DA CONSTITUIÇÃO DA CARREIRA
Art. 3° A carreira dos Profissionais da Educação Básica é constituída de três cargos:
I - Professor - composto das atribuições inerentes às atividades de docência, de coordenação e assessoramento pedagógico, e de direção de unidade escolar;
II - Técnico Administrativo Educacional - composto de atribuições inerentes às atividades de administração escolar de multimeios didáticos e outras que exijam formações específicas; e
III - Apoio Administrativo Educacional - composto de atribuições inerentes às atividades de nutrição escolar, de manutenção de infraestrutura e de transporte, ou outras que requeiram formação em nível de ensino fundamental.
A Lei Complementar 049/99 foi desestruturada, tendo em vista que houve quebra na composição da carreira, permeado de um retrocesso de praticamente de quinze (15) anos de história. A lei aprovada vem sendo contestada judicialmente, o prefeito chegou a ser afastado do cargo por não cumprimento de decisão judicial, contudo retomou ao cargo. Perdeu mais dois recursos, mas ações protelatórias continuam respaldando a decisão de não fazer pela valorização do magistério.
Os últimos acontecimentos em relação à epopéia do piso apontam que no dia 12/11/2015 o Supremo Tribunal Federal suspendeu a liminar que mandava pagar o piso. A suspensão teve apoio do Procurador Geral do Ministério Público Federal Rodrigo Janot.
A LIMINAR suspensa ordenava que o réu (Prefeitura de Barra do Garças) cumpra a Lei do piso nacional de forma determinada pela “lei 11.738/2008, observando os coeficientes fixados na Lei Complementar nº 133/2010, para os profissionais do Magistério público da educação básica, classes “B, C, D e E”, neste município, sob pena de multa diária, no importe de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), em face da flagrante inconstitucionalidade do art. 49, relativo aos coeficientes fixados tanto na Lei Complementar n° 151 de 05 de Julho de 2013 quanto no projeto de Lei Complementar 007/2014, transformado na Lei Complementar nº162/2014.”
Um “desinformativo” local se apressou em dizer que a prefeitura de Barra do Garças está pagando o piso nacional dos professores desde 2013. A decisão de novembro não é de mérito. O “juridiquês” ensina que “LIMINAR significa início, começo. No linguajar jurídico, medida liminar é a decisão que analisa um pedido urgente. É uma decisão precária, uma vez que a medida pode ser revogada e o direito sob análise pode ou não ser reconhecido no julgamento de mérito da causa”.
O que o prefeito alega para continuar sem pagar o piso? Alega que se pagar estará sob grave ameaça de lesão à ordem e à economia públicas, circunstância que justificaria a sua motivação para continuar penalizando os profissionais da educação.
Aos desavisados que acham que cobrar “plano de governo seja coisa de canalha”, que “quem se junta a pau de galinheiro, pau de galinheiro é”, para quem acha que continuar lutando por educação de qualidade é coisa de “hipócrita”, continuo no firme propósito de não se curvar aos que lesam os educadores e cometem estelionato eleitoral.
Continuamos na luta, pois acreditamos: “nenhum direito a menos, nenhum passo atrás”
Nasci em casa, na “Rua de Baixo” (Galdino Pimentel, há oitenta anos, onde morei até aos onze anos de idade.
Depois, vivi na “Rua do Campo” (Barão de Melgaço) até aos dezessete anos, quando fui concluir o ensino médio (Colégio Anglo Americano) e Medicina na Praia Vermelha (hoje UFRJ), no Rio de Janeiro.
Sou produto do hoje Centro Histórico de Cuiabá, totalmente abandonado pelas nossas autoridades.
Permaneci cerca de doze anos na “Cidade Maravilhosa”. Durante este período residi em treze endereços diferentes em seis bairros, todos na zona sul pelas proximidades com minha escola.
Comecei alugando vaga em quarto e terminei em uma quitinete.
Esse período de “pula-pula” foi enriquecedor! Absorvi muita coisa útil para a minha vida.
Tempo de enriquecimento humanístico, para consolidar a minha educação caseira de menino do interior, com aquisição de novos valores que só me trouxeram benefícios.
Tive muita sorte em frequentar uma excelente Escola de Medicina, com professores que disputaram o Nobel de Fisiologia (Thales Martins), que perdeu para o argentino Houssay, em cujo livro eu estudei.
