Quinta, 23 Maio 2019 15:24

 

A Adufmat-Ssind informa que os dois debates programados para dialogar sobre os ataques à Educação, que seriam realizados nessa sexta-feira, 24/05, no auditório do ICHS e na quinta-feira da próxima semana, dia 30/05, no auditório do CCBS III, foram cancelados. 

 

Novas datas e horários para realização dessas mesas deverão ser definidos na assembleia geral da categoria nessa sexta-feira, a partir das 13h30, no auditório da Adufmat-Ssind. Clique aqui para ver a convocação da assembleia. 

 

Adufmat-Ssind

 

 

Quinta, 23 Maio 2019 14:15

 

****
O Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
 
****

 

P. Wescley M. Pinheiro

Professor da UFMT

Resistência Tricolor

O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

 

     Numa conjuntura onde muita gente trata política como futebol, futebol como religião e religião como política a falsa premissa que não se pode discutir sobre esses três assuntos é tão falsa como sempre foi. Com a máxima de que “só é ideológico aquilo que se contrapõem à ordem vigente” o discurso travestido do mito da neutralidade reproduz no esporte a perpetuação de espaços antidemocráticos. Assim, o silenciamento diante de tantas questões que fazem parte da produção e reprodução da cultura e dos valores do nosso povo tem sido uma forma de obscurecer contradições, romantizar desigualdades e vilipendiar possibilidades de diálogo.

    Stanislaw Ponte Preta, pseudônimo de Nelson Rodrigues, afirmava que “em futebol, o pior cego é o que vê só a bola”. O antropólogo Roberto da Matta (1982) afirmou também que esse esporte é uma espécie de drama da vida social onde se pode descortinar aspectos culturais e sociais da sociedade brasileira. O sociólogo Maurício Murad (1996) superou o entendimento do futebol como mero lazer fortuito, colocando como “simbologia e metalinguagem, e como tal, revelador das culturas das coletividades e revelador expressivo das condições humanas”.

     Precisamos pensar que o futebol não é um mero reflexo da sociedade, mas sim de um espaço de materialização cotidiana daquilo que estrutura nossa sociabilidade e, assim sendo, mais que um espelhamento, resguarda limites, mas também possibilidades, lócus de reproduções, mas também de ações pedagógicas dentro de uma perspectiva emancipatória, vivências em diferentes medidas, forças e leituras sobre a realidade que se atravessam diante dos principais temas que constituem a ordem do dia da sociedade brasileira.

     Observando o futebol e tudo que está no seu entorno mergulhamos numa história de fundação eurocêntrica e lógica excludente até o processo de popularização e posterior massificação. Percebemos o racismo, dentro e fora do campo, como algo construído historicamente, o apagamento das mulheres em todos os setores, as reproduções machistas e lgbtfóbicas como condição permanente, entre tantas outras questões.

     Se isso tudo é fato, é preciso destacar também que, nesse mesmo lugar,  diversos movimentos, manifestações e fatos históricos importantes e representativos de processos de resistência, de construção coletiva, de denúncia de violência e desmandos políticos e de luta contra preconceitos se apresentaram pertinentes.

 

O chute no preconceito da pátria de chuteiras

 

     Na conjuntura de fortalecimento da lógica mercadológica em todos os espaços da vida, da intolerância e do fatalismo histórico tecer reflexões e construir ações profundas sobre os alicerces de outra cultura política é condição para resistir à barbárie.

     Se há um crescimento do fundamentalismo religioso apontando para posições políticas autoritárias é mister que tenhamos processos de visibilidade de setores religiosos progressistas, democráticos e defensores da diversidade. Se a indústria cultural rebaixa a cultura periférica em produtos que só reproduzem o consumismo, o individualismo e o hedonismo, absorvendo e rebaixando os discursos de representatividade, é fundamental que se fortaleçam meios de fazer crescer os artistas e as produções que perseveram no protagonismo com a história de seu povo, buscando organicidade e posições coletivas comprometidas.

     Se a política formal é majoritariamente construída pelo oportunismo e fisiologismo, é crucial que construamos coletivos que se espraiam longe da dependência do pragmatismo eleitoral, saíndo da busca de atalhos, afastando-se das novidades estéreis e também do tradicionalismo torpe. Nessa mesma direção, se o futebol foi majoritariamente ocupado pelos setores que reproduzem e defendem o processo de exploração e opressão é urgente que corroboremos iniciativas que partem para o contra-ataque disso.

     Quando se fala de futebol e política todos os lados políticos ficam de orelha em pé. Os setores de direita costumam reproduzir que são coisas incompatíveis, ao mesmo tempo que elegem seus cartolas como deputados e senadores, realizam eventos nos clubes para defender pautas políticas e continuam a perseverar culturas violentas e marginalizadoras de diversos setores socialmente discriminados. No apogeu mercadológico e de ascensão ultra-liberal a defesa de que é preciso “não polemizar” para não prejudicar o clube também aparece como desculpa, ou seja, a versão esportiva de “quem lacra não lucra”.

     Sabemos que esse argumento econômico é facilmente refutado e que historicamente os clubes e empresas que se anteciparam em construir posições liberais no campo dos direitos humanos sempre tiveram sua história exaltada. Além disso, os processos históricos transformam consciências individuais e percepções coletivas demonstrando que esse processo é muito mais complexo do que se estabelece no discurso antipático do não-debate.

