Terça, 28 Abril 2020 18:41


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Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
 
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Por Clark Mangabeira*

Enfim, sobrou tempo. Muito tempo. Em meio ao necessário e fundamental isolamento social, o tempo tornou-se, por um lado, filho pródigo que retornou com ânsia de permanência quando achávamos que já o tínhamos perdido para sempre, condenados a procurá-lo. Por outro lado, ironicamente, agora impõe sua vontade à nossa revelia: o que fazer com esse montante inesperado, aparentemente exagerado, dessa coisa chamada tempo que agora escorre como se inesgotável por entre nossos dedos?

 

Isolados, acabamos nos tornando os corpos que sempre fomos. Corpos que se movem, comem, defecam, bebem, dançam, dormem, pensam. Corpos: carne, mente e alma, trindade una flutuando entre o futuro do presente e o do passado. E, como corpos que sempre fomos, percebemos que esbarramos naquele tempo. Andamos com ele. Por dentro dele. Independente de qualquer variação filosófica, fiquemos com o óbvio – um exercício que hodiernamente parece excelente: temos tempo, queremos fazer algo com ele, mas nossos corpos=mentes=almas se escoram no antigo hábito de nunca o ter, de sempre persegui-lo, cachorros correndo atrás do próprio rabo.

Corpos e tempos. Tempos que subjetivamente variam de corpo a corpo. É comicamente triste ver publicações nas mídias em geral que encerram piadas sobre a quantidade de tempo, corpos prostrados e desesperados pelo excesso. Porém, é triste também fingirmos nunca nos termos dado conta da falta, de quanta falta o tempo fazia: na aclamada lucrativa correria do dia a dia, durante a qual muitos ansiavam pelo fim de semana ou alguma atividade qualquer, faltavam horas e dias. Esvaíamo-nos.

Então, veio o agora e mudou tudo. O agora mesmo, inescapável. Presos em um agora elástico, o que fazer? Como fazer? Que tempo, dentre todas as antes maravilhosas possibilidades, queremos usufruir? Nunca se fez tão necessária as Artes em nossos corpos=tempos. “Sempre” e “nunca” se fundiram em uma encruzilhada na qual a desgastada imaginação bamboleia-se em torno do próprio eixo, sem a necessidade do tempo futuro na qual viria a fincar-se, já que o agora, bem, é agora, e as Artes dão o tom dos começos e finais dos tempos.

Paralelamente, não nos esqueçamos, Artes e corpos=tempos inscrevem-se politicamente. Quais tempos são passíveis de serem usufruídos artisticamente e artesanalmente, ou não? Quais corpos podem usufruir de quais tempos e Artes? Quais corpos=tempos devem ser excluídos? Estes e muitos outros questionamentos delimitam a lógica objetiva mais ampla – cruel – de estabelecimento de tempos específicos para corpos específicos, em uma agonia da qual resvalam gritos dos excluídos, e às favas com as qualidades subjetivas artísticas e corpo=temporais. Corpos desolados. “Corpos matáveis”, nas palavras da filósofa Judith Butler, mas também tempos matáveis, cruéis, açougueiros a retirar a carne das mentes e almas para servir de alimento a outros. Corpos=tempos esvaziados.

No inefável desse momento-instante atípico, enfim, o que nos resta? Volta-se ao “tudo” e ao “nada”, unificados. Não faço a menor ideia do que fazer e/ou viver. Sobra tempo? Inegavelmente. Mas que outros pensem sobre ele. Estou (estamos?) com o corpo cansado e, infelizmente, sem tempo. Defender o óbvio – que clichê! –, de fato, cansa. Mas, por favor, fiquem em casa. 

Texto publicado anteriormente na Revista Matapacos (do Coletivo Coma A Fronteira) e  site iMato Grosso.   

*Clark Mangabeira,  escritor e Prof. Dr. do Departamento de Antropologia da UFMT

Terça, 28 Abril 2020 18:29


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Compartilhamos, a pedido do professor Reinaldo Gaspar Mota, o MANIFESTO DO FÓRUM PERMANENTE DE SAÚDE DE MATO GROSSO 

 

O Fórum Permanente de Saúde e a Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares em MT vem, por meio deste, externalizar suas preocupações em relação a pandemia causada pelo novo coronavírus(SARS-Cov2).

Neste momento, o mundo registra aproximadamente 3 milhões de casos notificados de COVID-19 e mais de 200 mil mortes, tendo como principal país atingido os EUA, com quase 1 milhão de casos e 50 mil óbitos. Neste ranking o Brasil aparece no 11º lugar com uma das maiores taxas de letalidade (6,8%).

O Ministério da Saúde registrou cerca de 60 mil casos confirmados, mais de 4000 óbitos, com 346 novas mortes nas últimas 24 horas (26/04/20). Em Mato Grosso, até o presente momento (27/04/20) existem aproximadamente 241 casos com a notificação de 10 óbitos. Lembramos que o número de testes disponibilizados é insuficiente para atender a população e confirmar os dados estatísticos. Os testes são preconizados para os casos graves.

Em Cuiabá, conforme os últimos boletins o número de casos suspeitos vêm aumentando: até o momento foram notificados 415 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave, com aproximadamente 135 casos positivos para COVID. ALERTAMOS QUE ESTES NÚMEROS NÃO REPRESENTAM A REALIDADE LOCAL, FAZEMOS UM IMPORTANTE APELO: FIQUE EM CASA! 

Em caso de real necessidade procure o serviço de saúde. Nosso País possui o maior sistema de SAÚDE PÚBLICO e GRATUITO do mundo, que atende 100% da população, sendo que 75% dos brasileiros tem acesso somente ao SUS. Portanto o Sistema Público e gratuito deveria ter maior aporte financeiro, entretanto, não é o que ocorre: os governos vem reduzindo drasticamente asverbas da saúde, que 

perdeu mais de 20 bilhões pela EC 095. Por outro lado, o governo  injeta dinheiro nos bancos e grandes empresas, como foi amplamente noticiado no dia 23/03 o Banco Central liberou, preventivamente, um pacote de medidas para garantir a liquidez ao "mercado" num valor estimado em mais de 1,2 trilhão de reais. Por outro lado, o pagamento do auxílio emergencial de 600 reais aos cidadãos, não custará nem 60 bilhões aos cofres públicos e representa menos de 5% da verba destinada aos bancos.

Não bastasse a gravidade do cenário político de ameaças à democracia e o descaso pela vida,alertamos que os recursos para o controle da maior pandemia já registrada neste século são escassos e insuficientes. Assim é fundamental que as medidas de controle sejam adequadas e seguidas rigorosamente de acordo com os critérios científicos estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Somente se consegue interromper a cadeia de transmissão do vírus com o DISTANCIAMENTO SOCIAL HORIZONTAL; TESTAGEM ABRANGENTE PARA A POPULAÇÃO; ISOLAMENTO DAS PESSOAS ACOMETIDAS; USO DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL PARA TODOS OS TRABALHADORES DA SAÚDE E PRODUTOS DE HIGIENE ELIMPEZA.

Alertamos que ainda não é o momento de flexibilizarmos o isolamento social. 

Nada tem mais valor que a vida!  

A doença ceifa a cada dia grande número de vidas, empurra muitas famílias para a pobreza extrema, coloca à prova valores e princípios da sociedade que já tem se mobilizado de forma solidária para ajudar os que mais necessitam.

Ante a flexibilização do isolamento social e a retomada, ainda que gradativa, das atividades comerciais, especialmente para os grandes comércios propostas pelo Governador Mauro Mendes, pela Prefeita Lucimar Campos e agora também pelo Prefeito Emanuel Pinheiro, o Fórum Permanente de Saúde vem alertar a população para os verdadeiros riscos e CONVOCAR todos para lutar contra essas medidas. Lembramos que a estrutura de saúde em MT é bastante fragilizada pela terceirização dos Hospitais, que nunca supriram a demanda de UTIs, muito menos agora, diante da real ameaça de expansão dessa pandemia em MT: não existe vacina para esta doença, os profissionais de saúde não dispõem de Equipamentos de Proteção Individualn - EPI em quantidade e qualidade necessárias, a quantidade de respiradores e leitos de UTI em caso de expansão da pandemia será insuficientes. Defendemos que todos os leitos públicos e privados de UTIs estejam disponíveis aos usuários do SUS.

O Fórum Permanente de Saúde defende o pleno direito à saúde e à vida. As reformas aprovadas nos últimos governos só pioraram os salários, jornadas, garantias e expectativas para o trabalhador .

Mais uma vez nossos governantes demonstram descaso com a saúde. Grandes empresários, para manter seus negócios e lucros, colocam em risco a vida de milhares de trabalhadores, numa política genocida criticada por cientistas, lideres e governantes em todo o mundo. Infelizmente estamos na contra-mão da história.

É nesse cenário caótico de morte e miséria que propomos unir forças para:

-  Que sejam revogados os decretos do Governador e Prefeitos que flexibilizam o isolamento social até que a pandemia seja controlada;

-  Máxima agilidade e maior amplitude de politicas sociais governamentais de proteção à população de maior vulnerabilidade e de menor renda;

-  Revogação da Emenda Constitucional (095) do Teto de Gastos;

-  Ampliação de leitos do SUS e fornecimento adequado de medicamentos e EPIs aos trabalhadores que enfrentam diretamente a COVID 19;

-  Taxação do Agronegócio e revisão da isenção fiscal de grandes empresas e dos agrotóxicos ( Reforma Tributária);

-  Suspensão do pagamento da Dívida Pública em todas as esferas.

Por fim, parabenizamos todos os trabalhadores, especialmente os da saúde, que colocam sua vida à serviço dos doentes nesta pandemia. Reafirmamos nosso compromisso de estar, como sempre, na luta por melhores condições de trabalho e na defesa intransigente do SUS público e de qualidade que defende a vida de todos os brasileiros.

Sigam-nos no Facebook: www.facebook.com/ForumSaudeMT/ No Instagram.com/forumsaudemt.
Participe do Manifesto Virtual: Em Defesa da Vida.
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Quarta, 01 Abril 2020 07:49

Quarentena

Quarentena! Essa palavra nunca foi tão ouvida como nos últimos dias. Mas o que significa estar em quarentena?
Ouça o primeiro podcast produzido pela Adufmat-Ssind sobre tudo o que envolve esse tema.
Acompanhe o conteúdo produzido pelo sindicato no facebook, instagram (@adufmatssind) e no site da entidade www.adufmat.org.br.



Cuidar de quem cuida

"Apesar de sermos profissionais da saúde, somos antes de tudo, seres humanos"... essa foi a frase que o médico do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Fábio Dantas, disse em uma entrevista recente à Gaúcha ZH. Assim como ele, outros profissionais da saúde estão na linha de frente do combate ao coronavírus.
O segundo podcast produzido pela Adufmat-Ssind reflete um pouco sobre os desafios de quem se dedica a cuidar da vida, dentro de um Sistema Único de Saúde forte e consolidado, que resiste há anos aos desmontes promovidos pelos governos neoliberais.
Acompanhe essa e outras produções do sindicato no facebook, instagram (@adufmatssind) e no site da entidade www.adufmat.org.br.


Título: Educação pública e coronavírus

Mesmo depois de tantos cortes de recursos, são os serviços públicos que estão na linha de frente no combate ao coronavírus.
Neste podcast, a Adufmat-Ssind explica a importância do investimento público em saúde, educação, e reforça a mensagem: quer se proteger do coronavírus? Fique em casa, lave bem as mãos e defenda os serviços públicos!

Ouça essa e outras produções do sindicato no facebook, no Instagram (@adufmatssind) e na página www.adufmat.org.br.



Título: Valorização da vida acima dos lucros



Título: Carta em Defesa da Vida

O quinto podcast da Adufmat, especial Dia Internacional de Luta dos Trabalhadores, traz uma séride de demandas exigidas por entidades locais, por meio de uma carta, para pressionar autoridades regionais com relação à pandemia de coronavírus. O assunto também foi tema de live, disponível na página do facebook do sindicato.

Ouça essa e outras produções do sindicato no facebook, no Instagram (@adufmatssind) e na página www.adufmat.org.br.



12/05- Dia Internacional da Enfermagem

Muito mais que aplausos. Os profissionais de Enfermagem estão na linha de frente no combate ao coronavírus e continuam sendo desrespeitados pelos governantes que fingem ignorar a necessidade dos equipamentos de proteção individual e desrespeitam as políticas de quarentena e distanciamento social.
Ouça o primeiro podcast produzido pela Adufmat-Ssind sobre tudo o que envolve esse tema.
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Ecos coloniais: pandemia e genocídio indígena

"Antes da invasão europeia éramos mais de 5 milhões de povos. E sabe quem foi que matou? A invasão europeia foi matando para dar espaço para o bendito progresso.” Esse é um trecho da fala de Sônia Guajajara, liderança indígena que será entrevistada pela Adufmat-Ssind na live dessa sexta-feira, 22/05/20. Qual é o preço do progresso? Ouça o podcast do sindicato e entenda mais sobre o tema.
Ouça o primeiro podcast produzido pela Adufmat-Ssind sobre tudo o que envolve esse tema.
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Flexibilização e Trabalho Docente

“O ensino à distância pode ser uma boa ferramenta de complemento de um curso, mas não pode substituir todo um aprendizado presencial, sem ter conhecimento, adaptação e estrutura para que isso ocorra.” O que você acabou de ler é um trecho do décimo episódio do podcast realizado pela Adufmat - Ssind.

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O que pode a luta antirracista?

O levante por George Floyd é a expressão de que o avanço do reconhecimento de direitos dos negros não combina com a posição que os grandes capitalistas querem manter o povo negro. E o levante multiétnico que acompanha a rebeldia negra indica uma forte cisão da supremacia branca, capitalistas e patriarcal. O movimento Black Lives Matter aconteceu em vários cantos nas últimas semanas, e 'cutucou' muitas pessoas ao redor do mundo para um problema que existe há muito tempo: o racismo.
Como diz Ângela Davis: "Numa sociedade racista, não basta não ser racista é preciso ser.
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Intervenção não é eleição!

A reunião conjunta de conselhos universitários realizada no dia 17 de junho de 2020 foi conturbada, confusa e com direito a microfones dos(as) conselheiros (as) silenciados constantemente. Dessa maneira, o presidente da reunião, Luiz Scallope, instituiu um Colégio Eleitoral Especial e deflagrou o que poderá ser a primeira consulta não paritária e não presencial para a Reitoria da UFMT. Na fatídica reunião, estudantes, professores e técnicos acompanharam com tristeza várias atitudes autoritárias do conselheiro condutor. Além de silenciar quem tentava demonstrar opinião diferente, o presidente da reunião tentou deslegitimar as entidades que são responsáveis pela organização da consulta há mais de 30 anos. Já dissemos várias vezes e repetimos: nenhum direito a menos! O que foi aprovado na UFMT não é eleição, é intervenção!
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Piores Momentos da reunião que tentou legitimar a intervenção na UFMT

Acompanhe a retrospectiva dos piores momentos da reunião do Colégio Eleitoral Especial, realizada no dia 17/06, que revelou-se como um ataque à autonomia da UFMT com relação à eleição de sua representação máxima: a Reitoria.
Ao final, convidamos para uma reflexão: é a esse tipo de "democracia" que a UFMT vai se render? Intervenção não é eleição! #adufmat #sindicato #ufmt #defesa #autonomia #universitaria #universidadepublica #intervençãonão #paridadejá.
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Para quem Governa Mauro Mendes?

A primeira morte pela Covid-19 no estado de Mato Grosso foi no dia 3 de abril, na cidade do Lucas do Rio Verde. Após isso, só vemos os números de mortes e infectados aumentarem cada dia mais. Neste mês de agosto, entre o dia 1º e dia 05 foram registradas setecentos e quarenta e oito mortes. Já de casos confirmados são 58.475 em todo o estado de mato grosso. A taxa de ocupação em UTIs públicas é de 82,26% e nas enfermarias públicas, 33,48%. Mas mesmo nessa conjuntura, o governador de Mato Grosso, Mauro Mendes, liberou 100% do comércio com horário livre em todo o estado.
Esse cenário pandêmico vem nos mostrando quem são as pessoas que mais estão sendo afetadas, em sua maioria são pessoas negras, moradores de periferias onde muitas vezes não possuem nem saneamento básico. E também as comunidades quilombolas e indígenas, que são para alguns governantes praticamente invisíveis. Mas, PARA QUEM GOVERNA MAURO MENDES? Ouça o primeiro podcast produzido pela Adufmat-Ssind sobre tudo o que envolve esse tema.
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O que querem conservar os conservadores?

O Conservadorismo é a doutrina ou ideologia que defende a conservação ou a mudança gradual, do que numa sociedade é considerado tradicional, opondo-se a reformas sociais ou alterações política - econômicas radicais. Constantemente escutamos “família tradicional brasileira”. A família também é um dos valores defendidos pelos conservadores, e muitas vezes o elemento de pensamento conservador. Ela possui a ideia de continuidade de legado, ou seja, os valores e costumes tradicionais que fazem parte da família que fora mantida pela geração passada.
Mas enquanto há esse discurso de defesa dos valores tradicionais e da família, outras coisas que atingem a sociedade estão acontecendo.
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Greve Global Pelo Clima

Você com certeza já ouviu falar sobre a crise climática. os sinais da mudança do clima global, devido ao acúmulo de diversos gases que levam ao efeito estufa na atmosfera. Neste dia 20 de setembro, pessoas do mundo todo estão aderindo à greve global pelo clima, com o objetivo de dar visibilidade à situação de colapso ambiental, que ocorre em diversas partes do planeta, e exigir que as autoridades tomem medidas imediatas contra o aquecimento global e a degradação do meio ambiente.
Estamos presenciando uma das maiores queimadas no pantanal. ongs e outros voluntários que estão auxiliando no combate ao fogo e salvando animais da morte, pois tanto o governo federal como o estadual não fizeram nada para ajudar.
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Reforma Administrativa, um projeto de destruição do Estado

Você já deve estar cansado de escutar sobre a Reforma Administrativa, não é? Se eu te perguntasse o que é essa tal de Reforma e quais são os seus objetivos, você poderia me responder que esse projeto pode ser bom, pois pretende acabar com os altos salários e com a mordomia de muitos funcionários públicos - que é o que está sendo discursado - ou não saberia dizer exatamente como isso seria, pois só conseguiu pegar algumas informações soltas.
Para entender mais sobre o assunto, confira agora o novo episódio do podcast da Adufmat-Ssind, e assista a live sobre a Reforma Administrativa que ocorreu no dia 11/09 e está disponível nas páginas oficiais da entidade no Facebook e YouTube.
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MUIÉ OFFICE: COMO TRABALHAM AS PROFESSORAS NO ENSINO REMOTO?

De acordo com o jornal Hoje Centro Sul, os professores têm trabalhado mais durante esse período de quarentena, não por falta de organização do tempo, mas sim para suprir as necessidades dos alunos. Além do tempo extra que é envolvido, os professores acabam tendo que desenvolver atividades extras, que estão fora de suas funções, na maioria das vezes. como gravar, editar, e subir as vídeo aulas para as plataformas utilizadas pelas instituições, para os estudantes. O ensino remoto está escancarando muitos problemas que já existiam, principalmente quando falamos da docente que enfrenta não somente a rotina de trabalho da universidade, mas também o trabalho em casa, e que pode ser acentuada se ela for mãe solo. e com propostas como a reforma administrativa, esse cenário só ficará cada vez mais difícil.
Para entender mais sobre o assunto, confira agora o novo episódio do podcast da Adufmat-Ssind, e a live MUIÉ OFFICE que ocorreu no dia 09/10, pela página oficial da entidade no Facebook e YouTube.
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Domingo, 01 Março 2020 19:00

 

 

A comunidade acadêmica da Universidade Federal de Mato Grosso e a sociedade mato-grossense de um modo geral foram surpreendidas, na tarde da sexta feira, 21/02/2020, véspera de carnaval, pelo anúncio da renúncia ao cargo de reitora, feito pela professora Myrian Serra da UFMT.

A renúncia ocorreu no calor de uma das maiores, talvez a maior crise que já atingiu os serviços públicos brasileiros em geral e a universidade pública em particular. São mais de três anos de derrotas consecutivas e ininterruptas da classe trabalhadora.

Nesse período foram aprovadas: a reforma trabalhista, que mutilou as formas de trabalho protegido no país, introduzindo o trabalho intermitente, a terceirização irrestrita e o acordado valendo sobre o legislado; a emenda constitucional 95, que impede os investimentos nos serviços públicos por 20 anos; a reforma da previdência, que aumentou as alíquotas e o tempo de contribuição e pretende retirar quase um trilhão de reais das camadas mais pobres dos trabalhadores nos próximos 10 anos.

O último ano, contudo, foi o de maior acirramento. Pois junto com os ataques explícitos aos trabalhadores, veio a ação de um governo recém eleito que, dentre outras coisas, tem em sua composição uma secretaria de desestatização cujo objetivo é, segundo Salim Farah, o secretário,  “ vender tudo”.  E nesse “vender tudo” entram empresas estratégicas como os Correios, a Eletrobrás, a BR distribuidora (já vendida), a Petrobrás (vários blocos do pré sal já foram vendidos) e muitas outras.

Além disso, o governo atual travou desde seus primeiros dias um duelo com as universidades públicas. Corte e contingenciamento no orçamento que quase impediram as universidades de funcionar, corte de bolsas de pesquisa, de mestrado e de doutorado, ataques ideológicos absurdos, falsas declarações a respeito das universidades e dos professores universitários, anúncios de programas que entregam a universidade pública aos interesses do mercado, ameaças e perseguições a quem faz luta. Na UFMT, por exemplo, até corte de energia elétrica ocorreu.

É nesse cenário, nesse momento de pilhagem, nessa hora em que uma universidade pública deve erguer sua voz e mostrar o quanto é imprescindível, que acontece a renúncia da professora Myrian Serra. Renúncia que, na verdade, se deu através de um longo processo, composto de diversos e inequívocos episódios.

A renúncia se deu quando, diante desse cenário de destruição de direitos e instituições, a reitora não denunciou que se desfazer das empresas públicas estratégicas é uma forma de inviabilizar a própria universidade publica;

A renúncia se deu quando a reitora optou por administrar planilhas e efetuar os cortes, nos mesmos moldes em que fez o governo, sem nenhuma discussão com a comunidade acadêmica, nos setores mais frágeis da universidade, como os terceirizados de limpeza e segurança, restaurante universitário, bolsas de estudantes, aulas de campo, etc.,

A renúncia se deu quando, durante a última greve dos estudantes, por conta do aumento do RU, a reitora se negou a debater com a comunidade estudantil e preferiu a frieza da decisão do conselho universitário;

A Renúncia se deu quando a reitora retirou dos técnicos administrativos, também sem nenhuma discussão, a jornada contínua de 6 horas;

A renúncia de fato se deu, quando, diante de todo esse cenário, a reitora escolheu o lado que compromete a existência da própria universidade pública, gratuita, de qualidade, laica e socialmente referenciada. 

No documento da véspera do carnaval, que sela a renúncia para os trâmites formais, a reitora alega problemas pessoais. Não há o que se dizer sobre essa particularidade, exceto nossa manifestação humanista que deseja a quem enfrenta problemas pessoais, que estes se resolvam. A renúncia à universidade pública, conforme dito acima, já havia se dado há muito tempo.

A ADUFMAT manterá firme sua luta histórica em defesa da universidade pública, gratuita, de qualidade, laica e socialmente referenciada. É esse tipo de universidade o único capaz de dar conta de um projeto de pais que almeja algum sentido de soberania. E a ADUFMAT, juntamente com os demais segmentos da Comunidade Acadêmica e com a sociedade civil em geral – continuará sua luta não apenas pela Universidade Pública, mas, também, pela retomada dos investimentos orçamentários imprescindíveis à sua manutenção, assim como pelo direito de eleger, de forma direta e paritária, seus dirigentes.

À ADUFMAT não cabe renunciar à universidade pública. 

DIRETORIA DA ADUFMAT- LUTO PELA UNIVERSIDADE PÚBLICA

Quinta, 06 Fevereiro 2020 11:52

 


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Roberto Boaventura da Silva Sá

Prof. de Literatura/UFMT; Dr. em Jornalismo/USP

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Depois de muitas cenas e capítulos absurdos (também) na Secretaria Nacional de Cultura, Regina Duarte – atriz e fazendeira – foi escolhida para dirigir a cultura do país.

Assim que seu nome foi anunciado, lembrei-me de O Salvador da Pátria, uma das mais importantes telenovelas exibidas pela Globo, já na redemocratização do país, mais exatamente entre 9 de janeiro e 12 de agosto de 1989.

Só para lembrar, o último capítulo daquela telenovela se deu pouco antes das eleições presidenciais de 89, polarizadas, no segundo turno, por Lula e Collor. À época, a direita entendia o enredo da novela como sendo enaltecedor de Lula, aludido pela personagem Sassá Mutema. A esquerda compreendia o oposto, uma vez que Sassá, excetuando no epílogo, apresentava-se como político manipulável, logo, corruptível.

Fosse como fosse, Regina, ao contrário da maioria dos artistas brasileiros, dizendo temer uma vitória de Lula, declarou voto em Collor, que representava as elites nacionais, incluindo a mídia, e o capital estrangeiro. Lula significava a esperança de um governo popular, concebido a partir de pontos socialmente significativos da Carta de 88.

Pois bem. Antes de outras considerações, adianto: Regina não fez parte do elenco de O Salvador da Pátria. Dentre tantas outras personagens, ela literalmente foi a Rainha da Sucata, exibida entre 02 de abril e 27 de outubro de 1990, ou seja, logo após a posse de Collor, ocorrida em 15 de março do mesmo ano.

Em rápidas palavras, a Rainha da Sucata tentava consolidar a ideia de que a vitória de Collor fora acertada; por isso, os mais pobres – incluindo os trabalhadores com sucatas, ou seja, algo de que nos livramos na lógica do descarte – tinham mais chances na vida.

Verdade seja dita, essa tarefa da Globo, mesmo ancorada em Regina no papel principal, não era fácil, pois, dentre outros pontos, no primeiro plano econômico daquele novo governo (o Plano Collor I), houve um retumbante confisco: 80% dos depósitos do overnight, das contas correntes ou das cadernetas de poupança que excedessem a NCz$ 50mil (cruzado novo) foram congelados por 18 meses. Por conta desse golpe econômico, muitos brasileiros cometeram suicídio.

Agora, Regina encontra-se como a salvadora de uma área sucateada até onde não se podia mais: o antigo Ministério da Cultura foi reduzido a uma Secretaria; como tal, seu orçamento desceu a ladeira. Portanto, a falta de um orçamento à altura das necessidades, por si, já seria um grande problema a ser enfrentado por Regina, mas seus entraves serão maiores.

Ao aceitar o convite, a atriz sabe, de antemão, que suas ações/decisões deverão estar inscritas nos limites da família convencional, da preservação da propriedade e do culto às tradições. Assim, ela passa a ser exaltada pelos conservadores e menosprezada pelos oponentes dessa visão de mundo.

Enfim, o aceite de Regina para fazer parte da equipe do governo Bolsonaro, por si, parece ser mais um elemento na divisão experimentada por nossa sociedade, mas mais em especial no meio cultural.

De minha parte, leio esse aceite como mais um reforço àquele comentário de Roberto Alvim – há pouco exonerado por ser identificado como nazista – chamando Fernanda Montenegro de sórdida. Como ninguém do governo condenou aquilo, todos, inclusive o presidente, consentiram.

É nesse ninho, portanto, que Regina entra, tentando ser, agora, não mais a Rainha da Sucata, mas a salvadora de uma área sucateada dentro de uma sociedade cada vez mais dividida.

Terça, 04 Fevereiro 2020 13:59

 


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Texto enviado pelo Prof. Breno Ricardo Guimarães Santos 
 
ELEIÇÕES CONSEPE
 
Link para votação: https://sistemas.ufmt.br/ufmt.eleicao.colegiado/Account/LogOn
 

Data: 04 e 05 de fevereiro
 
Prezados/as colegas, me chamo Breno Ricardo Guimarães Santos, sou professor do Departamento de Filosofia da UFMT/Campus Cuiabá, e Coordenador do Mestrado Acadêmico em Filosofia. Sou candidato a Conselheiro no CONSEPE, representando docentes da Classe A. Gostaria, com esse texto breve, de apresentar minha candidatura e contar com o apoio de vocês neste processo.
 
A atual conjuntura é de desmonte completo da universidade pública e gratuita. Na UFMT, temos visto os efeitos desse ataque diariamente, com o fim de serviços básicos e importantíssimos para o pleno funcionamento de uma universidade com ensino, pesquisa, extensão e socialmente referenciada.
 
Dentre todos os ataques, nossa carreira docente tem sido um dos direitos mais visados.
 
Diante desse quadro, a nossa atuação crítica se faz necessária. Acredito que a presença docente nos espaços democráticos da UFMT é de grande importância para garantir que a Universidade continue pública e atenda as demandas da sociedade.
 
Por esses motivos, coloco meu nome à disposição para a eleição de representante docente no CONSEPE, que ocorre nos dias 04 e 05 de fevereiro, no site da UFMT.

Segunda, 03 Fevereiro 2020 13:00

 


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JUACY DA SILVA*

Logo no inicio da Bíblia, no capitulo  primeiro de do Livro de Gênesis, versículo primeiro está escrito de forma clara e objetiva: “No princípio Deus criou os Céus e a terra” e nos seguintes são detalhadas as etapas da criação, incluindo a criação do primeiro homem e da primeira mulher, Adão e Eva.

Diz também a Bíblia, livro considerado sagrado para todos os cristãos, católicos e evangélicos, que este primeiro casal foi colocado no Jardim do Éden e que tudo era perfeito, ou seja, havia um equilíbrio entre todas as obras criadas por Deus.

No Livro dos Salmos, capitulo 24, versículos 1 e 2, podemos ler outra assertiva a respeito das obras de criação de Deus, que é dito “ Do Senhor é a terra e tudo o que nela existe, o mundo e os que nele vivem; pois foi Ele (Deus , o Senhor) que a fundou (criou a terra) sobre os mares e as águas”.

Esta mesma ideia é novamente repetida na primeira Carta de São Paulo aos Coríntios, capitulo 10:26 quando diz “ Porque do Senhor é a terra e toda a sua plenitude”, ou seja, todas as formas de vida animal e vegetal, enfim, os ecossistemas e toda a biodiversidade.

Podemos notar ainda esta preocupação em reforçar o princípio divino relacionado com o meio ambiente no Livro dos Atos dos Apóstolos 17:24  quando diz “ O Deus que criou o universo e tudo o que nele existe é o Senhor dos céus e da terra”.

Há praticamente cinco anos quando do lançamento da Encíclica Laudato Si, a chamada Encíclica Verde, o Papa Francisco tem insistido para a responsabilidade dos cristãos e também não cristãos no que concerne a preservação, conservação, enfim, nos cuidados que devemos ter em relação `a Casa Comum, a mãe terra, o Planeta em que vivemos.

Esta responsabilidade é muito maior para os cristãos tendo em vista que os mesmos tem o dever de colocar em prática os cuidados para evitar a degradação ambiental, evitar e combater os crimes ambientais, pois quem destrói o meio ambiente, que contribui para o aumento da poluição, que provoca as mudanças climáticas está atentando contra as obras da criação de Deus e isto não deixa de ser um pecado, o chamada “pecado ecológico”.

Este aspecto tem sido muito discutido pelo Papa Francisco e o mesmo, tanto antes quanto durante e agora após o Sínodo dos Bispos para a Pan Amazônia, vem exortando para o que tem denominado de “pecado ecológico”, “conversão ecológica”  e tem dito que esses dois conceitos podem, em breve fazer parte da catequese, podendo mudar inclusive parte da doutrina da igreja.

Se formos mais a fundo neste tema, vamos encontrar estudos e debates bíblicos e teológicos entre diversas igrejas evangélicas e até mesmo entre os mulçumanos, com exortações do Profeta Maomé, sobre a importância de se respeitar o meio ambiente.

Os cristãos representavam em 2015 em torno de 31,2% da população mundial, contando com 2,3 bilhões de habitantes, com expressiva maioria tanto na Europa quanto nas Américas; seguidos dos mulçumanos com 1,8 bilhões (24,1%); vindo depois os hindus com 1,1 bilhão de pessoas ou 15,1% da população mundial.

Em decorrência desses números percebemos que os cristãos também foram os maiores poluidores do planeta por séculos, pois a revolução industrial, o surgimento e desenvolvimento do capitalismo teve como base a Europa, a América do Norte e também parte na América Latina.

Outro país que também promoveu a revolução industrial e o capitalismo, fora da órbita do cristianismo foi o Japão e só tardiamente, a partir de meados do século passado é que a China e a Índia passaram a ter uma economia pujante e em crescimento acelerado, países de minorias cristã.

Os 20 países que mais poluem o planeta, principalmente quando se refere à emissão de gases de efeito estufa, oriundos dos setores industriais, residências, sistema de transporte e desmatamento, são responsáveis por mais de 82% do total da poluição mundial e que estão provocando as mudanças climáticas que tantos males vem causando e causarão `a vida na terra.

Desses 20 países, 13 tem a grande maioria de sua população que se define como cristãos, ou seja, são e estão conscientes de que seu estilo de vida e suas ações estão destruindo as obras da criação divina e não estão respeitando os princípios bíblicos.

Isto se deve, talvez  pela contradição profunda que existe entre uma fé de fachada, alienadora  e por práticas definidas  pelo materialismo, pelo consumismo, pelo desperdício dos recursos naturais, pela ganância em associação com a busca do lucro econômico e financeiro, o que pode ser chamada de “deus dinheiro”, pouco se importando com o passivo ambiental e com a precarização das condições de vida de seus semelhantes, principalmente as camadas mais excluídas da sociedade que, com certeza, também c são filhos e filhas de Deus, segundo a fé cristã.

É neste contexto que devemos entender as exortações e reflexões do Papa Francisco, líder do maior grupo religioso entre os cristãos, que são os católicos nada menos do que 1,3 bilhões de fiéis mundo afora, a quem, tais exortações devem ser analisadas para perceber a responsabilidade que tanto cristãos em geral quanto católicos em particular precisam assumir no combate `a degradação ambiental.

Este combate deve ser feito em cada localidade, em cada paroquia, comunidade, em cada igreja, templo, escola de confissão católica ou evangélica, através de projetos e ações concretas, arregimentando desde crianças, adolescentes, jovens , população adulta e também idosos, ou seja, se os cristãos se irmanassem em um verdadeiro mutirão permanente na defesa do meio ambiente, com a visão do que o Papa Francisco denomina da Ecologia Integral, com certeza podemos mudar o mundo, restaurar, se não o Jardim do Éden, como descrito em Gênesis, mas pelo menos em localidades mais aprazíveis e menos poluídas para vivermos.

No Brasil, por exemplo, existem mais de 11 mil paroquias e mais de 120 mil comunidades paroquiais, da Igreja Católica e mais de 50 mil templos evangélicos, todas essas localidades congregam centenas e as vezes milhares de pessoas, quase que diariamente.

Ora, se os cristãos devotassem um pouco mais de atenção e ações articuladas, independente de filiação a esta ou aquela igreja, com certeza, seriam milhões de pessoas em condições de atuarem efetivamente na defesa do meio ambiente, desde projetos de educação ambiental, reciclagem de lixo, arborização, reflorestamento, agricultura familiar, agricultura urbana, hortas domésticas, comunitárias, escolares, limpeza, etc. além de uma maior participação no que concerne `a definição de politicas publicas, planos e programas ambientais em todos os níveis.

Finalizando, apenas um lembrete e sugestão para a leitura da passagem contida no Livro de Apocalipse 11:18, onde é descrito que é chegado “o tempo de destruíres os que destroem a terra”, esta será a penalidade para quem não respeita as obras da criação divina, aqueles que destroem impiedosamente o meio ambiente.  É neste sentido que para o Papa Francisco quem destrói a natureza, o meio ambiente e não respeita a criação de Deus está cometendo um pecado.

Vamos refletir um pouco mais neste binômio: fé e meio ambiente; qual o papel dos cristãos nos cuidados com a natureza/meio ambiente e a nossa responsabilidade ética, como cristãos , em relação `as futuras gerações?

Esses temas deveriam fazer parte dos sermões, das homilias, das ações pastorais, dos debates teológicos da Igreja Católica e também das Igrejas Evangélicas.

Concluindo, gostaria de deixar uma exortação contida também na Bíblia Sagrada, no Livro de Tiago 2:17 onde é dito de forma clara: “ Assim também, a fé, se não tiver as obras, é, em si mesma morta”. Não basta discursos, debates, estudos sobre a destruição do meio ambiente, orações pedindo a Deus para fazer chover ou parar de chover, precisamos agir, enquanto o grande desastre ambiental não chegue e possa representa rem sentido figurado, o que no Livro do Apocalipse é definido como o “Armagedom”,  e também a restauração do que é denominado de “um novo céu e uma nova terra”.

Diversos cientistas através de seus estudos estão nos alertando, bem como governantes de todos os países, sobre a iminência, os riscos e consequências do que tem sido considerado “o dia seguinte”, ou seja, as catástrofes naturais, provocadas pelas ações humanas, longe de serem um castigo divino, decorrem das ações humanas que continuam destruindo o meio ambiente e colocando em risco o equilíbrio dos ecossistemas.

Todos temos responsabilidades diante dessas ameaças, principalmente os cristãos que professam uma fé que atesta que o planeta terra e, enfim , todo o universo são obras divinas e foram criadas por Deus. Mas parece que existe um grande fosso entre esta fé e as ações e omissões desses que se dizem cristãos.

Pense nisso caro leitor, reflita sobre este tema de forma mais profunda, com uma mentalidade crítica e criadora. Não se omita ante a destruição do meio ambiente e do planeta terra. Aqui é a nossa “casa comum”, onde vivemos! A omissão também  é um pecado!

JUACY DA SILVA, professor universitário, fundador, titular e aposentado UFMT, sociólogo, mestre em sociologia, colaborador de diversos veículos de comunicação. Email O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.,br" target="_blank" rel="noopener noreferrer" data-auth="NotApplicable">O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.,br Twitter@profjuacy Blogwww.professorjuacy.blogspot.com

Segunda, 03 Fevereiro 2020 12:59

 


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Roberto Boaventura da Silva Sá

Prof. de Literatura/UFMT; Dr. em Jornalismo/USP

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Longe vai o tempo narrado por Drummond em “Cidadezinha qualquer”, poema inserido em Alguma Poesia de 1930:

Casas entre bananeiras// mulheres entre laranjeiras// pomar amor cantar// Um homem vai devagar.// Um cachorro vai devagar.// Um burro vai devagar.// Devagar… as janelas olham.// Eta vida besta, meu Deus.”

Vida besta, mas no ritmo exato de seu tempo. Portanto, lógica; logo, sábia.

Hoje, por conta do avanço tecnológico, aquele tempo do poema está em extinção. Sob a égide da pressa, chegamos em um tempo em que as informações e as emoções delas advindas não nos vêm mais a galope, nem mesmo a jato; isso tudo ficou lento. Elas nos chegam em tempo real por meio da interatividade das mídias, incluindo todos os formatos das redes sociais. Por isso, o tempo de matutar, p. ex., sobre uma informação está encerrado. Se no passado podia-se ter uma “vida besta” por conta da vagarosidade do tempo, hoje, temos uma vida bestial motivada – também, mas não apenas – pelo oposto da lentidão de outrora.

O preâmbulo acima, leitor, é para dizer que, enquanto eu ainda matutava sobre as bestialidades nazistas do ex-secretário de Cultura do governo Bolsonaro, um novo agente seu expôs outra aberração.

O bolsonarista da vez – à semelhança de seu chefe maior – é Benedito Guimarães Aguiar Neto, reitor da faculdade particular Mackenzie. Ele foi nomeado no último dia 24 como o novo presidente da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), responsável pelos mestrados e doutorados brasileiros.

Como outros bolsonaristas, eis mais um cristão. Até aí, nenhum problema. Todavia, segundo a Folha de São Paulo, “no ano passado, Aguiar Neto anunciou que o Mackenzie ampliaria estudos do design inteligente – uma roupagem contemporânea do criacionismo, que advoga natureza teológica da origem do universo... ‘Design inteligente’ tem sido o termo usado nas discussões que advogam a abordagem do tema na educação. Para seus defensores, o darwinismo seria insuficiente para explicar a origem da vida”.

Na mesma reportagem, é dito que Aguiar Neto, também no ano passado, afirmou:

“Queremos colocar um contraponto à teoria da evolução e disseminar que a ideia da existência de um design inteligente pode estar presente a partir da educação básica, de uma maneira que podemos, com argumentos científicos, discutir o criacionismo”.

Argumentos científicos para discutir o criacionismo? É sério?

As dúvidas que exponho surgem porque o “design inteligente” pretendido por Aguiar Neto é mero fruto de suas crenças, que estão na contramão da “Intelligentsia” brasileira, formada pela maioria dos que fazem a educação e a cultura nossas. Por isso, Aguiar Neto parece almejar a morte da CAPES, que vive sob a dinâmica das reflexões, não da fé. Detalhe: as universidades são como a cabeça de um corpo. Sem cabeça, exceto a mula dela desprovida, um corpo não se sustenta.

Em outras palavras, a postura de Aguiar Neto – de origem medieval – parece querer asfixiar a reflexão acadêmico/científica experimentada, contextualmente, por intelectuais sérios, desde antes dos marcos cronológicos da lentidão da vida besta daquela “cidadezinha qualquer”.

Diante da extemporaneidade da proposta de Aguiar Neto, sinto saudades dos seres do poema de Drummond. Inteligentemente, todos iam devagar, fossem aonde fossem. De todos, sinto mais saudades do burro. No compasso de seu trotear, vejo-o, com suas ancestrais e legítimas linhas inteligentes, seguindo no ritmo exato de seu tempo.

Que lição! 

Terça, 28 Janeiro 2020 13:25

 

 

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JUACY DA SILVA*

O Brasil durante quase quatro séculos, desde o período colonial, passando pelo Império e chegando até as vésperas da proclamação da República, em 1888,  teve sua economia baseada na exploração do trabalho escravo, quando mais de 10 milhões de negros e Negras foram comprados e trazidos para executarem todos os tipos de trabalho, deixando uma mancha indelével e vergonhosa em nossa história, chegando até a  atualidade em sucessivas gerações de afrodescendentes, que ainda pagam um alto preço na forma de exclusão social, econômica e politica, em manifestações racistas abertas ou disfarçadas e na vitimização pela onda de violência tão presente em nosso país na atualidade.

Só o trabalho, digno, com remuneração justa é que permite não apenas a sobrevivência, mas também a mobilidade social, o progresso, a melhoria do nível de vida e o sustento da família do trabalhador e oferece as condições da plena realização e libertação do ser humano.

Boa parte, para não dizer a maior parte das fortunas de usineiros, mineradores, cafeicultores e demais ciclos econômicos foram construídas sobre o suor, o sangue e o desrespeito à dignidade dos afrodescendentes e de outros trabalhadores submetidos a esta ignomínia que é o trabalho escravo ou em condições análogas à escravidão.

Ainda hoje, estima-se que mais de 160 mil trabalhadores, tanto negros, afrodescendentes e também brancos, pobres, são submetidos à condição análoga ao do trabalho escravo tanto em setores como de  construção civil, emprego doméstico quanto em atividades extrativistas , agropecuárias e outras mais.

O trabalho escravo atualmente é considerado crime, definido pelo artigo 114 do Código Penal, mas ante à precariedade de quadros e mecanismos de fiscalização ou da omissão e conivência dos organismos públicos que devem fiscalizar esta prática nefasta que ainda está presente em nosso pais, ainda convivemos com esta realidade tão cruel, o que não deixa de ser uma vergonha para nosso país.

Conforme a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e a CPT Comissão Pastoral da Terra), em 28 de janeiro, o Brasil celebra o Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo. A data é uma homenagem ao assassinato dos auditores fiscais do trabalho Erastóstenes de Almeida Gonçalves, João Batista Soares Lage e Nelson José da Silva, e o motorista Ailton Pereira de Oliveira, no ano de 2004, quando apuravam denúncia de trabalho escravo na zona rural de Unaí (MG).

Apesar de já terem se passado mais de 15 anos este crime, da mesma forma que tantos outros crimes definidos como de exploração do trabalho escravo em nosso país, ainda continuam impunes, em decorrência da lentidão tanto das medidas investigativas quanto da tramitação dos processos no sistema judiciário.

Em 2014 foi apresentada a PEC 438/01 que acabou sendo aprovada no Congresso Nacional e homologada como Emenda Constitucional 81/2014, cujo texto prevê a desapropriação de imóveis urbanos ou rurais onde seja constatada a prática de trabalho em condições análogas ao trabalho escravo. Houve até mesmo um avanço com a aprovação da chamada lista suja de empresários que desrespeitam a legislação e praticam trabalho escravo.

Ainda de acordo com a CNBB, “A Igreja do Brasil está atenta à realidade do tráfico humano. Prova disso, é que a Campanha da Fraternidade de 2014 teve como tema “Fraternidade e Tráfico Humano” e lema “É para a liberdade que Cristo nos libertou” (Gl 5,1). “A partir do trabalho e da reflexão dentro da CNBB, e do Conselho de Pastoral, foi aprovado para a Campanha da Fraternidade de 2014, tratar do trabalho escravo, por sua vez, ligado ao tráfico humano. Então nós vamos trabalhar na Campanha essas duas propostas: a denúncia do tráfico de pessoas e trabalho escravo, e todas as consequências que essas denúncias trazem para a Igreja”, explicou padre Ari. De acordo com a secretária do Grupo de Trabalho (GT) de Enfrentamento ao Tráfico Humano, da CNBB, irmã Claudina Scapini, o trabalho escravo é uma entre as modalidades do tráfico humano. “O trabalho escravo, a exploração sexual, o tráfico de órgãos, e a adoção irregular, são, para nós, as grandes modalidades do tráfico de seres humanos”, afirmou.

Quando à Emenda Constitucional praticamente continua como letra morta ou como se diz: “para inglês ver” e quanto a lista suja dos modernos escravocratas, por pressão da bancada ruralista e uma arguição de inconstitucionalidade, por decisão do STF a mesma foi suspensa, abrindo caminho para esta prática nefasta e para a impunidade em relação a este absurdo que é o trabalho escravo possam continuar presentes em nossas relações de trabalho.

No momento em que o Brasil está empenhado em aderir e participar da OCDE , com certeza a presença de trabalho escravo, da mesma forma que o desrespeito `as normas e cuidados ambientais por certo irão dificultar sobremaneira este objetivo do governo brasileiro.

Neste dia 28 de janeiro, dedicado à reflexão em relação aos malefícios do trabalho escravo, pouco ou quase nada temos a comemorar, pois esta prática infame continua presente no meio rural brasileiro. O trabalho escravo é também um ato de violência e uma grave violação dos direitos humanos dos trabalhadores.

Estamos em pleno 2020, cabe então o questionamento: até quando vamos conviver com esta situação?

 

*JUACY DA SILVA, professor universitário, titular, fundador e aposentado  UFMT, sociólogo, mestre em sociologia, colaborador de alguns veículos de comunicação. E-mail O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Twitter@profjuacy Blog www.professorjuacy.blogspot.com

Segunda, 27 Janeiro 2020 13:15

 

 

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JUACY DA SILVA*

Em todos os fóruns internacionais a degradação ambiental, as mudanças climáticas, há varias décadas, tem dominado as discussões e no momento, em que governantes, chefes de Estado, grandes empresários, cientistas e ativistas sociais e ambientais estão reunidos em Davos, sob o patrocínio do Fórum Econômico Mundial, como acontece todos os anos, esta temática também está bem presente nos debates que ali estão acontecendo.

Além das questões ambientais, outro desafio que continua na “ordem do dia” ou na agenda dessas discussões internacionais é a questão da pobreza. Durante um longo período, a discussão girava em torno da diferença de renda, riqueza, níveis de desenvolvimento entre países. Daí surgiram várias nomenclaturas como países sub desenvolvidos, países desenvolvidos, emergentes, de baixa, média e alta renda, centro x periferia, norte x sul, países capitalistas x socialistas etc.

Surgiram também diversos índices e indicadores para mensurarem essas diferenças de patamar econômico, social e politico entre os países, foram realizados estudos patrocinados pela ONU como os relatórios do IDH – Índice de Desenvolvimento Humano, para destacar outros aspectos e não apenas a renda per capita. O IDH leva em consideração a renda per capita, indicadores educacionais e de saúde. Existe uma discussão também para que sejam incluídos indicadores socioambientais na composição do IDH e também, uma ênfase na questão da concentração/distribuição de renda e como isto afeta o desenvolvimento.

Até algumas décadas, pouco se falava a respeito da concentração de renda internamente nos países, principalmente nos países do chamada terceiro mundo e muito menos, ou seja, zero, sobre a presença da pobreza, miséria que ainda existem nos países chamados centrais, os desenvolvidos, os integrantes do G7, do G20, a União Europeia etc.

A partir do inicio deste novo milênio, a questão da pobreza como um problema de ordem não apenas socioeconômico, mas também politico passou a fazer parte das discussões e nas últimas três décadas, ou seja, a partir da ECO-92, realizada no Rio de Janeiro, as questões ambientais passaram a ter um peso maior nas discussões, inclusive nas patrocinadas pela ONU, incluindo suas Assembleias Gerais.

Neste sentido, cabe ressaltar o período em que o carro chefe das discussões e propostas giravam em torno dos OBJETIVOS DO DESENVOLVIMENTO DO MILÊNIO, pauta esta que a partir de 2015 foi substituída pelos OBJETIVOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL a vigorar daquele ano até 2030, quando todos os países fizeram adesão a tais objetivos, comprometendo-se a definir politicas públicas, estratégias, planos e programas para que todas as mais de 160 metas sejam concretizadas e um mundo melhor seja possível.

Além dos OBJETIVOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL, na última Assembleia Geral da ONU foi aprovado que a década de 2021 até 2030, coincidindo com parte do período coberto pelos OBJETIVOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL, seja considerada como a DÉCADA DA RESTAURAÇÃO/RECUPERAÇÃO DE ECOSSISTEMAS DEGRADADOS, mundo afora.

A grande meta desta década que se inicia no ano que vem é remover no mínimo 26 gigatons de gases que produzem o efeito estufa da atmosfera e que provocam as tão temidas mudanças climáticas, que, conforme diversos estudos por dezenas de milhares de cientistas em diversos países, sob o patrocínio e coordenação da ONU, colocam em risco a sobrevivência da vida no planeta. Pelas sérias consequências que essas mudanças climáticas já estão provocando e tendem a aumentar mais ainda nos próximos anos e décadas.

A degradação dos ecossistemas atualmente, conforme resultados de diversos estudos e pesquisas, comprometem/afetam o bem estar de 3,2 bilhões de pessoas e representam um custo equivalente a 10% do PIB mundial todos os anos, além da perda acelerada da biodiversidade, incluindo a extinção de milhares de espécies vegetais e animais todos os anos, um prejuízo incalculável para a vida no planeta.

A meta  global estabelecida para a DÉCADA DA RESTAURAÇÃO/RECUPERAÇÃO DE ECOSSISTEMAS DEGRADADOS é recuperar 350 milhões de ha de áreas degradadas pela ação irracional e as vezes criminosa em, praticamente todos os países, inclusive no Brasil, cuja degradação ambiental atinge todos os seis biomas, com destaque para o que está acontecendo na Amazônia, no Cerrado e demais ecossistemas, ante a omissão ou até mesmo a conivência de nossos governantes e organismos públicos.

Nesta mesma linha de enfrentamento à degradação ambiental, a ONU em 2017, através de resolução em Assembleia Geral, aprovou um Plano Estratégico para as Florestas, a vigorar de 2017 até 2030, ou seja, mais um mecanismo para enfrentar a destruição ambiental.

A missão deste plano estratégico que serve também de base para definir os objetivos e metas a serem cumpridos/alcançados neste período que estamos vivendo é implementar uma gestão sustentável e estratégica (manejo) das florestas nativas e também incentivar, fomentar as florestas plantadas, seja através do reflorestamento com espécies nativas ou recuperar áreas degradadas através do reflorestamento, um dos mecanismos que podem reduzir tanto o volume de gases de efeitos estuda, que diversos países e setores  produtivos continuam produzindo, apesar dos alertas quanto aos efeitos deletérios dessas práticas, quanto “sugar” parte do volume de gases de efeito estufa que estão acumulados na atmosfera.

Em 2017, conforme estudos que embasaram a elaboração deste plano estratégico para as florestas, ainda existiam 4 bilhões de ha de florestas nativas ou 40 milhões de km2, que representam 30% da área terrestre do planeta, mas que, ante o desmatamento, inclusive criminoso em alguns países, as previsões indicam que se nada ou pouco for feito para controlar esta sanha destruidora, dentro de no máximo 50 anos, as florestas nativas estarão em processo de extinção, gerando mais desequilíbrio ambiental e destruição de boa parte da biodiversidade do planeta, afetando de maneira terrível a vida e a sobrevivência de mais de 1,6 bilhões de habitantes que dependem das florestas para a sobrevivência, incluindo ribeirinhos, pequenos agricultores, coletadores, povos primitivos e inúmeras comunidades dos chamados povos das florestas.

Neste meio tempo, quando acaloradas discussões tem sido travadas, colocando em lados opostos os destruidores do meio ambiente e de outro ativistas e defensores do maio ambiente, pouco importando os argumentos de ambos os lados, a partir do protocolo de  Kyoto e mais recentemente a partir de 2015 com o Acordo de Paris, enquanto a degradação e os desafios ambientais seguem, o mundo assiste posicionamentos de diversos chefes de Estado, de Governo e representantes de grandes conglomerados econômicos, industriais, do agronegócio ou outros setores econômicos ou políticos com posições dúbias, com discursos que podem ser considerados ambientalistas , mas com práticas que levam `a degradação ambiental, incluindo mistificações ideológicas como as defendidas nesta semana em Davos.

O Protocolo de Kyoto, foi aprovado em 1997; ratificado em 15 de março de 1999  por 55 países, que naquela época eram responsáveis pela produção de 55% dos gases de efeito estufa e entrou em vigor no dia 16 de fevereiro de 2005, ou seja, prestes a completar 15 anos em meados do próximo mês.

Apesar de os países que mais poluem o planeta terem aderido ao Protocolo, países emergentes que também são grandes poluidores ficaram de fora em termos de obrigação.  Mesmo assim, o Protocolo de Kyoto representou um avanço nas discussões ao estabelecer ações que deveriam ser implementadas por tais países, como forma de combater de fato as mudanças climáticas, tais como: reforma do setor energético e do setor de transporte; uso de fontes renováveis de energia; redução das emissões de gás metano; combate ao desmatamento e proteção das florestas.

Com apenas 10 anos de existência, o Protocolo de Kyoto foi “substituído”, pelo ACORDO DE PARIS que é um compromisso internacional discutido entre 195 países com o objetivo de minimizar as consequências do aquecimento global. Ele foi adotado durante a Conferência das Partes - COP 21, em Paris, no ano de 2015.

A mudança de Governo nos EUA com a eleição de Trump levou a maior economia do planeta, o segundo maior poluidor e causador do acúmulo de gases de efeito estufa, a abandonar o Acordo de Paris e outros países, como o Brasil que, direta ou indiretamente, fazem coro com as posições antiambientalistas do mandatário americano, dificultando  ou quase impossibilitando que as metas globais de redução da degradação ambiental, como forma de controlar as mudanças climáticas sejam alcançadas nos prazos estabelecidos, agravando ainda mais as mudanças climáticas.

Todos os países que homologaram o Acordo de Paris se comprometeram, em documento encaminhado `a ONU, a atingirem metas concretas até 2030, sendo que tais metas devem ser concretizadas em períodos intermediários.

As metas brasileiras são: a) Reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 37% abaixo dos níveis de 2005, em 2025 e, b) Em sucessão, reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 43% abaixo dos níveis existentes em 2005, no ano de 2030.

Todavia, diversos países, inclusive o  Brasil não tem realizado um empenho mais significativo para o cumprimento de tais metas e, tendo em vista o posicionamento do governo Bolsonaro em relação ao meio ambiente que, para alguns faz vistas grossas para a degradação e os crimes ambientais que vem sendo praticados em nosso país, tendo, inclusive ameaçado , `a semelhança de Trump, a retirar o Brasil do Acordo de Paris, dificilmente o Brasil conseguirá atingir tais metas.

Causa espécie, por exemplo, a fala do Ministro da Economia do Governo Bolsonaro, no Encontro de Davos esta semana, cujos índices de desmatamento na Amazônia quase duplicaram em relação aos anos anteriores, práticas criminosas levadas a cabo por grileiros, desmatadores, garimpeiros, mineradoras e madeireiros, termos que ouvir meias verdades ou inverdades por parte do Ministro dizendo que a causa do desmatamento na Amazônia é a pobreza, no que foi prontamente rebatido pelo ex-vice presidente dos EUA, Al Gore e indiretamente pelo pronunciamento do futuro Rei da Inglaterra, o Príncipe Charles, que tem secundado os discursos e  o ativismo de Greta Thunberg, esta jovem idealista, estudiosa e corajosa  defensora  das causas ambientais, personalidade do ano na Revista Time.

Finalmente, outro aspecto de suma importância em relação `a degradação ambiental é a questão do saneamento básico e a geração/produção de lixo, principalmente lixo plástico que atualmente representa 20% de todo lixo gerado no planeta e que, se nada for feito de concreto, dentro de poucas décadas atingirá mais de 50% do lixo global, poluindo os ecossistemas terrestres e também marinhos e contribuindo para a degradação da vida marinha, afetando a produção de alimentos e abastecimento de água.

Enfim, cada país, cada estado, cada município e cada localidade precisa incluir os desafios ambientais nas discussões e definição das politicas públicas, não podemos deixar para as próximas gerações um passivo ambiental impagável.

Por exemplo, neste ano aqui no Brasil estarão sendo realizadas eleições municipais, esta é uma ótima oportunidade para incluir na agenda politica e eleitoral municipal debates e propostas relacionados com a questão ambiental, cuja situação é vergonhosa em praticamente todos os municípios, sem exceção.

Cabe não apenas aos candidatos, mas também a  todas instituições, incluindo Igrejas, sindicatos, ONGs, Clubes de Serviços, movimento comunitário , enfim, aos eleitores em geral participarem dessas discussões e contribuírem para a definição de politicas, planos, estratégias, projetos e ações municipais voltadas ao meio ambiente.

E você? Caro leitor, eleitor e contribuinte já despertou para esses desafios ou continua alienado, aguardando algum salvador da pátria para mudar esta realidade? Vamos refletir sobre esses desafios e definir o que podemos e devemos fazer, com a máxima urgência que esses desafios merecem.

*JUACY DA SILVA, professor universitário, titular e aposentado UFMT , sociólogo, mestre em sociologia, articulista e colaborador de alguns veículos de comunicação. Email O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.Twitter@profjuacy Blog www.professorjuacy.blogspot.com