O nosso professor de Biofísica (Carlos Chagas Filho) era um dos consultores científicos do Vaticano. O corpo docente da Praia Vermelha era composto pelos melhores mestres do Brasil.
Tinha colegas estrangeiros e de praticamente todos os Estados brasileiros, pois na ocasião possuíamos apenas vinte e três escolas para o ensino médico.
O Rio ainda era a capital do Brasil e vivia um momento mágico de efervescência cultural com o surgimento da “bossa nova”. Elenco de jovens músicos e compositores universitários, tendo como líder o poeta Vinícius de Morais, diplomata de carreira do Itamaraty.
O Rio era uma cidade alegre, onde não temíamos assaltos ou arrastões.
Namorava-se nos bancos das praias com a maior tranquilidade, e nosso transporte predileto (por ser barato), eram os bondes da Light.
Cinemas, teatros, dancings, bares, boates e restaurantes eram a cara do Rio.
Copacabana, com sua famosa praia, era chamada de “princesinha do mar”, mas, o Arpoador no Posto 9, era o que havia de mais sofisticado em termos de praias, com as suas lindas mulheres.
Na época, o Leblon era o fim do mundo e Ipanema a capital do Rio de Janeiro, por mérito.
Terminei o meu curso de medicina e fiquei mais cinco anos me preparando para ser médico do interior.
Retornei à Cuiabá e encontrei o Centro de Cuiabá bastante transformado, para pior.
As residências desapareceram e deram lugar ao comércio.
Depois de tudo deturpado, como é hábito acontecer, a região foi tombada, e hoje pertence ao Patrimônio Histórico Nacional.
Seus casarões terminaram em ruínas, outros foram demolidos para dar lugar a lojas comerciais, como a casa onde nasci.
As calçadas, com suas cadeiras de balanço, eram verdadeiras salas de visitas, e foram substituídas por moradias de dependentes químicos e mendigos.
Sem recursos e sem políticas sociais, acabamos por nos acostumar com o abandono a que foi submetida a nossa manjedoura. Consequentemente, o aumento insuportável do índice de violência, incompatíveis com a outrora “Cidade agarrativa e linda” dos nossos poetas.
Hoje, moro em uma torre de concreto na antiga “Rua do Caixão” (Estevão de Mendonça), de onde observo uma cidade que não é a que nasci.
O progresso chegou! E o desenvolvimento foi esquecido.
Gabriel Novis Neves
25/10/2015
JUACY DA SILVA*
“A verdadeira amizade, que também é uma forma de amor, duplica as alegrias e divide as tristezas, as angústias e as incertezas da vida” Francis Bacon.
Muitas pessoas vivem em uma correria sem parar. Falta-lhes tempo para refletir sobre o sentido da vida, sobre os valores mais duradouros e não percebem a beleza de cada momento, o canto de um pássaro, a alegria de uma criança que corre solta, o desabrochar de uma flor, uma brisa que entra pela janela, não conseguem sonhar, não tem esperanças e, de uma hora para outra percebem que o presente já é quase passado e o futuro, o amanhã, pode não chegar, para si ou para quem está tão perto, sua família, seus amig@s, vizinhos, colegas de trabalho, de escola ou de igreja
A vida é uma caminhada, para alguns pode ser longa, às vezes chega aos cem anos ou até mais, para outros pode ser breve, poucos anos, poucos meses, não importa. Nesta caminhada vamos acumulando coisas, objetos, entulhando nossas casas, muitas talvez desnecessárias, isto é muito próprio para quem se apega `as coisas materiais e não percebem que ao fim da jornada neste planeta nada vão levar, nem riqueza, bens materiais, prestígio, fama, poder, opulência, riqueza, prepotência, luxúria, futilidades e coisas do gênero.
Enquanto caminhamos pela vida vamos encontrando pessoas com as quais compartilhamos ideias, ideais, sonhos, desilusões, certezas, angústias, esperanças e realizações. De repente chegamos a uma encruzilhada, onde os caminhos se bifurcam, tomando rumos e destinos diferentes, as vezes opostos ou as vezes apenas atalhos que acabam se encontrando novamente.
Da mesma forma que os encontros, nas encruzilhadas da vida o importante é que a escolha do caminho seja feita sem mágoas, sem conflitos, sem destruição, para que novas pontes possam ser construídas devemos cultivar a amizade verdadeira, fundada na compreensão, no amor, na solidariedade, na fé e também no diálogo. Somos apenas viajantes planetários nesta caminhada rumo `a uma nova realidade desconhecida.