     Vejamos como o Vasco da Gama (RJ) se orgulha de ser o primeiro clube que colocou um jogador negro oficialmente em campo, mesmo que tenha enfrentado, na época, a cultura elitista, racista e proibicionista. Vejamos como a torcida do Flamengo (RJ) transformou a ideia do “Urubu” em símbolo e não em ofensa racial como costumeiramente se impôs. Pensemos nos diversos clubes mundo afora  que saem na frente no campo mercadológico diante as possibilidades de marketing e formação de plateia para além do modelo arcaico do futebol.

     Se essa argumentação é frágil é preciso frisar que a mera demarcação de posição com interesse no mercado é também repleta de frigidez, sendo necessário atitudes reais que desenvolvam mudanças efetivas e enfrentam as incoerências dentro dessa sociedade. É nesse sentido que o afastamento do pensamento de esquerda na arquibancada e nos bastidores se expressa como um problema, pois perde a oportunidade de desenvolver a batalha das ideias num campo fértil de possibilidades, não somente ocupando um espaço, mas construindo, aprendendo e expandido atores políticos.

     Sem observar essas frestas de contradição, parte dos movimentos de esquerda, historicamente assumiram a máxima de "ópio do povo", repetida, corriqueiramente, de forma rebaixada até mesmo com relação à frase original de Marx sobre a religião que, analisada em sua completude, demonstra o caráter contraditório desses complexo, afirmando "o suspiro da criatura oprimida, o ânimo de um mundo sem coração e a alma de situações sem alma".

     Assim, saindo de uma visão mecanicista e rasa sobre a formação da superestrutura é preciso analisar os espaços de cultura e construção de valores em sua potência contraditória, percebendo os sujeitos como seres da práxis e suas manifestações individuais e coletivas como expressões dos antagonismos sociais vigentes.

     A compreensão que limita o futebol como alienação das massas é rasa. Tal e qual todos os espaços de sociabilidade esse é só mais um que expressa as questões fundamentais de um dado tempo histórico. Quando não há organização, interesse e não se planta nas brechas das contradições sociais um discurso emancipatório os espaços são ocupados apenas pela manutenção do status quo.

     Quando há um avanço substancial de valores conservadores na sociedade não é chocante que a maioria dos atletas profissionais de destaque fiquem em silêncio ou se posicionem contra os direitos dos oprimidos e explorados, mesmo que boa parte deles venham desses setores e tenham ascendido socialmente pelo esporte. Quando não há uma política de esporte que não se reduz ao aspecto competitivo e salta para questões mais amplas à manutenção da ideologia vigente se expressa também nas consciências individuais de atletas, dirigentes e torcedores.

    Se nos espaços de formação de atletas e do processo de trabalho o futebol apresenta suas contradições, a arquibancada também vira arquétipo dos processos da sociabilidade constituída por cisões sociais importantes. A claque reverbera e potencializa as disputadas inerentes da sociedade, reproduz e retroalimenta valores, expressa as manifestações da questão social, encobre coisas, absorve algumas, revela tantas outras.

    Na hipertrofia da elitização do futebol os estádios se embranqueceram, tornaram-se cada dia mais distantes dos marcos da torcida e mais próximos das marcas televisivas. Essa constatação, no entanto, não é nada saudosista. O ontem e o hoje demarcam a naturalização de práticas preconceituosas, reprodutoras de machismo, racismo e lgbtfobia como modus operandi do ser torcedor. O cerne da questão está em potencializar aqueles/as que buscam, nesse mesmo espaço, ir no caminho inverso.

    Da famosa Democracia Corinthiana, emblemática na luta pela redemocratização do país nos anos 1980, até o fortalecimento de vários coletivos antifascistas, torcidas organizadas LGBT´s e ações sociais com as tradicionais torcidas organizadas o processo político cotidiano nos oferece oportunidade de formação de consciências, de aprendizado sobre educação popular, de reconhecimento de problemas importantes na formação de base e dos desafios que exigem paciência histórica, capacidade de diálogo, criatividade e a habilidade de endurecer sem perder a ternura.

    Realizar debates sobre preconceitos e opressões ou mesmo sobre política e outros temas espinhosos não é uma tarefa fácil em lugar nenhum, no entanto, é incomparavelmente mais desafiador quando não estamos lidando com o ambiente universitário, com a militância dos movimentos sociais e partidos de esquerda e quando se enfrenta a realidade de frente, partindo do dia-dia dos sujeitos, mergulhando em nossos afetos, em nossos lugares, desmistificando as impossibilidades deles, descortinando a zona de conforto dos privilégios e a zona de desconforto das violências.

     O distanciamento daqueles que se dizem de esquerda da cultura popular e do cotidiano dos sujeitos da classe trabalhadora enfraqueceu a leitura emancipatória na batalha das ideias. Isso ocorreu por diversos motivos que perpassam desde o processo de institucionalização e protagonismo da estratégia centrada na política formal, dos setores tradicionalmente vinculados aos movimentos populares, passando ainda pelo encastelamento acadêmico, pela vulgarização da teoria crítica, pela abstração pós-moderna e também por certo vício ilusório da atualidade com a participação virtual.

     Em tempos de obscurantismo, as ações antifascistas, dentro e fora de campo, se expressam nas disputas nas instituições de massa que são os clubes de futebol e, principalmente, nas torcidas organizadas que afirmam a democracia, a diversidade e os direitos dos/das torcedores/as. Essas ações são exercício de cidadania, de expressar a coragem de falar sobre temas invisibilizados, de tocar em feridas e quebrar tabus em uma sociedade de que fortalece o constrangimento contra quem quer dialogar sobre o direito à diferença.

