Terça, 02 Julho 2019 17:31

 

Um convite nada convencional, mas absolutamente importante, levou diretores da Adufmat-Seção Sindical do ANDES-SN à sala de aula nessa segunda-feira, 01/07, para conversar com estudantes do 7º semestre de Engenharia Florestal da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).

 

A intenção foi inserir na disciplina “Legislação e Ética Profissional” as imprescindíveis reflexões sobre o mercado de trabalho que os futuros engenheiros deverão encontrar após a formatura.

 

Entusiasmados com o convite, os diretores Aldi Nestor de Souza e Jdeison Benetti, e o professor do Departamento de Matemática, Vinícius Santos, foram ao encontro da turma.

 

O coordenador geral da Adufmat-Ssind, Aldi Nestor de Souza, iniciou o diálogo falando que os sindicatos surgiram por causa das condições de trabalho extremamente precárias da Europa do século XVIII. Jornadas de trabalho de 14h - inclusive para crianças -, exposição a diversos riscos e ambientes insalubres, além de remunerações minúsculas e sem qualquer critério eram a realidade dos trabalhadores que se organizaram para reivindicar mudanças.  

  

“Nós ficamos muito surpresos com o convite, no bom sentido, porque o sindicato é vital para a vida dos trabalhadores, especialmente nesse momento, justamente pela proximidade que temos com as condições de trabalho dos europeus do século XVII”, afirmou o coordenador da Adufmat-Ssind, referindo-se à Reforma Trabalhista. Aprovada em 2016, a medida fragiliza os direitos dos trabalhadores ao determinar que “o acordado prevalece ao legislado”.

 

O docente também contextualizou o surgimento dos sindicatos no Brasil, país que escravizou oficialmente seus trabalhadores até 1888. Revoltas históricas, como Palmares e Canudos, demonstram que sempre houve, há e haverá resistência, mesmo sem qualquer instituição sindical estabelecida. “A historia dos trabalhadores do Brasil e do mundo é uma historia de muita luta. Muita luta e também muito sangue, porque o Estado se encarregou de trucidar todos esses grupos”, disse o diretor.

 

A estrutura sindical começa a aparecer no Brasil com a importação de imigrantes para servirem de mão de obra nas fábricas, durante o processo de industrialização nas primeiras décadas do século XX, como explicou o professor Vinícius Santos. Foi o Governo Getúlio Vargas, entre 1930 e 1940, que regularizou as entidades sindicais e, ao mesmo tempo, impôs uma série de condições, entre elas a proibição de greves, e a proibição a servidores públicos se associarem a qualquer entidade de classe.

 

A ditadura militar manteve esse modelo, mas, nessa época, muitas categorias começaram a se organizar para reivindicar não só melhores condições de trabalho, mas também contra o regime autoritário. No entanto, como os sindicatos nos setores públicos eram proibidos, várias “associações” de trabalhadores foram criadas com finalidade sindical. “A principal luta sindical é contra a exploração da força de trabalho, não só por direitos e benefícios. Claro que essas demandas também são importantes, mas os sindicatos demarcam um enfrentamento real dos trabalhadores ao capital. E isso é tão forte, os sindicatos são tão importantes nesse sentido, que nos últimos anos foram criados até sindicatos patronais para fazer essa disputa de interesses”, disse Santos.

 

Com a Constituição de 1988, a livre associação foi estabelecida, mas a perseguição velada aos sindicatos continua. A MP 873/19, que caducou no dia 30/06, é um exemplo claro de que o governo Bolsonaro persegue gratuitamente os sindicatos de trabalhadores. A manobra pretendia impedir o desconto em folha da contribuição mensal de sindicalizados, sem alterar em nada a economia do país. Não há nenhuma justificativa que respalde a proposta da Presidência, a não ser a intenção política de fragilizar a estrutura sindical e, consequentemente, os trabalhadores representados por elas.

 

As disputas entre projetos divergentes de sociedade ficam ainda mais evidentes quando propostas como as reformas Trabalhista e da Previdência são apresentadas: de um lado, um grupo econômico interessado em obter mais lucro retirando direitos de milhares de pessoas infinitamente mais pobres; de outro, trabalhadores interessados em obter dignidade, o que renderá menos lucros aos empresários. Há momentos em que, por mais que haja esforço, é impossível conciliar. Não há meio termo. O grupo mais frágil sairá perdendo.

