Sexta, 09 Julho 2021 11:05

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Sexta, 09 Julho 2021 10:57

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Quinta, 08 Julho 2021 16:37

Circular nº 248/2021                                                                     

Brasília (DF), 7 de julho de 2021.

 

 

Às seções sindicais, secretarias regionais e à(o)s diretora(e)s do ANDES-SN

 

 

Companheiro(a)s,

 

 

               A Revista Universidade e Sociedade - US é uma publicação semestral, editada pelo Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES-SN), cujo intuito é fomentar as pesquisas e debates relacionados tanto às experiências no campo da pesquisa acadêmica como oriundos das experiências sindicais e sociais acerca de temas de relevância para as lutas empreendidas pelo(a)s docentes em busca de uma universidade pública, gratuita e de qualidade, em âmbito nacional.

               A diretoria do ANDES-SN, a partir de resolução do 39º Congresso, deliberou que o tema central do número 69 da Revista US será "Políticas Educacionais, desafios e dilemas". A revista propõe temas, tais como: Future-se; escolas cívico militares; ensino domiciliar; educação inclusiva; BNCC; BNC da formação de professore(a)s; papel do ENE na defesa da educação pública, gratuita e laica; Reuni digital; diretrizes curriculares para formação de professore(a)s.

               Além dos artigos temáticos, também são aceitos artigos sobre questões da educação superior brasileira tais como: estrutura das universidades, sistemas de ensino e aprendizagem, relação entre universidade e sociedade, condições de trabalho, questões de cultura, gênero, raça, classe, artes, ciência e tecnologia, apresentação de experiências de organização sindical de outros países, além de resenhas críticas de livros.

               Os artigos enviados deverão obedecer à normatização abaixo e ser submetidos até o dia 1º de outubro de 2021. Indicamos que os artigos devem ser encaminhados para o endereço eletrônico: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo..

               Esta edição US69 também contemplará uma reportagem fotográfica, intitulada: “Memória das Lutas”. Solicitamos o empenho do(a)s jornalistas das seções sindicais e todo(a)s o(a)s que puderem contribuir para que possam enviar fotos constantes do acervo das ssind sobre essa temática.

               Importante ressaltar alguns requisitos básicos para formatação:

• no máximo cinco fotos por seção sindical, com uma resolução mínima de 300 DPI e numeradas de 1 a 5;

• o nome do(a) autor(a) de cada foto;

• a seção sindical a qual pertence (se for o caso);

• a legenda da(s) foto(s) (pequeno texto salvo em formato Word, com numeração de 1 a 5, descrevendo o contexto, o local e a data em que ocorreu o registro).

               O depósito das fotos numeradas de 1 a 5, juntamente com o texto da legenda, deverá ser feito no link:

https://drive.google.com/drive/folders/1t20kZiBYXhEiaOZBaCK0azStXnHrJ5hh?usp=sharing

 

               Nesse link cada seção sindical ou GT deverá abrir uma pasta com o seu nome e depositar as fotos numeradas e o arquivo com a legenda, até o dia 20 de setembro de 2021.

               Ressaltamos que é tarefa das seções sindicais dar ciência desse convite a todo(a)s o(a)s sindicalizado(a)s o mais breve possível. Sugerimos que, dentro das possibilidades, seja dada a mais ampla divulgação e que a circular seja distribuída pela rede de e-mails do(a)s sindicalizado(a)s, além de postada no sítio e nos informativos das seções sindicais.

               Sem mais para o momento, renovamos nossas cordiais saudações sindicais e universitárias.

 

 

Prof.ª Maria Regina de Ávila Moreira

Secretária-Geral

Quinta, 08 Julho 2021 16:19

 

 

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Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
 
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José Domingues de Godoi Filho*

"Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor

do nosso jardim.
E não dizemos nada [...]
Até que um dia,
o mais frágil deles[...]
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada."(1)

 


 

O atual Ministro da Defesa, general da reserva (cargo civil, que, de preferência, não deveria ser ocupado por militar, ainda que da reserva), e seus comandantes da Marinha, Exército e Aeronáutica, repetindo a atitude do então comandante do Exército, em 04 de abril de 2018, general Villas Boas, que ameaçou o país com uma intervenção militar na hipótese de que o Supremo Tribunal Federal (STF) decidisse favoravelmente a um recurso do ex-presidente Lula, voltaram a ameaçar o país.

O motivo para a ameaça (ou ensaio do golpe que parece em andamento) foi uma declaração do presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, senador Omar Aziz (PSD-AM), sobre irregularidades nas negociações de compra de vacinas, que afirmou que “membros do lado podre das Forças Armadas estão envolvidos com falcatrua dentro do governo”. Acrescentou, ainda: - “Olha, eu vou dizer uma coisa: os bons das Forças Armadas devem estar muito envergonhados com algumas pessoas que hoje estão na mídia, porque fazia muito tempo, fazia muitos anos que o Brasil não via membros do lado podre das Forças Armadas envolvidos com falcatrua dentro do governo”.

Consideraram, esses senhores, potenciais golpistas, em nota distribuída pelo Ministério da Defesa que “essa narrativa, afastada dos fatos, atinge as Forças Armadas de forma vil e leviana, tratando-se de uma acusação grave, infundada e, sobretudo, irresponsável”.

E, concluíram a nota ameaçando com a grave e preocupante afirmação de que - “As Forças Armadas não aceitarão qualquer ataque leviano às Instituições que defendem a democracia e a liberdade do povo brasileiro”. O que farão? Repetirão 1964, como tem ensaiado o seu chefe? Será que foi isso que aprenderam nas academias militares?

Para qualquer leitor com um mínimo de discernimento e criticidade, está claro que as declarações do senador não se referem pejorativamente às Forças Armadas, mas sim a uma parte dos mais de cerca de seis mil militares, ativos ou da reserva, que ocupam cargos civis e militarizam o atual governo; particularmente, o Ministério da Saúde, cujo cargo principal era ocupado por um general da ativa e onde se deram os fatos que sustentaram os  argumentos que justificaram a instalação da CPI da Covid-19.

Os fatos estão se acumulando. Por exemplo, no dia 01 de julho, dois dias antes das manifestações que ocorreram em dezenas de cidades brasileiras contra o governo Bolsonaro, com o país enfrentando uma pandemia que já matou mais de 500 mil brasileiros, o diretor da CIA (agência de inteligência dos Estados Unidos, na sigla em inglês), William J. Burns, acompanhado do embaixador dos EUA, Todd Chapman, cumpriu agenda oficial em Brasília e participou de jantar com os ministros General Ramos (Casa Civil) e General Augusto Heleno (Segurança Institucional). É bom não esquecermos o papel que a CIA teve no golpe militar de 1964 e, em 2016, no que depôs a presidenta Dilma Roussef.

No momento, certamente, a CIA deve estar incomodada com o retorno, no cenário eleitoral de 2022, do ex-presidente Lula. São fatos que não podem ser deixados de lado tendo em vista os interesses “imperiais” dos EUA na América do Sul e no Brasil.

Ao mesmo tempo, o atual presidente insiste em repetir que “pode não entregar o poderem 2022”, especialmente, se não retrocedermos pelo menos 30 anos, ressuscitando o voto de papel. Nessa hipótese, tem afirmado, reiteradamente, “que não aceitará o resultado, caso perca as eleições em 2022”, possivelmente, contando com a anestesia política da sociedade, com a cumplicidade da classe política e apoio no aparelhamento das instituições.
 
O exemplo do Chile e da Bolívia é a resposta que precisa ser dada com a continuidade dos protestos das ruas, em defesa da democracia e contra os entreguistas e genocidas que invadiram a Esplanada dos Ministérios, antes que “não possamos dizer nada”.
 
A despeito das polêmicas que ainda envolvem, especialmente no Brasil, a discussão sobre as relações civil-militar, como sugerido por Huntington (2), a “democracia só tem a ganhar com o afastamento dos militares da política. Homens armados não devem ter a mesma participação que homens desarmados na vida política da Nação”.
 
A criação do Ministério da Defesa, chefiado por um civil, o que não é o caso brasileiro no momento, auxiliou garantir a subordinação das forças armadas e seu respeito ao previsto constitucionalmente.
 
Num Estado democrático de direito, o argumento democrático supera o tecnocrático, isto é, os especialistas podem propor alternativas, mas a decisão será sempre política. O direito de errar, mesmo em questão de segurança nacional, é da autoridade civil. No limite, a separação das instâncias decisórias é uma decisão política, portanto, civil.
 
O controle civil dos militares, como lembrado por vários estudiosos do tema, representa parte de como manter um governo forte o suficiente para resistir todas as pressões sociais, sem tiranizar e violentar a população que protege. A questão não é nova e, no Brasil, depois da ditadura civil-militar, já passou da hora de enfrentarmos a discussão sobre como superar as dificuldades, para manter meios de repressão efetivos, confiáveis, financeiramente viáveis e que saibam respeitar os direitos humanos.
 
Os métodos utilizados pela ditadura civil-militar de 1964 e a herança de posturas autoritárias, como as demonstradas pelo atual Ministro da Defesa e seus Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica devem ser repudiadas energicamente pela sociedade.
 
Uma das principais tarefas urgentes que a sociedade brasileira, ainda tem que cumprir, é resolver as relações entre militares e a militância política, para a consolidação, de fato, de um Estado democrático de direito. Caso contrário, “arrancarão a voz de nossas gargantas e não poderemos dizer nada”.

 

  1. No caminho com Maiakovski, poema de Eduardo Alves da Costa.
  2. Huntington, S.P. O soldado e o Estado – Teoria e política entre civis e militares. Rio de Janeiro :Biblioteca do Exército,1996.

 

*José Domingues de Godoi Filho – UFMT/Faculdade de Geociências
 
 

Quinta, 08 Julho 2021 16:17

 

 

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JUACY DA SILVA*
 

O mundo todo, particularmente a América Latina, com destaque para o Brasil, a Argentina, o Peru e a Colômbia, vivem momentos desafiadores ante ao sofrimento e tantas mortes causadas pelo coronavírus de um lado e de outro, a degradação ambiental e a exclusão social, econômica e política de grandes massas e a violência generalizada nessas sociedades.
 
Enquanto a pandemia representa uma dimensão conjuntural, passageira, por piores que sejam as suas consequências no curto, médio ou longo prazo, a América Latina experimenta problemas e desafios estruturais, centenários, alguns que tiveram inicio desde os tempos do descobrimento, passando pelo período colonial e chegando até os dias de hoje, como a escravidão, a semiescravidão, principalmente dos afrodescendentes em todo o continente, o extermínio dos povos indígenas, a pobreza, a concentração de renda, terra, riquezas que deixaram marcas profundas na história de seus povos, principalmente dos povos primitivos que habitavam este continente, cujos massacres e desumanidade escapam a toda e qualquer compreensão humana.
 
Apesar ou a despeito de todo o progresso material, científico, tecnológico e cultural ocorrido ao longo de mais de cinco séculos, ainda permanecem diversas formas deploráveis de exploração do povo, principalmente da classe trabalhadora, das camadas pobres e excluídas, fruto da escravidão, das injustiças, de violência sistêmica e institucionalizada, da ganância humana que não encontra limites seja em termos ambientais ou de acumulação de capital, concentração de renda, riqueza, propriedades e  oportunidades, gerando fome, miséria, preconceito de toda ordem, enfim, sociedades que favorecem também a concentração do poder nas mãos de uma minoria, que é passado de pais para filhos e outros familiares, formando verdadeiras castas, a chamada elite do poder, processo este que tem se perpetuado ao longo de séculos, impedindo uma justa distribuição dos frutos do desenvolvimento, que possa beneficiar todas as camadas e classes sociais.
 
O fosso entre esta minoria privilegiada ou os “donos do poder” e a grande, a imensa maioria da população empobrecida, que não tem teto/moradia digna, não tem trabalho com salários justos, não tem terra para produzir, (os tres “Ts” a que se refere o Papa Francisco) em muitos países da América Latina e do Caribe continua imenso e não tem indicações de uma redução dessas disparidades a curto ou médio prazos.
 
A América Latina e o Caribe tem os piores Índices de Gini do mundo (que medem a concentração de renda,), ombreando-se com os países mais pobres da África, da Ásia, enfim, do planeta. De forma semelhante a estrutura fundiária rural indicam uma elevada concentração na posse da terra, onde a presença de latifúndios e hodiernamente as grandes propriedades voltadas para a monocultura e agronegócio, também demonstram a presença desse fosso, quase impossível de ser superado.
 
É neste contexto que será realizada  na Cidade do México, entre os dias 21 e 28 de novembro deste ano de 2021 a Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe, cujo Lema será: “Somos todos discípulos missionários em saída”.
 
Como consta dos documentos de orientação deste Conclave da Igreja neste continente Latino Americano e do Caribe, “a Assembleia Eclesial será uma experiência de escuta, de diálogo e de encontro, à luz da Palavra de Deus, do Documento de Aparecida e do Magistério do Papa Francisco, para contemplar a realidade dos nossos povos, para aprofundar os desafios do continente no contexto da pandemia da Covid-19, para reacender o nosso compromisso pastoral e para procurar novos caminhos para que todos possamos ter vida em abundância”.

Quando se fala do Magistério do Papa Francisco, devemos ter em mente todas as suas Encíclicas e Exortações apostólicas, principalmente a LAUDATO SI, a Fratelli Tutti e as Exortações Apostólicas  MINHA QUERIDA AMAZÔNIA, a GAUDETE ET EXSULTATE e a AMORIS LAETITIA, dentre outros, pois um dos grandes males, pecados e desafios que estamos vivendo na América Latina e no Caribe na atualidade é um processo acelerado de degradação ambiental, de destruição dos ecossistemas/biomas, de extermínio de culturas e de povos indígenas e os tradicionais ocupantes desta região e do empobrecimento e exclusão acelerada de grandes massas humanas, além de uma população também extremamente empobrecida e vivendo em condições de vida indignas, beirando a miserabilidade, enquanto uma minoria se apropria tanto dos recursos da natureza quanto dos bens produzidos pela sociedade como um todo.

Como consta da pagina/site da Assembleia Eclesial, é fundamental que tenhamos em mente sempre que “TODOS laicos, hombres y mujeres, religiosas, religiosos, diáconos, sacerdotes, obispos y cardenales, hemos sido llamados desde la V Conferencia General de Aparecida a ser DISCÍPULOS MISIONEROS alentados por el Papa Francisco a ser una Iglesia en SALIDA para encontrar la vida plena en nuestro Señor Jesucristo”.

Esta Igreja em saída deve ser pobre, voltada para os pobres, samaritana, misericordiosa, verdadeiramente fraterna e também profética, capaz de denunciar as injustiças e as precárias condições de vida que fustigam e matam milhões de pessoas a cada ano, negando a tanta gente direitos fundamentais como terra, teto, trabalho, água, saneamento básico,  salário digno, participação social e, o mais sagrado de todos os direitos que é a vida.

Para Alexis Parra, “uma Igreja profética tem que anunciar as boas novas do Evangelho, mas também denunciar as estruturas que geram e dão forma a todos os tipos de pecado”, inclusive os pecados sociais e pecados ecológicos/ambientais.

Em minha modesta opinião, uma Igreja profética não pode compactuar com os que exploram o povo, não pode ser conivente nem omitir-se diante das injustiças, com o desrespeito aos direitos humanos, `as violações e abusos contra as pessoas e grupos humanos vulneráveis, não pode fechar os olhos ao trabalho escravo, semiescravo , aos crimes ambientais, ao racismo, ao domínio do crime organizado e das milicias que escravizam populações inteiras, não pode calar-se diante da violência contra a criança, adolescentes, idosos, as mulheres, pessoas deficientes, ao feminicídio.

Uma Igreja profética precisa levantar sua voz, como fizeram os Profetas, contra as estruturas sociais, econômicas e politicas que geram desigualdades, injustiças, pobreza, miséria , fome e mortes.

Uma Igreja profética precisa defender decisivamente todas as formas de vida e não apenas os nascituros, defender a biodiversidade, o uso parcimonioso dos recursos naturais, com vistas `as futuras gerações, única forma de atingirmos a “sociedade do bem viver” e a “Casa Comum”.

Neste processo rumo à esta Assembleia Eclesial que deverá representar um novo marco na caminhada da Igreja Católica na América Latina e no Caribe, é fundamental que possamos ler e reler os materiais orientativos, com destaque para 1) “Documento para o caminho, em direção à Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe e, 2) “ Rumo à primeira Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe: guia metodológico simplificado para animadores de comunidades e grupos”.

É fundamental também, tanto a leitura e releitura desses documentos, quanto seguir as orientações e reflexões contidas nos mesmos, para que o processo de diálogo, principalmente quanto `a escuta seja em sintonia com os objetivos da Assembleia Eclesial, como tem sido enfatizado, o processo de escuta e de participação presencial ou virtual não se trata de um curso ou seminários, mas sim de resgatar as vivências concretas que cada um dos grupos humanos da América Latina e do Caribe vivem e experimentam no dia a dia, incluindo a luta pela terra, pelo trabalho, por um teto, por justiça, por justiça social, pelo respeito aos direitos humanos, direitos dos povos indígenas, respeito às diversidades culturais, de gênero, étnicas, religiosas e tantas outras dimensões da pluralidade que representam a realidade que nos cerca.

Além dos documentos e orientações metodológicas que contribuem para a preparação e realização desta Assembleia Eclesial, de dimensão continental, creio eu, que é também fundamental o resgate de alguns aspectos da caminhada da Igreja no Continente Latino Americano, incluindo as dimensões teológicas, politicas, econômicas, sociais, históricas e culturais, enfim, dentro do contexto da Ecologia Integral, como tem enfatizado o Papa Francisco, principalmente na Encíclica Laudato Si.

Neste contexto ,além do que já tem sido orientado pela CNBB, creio que duas outras leituras complementares podem também ajudar um pouco no processo de escuta, seguindo o método “VER, JULGAR E AGIR”, ampliado para VER, DISCERNIR, AGIR E CELEBRAR. Essas leituras são: 1) A publicação da Editora Paulus “Ecologia: cuidar da vida e da integridade da criação”, uma coletânea de reflexões do Curso de Verão Ano XX, 2006/2007 e; 2) A publicação “O êxito das teologias da libertação e as teologias americanas contemporâneas”, na forma de Ebook, autoria de José Oscar Beozzo, como parte dos “Cadernos de Teologia publica” (Jesuítas), publicação Ano XII; Volume 12, ano 2015, do Instituto Humanitas, da Unisinos e vários outros materiais que estão sendo produzidos pelas Coordenações Nacionais em preparação para a referida Assembleia Eclesial.

No caso do Brasil, é importante que a gente leia, releia e dialogue coletivamente sobre a realidade que nos cerca, neste processo de escuta, seguindo, claro, essas  orientações metodológicas e de conteúdo emanadas da CNBB, que visam facilitar tanto a caminhada Rumo à Assembleia Eclesial Latino-Americana e do Caribe quanto `a participação, presencial para alguns e virtual para milhões de católicos e cristãos em geral que vivem nesta vasta, complexa e promissora região, bem como, participarmos da construção de uma nova realidade, superando todos os males e pecados, que marcam a América Latina e o Caribe, incluindo os “pecados ecológicos”, que tanto afligem e tem destruído os diversas grupos populacionais e os territórios onde os mesmos vivem, dentro dos princípios de defesa de todas as formas de vida e que essas formas representem “vida em abundância” e a construção da “sociedade do bem viver” e os cuidados com “a Casa Comum”.

Vejamos algumas dessas orientações e aspectos destacados: “Nesse intuito, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, realizou nesta sexta-feira, 7 de maio, uma apresentação virtual onde diferentes pessoas foram explicando o que ela representa e os passos a serem dados, especialmente neste primeiro momento, em que está acontecendo o processo de escuta, que vai se prolongar até o mês de julho”.

 “Mediados pela irmã Valéria Leal, assessora da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude, diferentes convidados foram explicando aquilo que o padre Joãozinho, que foi animando o encontro com suas músicas, definia como “um chamado do Papa Francisco a fazer um caminho sinodal, a colocar a sinodalidade ao serviço do Reino”.

“Estamos diante de uma oportunidade para “escutar as alegrias e dores, e olhar para o futuro, planejar o futuro e depois viver esse futuro”, segundo Dom Joel Portella Amado. Tendo como princípio que “a Igreja é comunhão, comunhão de dons, comunhão de carismas”, o secretário geral da CNBB, afirmou que “essa comunhão se traduz em diversas formas, ela se traduz em escuta e diálogo para o discernimento”. O bispo auxiliar do Rio de Janeiro, insistiu em que “é preciso discernir, é preciso ouvir o espírito, juntemo-nos, conversemos, rezemos”. Ele lembrou que as conferências na América Latina, têm sido realizadas pelos bispos, mas agora estamos ante “uma assembleia com todas as forças evangelizadoras, a partir, por tanto, da beleza que é o Batismo”.

“Não podemos esquecer que temos “um Papa que é sinodal, o Papa Francisco é sinônimo de povo”, segundo o padre Joãozinho, colocando como exemplo a Evangelii Gaudium. Nesse sentido, a Assembleia Eclesial pode ser definida como lugar de convocação do Povo de Deus, lembrando a Assembleia de Siquem, no Antigo Testamento, o a eklesia do Novo Testamento”.

“Também lembrava as palavras do Papa na convocação da Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe, onde dizia que nada de elite, nada de ideologia. Ainda mais, o religioso do Sagrado Coração de Jesus, destacava a importância da Assembleia como “espaço de diálogo num mundo em conflito”.

“Lembrando o lema da Assembleia, “Somos todos Discípulos Missionários em saída”, Padre Patricky Samuel Batista, destacou que os convocados são todo o Povo de Deus, lembrando a ligação dessa proposta com a eclesiologia do Concilio Vaticano II. O secretário executivo de campanhas da CNBB enfatizou a importância da oração e da preparação espiritual no processo da Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe”.

“O que faz a diferença é o participante”, afirmou Dom Joel Portella Amado, que insistiu que “na Assembleia Eclesial há todas as forças vivas”. O secretário geral da CNBB, destacou “essa capacidade de escuta mutua em torno de questões comuns”, tudo isso num mundo muito plural, muito diversificado, que coloca “o risco de que cada um olhe apenas a sua parcela, olhe a partir do seu jeito de compreender o mundo, e não estabeleça pontes, diálogo”, para que se possa construir comunhão. O bispo considerou que “o primeiro grande fruto da Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe, é o testemunho de que não precisamos cair em polarizações, em rejeições, a quem tem um estado de vida ou pensa diferente de nós”. Junto com isso, outro fruto é que também os não batizados serão escutados, “é um processo de coração aberto”.

“A Assembleia tem uma profunda relação com a Conferência de Aparecida, celebrada em 2007, onde dom José Luiz Majella Delgado, arcebispo de Pouso Alegre – MG, foi secretário executivo local. Ele relatou os bastidores da última Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e Caribenho, um trabalho de muitas forças e uma experiência de comunhão com o povo, insistindo em que os bispos delegados se sentiram no meio do povo e isso apareceu na reflexão e no documento final”.

Segundo o arcebispo, “o Documento de Aparecida está sendo atualizado pelo Papa Francisco”. Ele pensa que o documento “ficou um tempo adormecido”, muito restrito a um grupo pensador da Igreja. “O Papa Francisco fez com o que o documento de Aparecida saísse da América Latina e entrasse na Igreja do mundo inteiro”, insistiu o arcebispo de Pouso Alegre. Ele vê a Assembleia Eclesial como “mais uma chave que estava no cofre do Papa Francisco”, como “uma nova primavera para nossa Igreja na América Latina e aí o Documento de Aparecida vai se firmar ainda mais”.

“Após a reflexão, Sônia Gomes de Oliveira, fez um chamado a uma ampla participação de todo o Povo de Deus do Brasil no processo de escuta da Assembleia, a “animarmos, empolgarmos”. A presidente do Conselho Nacional do Laicato do Brasil espera que “seja uma verdadeira celebração de nossa identidade eclesial a serviço da vida”.

“Dom Geremias Steinmetz destacou a chave sinodal, o trabalho feito em colegialidade, a conversão integral, a voz profética com visão integradora, uma verdadeira rede em redes, e outros elementos presentes no Documento de Aparecida. O membro da equipe animadora do CELAM no Brasil, frisou que se faz necessário responder a quais são os novos desafios da Igreja na América Latina e no Caribe à luz de Aparecida, dos sinais dos tempos e do Magistério do Papa Francisco”.

“O arcebispo de Londrina – PR lembrou que a Assembleia Eclesial do CELAM já está acontecendo desde junho do ano passado, com diferentes trabalhos, “e agora vem esse tempo de escuta”, que tem por objetivo “conseguir ouvir o maior número de grupos, de pessoas”, para que a resposta dada seja uma resposta grudada à realidade. Dom Geremias citou os diferentes documentos que podem ser acessados no site da Assembleia, explicando como participar, em grupo e individualmente. Trata-se de que “o clamor do nosso povo possa ser ouvido, possa ser escutado”, segundo Vinicius de Matos Raposo. Para isso, ele apresentou o site em português que tem sido criado para facilitar o trabalho no Brasil, mostrando os passos a serem dados e o funcionamento do mesmo.”
 
Ao longo desses últimos dois meses diversos encontros virtuais/LIVES e presenciais tem ocorrido, tanto nos Regionais da CNBB, quanto em Arquidioceses, dioceses e paroquias, buscando aprofundar, através de um dialogo permanente, o processo de escuta de forma participativa, tão importante para a bom êxito da Assembleia Eclesial.
 
Como podemos perceber, esta caminhada pode ser e, com certeza será longa  e irá continuar mesmo depois da Assembleia Eclesial, enfrentando todos os desafios que estão postos tanto dentro da Igreja quanto diante da Igreja e dos cristãos da América Latina e do Caribe e, seguramente, poderá contribuir para que a Igreja Católica tenha uma nova face, um novo agir , uma nova forma de evangelizar e possa ser realmente “sal da terra e luz do mundo” neste vasto continente, buscando formas de vida mais harmônicas com a natureza e em consonância com os preceitos dos Evangelhos, com a fraternidade, com a Doutrina Social da Igreja, com as exortações e reflexões do Papa Francisco e com os desafios do cotidiano.
 
Esta será a nova Igreja pós pandemia, que deverá enfrentar novos desafios e novas formas de caminhar. Nesta nova caminhada vamos encontrar muitas pessoas, milhões com certeza, bem ao nosso lado, em nossas paróquias e comunidades, caídas, assaltadas, violentadas, excluídas e abandonadas e diante dessa nova realidade, pós COVID 19, precisamos ser, mais do que nunca, também, como Igreja e como Cristãos, “bons samaritanos”.
 
*JUACY DA SILVA, professor universitário, fundador, titular e aposentado da UFMT, sociólogo, mestre em sociologia, colaborador de alguns veículos de comunicação. Email O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Twitter@profjuacy
 

Quinta, 08 Julho 2021 16:09

 

 

A próxima etapa é pressionar o Incra pela implementação da reforma agrária no local. Foto: Tarcísio Nascimento/MST

 

Após luta histórica do Movimento Sem Terra (MST), a Justiça Federal cumpriu mandado de imissão de posse na última segunda-feira (5), concedendo as terras da antiga Usina de Cambahyba, em Campos dos Goytacazes (RJ), ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Com isso, o MST conquista mais uma etapa no longo processo de redistribuição das terras da antiga usina.

Há mais de 21 anos, trabalhadores e trabalhadoras sem terras lutam pela desapropriação do terreno, já considerado improdutivo por não cumprir a sua função social. Em junho passado, mais de 300 famílias se juntaram à ocupação e formaram o Acampamento Cícero Guedes, dando uma nova função social à terra.

Membro da direção nacional do MST, Luana Carvalho disse ao jornal Brasil de Fato que é um fato a comemorar, mas que a luta continua para pressionar o Incra a implementar a política de reforma agrária. Ela relembrou o histórico de violência nas terras da Cambahyba e o assassinato de Cícero Guedes, militante do MST morto em 2013 em uma estrada próxima a uma das ocupações organizadas pelo movimento no local.

"Tivemos uma grande conquista hoje, é uma vitória na luta do MST. São 21 anos da primeira ocupação que fizemos aqui e conseguimos, enfim, obrigar o Incra a ser imitido na posse. Oficialmente, essas terras não fazem mais parte da família proprietária. Elas são de propriedade do Incra, do Estado brasileiro. Pensamos no tanto de violência que houve aqui, no sangue derramado, na incineração de corpos", afirmou.

História da Usina Cambahyba
O território da Usina Cambahyba é formado por sete fazendas que somam cerca de 3,5 mil hectares. Em 1998, a área foi decretada pelo Governo Federal para fins de reforma agrária. Anos mais tarde, em 2012, o local foi considerado improdutivo pela Justiça. Na época, a área pertencia a Heli Ribeiro Gomes, político fluminense eleito deputado federal em 1958.

A Usina, que produzia açúcar, se tornou notória pelo fato de que, durante o período da ditadura empresarial-militar no Brasil (1964-1985), foi utilizada para incinerar os corpos de opositores assassinados pelo regime.

Fonte: ANDES-SN (com informações do Brasil de Fato/RJ e MST)