William Shakespeare fala um pouco sobre a caminhada de cada pessoa quando diz que “A alegria e a paz interior evitam os males que destroem as nossas vidas, prolonga a própria vida e indica o caminho do amor eterno e da felicidade duradoura”.
Mahatma Gandhi, o artífice da libertação da Índia do jugo colonial inglês e o profeta da não violência nos deixa uma reflexão muito inspiradora quando afirma“ Não existe um caminho para a felicidade pois a felicidade é o caminho que devemos trilhar ao longo de nossas vidas”
Vivamos o hoje, o aqui e agora com alegria e esperanças renovadas, como se o amanhã possa não chegar para nós ou para aqueles a quem tanto amamos! Perder coisas materiais é ruim, mas muito pior é perder as pessoas, parentes ou amig@s verdadeir@s, principalmente aquelas que são importantes para cada um de nós, com as quais compartilhamos tantas coisas boas, momentos felizes ou até mesmo angústias e desafios.
Que nesse dia 02 de novembro,, dia de finados, dedicado aos entes queridos e amig@s que nos deixaram possamos ter o conforto de suas lembranças e dos momentos felizes junto aos quais passamos! No silêncio de seu coração e no âmago de sua alma faça uma prece de agradecimento à vida e esteja feliz sempre!
*JUACY DA SILVA, professor universitário, fundador, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia, articulista de jornais, sites e blogs. EmailO endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Blog www.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy
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Nos bancos escolares do ensino básico somos obrigados a escrever as tarefas de casa. Na Faculdade de Medicina aprendemos a escrever anamneses, que são a história dos pacientes.
A queixa principal sempre é o título do artigo. A investigação científica dos sinais e sintomas compõe o conteúdo da matéria, no caso, as informações para o diagnóstico da doença, causa da vinda dos pacientes ao consultório.
Sempre desconfiei que todo médico, por ofício, é um escritor em potencial.
Pelos anos de exercício de profissão, esses textos vão sendo aprimorados e cada um desenvolve a sua técnica de passar suas perguntas técnicas ao papel.
Esses escritos são confidenciais e só por ordem judicial podem ser revelados.
Publicar anamneses em revistas e jornais, nem pensar!
Pois bem, alguns psiquiatras especialistas em análise recomendam, para auxiliar na cura da autoestima perdida, a publicação de textos livres escritos pelos seus clientes, uma espécie de catarse dos seus sofrimentos.
É um remédio amargo expor seus conceitos e opiniões ao domínio público para quem não é profissional em comunicação.
Como é para recuperar a saúde perdida, com muito esforço alguns “heróis” aceitam essa terapêutica.
Os primeiros artigos publicados causam um constrangimento pior que a autoestima perdida.
Adquirido o hábito de escrever e publicar os textos e metabolizar o julgamento dos leitores, o “paciente” torna-se outra pessoa.
Sente-se útil servindo de ponte entre semelhantes, e o ato de escrever passa a ser uma necessidade.
Quem escreve modifica a sua própria vida e, às vezes, a de outros.
Aprendi com a jornalista Valéria del Cueto a colocar no papel, sem nenhuma lógica, tudo que vem à cabeça.
Nessa fase quanto menos se pensar melhor - diz a minha professora da “Ponta do Leme”.
A fase seguinte é tentar ordenar aquele lixo em texto final.
Sempre foi assim, sendo que a única coisa no mundo moderno que mudou foi a velocidade da informação.
O ato de escrever, porém, produz uma coisa maior na nossa alma, que é a paz.
Gabriel Novis Neves
24-10-2015
Roberto Boaventura da Silva Sá
Dr. Jornalismo/USP; Prof. Literatura/UFMT
Como sou um peixe que pouco se seduz pelos meandros sem-fim das redes sociais, tem sido comum me sentir um vertebrado aquático fora d’água em diversos momentos em que pessoas próximas comentam sobre “a última” que viram na internet. Claro que isso não me causa a sensação de “(des)pertencimento” deste mundo. Uso as redes só o necessário; e o necessário para mim é bem pouco, é quase nada.
Lógico que essa condição me impede de saber de tudo em tempo real. Dias atrás, p. ex., vi rapidamente alguns jornalistas explicando em um telejornal o significado de “jihadista”. A explicação era dada por conta de um “erro crasso” ocorrido no Facebook do Ministério da Justiça (MJ).