     Por isso, esse processo é também um exercício pedagógico que demonstra o grau de conservadorismo da sociedade, o quanto os processos de espraiamento dos aparelhos ideológicos do reacionarismo conseguiu enraizar desvalores em nossa população e como as bolhas virtuais, políticas e acadêmicas precisam enfrentar seus limites e buscar as pessoas reais, com seus limites de consciência e suas reproduções das opressões.

     As ações afirmativas nos clubes de futebol, as atividades coletivas com as torcidas, os debates políticos, as polêmicas suscitadas, são questões que evidenciam a capacidade de voltar os olhos para a formação das pessoas naquilo que faz sentido para elas. Mais que somente demarcações políticas, performances e bandeiras o desenvolvimento pedagógico e a batalha das ideias na realidade se apresenta como tarefa fundamental.

    No atual momento histórico essas ações cumprem o seu papel civilizatório, concretizam leituras da realidade a partir da vida concreta, suspendem o cotidiano, atacam o senso comum, dão oportunidade de muitos conhecerem bandeiras de luta, provocam reações, tensionam pactos invisíveis e consciências amortecidas além de, obviamente, evidenciarem o caráter de classe e o incômodo dos poderosos da sociedade com o exercício de participação popular.

    Nesse sentido, o enraizamento cultural e a identidade afetiva do espaço do futebol  possibilita que cresça a percepção da capacidade de fortalecermos uma consciência de que podemos agir na realidade. Afinal, no futebol há uma construção simbólica de que a torcida participa do jogo: jogar em casa, ter o estádio cheio, ouvir o grito motivando faz diferença no certame. O exercício de ação coletiva e a pulsão simbólica de que o sujeito fora do campo não é um mero espectador, mas um protagonista que constrói sua paixão  afirma possibilidades de sairmos do lugar de apassivamento contra aqueles que atacam a condição de vida e trabalho dos menos favorecidos socialmente.

   

“Paz entre as torcidas, guerra entre as classes”

 

     Há anos a Resistência Coral (Ferroviário-CE) estampou nos estádios cearenses a célebre frase “Paz entre as torcidas, guerra entre as classes” apresentando à massa de pessoas que ali torciam que, embora haja uma disputa no campo, a derrota principal se expressa na violência urbana e policial, que se apresenta no extermínio da juventude negra e que, no futebol, tem sua particularidade nas brigas entre as torcidas e na repressão da polícia. A goleada real está nos gritos lgbtfóbicos e racistas que nada mais são do que gols contra diante de pessoas que tem sua vida diminuída, suas práticas marginalizadas, seus afetos atacados.

    Nos anos 2010, páginas nas redes sociais e coletivos que afirmavam o direito LGBT e de mulheres nessa área foram cobertos de ameaças e repúdio. Esse movimento retomou iniciativas que existiram desde a década de 1970, conforme afirmou o pesquisador Maurício Rodrigues, com grupos como a FlaGay (Flamengo-RJ) e ColiGay (Grêmio-RJ). Nessa retomada grupos como Gaivotas Fiéis (Corinthians-SP), Galo Queer (Atlético-MG), Cruzeiro Maria (Cruzeiro-MG), Bambi Tricolor (SPFC-SP), Timbu Queer (Náutico-PE), Vitória Livre (Vitória-BA), Queerlorado (Internacional-RS), Palmeiras Livre (Palmeiras-SP)  e tantas outras enfrentaram as críticas e as ameaças, formas próprias do patriarcado, do machismo e da misoginia, afinal, para a cultura hegemônica, o homossexual é sempre o adversário, denotando como a orientação sexual e a identidade de gênero não-hegemônicas são vistas como ofensivas.

     Para os mesmos setores a figura da mulher ou é a torcedora objetificada como musa, ou a mãe do juiz a ser xingada. No debate das opressões a construção e desconstrução dos valores é um processo constante. Em mais um ano de copa do mundo de futebol feminino vemos o processo de luta contínua por visibilidade, estruturação e reconhecimento entrando em choque com o machismo, com a lesbofobia, com a desconfiança própria do machismo. Essa disputa é contínua, avança em alguns momentos, retrocede em outros. Quanto mais é visível o sucesso das atletas, quanto mais se pauta a modalidade, quanto mais conhecemos aquelas mulheres mais elas são reconhecidas, tidas como exemplos e apresentam para a sociedade a particularidade e os desafios impostos do ser mulher em qualquer espaço do mercado de trabalho.

    Observando tudo isso o ataque preciso não é somente ao “futebol moderno”, mas sim aos processos de absorção que a cultura popular promoveu no silenciamento de setores oprimidos. Para isso é preciso articular um debate sobre a estrutura social que vivemos, a particularidade do futebol, o progressivo distanciamento das classes populares do esporte, além de atividades mais elaboradas que possibilite uma aproximação didática com essas defesas e não somente um disputismo estéril diante daqueles sujeitos da classe trabalhadora quem também reproduzem as opressões.

    Nesse sentido, se tem crescido o conservadorismo na sociedade é também verdade que, nos últimos anos, se intensificou o processo de formação popular e disputa de valores, iniciativas que haviam se enfraquecido no futebol e deixado para os conservadores todo o processo de fortalecimento de sua lógica. Atividades que, por exemplo, a Gaviões da Fiel (Corinthians-SP) e tantas outras torcidas realizavam no passado voltaram a ter visibilidade, encarando a função social do esporte, a construção educativa coletiva, os espaços de lazer e a identidade da torcida como possibilidade de ser solidário tem retomado a condição de debates sobre gênero, raça, sexualidade, violência mesmo com o estranhamento de muitos torcedores.

    Nesse sentido, a Resistência Tricolor (Fortaleza-CE) vem construindo uma experiência autônoma, democrática e explicitamente anti-conservadora, que apresenta preocupação com a laicidade do futebol, com o combate das opressões, a reprodução de preconceitos, com a não instrumetalização político-partidária dos clubes e a função social do esporte.

    O coletivo se constrói de modo horizontal, progressivamente ganha corpo e se revela lócus para juntar pessoas para debater temas, exercitar convergências e divergências, aprofundar afetos e cultivar, diante da paixão pelo Fortaleza Esporte Clube, os aspectos socialmente positivos diante da realidade que nos cerca. Os processos políticos que se fortalecem nesse processo aprofundam a maturidade sobre as disputas nos bastidores do futebol, possibilitam autocrítica sobre as ações na arquibancada e afirmam potencialidades desconhecidas no esporte.

    Mais que faixas no estádio, os tais grupos que potencializam esses debates vão construindo possibilidades de incluir na arquibancada as pessoas oprimidas que antes não viam condições de vivenciar a paixão pelo clube, devido aos ataques à sua condição e a potencialização dos preconceitos. Assim, a afirmação dos direitos da população, a caracterização desse esporte e desse espaço como genuinamente do povo, apresenta possibilidades de fortalecimento de bandeiras que defendem os direitos humanos e sociais dentro e fora do futebol.

    Nesse sentido, mais que uma afirmação política, os processos vão motivando outros grupos, trazendo a realização de ações efetivas de aproveitamento da identidade futebolística dos/as torcedores/as para melhoria das condições dos mesmos. Um bom exemplo é o projeto de Aulões para o ENEM que a Resistência Tricolor tem realizado em parceria com a TUF (Fortaleza-CE), maior torcida organizada do clube. Nessa ação se aproveita a unidade de diversos profissionais da educação em torno do amor pelo tricolor para realizar possibilidades mais amplas e construir pontes entre indivíduos que antes somente tinham em comum a paixão clubística.

    Tal exemplo demonstra que não se trata de afirmar uma tensão dentro da torcida, provocar pessoas e coletivos, mas agir no sentido democrático, inclusivo e contra-hegemônico, numa sociedade que afirma cada vez mais as desigualdades. Assim, quando avança a torcida, avança também o clube e, por tantas ações de diversos outros grupos, dirigentes e torcedores, nos últimos anos, o Fortaleza E.C.  também cresceu em participação democrática e ampliou posicionamentos progressistas, ainda que haja necessidade de avançar e que isso demonstre os desafios internos nesse processo.

    Dentro e fora desses coletivos, esses debates vão crescendo e catalisando novas possibilidades, como o crescimento de grupo de mulheres que se unem para ir aos jogos juntas e enfrentar o assédio, de pessoas LGBT que buscam estratégias de auto-cuidado, de deficientes físicos e outros setores com acessibilidade dificultada, etc.

    Essas iniciativas contam com desafios importantes e que podem ampliar ou retroagir sua capacidade de interlocução. Por serem majoritariamente experiências novas, por resguardar processos fluidos de absorção de novos quadros e por ter uma diversidade de posições e diferentes niveis de maturidade política entre os seus membros e simpatizantes. A capacidade formativa que não cair no mero voluntarismo, na construção espontaneísta e no pragmatismo diante dos resultados do seu clube no campo serão os grupos e ações mais crescerão e terão condições de interferir na necessária e urgente formação de processos políticos emancipatórios na sociedade brasileira.

    Entre tantos exemplos, talvez o Esporte Clube Bahia (BA) tem sido o maior deles em ações institucionais que fortalecem a cidadania. O clube vem afirmando em seus meios de comunicação oficiais, nos produtos do clube e na construção política interna uma série de questões que explicitam o direito à diversidade, o combate à violência, a afirmação do povo negro, das mulheres, da população LGBT e da popularização da arquibancada. Essas ações, ainda dentro de um futebol que é negócio e disputa, ao contrário do que muitos pensam, não desvaloriza a marca do clube e ainda eleva o patamar histórico da instituição.

    Num tempo histórico marcado pela perseguição de quem busca a afirmação de direitos uma instituição tão cara aos sujeitos das classes populares pode revelar importantes possibilidades no enfrentamento de uma lógica que se espalha na sociedade. As posições oficiais apresentam à todos os setores a necessidade de pensar sobre os temas em questão.

    Não por coincidência um coletivo de torcedores baianos vem construindo uma experiência contra-hegemônica plural de destaque nacional nesses debates e demonstrando que esse processo democrático é retroalimentado entre torcida e clube, não como tutela e imposição, mas como construção coletiva. A Frente Esquadrão Popular (Bahia-BA) tem conseguido de maneira autônoma ampliar debates, realizar ações, fortalecer posições de uma forma bastante interessante, articulando a tradição popular do clube com temáticas costumeiramente vilipendiadas.