 

“Eu convido vocês para observarem a última página da proposta de Reforma da Previdência. Lá está escrito para quem o Paulo Guedes [banqueiro] vai mandar a conta dessa proposta. Mas já adianto: serão os mais pobres”, provocou Souza. Por isso os sindicatos de trabalhadores se colocam frontalmente contra a proposta de Reforma.

 

O professor Djeison Benetti chamou a atenção, ainda, para os efeitos da Reforma Trabalhista no mercado que os estudantes enfrentarão após concluir o curso. “Nós temos pessoas que encontraram, nos últimos anos, condições de fazer mestrado e doutorado. Essas pessoas vão disputar as vagas de emprego, mas o mercado não está disposto a pagar por isso. As universidades acolheram boa parte dessas pessoas, mas agora não haverá mais isso, e é aí que a necessidade de trabalhar vai fazer o profissional bem qualificado aceitar o acordado sobre o legislado, como a Reforma Trabalhista permite fazer”, disse.  

 

Dados recentes apontam que, no Brasil, cerca de 80% da população assalariada tem rendimento mensal de até R$ 1.700,00. Mais de 14 milhões dessas pessoas têm nível superior.

 

Além disso, também pela abertura que a Reforma Trabalhista ocasionou, o mercado aceita cada vez menos que funcionários fiquem doentes, e acabar com a seguridade social, como propõe a Reforma da Previdência, prejudicará sobremaneira o trabalhador, enquanto o patrão será desresponsabilizado.

 

Os funcionários terceirizados da UFMT têm enfrentado situações como essa. Eles evitam entregar atestado médico aos patrões, porque começam a ser perseguidos em seguida, sendo, entre outras coisas, transferidos de posto, para que o trabalho fique cada vez mais impossível. Dessa forma, eles trabalham mesmo passando mal.

 

Durante toda a conversa, que ocorreu mesmo com a universidade sem energia elétrica, os estudantes interagiram, fazendo várias perguntas, desde como é a constituição de um sindicato, as diferenças concretas entre ele e as associações, até o seu papel político, quem representa ou deixa de representar.

 

Interessados em convidar a diretoria do sindicato para uma conversa como essa, para auxiliar os estudantes a entenderem as relações que vão encontrar quando saírem da universidade podem entrar em contato com a Adufmat-Ssind pelo e-mail O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. .

 

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

Quinta, 27 Junho 2019 17:06

 

A convite do Grupo de Trabalho Ciência e Tecnologia (GTC&T) da Adufmat-Ssind, a pró-reitora de Pós-graduação da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), professora Patrícia Osório, esteve no sindicato na manhã dessa terça-feira, 25/06, para dialogar com a categoria sobre as “Dificuldades e Perspectivas de Financiamento Frente a Atual Conjuntura”.

 

Ao abrir a mesa, o professor José Domingues de Godoy Filho, coordenador do GT, lamentou a ausência da categoria, e afirmou que o vazio dos espaços de discussão reflete uma questão política: a diminuição do compromisso com a universidade. “Nos últimos anos, muitos docentes vieram para a universidade pela falta de emprego, não porque queriam ou se interessavam. A essência da atividade de professor vem sendo trocada pelo jogo de ganhar dinheiro, e esse é um anti-pensamento universitário. Essa é uma das maiores dificuldades do GTC&T”, comentou.

 

Para o docente, a lógica do mercado deturpou a percepção social acerca da produção científica, aproximando-a da iniciativa privada e distanciando do serviço público. Na verdade, a pesquisa tem sido colocada a serviço da iniciativa privada, mas ainda é produzida quase que exclusivamente dentro de instituições públicas (mais de 95%), conforme relatório da Clarivate Analytics, elaborado a pedido da CAPES.

 

Entregar ao mercado a produção científica no Brasil tem sido um esforço praticado pelos governos neoliberais, que reduziram drasticamente os recursos públicos destinados à educação e à pesquisa. O Marco Legal da Ciência, Tecnologia e Informação de 2016 demonstra isso. À época, a então reitora da UFMT, Maria Lúcia Cavalli, chegou a dizer que problematizar a questão do financiamento, como estava fazendo o sindicato, era mera demarcação de posição “ideológica” e “ultrapassada” (relembre aqui).

 

A convidada para a discussão realizada na Adufmat-Ssind nessa terça-feira, no entanto, falou longamente sobre o assunto, destacando as principais instituições de fomento à pesquisa atualmente – CNPq, Capes, Fapemat e Finep -, suas contribuições e atuais limitações, causadas pelos contingenciamentos dos governos.       

 

“Os cortes não são recentes e, ao longo de todos esses anos, seus efeitos se tornaram cada vez mais evidentes. Além disso, novos cortes estão sendo feitos de uma forma ainda mais bruta”, afirmou Osório.

 

De acordo com a pró-reitora, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), por exemplo, sofreu um contingenciamento de 42%. A Fundação de Amparo à Pesquisa de Mato Grosso (Fapemat), maior financiadora em número de projetos da UFMT, tem mantido as bolsas – o que outras fundações estaduais já não tem mais conseguido fazer -, mas não lança novos editais desde 2015.

 

Um dos prejuízos do não lançamento de novos editais ocorreu a um projeto de formação de redes da UFMT que envolvia diversos cursos. Com os cortes, o projeto foi prejudicado, levando o grupo de pesquisadores praticamente à estaca zero.

 

Com relação à Finep - maior financiadora da instituição mato-grossense no montante em milhões de reais (especialmente por equipamentos de grande porte e obras), a pesquisadora afirmou que a redução de recursos foi drástica a ponto de os limites de empenho nos editais de 2019 corresponderem a cerca de ¼ dos valores estabelecidos oito anos antes.   

 

“É inquestionável a importância dessa instituição para a consolidação da pesquisa e da tecnologia no Brasil e na UFMT. Apesar dos cortes, nós estamos em um bom patamar com relação a essa financiadora. Gostaríamos que estivéssemos em situação mais confortável, mas temos perspectivas e resultados importantes. Nós concorremos recentemente a alguns editais e conseguimos garantir R$ 1,2 milhão para um projeto que reúne vários cursos da área da saúde, R$ 2,5 milhões para finalização de cinco obras e cerca de R$ 30 mil para um aparelho de grande porte”, pontuou Osório.

 

Os cortes de recursos destinados à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), no entanto, estão causando o que a pró-reitora chamou de “desmantelamento do Sistema Nacional de Pós-graduação” (SNPG). As bolsas “ociosas” dos programas com notas 3, 4 e 5 foram congeladas e o Programa Ciência Sem Fronteira, até o momento, parece condenado. Outros 70% das bolsas dos programas “antigos” (avaliados duas vezes) com nota 3 serão cortados; a partir de julho, também os programas “antigos” com nota 4 terão 30% de bolsas cortadas. Por fim, serão milhares de bolsas cortadas, principalmente nas regiões Norte e Nordeste, onde as pesquisas tiveram maior desenvolvimento nos últimos anos. 

 

Docentes que participaram do debate relataram que, ao menos na área de Humanas, as financiadoras já declaram aos pesquisadores que pleiteiam financiamento que seus projetos são qualificados por mérito, mas não há recursos para atender à demanda.

 

Como não poderia deixar de ser, as perspectivas apontadas pela mesa são ancoradas na unidade dos trabalhadores para defender seus recursos e direitos. Sem que a comunidade acadêmica e a população, de modo geral, se mobilizem, o financiamento público de pesquisas nas universidades públicas será cada vez mais inviabilizado.

 

“Eu acho que, se tem uma palavra capaz de descrever todo esse processo, a palavra é desmonte. Desmonte da educação, da autonomia, de procedimentos, de projetos de vida, de tudo. Há uma mudança estrutural nas equipes técnicas que causa instabilidade, insegurança. Os canais de diálogo, fóruns, que antes decidiam, agora são informados sobre as ações. Para resistir a isso, nós precisamos no unir em torno dessas instituições para fortalecê-las”, concluiu a docente.

 

O diretor Técnico-científico da Fapemat, Flávio Teles Carvalho da Silva, foi um dos convidados para a mesa, mas não compareceu ao evento. 

 

Quer saber mais sobre a posição do sindicato sobre Ciência e Tecnologia? Clique aqui para baixar a Cartilha GTC&T - Marco Legal da Ciência, Tecnologia e Inovação: riscos e consequências para as universidades e a produção científica no Brasil.

 

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

 

Terça, 25 Junho 2019 15:25

 

Não é segredo para ninguém que nós vivemos numa sociedade que incentiva o acúmulo e a concentração de renda. Tanto que, para muitos, sinônimo de sucesso na vida é ter propriedade. Quanto mais, melhor. É realmente difícil pensar diferente, já que nós somos educados para isso.  

 

Nós concentramos a tal ponto que, nesse momento, 1% da população mundial detém a mesma riqueza dos 99% restantes. No Brasil, seis pessoas concentram riqueza equivalente a 50% da população mais pobre. Os dados são da Oxfam.

 

A sociedade capitalista vangloria também a iniciativa privada, cujo objetivo principal é acumular. E todos sabem que a finalidade de qualquer empresa é o lucro. Em busca disso, ela precariza as condições de trabalho, os salários dos funcionários, contrata o mínimo possível e apoia propostas que diminuem os impostos e as obrigações patronais. As empresas minimizam todos os custos para lucrar sobre tudo o que puderem. 

 

Os bancos, como grandes instituições financeiras, funcionam do mesmo jeito. Lucram sobre tudo o que for possível: em cima de milhões de pessoas que movimentam suas contas, fazem empréstimos e dívidas infinitas para comprar. Os bancos tendem a ser as empresas muito bem sucedidas no sistema capitalista. Por isso, todos os anos, a imprensa divulga sistematicamente a superação dos seus lucros.

 

A “crise” que tem sido utilizada para justificar a retirada de direitos históricos dos trabalhadores, e que já nos rende o aumento do empobrecimento da população, é a mesma que favorece o aumento do lucro dos bancos. Em 2018, os quatro maiores do país (Brasil, Itaú, Bradesco e Santander) tiveram quase 20% de aumento nos ganhos; “R$ 69 bilhões, maior valor da história, segundo a Economatica, empresa especializada no fornecimento de dados financeiros”, conforme publicou um renomado portal de notícias brasileiro no início do ano.

 

Fazem parecer um motivo para comemorar, mas nós temos aí uma contradição difícil de romper: a dinâmica que empobrece a sociedade é, ao mesmo tempo, exaltada, como um objetivo a ser alcançado. “Quando a educação não é libertadora, o sonho do oprimido é ser opressor”, dizia Paulo Freire, com razão.        

 

Deve ser por esse motivo, inclusive, que a dívida pública brasileira, que consome quase 50% dos recursos arrecadados pela União anualmente, que só ganha enquanto toda a população perde com a crise, ainda não é um fato problematizado pela população brasileira.  

 

 

Foi para essa perspectiva que pesquisadores convidados pela Adufmat-Seção Sindical do ANDES-SN chamaram a atenção no dia 13/06, durante o debate “Previdência Pública, Seguridade Social e Endividamento”, realizado no auditório do Mofão/ Faculdade de Arquitetura, Engenharia e Tecnologia da Universidade Federal de Mato Grosso. “O objetivo da Reforma [da Previdência] é a capitalização: passar mais dinheiro da população para o capital financeiro”, disse categoricamente um dos convidados, o doutorando da Universidade de Brasília (UnB), Jonas Schmidt.

 

A dívida pública brasileira se arrasta como uma avalanche gigantesca desde quando o Brasil era uma Monarquia. Viramos República, entramos e saímos de ditaduras, governos e mais governos, e a dívida só aumentou, porque a regra é clara: altas taxas e juros flutuantes, cobrança de juros sobre juros (anatocismo), refinanciamento de dívida por rolagem, entre outras manobras, servem exclusivamente para transferir – sistematicamente - dinheiro da população para bancos.

 

Mestranda de Políticas Públicas da UFMT, a pesquisadora Rozimeire Satiko, também palestrante convidada, destacou que a imprensa finge ignorar essa discussão porque, assim como os bancos, é controlada por cerca de seis famílias, ávidas por concentrar. A dinâmica do capital, portanto, as beneficia.

 

Com relação aos credores, isto é, quem recebe todo esse dinheiro público, a União alega que não pode precisar, pois não há controle sobre os títulos revendidos. No entanto, os pesquisadores acreditam que é a União que não tem interesse em divulgar. “Os credores são os mesmos bancos interessados nas reformas da Previdência e Trabalhista”, afirmou Satiko.

 

O terceiro convidado, Willian Rossi, também mestrando em Políticas Públicas na UFMT, demonstrou que a dívida pública de Mato Grosso foi instituída num “complexo sistema de déficits criado pela destruição da infraestrutura econômica do estado, decorrente da sua cisão, em 1977”, seguindo a mesma receita da União.

 

 

Para viabilizar o novo estado, no final da década de 1970, os governantes pegaram dinheiro emprestado. Um “mecanismo político-financeiro-midiático” garantiu, em seguida, que o déficit provocado pelos empréstimos formasse a dívida pública e, quando ela se tornou impagável pelas práticas irregulares (juros, juros e mais juros), os direitos sociais também se tornam alvos para que os recursos fossem transferidos aos credores.

 

Os palestrantes demonstraram, ainda, que a população de diversos países tem reagido e reivindicado a realização de auditorias de suas dívidas públicas. O Equador é um deles. O êxito da auditoria fez o país retomar todo o dinheiro arrecadado pelo estado e reverter em benfeitorias para a população.

 

No Brasil, a Constituição Federal de 1988 prevê a realização de auditoria, e uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) apontou que há diversas irregularidades relacionadas à dívida pública. Ou seja, motivos para a realização da auditoria da dívida pública não faltam. No entanto, a última governante a vetar a ideia foi Dilma Rousseff, em janeiro de 2016.

 

“Quando isso for dito, a população vai se revoltar e ir às ruas”, disse Rossi ao final do debate, animado. Mas será que, mesmo consciente, a população brasileira estaria disposta a nadar contra a corrente?      

 

Saiba mais sobre a Dívida Pública no site da Auditoria Cidadão da Dívida. Clique aqui.

 

 

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

Quarta, 12 Junho 2019 17:06

 

A Adufmat-Ssind convida toda a categoria para as atividades que serão realizadas nessa quinta-feira, 13/06:
 
Às 16h - Debate "Previdência Pública, Seguridade Social e Endividamento", no auditório Mofão. 
 
Às 19h30 - Espetáculo "Mulheres da Terra", com o grupo CenaOnze, no auditório da Adufmat-Ssind; 
 
Vamos esquentar para a Greve Geral dessa sexta-feira, 14/06!
 
Na sexta-feira, o ato unificado será na Praça Ipiranga, às 14h. 
 
Sairemos em carreata da UFMT, como nas duas últimas mobilizações nacionais. A concentração será às 13h, na Praça do RU. Solicitamos que os professores que forem de carro nos acompanhem e concedam carona solidária, pois os ônibus podem não ser suficientes. 

 

 
 
 
Quarta, 12 Junho 2019 15:58

 

Na semana em que os trabalhadores brasileiros preparam uma Greve Geral contra a proposta de Reforma da Previdência que promete entrar para a história, a Adufmat-Ssind convida toda a comunidade acadêmica da UFMT para aprofundar as discussões no Debate "Previdência Pública, Seguridade Social e Endividamento", que será realizado na próxima quinta-feira, 13/06/19, às 16h, no auditório do Mofão (FAET/UFMT).

Os convidados são o doutorando da Universidade de Brasília, Jonas Albert Shmidt, e os mestrando do Programa de Políticas Sociais da UFMT, Willian Rossi e Rozimeire Satiko. 

 

Segunda, 20 Maio 2019 18:57

 

Diante de tantos ataques aos direitos da população brasileira, em meio a um conturbado cenário político e econômico, a Adufmat-Ssind foi convidada para contribuir com a análise de conjuntura durante a reunião da direção estadual do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) na última sexta-feira, 17/05.

 

A parceria entre o sindicato dos docentes da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e MST é histórica, tanto pela defesa do direito constitucional à terra, por meio da Reforma Agrária, quanto pela luta pelos direitos fundamentais, sociais e trabalhistas de todos os trabalhadores.

 

Na mesa, além do dirigente nacional do MST, João Paulo Rodrigues, e do professor Aldi Nestor de Souza, que representou a Adufmat-Ssind na ocasião, os professores da UFMT, Paulo Wescley (Departamento de Serviço Social) e Paulo Rocha (Faculdade de Comunicação e Artes), dividiram suas leituras e experiências para tentar desvendar a atual conjuntura.

 

“A análise de conjuntura é central, porque ajuda a organizar as ações seguintes, além de ser uma experiência coletiva, porque não há saber iluminado”, afirmou Rodrigues, abrindo os trabalhos.

 

O dirigente pontuou, de forma bastante didática, quais influências internacionais e nacionais foram decisivas para derrocada do governo Dilma Rousseff e a eleição de Bolsonaro, um processo de golpe que teve início nas manifestações de junho de 2013 e, na sua avaliação, ainda não está completo. A questão central nos interesses econômicos resvala agora no empobrecimento gradativo da população, no aumento da exploração e também opressão, repressão e criminalização dos movimentos sociais organizados que lutam para resguardar os direitos atacados.

 

Para o diretor geral da Adufmat-Ssind, Aldi Nestor de Souza, é preciso refletir sobre a palavra da onda do moralismo no Brasil: “corrupção”. “Eu tenho interesse de encarar essa palavra. Ela carece de tratamento, porque parece absoluta, mas não diz nada, não explica nada. A corrupção é inerente às relações capitalistas”, afirmou o docente, citando inúmeros casos de escândalos de corrupção praticados por governos e empresas.

 

Numa análise mais local, o professor utilizou o termo “ninguendade”, conceito de Darcy Ribeiro cunhado na obra “O povo Brasileiro”, para descrever as relações estabelecidas na universidade. “A UFMT é formada por pessoas que vieram de outros lugares em busca do seu próprio garimpo e aqui não se identificam com nada. É uma relação muito parecida com a do estado de Mato Grosso, para onde muitas pessoas, de diversas regiões, vieram atrás de um pedaço de terra. Ou seja, a universidade está muito alinhada com esse projeto de estado”, concluiu.

 

O professor Paulo Wescley elencou diversos desafios para que os trabalhadores consigam superar o que considera uma crise estrutural de sociabilidade, mas ao final de sua exposição, garantiu: “Minha fala não é pessimista. Nós temos de saber que o desafio é muito grande, mas não é impossível. A Reforma da Previdência, por exemplo, é algo que não conseguem fazer desde o governo FHC, passando por Lula, Dilma e agora Bolsonaro. As contradições vão se ampliar, mas é preciso disputar consciências, aprofundar as discussões sobre projeto de sociedade e as táticas para unir as pessoas e as pautas”, afirmou o docente.

 

Já o professor Paulo Rocha compartilhou suas experiências nas periferias de Cuiabá, de outros estados e países, afirmando que os pobres foram abandonados pela chamada esquerda nos últimos anos. “É preciso refazer as relações, diminuir essa distância”, indicou o jornalista.

 

Para Rocha, o espírito do tempo atual é de um conservadorismo sem precedentes. “Há um negacionismo político absurdo, às vezes até para quem é de esquerda. Um preconceito tão cego, capaz de superar até mesmo a autoridade de Deus”.

 

 

 

 

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

 

  

    

 

  

 

Sexta, 10 Maio 2019 11:07

 

A Adufmat-Ssind convida toda a comunidade acadêmica e demais interessados para a 1ª edição do "Tchá co bolo na Adufmat-Ssind", um evento cultural e político que será realizado na próxima terça-feira, 14/05, às 16h30, no auditório da Adufmat-Ssind. 

O encontro é uma realização do sindicato em parceria com o Grupo de Trabalhado Políticas de Classe para Questões Étnico-raciais, Gênero e Diversidade Sexual (GTPCEGDS) da Adufmat-Ssind, e terá a mediação da professora do Instituto de Educação (IE), Ana Luisa Cordeiro, membro do GT. 

O convidado para debater o tema "Enfrentando as Opressões na Universidade: Relações de Raça, Gênero e Sexualidade", a partir de diálogos, textos e vídeos, é o professor Sérgio Pereira dos Santos, no Núcleo de Estudos e Pesquisas Sobre Relações Raciais e Educação (NEPRE/PPGE).

 

 

 

 

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind 

 

 

Segunda, 06 Maio 2019 10:59

 

A Adufmat-Ssind convida todos e todas para o Debate "Desmonte do SUS", que será realizado na quarta-feira, 08/05/19, às 8h30, no auditório do Instituto de Saúde Coletiva (ISC)/UFMT.
 
Os convidados para o debate são os professores Reginaldo Araújo (ISC/ANDES-SN) e Vanessa Furtado (IE/CMS).  
 
Haverá certificado para os participantes. 
 
 
 
Quarta, 10 Abril 2019 17:02

 

Começa nesta quarta-feira (10), o Seminário Internacional do ANDES-SN “Universidade, Ciência e Classe em uma era de crises”. O evento ocorrerá nos dias 10 e 11 de abril, no auditório da Associação dos Docentes da Universidade de Brasília (Adunb – Seção Sindical do ANDES-SN). A realização do Seminário Internacional é uma deliberação do 38º Congresso do Sindicato Nacional.

O Seminário Internacional do ANDES-SN será composto por seis mesas. Na quarta-feira, 10 de abril, terão lugar os debates sobre “Ciência, Tecnologia e Capital: a “Caixa Preta” da inovação”, “Orçamento Público e Financiamento da Educação Superior” e “Dívida Pública e Usura Financeira”.

Já na quinta-feira (11), acontecerão as mesas sobre “A Luta da Universidade Pública e da Classe Trabalhadora na Argentina e no Brasil”, “A Luta das Mulheres Trabalhadoras pelo Aborto Legal, Seguro e Gratuito” e “Decomposição e Recomposição da Classe Operária”.

Conheça os palestrantes do Seminário Internacional:

DIA 10

09h00 - Ciência, Tecnologia e Capital: a “Caixa Preta” da inovação.
Francesco Schettino.
 Docente do departamento de jurisprudência da Universidade da Campânia, em Nápoles, na Itália. Estuda temas como economia e desigualdade social.

Osvaldo Coggiola. 2º vice-presidente da Regional São Paulo do ANDES-SN. É docente do departamento de história contemporânea da Universidade de São Paulo (USP). Estuda temas como marxismo, América Latina, movimento operário, capitalismo e socialismo.

14h00 - Orçamento Público e Financiamento da Educação Superior

Maria Lúcia Fatorelli. Economista e Auditora da Receita Federal. É coordenadora da Auditoria Cidadã da Dívida Pública. Foi uma das responsáveis pela auditoria da dívida pública do Equador.

Otaviano Helene. Professor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP). Foi presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (Inep). É autor do livro "Um Diagnóstico da Educação Brasileira e de seu Financiamento" (ed. Autores Associados, 2013), entre outros.

18h00 - Dívida Pública e Usura Financeira

José Menezes Gomes. Docente do curso de economia da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Atua na área de Teoria Econômica, especialmente nos seguintes temas: crise capitalista, imperialismo, fundos de pensão, políticas públicas e lutas de classes. É coordenador do núcleo alagoano pela Auditoria da Dívida Pública.

Fabio Marcelli. Colaborador técnico-profissional do Conselho Nacional de Pesquisa da Itália (Consiglio Nazionale Delle Ricerche). Estuda temas como dívida pública, direito internacional ambiental e povos indígenas.

DIA 11

09h00 - A Luta da Universidade Pública e da Classe Trabalhadora na Argentina e no Brasil
Claudia Baigorria.
 Docente universitária na província de La Rioja, noroeste da Argentina. Secretária Adjunta da Federação Nacional dos Docentes e Pesquisadores Universitários da Argentina (Conadu Histórica).

Eblin Farage. Secretária-geral do ANDES-SN. Docente da Universidade Federal Fluminense (UFF). Pesquisadora na área de questão urbana, com ênfase na temática de favelas e espaços populares. Coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Favelas e Espaços Populares - NEPFE.

14h00 - A Luta das Mulheres Trabalhadoras pelo Aborto Legal, Seguro e Gratuito. 11 de abril. 14h.

Romina Del Plá. Deputada nacional na Argentina pela Frente de Esquerda e dos Trabalhadores (FIT). Professora de educação básica e dirigente do Sindicato Unificado dos Trabalhadores da Educação da Província de Buenos Aires (Suteba), seção de La Matanza. Milita pela legalização do aborto e pela separação do estado e da igreja.

Silvia Camurça. Mestre em Sociologia pela Universidade Federal do Pernambuco (UFPE), Educadora e Pesquisadora da SOS CORPO – Instituto Feminista para a Democracia.

18h00 - Decomposição e Recomposição da Classe Operária

Ricardo Antunes. Professor Titular de Sociologia na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Estuda temas como sociologia do trabalho; nova morfologia do trabalho; trabalho e centralidade; sindicalismo e movimento operário.

Marcelo Badaró. Professor Titular de História do Brasil na Universidade Federal Fluminense (UFF). Tem experiência nas áreas de Metodologia e Teoria da História e de História do Brasil, com ênfase em História do Brasil República e História Social do Trabalho. Atua também nos seguintes temas: história do Brasil recente, história social urbana do Rio de Janeiro e partidos e organizações de esquerda.

 

Fonte: ANDES-SN
Segunda, 25 Março 2019 10:11

 

A capitalização é a razão de ser da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 6/19, a contrarreforma da Previdência apresentada por Jair Bolsonaro. A afirmação é de Sara Granemann, docente da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pesquisadora de temas relacionados à Previdência.

Sara participou do painel “Contrarreforma da Previdência e seus impactos para a carreira docente”, na sede do ANDES-SN em Brasília, na sexta (15). O painel antecedeu a reunião do Grupo de Trabalho de Seguridade Social e Assuntos de Aposentadoria (GTSSA) do ANDES-SN. O GTSSA organizou o painel em conjunto com os Setores das IFES e das IEES/IMES. Leandro Madureira, membro da Assessoria Jurídica Nacional (AJN) do Sindicato Nacional, também participou do painel.

Confira o debate completo: https://www.facebook.com/andessn/videos/635301213564999/

A docente da UFRJ iniciou sua intervenção ressaltando que o principal argumento ideológico da PEC 6/19 é de que se vive muito, o que seria um problema. A docente lembrou que esse argumento está expresso em um documento do Banco Mundial de 1994. Se a velhice é um problema, a solução apresentada por governos e banqueiros é a capitalização.

“Capitalização não é Previdência. A capitalização é a tentativa de convencer os trabalhadores de que a forma de garantir um bom futuro é acabando com a solidariedade”, afirmou.

“A Previdência reúne uma massa de riquezas a procura de investimentos no mercado de capitais. Para os capitais, essa riqueza não deve servir para que os trabalhadores gozem a vida”, critica.

Como o dinheiro é investido na capitalização

Sara Granemann explicou brevemente como funciona um sistema de capitalização. Segundo a docente da UFRJ, o dinheiro dos trabalhadores é investido basicamente de duas formas: em títulos da dívida pública e em ações na bolsa de valores. Em ambos os casos, os trabalhadores saem perdendo. Para que os títulos da Dívida Pública rendam, é necessário que haja cortes em áreas como saúde e educação. E no caso das ações na bolsa de valores, os títulos se valorizam com o aumento da exploração do trabalho. O que se traduz em demissões, terceirizações, no aumento de doenças laborais e de acidentes de trabalho, por exemplo.

Capitalização é só o começo

“Não podemos achar que essa contrarreforma é a última”, explicou Sara. Para a capitalização ser implantada de vez no Brasil, a docente acredita que seja fundamental que o governo consiga aprovar a desconstitucionalização do tema, o que está na PEC.

Se aprovada da forma que foi enviada por Bolsonaro, a PEC autorizará o Congresso Nacional a modificar a Previdência apenas com leis ordinárias. Atualmente, a Previdência só pode ser modificada por meio de PECs. Para serem aprovadas, Emendas Constitucionais necessitam de votação em dois turnos, em cada casa legislativa, e terem 3/5 dos votos.

Outra condição necessária para a implantação da capitalização, segundo Sara, é a redução de mais direitos. A docente cita, por exemplo, o aumento das alíquotas de contribuição previdenciária dos servidores públicos.

Origens da Previdência Pública

Sara Granemann lembrou que a ideia de Previdência pública e por repartição ganhou força a partir da Comuna de Paris (1871). Na ocasião, os revolucionários parisienses criaram um sistema previdenciário baseado na solidariedade de classe. Um sistema que servia para que todos cuidassem daqueles que nada tinham. Ainda que a Comuna tenha durado pouco mais que dois meses, muitas de suas bandeiras e projetos se espalharam pelo mundo. A Previdência Pública foi adotada em muitos países depois de lutas dos movimentos de trabalhadores. Coincidentemente, nesta segunda-feira, 18 de março, a Comuna de Paris celebra seu 148º aniversário.

 

 Fonte: ANDES-SN