Aí, reconheço, o peixe caiu na rede. Entrei no site do telejornal para me inteirar da situação. Tratava-se de um “diálogo” de um internauta com o referido ministério.
Explico: o MJ lançara a campanha “#EuTambémSouImigrante”, visando combater a xenofobia. Na busca da interação pelas redes, afirmava-se ali que “Imigrantes de todas as partes do mundo ajudam a construir nosso país”. Depois, o MJ convidava o internauta a participar da campanha e fazer o seu post.
O “facebookiano” Heder Duarte aceitou o diálogo, dizendo: “Imigrantes pacíficos são bem-vindos, já os jihadistas devem ser bloqueados de entrar no Brasil”.
A isso, responde o MJ: “Temos que (sic.) desconstruir alguns conceitos, Heder. Os jihadistas, assim como qualquer outro povo de qualquer outra origem, vêm ao Brasil para trazer mais progresso ao nosso país e merece (sic.) respeito”.
Penso que nem nas respostas do ENEM, já subtraindo os probleminhas com a língua materna, sairia uma pérola como essa. O termo “Jihad”, em árabe, significa “luta ou empenho em disseminar a fé”, e não a designação de um povo.
Recentemente, “Jihad” passou a ser usado por radicais islâmicos como convocação para a “guerra santa”. Logo, “jihadista” é o indivíduo que atente a esse chamado.
O MJ reconheceu o “erro crasso”, dizendo que a empresa contratada para responder aos internautas já havia sido afastada.
Como?!?
Empresa responde os diálogos propostos pelos ministérios?
Até isso foi privatizado pelo governo?
Por mais absurdo que seja, sim.
Por coincidência, logo depois, vi uma propaganda do governo federal sobre o “Dialoga Brasil: o país fica melhor quando você participa”. Isso foi lançado pela presidente da República em ato público no último dia 28 de julho; ou seja, no meio da mais extensa greve das universidades federais. Greve na qual o MEC em nenhum momento recebeu o Sindicato dos Professores para qualquer tipo de diálogo. E olhem que até a sala do ex-ministro Janine foi ocupada!
Diante dessas informações, novas e estarrecedoras, pelo menos para mim, fiquei pensando: será que o Sindicato Nacional dos Docentes teria de entrar no Facebook e “dialogar” com o MEC? Ou melhor, dialogar com algum funcionário de alguma empresa privada, contratada para bater papo com internautas? É esse o tipo de diálogo que o governo estabelece com a sociedade civil organizada?
Mas voltando ao “Dialoga Brasil”. Aquele programa abrange os seguintes temas: saúde; segurança pública, educação; redução da pobreza; cultura.
Concretamente, é dito naquela página oficial que “o governo federal analisará as três propostas mais apoiadas em cada programa e dará um retorno à sociedade”.
Bem, a essa altura, só sendo mesmo um abestado das redes para perder tempo com um governo tão inconfiável.
Encerro com uma lembrança: assim como os imigrantes, os brasileiros também merecem respeito.
JUACY DA SILVA*
Dando continuidade à reflexão contida no artigo anterior sob o mesmo título, quando, além de apresentar uma classificação geral das formas de violências e as pessoas ou grupos sociais mais susceptíveis de serem vítimas das mesmas, fiz um destaque bem rápido para a violência contra a mulher, um tema bem atual nas discussões em todas as esferas de poder, organizações públicas e privadas e pela população em geral.
Neste segundo artigo, gostaria de mencionar um outro tipo de violência contra as mulheres e que seus autores não são alcançados pela Lei Maria da Penha. As consequências deste tipo de violência é bem maior e mais cruel do que todos os crimes incluídos pela violência doméstica, no trabalho ou em locais públicos. Pouca gente percebe a gravidade desta violência que é muito sentida pelas mulheres e familiares, mas que fica quase oculta aos olhos da sociedade, dos poderes públicos e, principalmente, pelas nossas autoridades, que, na verdade são os perpetradores desta crueldade contra as mulheres.
Estamos findando o mês dedicado ao alerta sobre o Câncer de Mama, o OUTUBRO ROSA. À parte da campanha publicitária, as discussões não chegam ao âmago da questão, ou seja, o direito que todas as mulheres, a partir de 30 anos tem de fazerem diagnósticos precoces, principalmente aquelas que tem familiares que foram diagnosticadas com câncer de mama ou outro tipo de câncer ou que vieram a morrer decorrente desta doença.