    As atividades junto com jornalistas renomados sobre política e futebol, a parceria acadêmica e política com o Observatório de discriminação racial, as palestras e debates, os posicionamentos virtuais e as articulações com movimentos sociais, populares e setores universitários demonstram o caminho a ser seguido por todos os coletivos e as possibilidades de pensarmos esses processos em uma rede nacional de todas as torcidas.

    Assim, por todo o Brasil as ações populares se alimentam, algumas tímidas, outras mais estruturadas. Mais que potencializar a espetacularização do mercado e da violência pela mídia ou demarcar posição política é preciso potencializar, conhecer e reverberar as ações dentro do futebol que buscam resistir.

    O processo de ataques aos direitos sociais, o desmonte das políticas sociais e relativização das liberdades democráticas precisa encontrar resistência nas ruas de forma ativa e criativa, absorvendo os instrumentos históricos da classe trabalhadora, mas buscando também chegar aos espaços culturais onde historicamente sempre foi lugar de suposto pensamento único. Dirigentes ricos, políticos tradicionais e novos empresários utilizaram e continuam utilizando os clubes para afirmar um projeto de sociedade que não realiza nada de positivo para a maioria dos/das torcedores/as.

    No atual ambiente de instabilidade, a naturalização da forma política baseada numa reprodução mercantil e no distanciamento da população dos espaços representativos, se aliaram ao resultado de décadas sem espaços de formação política para a classe trabalhadora, à descrença nos instrumentos de mobilização diante dos processos de cooptação de inúmeros sindicatos, movimentos sociais e outros setores e formalizam uma cultura de ódio à democracia e a política do ódio como ferramenta.

    Diante desse quadro, os desafios da disputa de hegemonia em terra arrasada se realizam na tarefa de não repetir os erros interpostos no rebaixamento de horizonte emancipatório e nem constituir uma análise meramente abstrata da conjuntura. Não se conquista corações e mentes partindo de uma condição ideal, mas colocando a bola no chão e compreendendo o mundo como ele é. Há que se buscar o chão da realidade, as frestas do cotidiano e impedir a degeneração do contra-hegemônico, buscando as mediações para seu enraizamento a partir de pautas concretas e da realidade cotidiana da classe trabalhadora.

    A bola está no meio-campo e nesse jogo não há empate. Ou os setores antifascistas se expressam, se articulam e disputam a sociedade ou obscurantismo continuará goleando, dentro e fora do futebol, tomando nossos direitos, nos matando e lucrando com nossa alegria e com nossas dores. Grita, torcida, grita!

Quarta, 22 Maio 2019 17:55

 

JURA chega à UFMT para discutir distribuição de terras, justiça social e agroecologia, devastação ambiental e produção para exportação sem pagamento de impostos.

Entre os dias 27 e 29 de maio a Universidade Federal de Mato Grosso, Campus Cuiabá, sedia a Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária (JURA). Esta é a segunda edição do evento na Universidade e o objetivo é discutir os impactos do agronegócio, as alternativas sustentáveis, a distribuição mais justa das terras e o respeito ao meio ambiente e a quem vive no campo ouvindo especialistas, ativistas, agricultores e comunidades tradicionais. Iniciada em 2014 com a participação de 40 instituições federais de ensino, a JURA chega a 2019 com 60 Universidades e Institutos Federais.

Desde o ano passado, a Universidade Federal de Mato Grosso faz parte da rede de eventos e neste ano, traz dezenas de atividades culturais, vivências, oficinas, cursos, mesas de discussão, rodas de conversa e feira de produtos artesanais e agroecológicos. As atividades da Jornada, tiveram início antes mesmo de sua abertura oficial. No dia 18 houve uma importante vivência para estudantes e interessados no Acampamento Padre José Ten Cat (Jaciara) e no assentamento Egídio Bruneto (Juscimeira), coordenada pelas professoras Gislayne Figueiredo e Mírian Sewo, ambas da UFMT . Entre os dias 20 e 24 de maio, sempre às 19:00 no auditório do Musear – Museu Rondon de Etnologia e Arqueologia da UFMT, estão sendo exibidos Documentários sobre a luta pela terra, as comunidades quilombolas e a educação nos assentamentos da Reforma Agrária. Já na abertura oficial do evento (27/05), às 19:00 no Auditório do Centro Cultural da UFMT, acontece a palestra de Gilmar Mauro, um dos principais líderes do MST.

Outras mesas compõe a programação em diversos horários e locais: "Movimentos quilombolas: história, identidade e luta" (dia 27 das 10:00 às 12:00 no Auditório do IGHD); "Impactos das hidrelétricas nas bacias do Teles Pires e Juruena – A visão dos atingidos" (dia 27 das 14:00 às 16:00 no Centro Cultural da UFMT); "O jornalismo de Mato Grosso e a expansão do agronegócio no estado" (dia 27 das 16:00 às 18:00 no Auditório da Faculdade de Agronomia e Zootecnia), com coordenação dos jornalistas Francisco Alves e Vinicius Souza, ambos colaboradores dos Jornalistas Livres; " Formas de organização da universidade frente às demandas dos movimentos sociais" (dia 28 das 10:00 às 12:00 no Centro Cultural da UFMT); "A educação do campo frente aos ataques ultraliberais" (dia 29 das 8:00 às 10:00 no Centro Cultural da UFMT); e "Trabalho, patriarcado e natureza: olhares e percepções de mulheres camponesas" (dia 29 das 10:00 às 12:00 no Auditório do PPGE).

Entre as oficinas, seminários e cursos previstos estão: Oficina de Bacia de Evapotranspiração" (dia 28 a partir das 8:30 no Auditório do IGHD); "Seminário: Trabalho escravo contemporâneo no campo e reforma trabalhista" (dia 28 das 14:00 às 16:00 no Centro Cultural da UFMT); e "Oficina: Teatro do Oprimido" (dia 28 das 14:00 às 16:00 no Auditório do Instituto de Educação).

Haverá ainda exposições, lançamentos de livros, rodas de conversa, místicas e Feiras com diversos produtos, entre outras atividades. Veja a programação completa em https://juramatogrosso.wixsite.com/jura2019/programacao .

 

Fonte: Divulgação

Quarta, 22 Maio 2019 16:23

 

Reitores não poderão mais nomear pró-reitores nem diretores

O presidente Jair Bolsonaro publicou, na terça (14), o Decreto 9794. Com o decreto, a partir de 25 de junho, os reitores de universidades, CEFETs e institutos federais não poderão mais nomear pró-reitores e diretores de unidades. A nomeação caberá a Onyx Lorenzoni, ministro chefe da Casa Civil, e a Abraham Weintraub, ministro da Educação. Os docentes indicados para os cargos terão que passar por investigação de vida pregressa feita pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e pela Controladoria Geral da União (CGU).

Nomes indicados serão investigados pela Abin e pela CGU

Em nota divulgada na quinta (16), a diretoria do ANDES-SN repudiou o decreto de Bolsonaro. “Trata-se de um nítido ataque à autonomia universitária e à Constituição Federal, pois viola os artigos 5, 37 e 207 da Constituição, assim como as leis 5.540/1968 e 8.112/1990”, afirma a nota. “O decreto 9.794 é um sério ataque à autonomia universitária e não mediremos esforços jurídicos e políticos para revogá-lo, pois ameaça as poucas conquistas democráticas que ainda perduram nas universidades, IF e CEFET”, completa a diretoria do ANDES-SN.

Em parecer preliminar, a Assessoria Jurídica Nacional (AJN) do ANDES-SN apontou a inconstitucionalidade do decreto. “Constata-se a ilegalidade e inconstitucionalidade do Decreto nº 9.794/19, porquanto, por se tratar de ato normativo infralegal, não pode se contrapor a comandos previstos em lei e na própria Constituição Federal”, afirma o parecer da AJN.

Eblin Farage, secretária-geral do ANDES-SN, afirma que o decreto instiga a construir, com ampla unidade, mais ações em defesa da educação pública e da autonomia universitária. “É um retrocesso imenso. Uma ação inconstitucional e um ataque à autonomia universitária. É mais uma tentativa do governo federal de controlar as universidades públicas e destituí-las de caráter republicano. Tirar a nossa autonomia para eleger, entre nossos pares, quem vai assumir os cargos do cotidiano do trabalho”, comenta.

“É uma afronta à comunidade acadêmica. Vamos fazer todo o possível, política e juridicamente, para reverter esse decreto. Não vamos aceitar nenhum tipo de intervenção do governo federal em nossas instituições de ensino”, afirma Eblin Farage.

“É inominável a investigação da vida pregressa pela Abin. É algo que um país democrático não pode aceitar. A existência da Abin já é impensável, quanto mais para investigar professores e servidores. O único precedente para uma ação assim vem da ditadura empresarial-militar. Essa decisão nos remete a esse período”, completa a secretária-geral do ANDES-SN.

O decreto

O Decreto 9794 modifica todo o sistema de nomeações de cargos em comissão e funções de confiança de competência originária do Presidente da República. Ou seja, não afeta apenas as instituições de ensino. O decreto também cria o Sistema Integrado de Nomeações e Consultas (Sinc), no âmbito da administração pública federal.

A partir de 25 de junho, os reitores (e outros gestores do serviço federal) não poderão mais nomear ou exonerar os cargos em comissão CD 1, 2, 3 e 4 (pró-reitores ou decanos, diretores de centro, campi e outros), bem como dar provimento a cargos públicos em decorrência de habilitação em concurso público. A competência passa a ser do presidente e/ou dos ministros Lorenzoni e Weintraub (o último, no caso da Educação).

No artigo 11, o decreto estabelece que as indicações passarão pelo Sinc. O Sinc encaminhará à CGU e à Abin os nomes indicados, para verificação de vida pregressa. As informações do Sinc serão restritas aos altos cargos do governo federal.

Leia aqui a análise da AJN do ANDES-SN.

Leia aqui a nota da diretoria do ANDES-SN.

 

Fonte: ANDES-SN

Quarta, 22 Maio 2019 14:28

 

****
O Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
 
****

 

 

Roberto Boaventura da Silva Sá

Prof. de Literatura/UFMT; Dr. em Jornalismo/USP

O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

 

Nunca foi tão fácil encontrar um título para um artigo como o que se lê acima; bastou-me um “Ctrl+C”/“Ctrl+V”, pois ele foi um dos destaques nos cartazes das manifestações do último dia 15, ocorridas em mais de 200 cidades brasileiras.

De posse desse enunciado politicamente dúbio, presto reverências aos que foram às ruas para defender a educação dos ataques profundos que (também) o governo atual promove.

Detalhe: caso os ataques não sejam interrompidos, outras manifestações virão. A luta pela educação pública, de qualidade, gratuita e laica não pode perder força. Mais do que antes, a união será necessária.

Aliás, isso foi o que compartilhei com os egressos de Literatura/UFMT, durante o um recente descerramento da placa de formatura. Para tanto, resgatei um fragmento de São Bernardo (1934) de Graciliano Ramos, um escritor que foi encarcerado por nos fazer repensar as estruturas do sistema capitalista.

No cerne, o romance trata da existência de Paulo Honório, um ser de origem humilde, além de órfão de pai e mãe desde cedo, mas que vai se tornando tão ambicioso que passa a ser proprietário de muitas terras. Por conta disso, já perto dos 50 anos, percebe que precisava de um herdeiro. Por algumas artimanhas, casa-se com Madalena para ter essa garantia. Ao se casar, age como se tivesse adquirido também a propriedade do corpo e da alma de sua esposa.

Enganara-se.

Madalena – que era “professora das primeiras letras – lia também “em estrangeiro”; logo, pelo acúmulo de suas leituras, ela compreendia a existência de forma humanitária, solidária e respeitosa, principalmente com os trabalhadores da Fazenda São Bernardo. Isso bastou para Honório considerá-la comunista.

Identificando-a assim, ele tenta anulá-la com seu autoritarismo. Mais: Honório tem auxílio de todos os que o circundam, exceto de Pe. Silvestre, que, em uma passagem sobre a calorosa discussão ideológica, sentenciara:

“(...) Quanto ao comunismo, lorota, não pega. Descansem: entre nós não pega. O povo tem religião, o povo é católico”.

Salvas as exceções, assim como Madalena, os professores brasileiros não pretendem (e nem têm armas para) implodir o capitalismo para a ascensão do comunismo, até porque já se sabe que o sistema vigente, por si, é autofágico.

Assim, a preocupação da maioria dos professores é, no máximo, compartilhar uma visão de vida mais humanitária e solidária, buscando minimizar as desigualdades, mas tudo dentro do modelo sistêmico.

Todavia, com a chegada do neofascismo ao poder central, até mesmo essa simples intenção pedagógica, sempre atrelada ao conteúdo das matérias, está ameaçada, pois, como dissera Gilberto Gil, na versão da música “Woman, no cry”, de Bob Marley, os hipócritas já estão “disfarçados, rondando ao redor”; alguns já estão imitando Silvério dos Reis, o delator vil da Inconfidência Mineira.

Como já “há perigo na esquina”, pedi aos novos professores que não privilegiem o seu EU. Neste momento de tormenta, semelhante a mares já antes navegados em nosso passado recente, o NÓS precisa estar no primeiro plano das ações nossas de cada dia.

Juntos, poderemos resistir às ações dos ignorantes e cruéis guardiões da ordem. Em cada escola, cada professor tem de ser solidário com o outro. Jamais ser traíra. Nunca aquele enunciado “mexeu com ele, mexeu comigo” foi tão importante.

Espero que ninguém, nos espaços de aprendizagem, se deixe vencer pelo medo, pois é verdadeiro que “a educação destrói ‘mitos”. Todos! Inclusive os recém-criados.  

Quarta, 22 Maio 2019 11:02

 

 
A Diretoria no uso de suas atribuições regimentais convoca todos os sindicalizados para Assembleia Geral Extraordinária a se realizar:
 
Data: 24 de maio de 2019 (sexta-feira)
Local: AUDITÓRIO DA ADUFMAT 
Horário: às 13:30 horas com a presença mínima de 10% dos sindicalizados e às 14:00 horas, em segunda chamada, com os presentes.

Pontos de Pauta:
 
1)Informes;
 
2) Análise do Ato de 15/05 e da Conjuntura;
 
3) 30 de Maio: 2º DIA NACIONAL EM DEFESA DA EDUCAÇÃO PÚBLICA;
  
4) Escolha de delegados para o 64º CONAD.
 

    
 

 
Cuiabá, 22 de maio de 2019.


Aldi Nestor de Souza
Diretor Geral da ADUFMAT-Ssind

Terça, 21 Maio 2019 16:51

 

Acontece na próxima quinta-feira (23), às 9h30, no Ginásio Poliesportivo da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), a aula pública “Em defesa da Educação! Contra os cortes e ataques às universidades!”. O evento será um espaço de exposição e esclarecimentos sobre o atual momento da Universidade diante dos cortes no Ministério da Educação (MEC) e sobre as ações que estão sendo desenvolvidas nacionalmente com o objetivo de reverter a situação. 


Na oportunidade, serão respondidas dúvidas sobre os impactos dos cortes do ensino, pesquisa e extensão da Instituição e como isso impõe dificuldades na realização de projetos importantes para a UFMT e que impactam toda a sociedade.


Estarão presentes na aula a reitora da UFMT, professora Myrian Serra, representantes de unidades acadêmicas, do reitorado, dos câmpus do interior e das entidades de classe - Diretório Central dos Estudantes (DCE), Sindicato dos Trabalhadores Técnicos-Administrativos em Educação da UFMT (Sintuf) e Associação dos Docentes da UFMT (Adufmat).

 

Fonte: Ascom UFMT

Terça, 21 Maio 2019 16:36

 

A Adufmat-Ssind vem a público declarar solidariedade aos trabalhadores da rede estadual de ensino de Mato Grosso, que deflagraram greve por tempo indeterminado em assembleia geral realizada na segunda-feira, 20/05/19.

É legítima a reivindicação dos trabalhadores por todos os seus direitos. Não devemos absorver o discurso de que nós temos de pagar a conta de uma crise que, na verdade, foi forjada apenas para aumentar a lucratividade sobre o nosso trabalho, sucumbindo com cada uma das nossas conquistas históricas.

Nesse momento de profundo ataque em todos os âmbitos, a Adufmat-Ssind se coloca à disposição dos trabalhadores da educação no estado, reafirmando o compromisso de lutar, ombro a ombro, contra quem quer que seja o algoz da classe trabalhadora.

 

Cuiabá, 21 de maio de 2019

Diretoria da Adufmat-Ssind

Gestão Luto Pela Universidade Pública!

Segunda, 20 Maio 2019 18:57

 

Diante de tantos ataques aos direitos da população brasileira, em meio a um conturbado cenário político e econômico, a Adufmat-Ssind foi convidada para contribuir com a análise de conjuntura durante a reunião da direção estadual do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) na última sexta-feira, 17/05.

 

A parceria entre o sindicato dos docentes da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e MST é histórica, tanto pela defesa do direito constitucional à terra, por meio da Reforma Agrária, quanto pela luta pelos direitos fundamentais, sociais e trabalhistas de todos os trabalhadores.

 

Na mesa, além do dirigente nacional do MST, João Paulo Rodrigues, e do professor Aldi Nestor de Souza, que representou a Adufmat-Ssind na ocasião, os professores da UFMT, Paulo Wescley (Departamento de Serviço Social) e Paulo Rocha (Faculdade de Comunicação e Artes), dividiram suas leituras e experiências para tentar desvendar a atual conjuntura.

 

“A análise de conjuntura é central, porque ajuda a organizar as ações seguintes, além de ser uma experiência coletiva, porque não há saber iluminado”, afirmou Rodrigues, abrindo os trabalhos.

 

O dirigente pontuou, de forma bastante didática, quais influências internacionais e nacionais foram decisivas para derrocada do governo Dilma Rousseff e a eleição de Bolsonaro, um processo de golpe que teve início nas manifestações de junho de 2013 e, na sua avaliação, ainda não está completo. A questão central nos interesses econômicos resvala agora no empobrecimento gradativo da população, no aumento da exploração e também opressão, repressão e criminalização dos movimentos sociais organizados que lutam para resguardar os direitos atacados.

 

Para o diretor geral da Adufmat-Ssind, Aldi Nestor de Souza, é preciso refletir sobre a palavra da onda do moralismo no Brasil: “corrupção”. “Eu tenho interesse de encarar essa palavra. Ela carece de tratamento, porque parece absoluta, mas não diz nada, não explica nada. A corrupção é inerente às relações capitalistas”, afirmou o docente, citando inúmeros casos de escândalos de corrupção praticados por governos e empresas.

 

Numa análise mais local, o professor utilizou o termo “ninguendade”, conceito de Darcy Ribeiro cunhado na obra “O povo Brasileiro”, para descrever as relações estabelecidas na universidade. “A UFMT é formada por pessoas que vieram de outros lugares em busca do seu próprio garimpo e aqui não se identificam com nada. É uma relação muito parecida com a do estado de Mato Grosso, para onde muitas pessoas, de diversas regiões, vieram atrás de um pedaço de terra. Ou seja, a universidade está muito alinhada com esse projeto de estado”, concluiu.

 

O professor Paulo Wescley elencou diversos desafios para que os trabalhadores consigam superar o que considera uma crise estrutural de sociabilidade, mas ao final de sua exposição, garantiu: “Minha fala não é pessimista. Nós temos de saber que o desafio é muito grande, mas não é impossível. A Reforma da Previdência, por exemplo, é algo que não conseguem fazer desde o governo FHC, passando por Lula, Dilma e agora Bolsonaro. As contradições vão se ampliar, mas é preciso disputar consciências, aprofundar as discussões sobre projeto de sociedade e as táticas para unir as pessoas e as pautas”, afirmou o docente.

 

Já o professor Paulo Rocha compartilhou suas experiências nas periferias de Cuiabá, de outros estados e países, afirmando que os pobres foram abandonados pela chamada esquerda nos últimos anos. “É preciso refazer as relações, diminuir essa distância”, indicou o jornalista.

 

Para Rocha, o espírito do tempo atual é de um conservadorismo sem precedentes. “Há um negacionismo político absurdo, às vezes até para quem é de esquerda. Um preconceito tão cego, capaz de superar até mesmo a autoridade de Deus”.

 

 

 

 

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

 

  

    

 

  

 

Segunda, 20 Maio 2019 17:00

 

A nova diretoria de Assuntos de Aposentadoria e Seguridade Social da Adufmat-Ssind convida todos os professores aposentados e aqueles que já integram o GT - Seguridade Social e Assuntos de Aposentadoria para reunião, no dia 22/05/2019 (quarta-feira), às 14h, na sede da Adufmat-Ssind para discutir e traçar planos de atividades para o 1º e 2º semestre de 2019.
 
Aguardamos todos (as) na reunião. 
 
Att.
 
Profª Maria Luzinete Alves Vanzeler
 
Diretora de Assuntos de Aposentadoria e Seguridade Social da ADUFMAT
 
Gestão: 2019-2021