Circular nº 251/19
Brasília (DF), 3 de julho de 2019
Às seções sindicais, secretarias regionais e à(o)s diretore(a)s do ANDES-SN
Companheiro(a)s,
Cumprindo deliberação do 38º Congresso do ANDES-SN, realizado no período de 28 de janeiro a 2 de fevereiro de 2019, em Belém (PA), convocamos as seções sindicais para o II Seminário Nacional Integrado do GTPCEGDS: IV Seminário Nacional de Mulheres do ANDES-SN; III Seminário Nacional de Diversidade Sexual e IV Seminário Nacional de Reparação e Ações Afirmativas), a ser realizado no Rio de Janeiro/RJ, sediado pela ASDUERJ Seção Sindical, nos dias 30, 31 de agosto e 1º de setembro de 2019.
Informamos que as inscrições deverão ser feitas via secretaria do ANDES-SN (e-mail: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.), até o dia 19 de agosto de 2019.
Na oportunidade, encaminhamos a programação do seminário, a qual está em fase de confirmação dos nomes do(a)s palestrantes.
Sendo o que tínhamos para o momento, enviamos nossas cordiais saudações sindicais e universitárias.
Profª. Eblin Farage
Secretária-Geral
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O Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
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Roberto Boaventura da Silva Sá
Prof. de Literatura/UFMT; Dr. em Jornalismo/USP
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Sempre que posso, fujo do tema religião como o diabo foge da cruz. Motivo: em tempo de tantas desavenças, a maioria – cristãos ou não – vive sem qualquer feixe de luz; logo, socialmente, é perigosa.
Alguns – mais evoluídos na perversidade do que outros – sequer deixam suas práticas provarem a pequenez de suas almas, desmentindo-os. Seus próprios discursos fazem isso. É a falência do Verbo. Nesse abundante grupo, encontra-se o atual presidente da República, que, no rol de seus desconhecimentos, sequer sabe o porquê de ter se tornado presidente, embora, paradoxalmente, já fale em reeleição!!!
Mas como vejo só maldade naquela apequenada alma, que faz tanta questão de invocar a todo instante o nome de Deus?
No plano das aparências, vejo maldade e amargor em seu sorriso amarrado, sem graça. A criatura parece estar sempre alerta para impor algum tipo de vingança aos seres que não comungam das mesmas ideias suas.
O ódio presidencial ao diferente é tão intenso que o faz esquecer que o outro (o diferente), querendo ou não, é um seu semelhante, um seu igual, pois na tese cristã são todos feitos à imagem de Deus.
Nesse sentido, um de seus semelhantes mais semelhantes é exatamente o conjunto dos trabalhadores sem terra, sem eira, sem beira, sem nada. A quem duvidar, aproxime-se deles. Ao se aproximar, verão que o MST não inicia ação alguma sem antes vivenciar, em grupo, suas místicas. Em outras palavras, referenciar o mesmo Deus presidencial. Que ironia!
Mas por que tanto ódio presidencial contra seres humanos que nada mais têm a perder, a não ser os grilhões que os prendem à miséria dessa existência cheia de malícias e milícias?
Porque não têm propriedades. Porque são pobres. Portanto, o ódio presidencial é de classe. Ele sabe a quem está a serviço. A proposta de Previdência é a prova de sua extrema maldade.
Outro grupo que perturba a alma pequena do presidente da República é formado pela maioria dos que experimentam a vida acadêmica.
Por que esse ódio específico?
Porque em espaços tais, mesmo que muitos cultivem suas religiosidades, a verdade é que poucos são os acreditam no criacionismo. Para a maioria, o evolucionismo tem mais sentido. Todavia, para se aceitar a vigência da ciência é preciso, humanamente, evoluir do sentir para o pensar. Da experimentação do ato de pensar vem a certeza do existir: “penso, logo existo”.
No mais, a existência de muitos que frequentam a vida acadêmica está mais livre de amarras socialmente construídas. A Filosofia, a Sociologia, a Antropologia e todos os “logos” que possam ser abarcados nas universidades parecem ajudar, potencialmente, os seres humanos a serem mais humanos de fato.
Infelizmente, nosso presidente tem demonstrado dificuldades de compreender isso. Imerso em suas limitações, tem atacado as universidades; e de todas as formas. Ataca no plano das questões subjetivas e na objetividade; ou seja, no corte de verbas federais para manutenção das atividades que, aliás, são indispensáveis à sociedade.
Por que as universidades são indispensáveis?
Porque é delas que vêm os médicos, os advogados, os engenheiros... mas acima de todos, os professores, inclusive os de Filosofia, de Antropologia, de Sociologia... E se cada profissional sair das universidades humanizado, tanto melhor para todos.
Mas o presidente não pensa assim. Aliás, penso que ele sequer pensa. Apenas sente; e sente muito ódio de quem pensa, de quem é pobre, de quem é gay, de quem é preto, de quem é indígena, de quem é mulher...
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Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
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JUACY DA SILVA*
Ao escrever sobre alguns temas de natureza transcendental ou o que algumas pessoas denominam de espirituais, de vez em quando recebo mensagens, pelos diversos meios de comunicação virtual indagando-me do que se trata ou será que isto não fica apenas no plano íntimo de cada um ou cada uma e pouco efeito prático acaba provocando.
Em minhas respostas costumo dizer que tudo o que existe de concreto, as invenções, as obras de arte, as músicas, as cidades, os sistemas produtivos, tem suas origens no cérebro humano e no coração de pessoas, muitas das quais chamamos de gênios ou iluminadas, mas que, na verdade, todo mundo, com algumas exceções de quem tem certas doenças que limitam essas capacidades, enfim, todos nós temos uma capacidade inata, isto é, está presente desde a concepção, ao Nascimento e desenvolvimento pela herança genética e que será moldada ao longo da vida, ou o que chamamos de caminhada ou jornada terrena.
Em havendo igualdade de oportunidades e os estímulos necessários todas as pessoas podem desenvolver seus talentos e seus carismas, diferente de quando as oportunidades são definidas pelas estruturas politicas, sociais e seus agentes, que acabam excluindo a grande maioria da população em benefício das minorias que conquistam e exercem o poder em todas as sociedades. Esta é a gênese de todas as desigualdades: sociais, raciais, de gênero, culturais, econômicas, regionais, setoriais ou politicas, que acabam gerando exclusão, pobreza e miséria.
Em havendo justiça e igualdade de oportunidades, assim acontece com todos os pensamentos considerados nobres, que constroem, que edificam não apenas a própria pessoa quanto interfere e contribui para a vida coletiva. Assim, se temos em nosso interior pensamentos e sentimentos bons, nobres como o amor, a solidariedade, a fraternidade, a compreensão, a empatia, a gratidão, a caridade, a fé pura e verdadeira em Deus ou em alguma divindade que nutre nossa esperança de uma vida futura após a morte, com certeza deixaremos de lado pensamentos ruins e sentimentos negativos, como o ódio, o apego aos bens materiais, a ganância, a inveja, as futilidades da vida, a discriminação, o racismo, a violência, a opressão, a mentira, a esperteza e a corrupção. Essas últimas, são coisas, pensamentos ou ações incompatíveis com a civilização do amor.
Por isso, todos os livros sagrados, de todas as religiões e filosofias que embasam a visão de mundo de cada pessoa, tanto enfatizam a importância do amor, da compreensão, da partilha, da caridade, fraternidade, solidariedade e nutrem também a busca continua por uma sociedade, um país, enfim, uma comunidade internacional onde a paz seja o valor maior, onde as guerras, os conflitos armados sejam abolidos, onde a segurança das pessoas não esteja em armar-se, ter mais armas, algumas de destruição em massa, que provocam massacres, na maior parte das vezes destruição material e milhões de vidas humanas sacrificadas ou dilaceradas.
Em uma civilização do amor, os governantes, que supostamente devem representar e defender os interesses coletivos, não podem ser adeptos da violência, não devem fazer apologia das ações bélicas, não devem ser defensores da politica de quanto mais armas mais segurança, não devem ser defensores/lobistas da indústria das armas e dos interesses dos poderosos.
Em uma civilização do amor, o princípio de que todas as pessoas são iguais perante as leis deve ser algo de concreto e não belas palavras, belas mentiras; a justiça deve ser magnanima e realmente justa para todos; onde não há justiça social, onde não há justiça fiscal, com certeza o fosso que separa ricos de pobres, brancos e negros ou pessoas de qualquer outra cor da pele ou origem racial; entre homens e mulheres, entre pessoas de diferentes idades e características físicas; pois se as sociedades continuarem divididas tendo essas características, com certeza vamos conviver com a pobreza, com a miséria, com a injustiça, com a opressão, com a violência, com a epidemia das drogas, com o crime organizado, com a ganância e opulência de uns poucos em detrimento de uma vida decente e digna para todas as pessoas.
Muitos dos problemas que enfrentamos ao longo da vida, não apenas na dimensão individual, mas, fundamentalmente no plano coletivo, como o caos na saúde, a violência de toda ordem, a miséria, a fome, o desemprego, o subemprego, o trabalho escravo ou semiescravo, o tráfico humano, e talvez o maior subproduto desta civilização materialista, egoísta e opressora que é o problema das drogas, lícitas ou ilícitas, pouco importa, pois esta divisão é apenas uma invenção de governantes e legisladores que teimam em ver a realidade por uma ótica distorcida.
Com certeza, a adição ou o que antigamente era chamado de vícios, incluindo ai os jogadores e comedores compulsivos, o tabagismo, o alcoolismo, a prostituição e, claro, também o uso e abuso de drogas ilícitas, bem como a depressão, o pânico, a ansiedade, além dos aspectos fisiológicos e patológicos, para muitos estudiosos também são, na verdade, problemas de ordem transcendental ou espiritual e para a sua cura, exigem uma abordagem holística, ou multiprofissional.
Se conseguirmos levar a essas pessoas uma palavra de carinho, um pouco mais de atenção, consolação e compreensão, em lugar do abandono ou do encarceramento, bem como ações concretas que reduzam o sofrimento das mesmas, com certeza estaremos praticando alguns princípios da civilização do amor.
Em uma sociedade fundada no amor não existe lugar para a opressão, para as injustiças, nem para as prisões, a tortura, os campos de concentração, muito menos para as “limpezas étnicas”, onde as guerras poderão ser abolidas, afinal, as guerras e todas as formas de violência são a essência da estupidez humana ou o que podemos denominar de a bestialisação da obra-prima da criação de Deus, que é o ser humano.
Há mais de dois mil anos um jovem, Homem/Deus, pregava aos seguidores, do que adianta dizer a quem tem fome, segue em frente, prossiga sua caminhada e se não lhe der um prato de comida ou um simples pedaço de pão? Ou dizer a outra pessoa que esta gemendo de dor, fique em paz, que o Senhor vai te ajudar e não lutar para que todos tenham uma saúde de qualidade e acessível para todos indistintamente e não como hoje acontece no Brasil e em tantos países, onde as pessoas sofrem e até morrem em corredores ou portas de unidade de saúde.
Se atualmente existem mais de 2,2 bilhões de cristãos espalhados pelo mundo todo e mais de 4,5 bilhões de adeptos de tantas crenças e religiões, não é compreensível que tantos males praticados pelo ser humano continuem degradando a existência das pessoas.
Um exemplo da civilização do amor pode ser encontrado na forma como na igreja primitiva, os apóstolos e discípulos de Cristo viviam logo após o pentecostes. Conforme relato do Livro dos Atos dos Apóstolos capítulo 2:44-45, podemos ler e imaginar como era a vida comunitária entre os primeiros cristãos. “Os que criam mantinham-se unidos e tinham tudo em comum. Vendendo suas propriedades e bens, distribuíam a cada um conforme a sua necessidade.” Esta é a essência da civilização do amor ou como ainda hoje acontece com a vida comunitária da grande maioria dos povos primitivos (indígenas) em diversos países, inclusive no Brasil.
Será que nossos empresários e governantes, a maioria dos quais se dizem cristãos, homens e mulheres de Deus, mas que ao fecharem os olhos para esta realidade que tanto massacra e explora impiedosamente a grande maioria da população, enquanto eles/elas, empresários e governantes, dos três poderes e nos diferentes estados da federação continuam com seus privilégios e vida nababesca `as custas dos impostos e contribuições dessa mesma população que sofre, na maior parte das vezes calada e sem qualquer esperança de uma vida digna? Será que convivem em paz com suas próprias consciências? E o que dizer de líderes religiosos que fazem coro com tais práticas injustas e degradadoras de seres humanos?
Alguns aspectos importantes tem sido mencionados ou enfatizados ao longo de décadas, principalmente ante as consequências dos horrores das guerras, dos conflitos armados ou de tantos atos terroristas, sempre, cada lado tentando demonstrar e convencer a opinião pública que tantos massacres foram e estão sendo perpetrados em nome de alguma “boa causa” ou ideologia, o que sabemos é que esses atos tresloucados produziram mais de 100 milhões de vitimas inocentes, principalmente crianças, idosos e idosas tem sido vitimas desta insanidade.
Com certeza, todos acreditam que a paz seja fruto da justiça, ou seja, onde a injustiça e a opressão vicejam jamais haverá paz verdadeira; todavia, tanto a justiça quanto a paz, são frutos do amor verdadeiro. Só assim vamos transformar a realidade que nos cerca e construirmos uma sociedade justa, sustentável e realmente humana!
*JUACY DA SILVA, professor universitário, titular e aposentado Universidade Federal de Mato Grosso/Cuiabá, sociólogo, mestre em sociologia, colaborador de diversos veículos de comunicação social. Email O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Twitter@profjuacy Blog www.professorjuacy.blogspot.com
Um convite nada convencional, mas absolutamente importante, levou diretores da Adufmat-Seção Sindical do ANDES-SN à sala de aula nessa segunda-feira, 01/07, para conversar com estudantes do 7º semestre de Engenharia Florestal da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).
A intenção foi inserir na disciplina “Legislação e Ética Profissional” as imprescindíveis reflexões sobre o mercado de trabalho que os futuros engenheiros deverão encontrar após a formatura.
Entusiasmados com o convite, os diretores Aldi Nestor de Souza e Jdeison Benetti, e o professor do Departamento de Matemática, Vinícius Santos, foram ao encontro da turma.
O coordenador geral da Adufmat-Ssind, Aldi Nestor de Souza, iniciou o diálogo falando que os sindicatos surgiram por causa das condições de trabalho extremamente precárias da Europa do século XVIII. Jornadas de trabalho de 14h - inclusive para crianças -, exposição a diversos riscos e ambientes insalubres, além de remunerações minúsculas e sem qualquer critério eram a realidade dos trabalhadores que se organizaram para reivindicar mudanças.
“Nós ficamos muito surpresos com o convite, no bom sentido, porque o sindicato é vital para a vida dos trabalhadores, especialmente nesse momento, justamente pela proximidade que temos com as condições de trabalho dos europeus do século XVII”, afirmou o coordenador da Adufmat-Ssind, referindo-se à Reforma Trabalhista. Aprovada em 2016, a medida fragiliza os direitos dos trabalhadores ao determinar que “o acordado prevalece ao legislado”.
O docente também contextualizou o surgimento dos sindicatos no Brasil, país que escravizou oficialmente seus trabalhadores até 1888. Revoltas históricas, como Palmares e Canudos, demonstram que sempre houve, há e haverá resistência, mesmo sem qualquer instituição sindical estabelecida. “A historia dos trabalhadores do Brasil e do mundo é uma historia de muita luta. Muita luta e também muito sangue, porque o Estado se encarregou de trucidar todos esses grupos”, disse o diretor.
A estrutura sindical começa a aparecer no Brasil com a importação de imigrantes para servirem de mão de obra nas fábricas, durante o processo de industrialização nas primeiras décadas do século XX, como explicou o professor Vinícius Santos. Foi o Governo Getúlio Vargas, entre 1930 e 1940, que regularizou as entidades sindicais e, ao mesmo tempo, impôs uma série de condições, entre elas a proibição de greves, e a proibição a servidores públicos se associarem a qualquer entidade de classe.
A ditadura militar manteve esse modelo, mas, nessa época, muitas categorias começaram a se organizar para reivindicar não só melhores condições de trabalho, mas também contra o regime autoritário. No entanto, como os sindicatos nos setores públicos eram proibidos, várias “associações” de trabalhadores foram criadas com finalidade sindical. “A principal luta sindical é contra a exploração da força de trabalho, não só por direitos e benefícios. Claro que essas demandas também são importantes, mas os sindicatos demarcam um enfrentamento real dos trabalhadores ao capital. E isso é tão forte, os sindicatos são tão importantes nesse sentido, que nos últimos anos foram criados até sindicatos patronais para fazer essa disputa de interesses”, disse Santos.
Com a Constituição de 1988, a livre associação foi estabelecida, mas a perseguição velada aos sindicatos continua. A MP 873/19, que caducou no dia 30/06, é um exemplo claro de que o governo Bolsonaro persegue gratuitamente os sindicatos de trabalhadores. A manobra pretendia impedir o desconto em folha da contribuição mensal de sindicalizados, sem alterar em nada a economia do país. Não há nenhuma justificativa que respalde a proposta da Presidência, a não ser a intenção política de fragilizar a estrutura sindical e, consequentemente, os trabalhadores representados por elas.
As disputas entre projetos divergentes de sociedade ficam ainda mais evidentes quando propostas como as reformas Trabalhista e da Previdência são apresentadas: de um lado, um grupo econômico interessado em obter mais lucro retirando direitos de milhares de pessoas infinitamente mais pobres; de outro, trabalhadores interessados em obter dignidade, o que renderá menos lucros aos empresários. Há momentos em que, por mais que haja esforço, é impossível conciliar. Não há meio termo. O grupo mais frágil sairá perdendo.
“Eu convido vocês para observarem a última página da proposta de Reforma da Previdência. Lá está escrito para quem o Paulo Guedes [banqueiro] vai mandar a conta dessa proposta. Mas já adianto: serão os mais pobres”, provocou Souza. Por isso os sindicatos de trabalhadores se colocam frontalmente contra a proposta de Reforma.
O professor Djeison Benetti chamou a atenção, ainda, para os efeitos da Reforma Trabalhista no mercado que os estudantes enfrentarão após concluir o curso. “Nós temos pessoas que encontraram, nos últimos anos, condições de fazer mestrado e doutorado. Essas pessoas vão disputar as vagas de emprego, mas o mercado não está disposto a pagar por isso. As universidades acolheram boa parte dessas pessoas, mas agora não haverá mais isso, e é aí que a necessidade de trabalhar vai fazer o profissional bem qualificado aceitar o acordado sobre o legislado, como a Reforma Trabalhista permite fazer”, disse.
Dados recentes apontam que, no Brasil, cerca de 80% da população assalariada tem rendimento mensal de até R$ 1.700,00. Mais de 14 milhões dessas pessoas têm nível superior.
Além disso, também pela abertura que a Reforma Trabalhista ocasionou, o mercado aceita cada vez menos que funcionários fiquem doentes, e acabar com a seguridade social, como propõe a Reforma da Previdência, prejudicará sobremaneira o trabalhador, enquanto o patrão será desresponsabilizado.
Os funcionários terceirizados da UFMT têm enfrentado situações como essa. Eles evitam entregar atestado médico aos patrões, porque começam a ser perseguidos em seguida, sendo, entre outras coisas, transferidos de posto, para que o trabalho fique cada vez mais impossível. Dessa forma, eles trabalham mesmo passando mal.
Durante toda a conversa, que ocorreu mesmo com a universidade sem energia elétrica, os estudantes interagiram, fazendo várias perguntas, desde como é a constituição de um sindicato, as diferenças concretas entre ele e as associações, até o seu papel político, quem representa ou deixa de representar.
Interessados em convidar a diretoria do sindicato para uma conversa como essa, para auxiliar os estudantes a entenderem as relações que vão encontrar quando saírem da universidade podem entrar em contato com a Adufmat-Ssind pelo e-mail O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. .
Luana Soutos
Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind
Em vários aeroportos do país, na madrugada desta terça-feira (2), deputados que embarcaram rumo a Brasília foram recepcionados por manifestações que cobraram que os congressistas votem contra a Reforma da Previdência. Com faixas e cartazes, os manifestantes alertaram para os graves ataques da reforma e abordavam os parlamentares.
Com a presença da CSP-Conlutas, houve mobilização em aeroportos de Fortaleza (CE), Porto Alegre (RS), Brasília (DF) e Rio de Janeiro (RJ) e a ação deverá ser repetida nos próximos dias.
A pressão sobre os deputados, com abordagem nos aeroportos, ações no Congresso e pressão nas bases eleitorais dos parlamentares foram alguns dos encaminhamentos definidos pelas centrais sindicais no calendário de luta contra a reforma. A orientação é pressão total sobre os deputados(as), para que saibam que quem votar a favor dessa reforma será denunciado como traidor(a) dos trabalhadores.
Em São José dos Campos (SP), o Sindicato dos Metalúrgicos, filiado à CSP-Conlutas, tem feito campanha para cobrar o deputado federal que é da região, Eduardo Cury (PSDB), que já se declarou a favor da reforma da Previdência.
Como parte da campanha, a CSP-Conlutas também produziu cartazes com os deputados em cada estado que já declararam que ser a favor da reforma integral ou parcialmente. Confira: http://bit.ly/30bA9J7
Votação do relatório
O governo Bolsonaro (PSL) e o presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM) pretendem votar nesta terça ou no máximo até o final desta semana o relatório da reforma da Previdência na Comissão Especial, o que permitirá que o texto siga em seguida para votação no plenário da Câmara.
O relator deputado Samuel Moreira (PSDB) irá apresentar uma complementação de voto alterando seu relatório inicial, após negociações com líderes dos partidos e categorias. A leitura estava prevista para quinta-feira passada (27), mas acabou adiada.
Contudo, apesar das eventuais alterações em negociação, o fato é que a Reforma da Previdência segue mantendo seu eixo principal: o endurecimento das regras para a aposentadoria e a restrição de benefícios previdenciários, o que vai, na prática, impedir que milhões de trabalhadores se aposentem.
“Bolsonaro e Paulo Guedes mantém a meta de arrancar quase R$ 1 trilhão das aposentadorias dos trabalhadores e mais pobres, enquanto mantém privilégios de setores como a cúpula dos militares e o pagamento da ilegal Dívida Pública, essa sim, o verdadeiro ralo das contas públicas. Com a exigência de idade mínima e o aumento do tempo de contribuição os trabalhadores não vão conseguir se aposentar”, disse o integrante da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas Atnágoras Lopes.
“Portanto, aceitar qualquer tipo de remendo é fazer o jogo do governo e trair os interesses dos trabalhadores. As direções das centrais sindicais têm de manter firme a unidade para derrotar essa reforma na íntegra. É pressão total sobre os parlamentares e intensificar a mobilização dos trabalhadores, com a realização de um forte dia de luta no dia 12 de julho, bem como apontar para o próximo período uma Marca a Brasília e uma nova Greve Geral”, afirmou o dirigente.
12 de julho é Dia Nacional de Luta
As centrais sindicais também definiram que o próximo dia 12 de julho é Dia Nacional de Luta contra a Reforma da Previdência, em defesa da Educação e dos Empregos. Haverá ato em Brasília, que será realizado em conjunto com estudantes e trabalhadores da Educação, e mobilizações nos estados, com ações como assembleias, atos e coleta do abaixo-assinado contra a reforma.
Fonte: CSP Conlutas
As associações e sindicatos abaixo assinados vêm conjuntamente repudiar a atuação do governo federal contra as instâncias e protocolos de validação técnico-científica e de governança de programas de órgãos do Estado Brasileiro. São diversos os fatos ocorridos nos últimos tempos que demonstram que o governo atual desconsidera as evidências empíricas e decisões técnicas em prol de uma politização/ideologização do debate.
A alteração/redução do questionário do Censo Demográfico e as mudanças na metodologia de coleta às vésperas de sua realização representam um grande risco à qualidade dos dados censitários. O Censo Demográfico é fundamental para a produção de estatísticas municipais tão necessárias para a formulação de políticas públicas. Atualmente, as mudanças estão sendo conduzidas desconsiderando os protocolos de validação e a qualidade técnica do trabalho dos funcionários do IBGE, que são referência na comunidade internacional de estatística.
De forma similar, o processo de decisão técnica e gestão de programas no BNDES também foi desconsiderado e atacado com o afastamento da chefe do Departamento de Meio Ambiente, que responde pela gestão do Fundo Amazônia. Segundo a própria direção do BNDES, o afastamento foi justificado para atender as alegações do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, sobre supostas irregularidades na gestão do Fundo. No entanto, o Fundo é um dos mecanismos financeiros mais controlados e auditados do país, tendo recebido avaliação técnica positiva pelo TCU. O BNDES pode ser também atingido caso venha a se concretizar a proposta de mudança do artigo 239 da Constituição Federal, que levaria a interrupção dos repasses do Fundo de Amparo ao Trabalhador. Inserida no bojo da proposta de Reforma da Previdência, a medida surge sem avaliação de impactos sobre investimentos, infraestrutura, emprego e receita tributária e sobre o futuro da maior instituição de fomento do país.
Na área ambiental, vem ocorrendo o desmonte de políticas públicas com base em opiniões que também desconsideram estudos científicos. O atual governo cortou 95% dos recursos destinados aos programas para políticas sobre mudanças climáticas, afrouxou o combate ao desmatamento da Amazônia e aos crimes ambientais, acelerou o ritmo de liberação de agrotóxicos e alterou a composição do Conselho Nacional do Meio Ambiente e do Comitê de Compensação Ambiental Federal. Além disso, a gestão de IBAMA e ICMBio tem sido marcada pelo tom difamatório adotado pelo Ministro do Meio Ambiente e pelo Presidente da República, que desautorizam publicamente ações de seus servidores. O mesmo ocorre no caso do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), quando o Ministro, sem rigor científico e com o objetivo de substituir o Instituto no monitoramento da Amazônia, desqualifica-o publicamente e caracteriza-o como ineficaz no controle do desmatamento. No entanto, o INPE não tem poder de polícia. É do estado a responsabilidade de acionar os sistemas de proteção.
O desrespeito e intervenções injustificadas vêm ocorrendo também em instituições públicas de ensino superior e de C&T. Recentemente, o Ministro da Educação nomeou reitores ignorando consultas realizadas às comunidades acadêmicas, como na Universidade Federal da Grande Dourados e na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. Instituições de ensino superior foram alvo dos ataques do governo federal, que as acusa de fazer “balbúrdia” e, dessa forma, tenta justificar os cortes no orçamento da pesquisa e de universidades públicas, institutos e Cefet. Cabe ressaltar que carreiras de C&T, que operam todos os institutos públicos de pesquisa nas mais diversas áreas do conhecimento, vêm perdendo de 10 a 15% de seus quadros anualmente, ameaçando a maioria dos institutos de extinção em curto período.
Igualmente preocupantes são as críticas de dirigentes baseadas tão somente em vivências pessoais ao 3° Levantamento Nacional sobre o Uso de Drogas pela População Brasileira desenvolvido pela FIOCRUZ, por meio do embargo da pesquisa, e também ao Atlas da Violência 2019 no IPEA, em seu lançamento. Decisões arbitrárias e opiniões pessoais se tornam comuns nas novas direções e ministérios. Contudo, opiniões pessoais e baseadas em casos anedóticos não deveriam ser consideradas na avaliação de estudos técnicos e de políticas públicas.
Continuaremos vigilantes em denunciar posturas como essas, contrárias à produção do conhecimento e de desrespeito às instituições e aos seus corpos funcionais.
Rio de Janeiro, 27 de Junho de 2019
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Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
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JUACY DA SILVA*
Em artigo anterior, escrito há poucos dias, ficou esclarecido que a obesidade é uma doença grave e muito séria e que tem preocupado não apenas as pessoas que sofrem com este mal, mas também autoridades e profissionais da área da saúde na maioria dos países e, inclusive organismos internacionais como OMS e outros de âmbito regional.
Muita gente imagina que o problema é a balança e ficam até com medo de subir neste instrumento de medida ou até mesmo voltam suas frustrações contra a balança como operários no inicio da idade industrial que quebravam as máquinas como se assim pudessem retardar o processo histórico e as transformações tecnológicas.
Apesar da obesidade ter diversas causas, que veremos logo mais, a maioria dos especialistas nesta área concordam que na verdade a causa principal, para a grande maioria das pessoas que sofrem com a obesidade, a mesma é causada ou definida como uma concentração elevada ou muito elevada, dependendo do índice individual, de gordura no organismo, por isso é que popularmente as vezes as pessoas obesas são chamadas de gordas, que tem muita gordura no corpo.
Assim este acúmulo de gordura é decorrente do desequilíbrio entre calorias ingeridas por uma pessoa e quantidade de calorias queimadas ou gastas pelo organismo e pode ser o resultado tanto de uma dieta nada saudável quanto pelo sedentarismo/falta de exercícios físicos. Ora, se a pessoa come uma determinada quantidade de alimentos, principalmente ricos em gorduras e açucares, enfim, de calorias e fica sentado o dia todo, com certeza este acúmulo diário irá resultar em sobrepeso e, finalmente, nos diferentes níveis de obesidade, podendo chegar até à obesidade mórbida.
No entretanto, como já mencionado anteriormente, as pessoas que sofrem com a obesidade ou o sobrepeso não devem simplesmente se autodiagnosticarem e muito menos procurarem amadores ou oportunistas que se aproveitam do desespero de quem esteja doente e embarcar em programas malucos de emagrecimento, ou tomarem remédios sem prescrição correta, sem orientação professional. Isto pode ser perigoso, agravar o problema e levar até à morte.
A primeira coisa que deve fazer é procurar diagnosticar corretamente o problema, que é o ganho de peso, paulatino e sistemático, afinal ninguém que esteja muito abaixo ou abaixo dos índices considerados normais, se torna obeso ou com sobrepeso do dia para a noite, a obesidade é um processo, as vezes quase imperceptível, de acúmulo de gordura no corpo, não tem nada de “charme” como algumas pessoas imaginam. É uma doença e como tal deve se encarada.
Só profissionais preparados para diagnosticar e oferecer alternativas de tratamento são indicados a “trabalharem” com este tipo de doença, que é a obesidade, destacando ou lembrando sempre que em sendo a obesidade complexa e cujas origens/causas são variadas, como, além do acúmulo de gordura já destacado anteriormente, distúrbios orgânicos, situações de estresse e ansiedade, ou seja, causas psicológicas, ou hábitos alimentares culturalmente arraigados, aspectos genéticos , enfim, diversas causas; o ideal é que tanto o diagnóstico quanto o tratamento devam ser feitos por equipes multiprofissionais, com apoio de diversos tipos de exame como de sangue e outros mais, além de um complete “inventário” do sistema de alimentação que a pessoa obesa costuma fazer.
De forma resumida, podemos identificar ou destacar pelo menos sete causas/origens da obesidade, conforme diversos estudos em diversos países: 1) sedentarismo; 2) comportamento alimentar inadequado; 3) dietas alimentares nada saudáveis, com elevados teores de açucares e gorduras; 4) meio ambiente que estimula o consumo de alimentos “enlatados”, cujo maior vilão é o “fast food”; 5) fatores genéticos e distúrbios glandulares/endócrinos; 6) Status socioeconômico, hábitos que favorecem a fartura de comida, nada saudável, como festas, banquetes, comemorações, onde o excesso de fritura e refrigerantes são servidos 7) psicológicas, como ansiedade, depressão, incluindo depressão pós-parto (muitas mulheres engordam muito após os partos) e compulsão alimentar, onde estão incluídos os “comedores compulsivos”, aquelas pessoas que comem o dia todo, desregradamente, conhecidas como quem “assalta a geladeira”, inclusive durante a noite. Parece que essas pessoas tem um apetite incontrolável.
Se o problema da obesidade fosse apenas o estético, a doença não seria tão grave. Mas o problema é que a obesidade agrava outras doenças também graves, algumas até crônicas e representa a redução significa da expectativa de vida.
As consequências da obesidade, são varias, com destaque para: 1) doenças cardiovasculares; 2) diabetes tipo II; 3) doenças músculo/esqueléticas como artrite e problemas nas juntas; 4) diversos tipos de câncer; 5) apneia do sono; 6) infertilidade e também disfunção erétil no homem; 7) problemas no trabalho, nos transportes coletivos; 8) discriminação e, no caso, de crianças e adolescentes o “bullying”; 9) aumento dos níveis de colesterol, de triglicerídeos e glicose no sangue; 10) mobilidade reduzida, quando mais obeso maior a dificuldade que a pessoa tem para se movimentar;11) acúmulo de gordura no fígado; 12) problemas respiratórios/asma etc; 13) problemas psicológicos como baixa autoestima; ansiedade, frustração, não aceitação do próprio corpo, estigma social e isolamento social; 14) hipertensão arterial e diversas outras consequências que tornam a vida da pessoa obesa ou com sobrepeso, uma verdadeira carga pesada, retirando da mesma a possibilidade de uma vida saudável e mais feliz.
Um último alerta, estudos demonstram que as pessoas obesas em comparação com quem não sofre de obesidade, tem maior propensão para alguns tipos de doenças: a) 25% a mais de sofrerem de depressão e ansiedade; b) 30% a mais dos casos de demência; c) 104% a mais de sofrerem com problemas cardiovasculares; d) 33% a mais dos casos de asma e outros problemas respiratórios; e) 150% a mais de casos de hipertensão arterial; f) 50% maior de casos de diabetes tipo 2; g) no caso de obesidade infantil e de jovens, 200% a mais de probabilidade de apresentarem quadro de múltipla esclerose.
É por isso que a OMS – Organização Mundial da Saúde já considera a obesidade, como a segunda causa de morte no mundo, direta ou indiretamente, já que a mesma potencializa a morbidade e mortalidade de outras doenças, também consideradas graves e sérias.
Costuma-se dizer que criança, adolescente e jovem obeso se chegar à idade avança, ao envelhecimento, com certeza serão idosos/idosas obesos ou obesas, o que agravará ainda mais esta última etapa da vida das pessoas.
Portanto, se você, caro leitor, prezada leitora sofre de obesidade ou está com sobrepeso ou conhece alguém nesta condição, não titubeie, procure diagnosticar o problema o quanto antes, mesmo sendo grave e séria, a obesidade tem cura, desde que a pessoa tenha vontade e procure os cuidados profissionais necessários enquanto é tempo, se deixar até chegar `a obesidade mórbida o tratamento é bem mais complicado, mais caro, de maior risco e os resultados nem sempre os melhores.
Com toda certeza, se você é obeso ou obesa, vai ouvir alguns “conselhos” como: movimente-se, faça exercícios diários, combata o sedentarismo; ou então “feche a boca um pouco mais”, coma menos essas porcarias que você está ingerindo, ou seja, alimente-se corretamente, comendo alimentos saudáveis; isto faz parte do que é denominado reeducação alimentar; e, finalmente, não “brigue” e nem culpe a balança ela é sua aliada para acompanhar seu progresso no combate `a obesidade e ter uma vida melhor.
*JUACY DA SILVA, professor universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia, colaborador de diversos veículos de comunicação. Email O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.
A convite do Grupo de Trabalho Ciência e Tecnologia (GTC&T) da Adufmat-Ssind, a pró-reitora de Pós-graduação da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), professora Patrícia Osório, esteve no sindicato na manhã dessa terça-feira, 25/06, para dialogar com a categoria sobre as “Dificuldades e Perspectivas de Financiamento Frente a Atual Conjuntura”.
Ao abrir a mesa, o professor José Domingues de Godoy Filho, coordenador do GT, lamentou a ausência da categoria, e afirmou que o vazio dos espaços de discussão reflete uma questão política: a diminuição do compromisso com a universidade. “Nos últimos anos, muitos docentes vieram para a universidade pela falta de emprego, não porque queriam ou se interessavam. A essência da atividade de professor vem sendo trocada pelo jogo de ganhar dinheiro, e esse é um anti-pensamento universitário. Essa é uma das maiores dificuldades do GTC&T”, comentou.
Para o docente, a lógica do mercado deturpou a percepção social acerca da produção científica, aproximando-a da iniciativa privada e distanciando do serviço público. Na verdade, a pesquisa tem sido colocada a serviço da iniciativa privada, mas ainda é produzida quase que exclusivamente dentro de instituições públicas (mais de 95%), conforme relatório da Clarivate Analytics, elaborado a pedido da CAPES.
Entregar ao mercado a produção científica no Brasil tem sido um esforço praticado pelos governos neoliberais, que reduziram drasticamente os recursos públicos destinados à educação e à pesquisa. O Marco Legal da Ciência, Tecnologia e Informação de 2016 demonstra isso. À época, a então reitora da UFMT, Maria Lúcia Cavalli, chegou a dizer que problematizar a questão do financiamento, como estava fazendo o sindicato, era mera demarcação de posição “ideológica” e “ultrapassada” (relembre aqui).
A convidada para a discussão realizada na Adufmat-Ssind nessa terça-feira, no entanto, falou longamente sobre o assunto, destacando as principais instituições de fomento à pesquisa atualmente – CNPq, Capes, Fapemat e Finep -, suas contribuições e atuais limitações, causadas pelos contingenciamentos dos governos.
“Os cortes não são recentes e, ao longo de todos esses anos, seus efeitos se tornaram cada vez mais evidentes. Além disso, novos cortes estão sendo feitos de uma forma ainda mais bruta”, afirmou Osório.
De acordo com a pró-reitora, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), por exemplo, sofreu um contingenciamento de 42%. A Fundação de Amparo à Pesquisa de Mato Grosso (Fapemat), maior financiadora em número de projetos da UFMT, tem mantido as bolsas – o que outras fundações estaduais já não tem mais conseguido fazer -, mas não lança novos editais desde 2015.
Um dos prejuízos do não lançamento de novos editais ocorreu a um projeto de formação de redes da UFMT que envolvia diversos cursos. Com os cortes, o projeto foi prejudicado, levando o grupo de pesquisadores praticamente à estaca zero.
Com relação à Finep - maior financiadora da instituição mato-grossense no montante em milhões de reais (especialmente por equipamentos de grande porte e obras), a pesquisadora afirmou que a redução de recursos foi drástica a ponto de os limites de empenho nos editais de 2019 corresponderem a cerca de ¼ dos valores estabelecidos oito anos antes.
“É inquestionável a importância dessa instituição para a consolidação da pesquisa e da tecnologia no Brasil e na UFMT. Apesar dos cortes, nós estamos em um bom patamar com relação a essa financiadora. Gostaríamos que estivéssemos em situação mais confortável, mas temos perspectivas e resultados importantes. Nós concorremos recentemente a alguns editais e conseguimos garantir R$ 1,2 milhão para um projeto que reúne vários cursos da área da saúde, R$ 2,5 milhões para finalização de cinco obras e cerca de R$ 30 mil para um aparelho de grande porte”, pontuou Osório.
Os cortes de recursos destinados à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), no entanto, estão causando o que a pró-reitora chamou de “desmantelamento do Sistema Nacional de Pós-graduação” (SNPG). As bolsas “ociosas” dos programas com notas 3, 4 e 5 foram congeladas e o Programa Ciência Sem Fronteira, até o momento, parece condenado. Outros 70% das bolsas dos programas “antigos” (avaliados duas vezes) com nota 3 serão cortados; a partir de julho, também os programas “antigos” com nota 4 terão 30% de bolsas cortadas. Por fim, serão milhares de bolsas cortadas, principalmente nas regiões Norte e Nordeste, onde as pesquisas tiveram maior desenvolvimento nos últimos anos.
Docentes que participaram do debate relataram que, ao menos na área de Humanas, as financiadoras já declaram aos pesquisadores que pleiteiam financiamento que seus projetos são qualificados por mérito, mas não há recursos para atender à demanda.
Como não poderia deixar de ser, as perspectivas apontadas pela mesa são ancoradas na unidade dos trabalhadores para defender seus recursos e direitos. Sem que a comunidade acadêmica e a população, de modo geral, se mobilizem, o financiamento público de pesquisas nas universidades públicas será cada vez mais inviabilizado.
“Eu acho que, se tem uma palavra capaz de descrever todo esse processo, a palavra é desmonte. Desmonte da educação, da autonomia, de procedimentos, de projetos de vida, de tudo. Há uma mudança estrutural nas equipes técnicas que causa instabilidade, insegurança. Os canais de diálogo, fóruns, que antes decidiam, agora são informados sobre as ações. Para resistir a isso, nós precisamos no unir em torno dessas instituições para fortalecê-las”, concluiu a docente.
O diretor Técnico-científico da Fapemat, Flávio Teles Carvalho da Silva, foi um dos convidados para a mesa, mas não compareceu ao evento.
Quer saber mais sobre a posição do sindicato sobre Ciência e Tecnologia? Clique aqui para baixar a Cartilha GTC&T - Marco Legal da Ciência, Tecnologia e Inovação: riscos e consequências para as universidades e a produção científica no Brasil.
Luana Soutos
Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind
O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luís Roberto Barroso suspendeu, em decisão liminar, nesta segunda-feira (24), a Medida Provisória 886 editada na semana passada pelo governo Bolsonaro, que devolvia a atribuição de demarcar terras indígenas ao Ministério da Agricultura.
A decisão do STF se baseou no fato de que o governo não pode reeditar uma medida com o mesmo teor de outra que já tenha sido rejeitada pelo Congresso durante a mesma legislatura.
É o caso desta MP 886. Esta medida contém o mesmo teor da MP 870 editada no início do ano que fez mudanças na organização dos ministérios do governo, entre elas, transferindo a competência de demarcação de terras indígenas da Funai (Fundação Nacional do Índio) para a pasta da Agricultura. No início de maio, ao votar a MP 870, o Congresso rejeitou essa alteração e manteve as atribuições no Ministério da Justiça e na Funai.
O texto da MP 886 previa que “a identificação, o reconhecimento, a delimitação, a demarcação e a titulação das terras ocupadas pelos remanescentes das comunidades dos quilombos e das terras tradicionalmente ocupadas por indígenas” ficaria a cargo dos ruralistas que comandam o Ministério da Agricultura.
“Era um grave ataque aos povos indígenas já que a mudança significaria, na prática, entregar aos ruralistas a decisão de demarcar terras indígenas e quilombolas, o que eles são totalmente contrários. Mais do que isso, a prática no campo costuma ser da ação de pistoleiros e grileiros, a mando de ruralistas, invadindo terras ocupadas por povos tradicionais”, avalia o integrante da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas, Saulo Arcangelli.
“Em pouco mais de seis meses de mandato, Bolsonaro já demonstrou que pretende governar de forma autoritária para aplicar suas decisões a qualquer custo, valendo-se principalmente de decretos e medidas provisórias, negligenciando o debate com as organizações da sociedade civil e dos trabalhadores e com o próprio Congresso”, avalia o dirigente.
“Age dessa forma para atacar os trabalhadores, indígenas, quilombolas, para beneficiar os interesses de ruralistas, banqueiros e grandes empresários. Mas esse governo de ultradireita não vai encontrar um caminho fácil. Indígenas, quilombolas, trabalhadores da cidade e do campo, estão em luta por todo o país e vamos resistir e lutar para derrotar todos os ataques que venham desse governo”, afirmou.
Fonte: CSP-Conlutas
O governo Bolsonaro, não satisfeito em retirar os direitos trabalhistas e previdenciários, quer também acabar com a saúde da população. O Ministério da Agricultura liberou e ampliou o uso de mais 42 tipos de agrotóxicos numa lista que chega a 239 defensivos químicos liberados desde janeiro. A maioria deles proibidos em outros países.
O Ministério da Agricultura, cuja ministra é a ruralista Tereza Cristina, alegou que as substâncias seguem fórmulas que já estão no mercado. No entanto, na lista, há defensivos banidos na União Européia, e outros estão categorizados como “muito perigosos para o meio-ambiente” pelo próprio governo.
A ministra justificou que a liberação recorde deste ano é técnica e que era impedida por governos passados, por uma questão ideológica. Os critérios usados por países considerados “ricos” e ignorados por Teresa Cristina são o de saúde pública.
Em entrevista ao portal O Globo, a engenheira agrônoma e porta-voz do Greenpeace, Marina Lacôrte, argumentou que a liberação não leva em conta apelos científicos.
“Não há produtos novos ou que nunca tinham sido liberados antes, com exceção de um, mas há muitas combinações novas, que podem ter efeitos diferentes e que ainda não foram estudadas. A patente é quebrada e outras indústrias passam a produzir (…). Há, ainda, produtos que serão descontinuados em breve por serem muito tóxicos (na avaliação do governo), mas foram liberados com novas marcas”, explicou.
O novo agrotóxico liberado no Brasil chamado de Florpirauxifen-benzil não está no cadastro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária e é considerado excessivamente tóxico e nocivo aos animais marinhos.
Ainda de acordo com o Greenpeace, cerca de 30% dos agrotóxicos liberados desde janeiro já foram vetados na Europa.
Essa liberação aumentou de maneira substancial no governo de Bolsonaro, que já prevê uma nova leva de mais 40 dessas substâncias, cuja autorização precisa ainda ser avaliada pelos órgãos competentes.
É preciso diminuir o uso de agrotóxicos não aumentar
Em recente reportagem sobre o uso indiscriminado de agrotóxicos nas regiões Central e Sul do país, a Rede Brasil Atual divulgou uma pesquisa da Universidade Federal do Mato Grosso, cujo estudo aponta que entre os agrotóxicos liberados, os mais utilizados são o glifosato e a atrazina, comprovadamente associados a graves problemas de saúde.
Em regiões que usam atrazina, de acordo com a reportagem, há uma taxa mais alta de malformação, segundo artigo da Universidade Federal do Paraná. A substância foi proibida em países europeus em 2004, por estar associada a problemas de saúde relacionados ao sistema hormonal.
O glifosato é classificado como “provável cancerígeno” pela International Agency for Research on Cancer.
Ambos são comprovadamente maléficos à saúde. Diante disso, o governo está na contramão da preocupação com a saúde da população. Pelo contrário. Em perspectiva, poderá estar criando uma sociedade com graves problemas de saúde.
O levantamento feito pela Universidade do Mato Grosso observa que há uma maior quantidade de pessoas de regiões com alta produção agrícola entre os pacientes internados com câncer infanto-juvenil no Hospital de Câncer do estado.
Para o advogado e integrante do Setorial do Campo da CSP-Conlutas Waldemir Rodrigues, a liberação de agrotóxicos viabilizada por Bolsonaro vem para abastecer sua própria lógica de governo, centrada no agronegócio e voltada financeiramente as transnacionais do setor. “Ao mesmo tempo em que ele avança com a fronteira agrícola, prejudicando direitos ambientais e fragilizando a mão-de-obra para gerar lucro, ele também começa a aumentar o consumo de defensivos agrícolas produzidos fora do Brasil. Ele cria uma necessidade de consumo de defensivos a partir das commodities e expansão da fronteira agrícola. Essa medida de abrir espaço para novos agrotóxicos vem de encontro com a política de centralidade no agronegócio, busca-se apenas do lucro e é contra a saúde da população,” avaliou.
Fonte: CSP-Conlutas