Enquanto mulheres das classes alta e média possuem recursos financeiros ou planos de saúde para buscarem atendimento médico, hospitalar ou ambulatorial, as mulheres pobres, integrantes de grupos excluídos social e economicamente em nosso país, dependem única e exclusivamente do Sistema único de saúde, o SUS, que é bonito, lindo em sua concepção, mas um verdadeiro caos e vergonha nacional. Alguém deveria sugerir que nossas autoridades fossem obrigadas a serem atendidas pelo SUS e ficarem em filas por meses, em corredores fétidos de unidades de saúde e hospitais públicos como os que os meios de comunicação de massa mostram diariamente. Só assim, iriam prceber o nível de violência e humilhação que os usuários do SUS sofrem, principalmente as mulheres.
Pouco se diz de que em torno de 85% dos municípios brasileiros não tem um mamógrafo sequer, ou laboratórios para que seja possível a realização de outros exames como papa nicolau ou outros que possam contribuir para diagnósticos precoces da doença.
Enquanto 4.500 mulheres são assassinadas no Brasil e isto causa uma grande comoção, o que é justo e correto quando nos indignamos contra esta barbárie, em 2012 nada menos do que 103.606 mulheres foram a óbito tendo como causa todos os tipos de câncer, com destaque para o Câncer de mama que ceifou 16.412 mil mulheres. Dados estatísticos da Globocan, instituição de pesquisa e alerta sobre o câncer, vinculada à Organização Mundial da Saúde, demonstram que a situação relacionada com o câncer é extremamente grave e sua tendência é muito alarmante no Brasil.
As projeções da Globocan para o Brasil indicam que, `a medida que a população envelhece e a saúde pública continua vivendo um verdadeiro caos, entre 2012 e 2025 as mortes por câncer deverão atingir 1.76.376 mil mulheres e 2.070.474 mil homens. Isto representa uma média de mortalidade anual geral de 274.12; a média anual para homens é de 147.891 e para as mulheres 126.241.
No caso das mulheres as mortes por câncer representam 28 vezes mais do que a média dos feminicídios – assassinatos de mulheres. Enquanto os assassinos de mulheres podem ser alcançados pela justiça e levados `as barras dos tribunais e condenados, tendo como instrumentos de defesa a Lei Maria da Penha, e os códigos penal e de processo penal, as mortes de centenas de milhares de mulheres por câncer, seus autores jamais serão pegos, pois estão a salvo nas entranhas burocráticas e na corrupção que rouba o dinheiro público necessário para construir e equipar hospitais, laboratórios, contratar e pagar profissionais capacitados para atendimento nesta área, prover tratamento, medicamentos para as pacientes.
Em 2015 o câncer de mama deverá ceifar a vida de 17..872 mil mulheres, o de útero mais 9.100; de ovário 4.211; de pulmão 12.233; de coloretal mais 9..974 e de estômago 6.072. Apenas esses seis tipos de câncer serão responsáveis por quase 60 mil mortes de mulheres, principalmente a partir da faixa etária dos 30 anos, agravando-se mais a partir da faixa de 49 anos.
Somente durante esses cinco anos de mandato da Presidente Dilma, a primeira presidente mulher do Brasil e que só neste ano cortou mais de 11 bilhões de reais do Ministério da Saúde, o câncer e o caos na saúde pública deverão matar mais de 265 mil mulheres. Com certeza esta é a maior violência que está sendo cometida contra as mulheres brasileiras. Enquanto isso os Governos Lula/Dilma/PT seus aliados vem cortando sistematicamente bilhões de reais da saúde pública, com a justificativa de um equilíbrio fiscal que, na verdade, é um engodo para não dizer que a grande prioridade do Governo Federal é o pagamento de juros, encargos e a rolagem da dívida pública que em setembro ultimo atingiu mais de 2,7 trilhões de reais. Só de juros sobre esta dívida impagável o Governo Dilma tem gasto mais de 300 bilhões por ano, enquanto para o combate ao câncer e a saúde pública sobram praticamente migalhas depois da parte que vai para alimentar os lucros e acumulação de capital dos grandes bancos e instituições financeiras nacionais e internacionais.
*JUACY DA SILVA, professor universitário, fundador, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia, articulista de jornais, sites e blogs de MT e de alguns outros estados. Email O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Blog www.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy