Sexta, 11 Outubro 2024 16:22

Combate às opressões: conheça o GT Políticas de Classe para Questões Étnico-raciais, de Gênero e Diversidade Sexual, o GTPCEGDS Destaque

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Os debates sobre etnia, gênero e classe dentro do Andes-Sindicato Nacional ocorrem, de forma sistematizada, desde 2007, com a criação do Grupo de Trabalho Etnia, Gênero e Classe (GTEGC). Nos anos seguintes, a categoria docente entendeu que precisava ampliar o campo de análise e transformou o GT em Grupo de Trabalho Política de Classe para questões Étnico-raciais, de Gênero e Diversidade Sexual (GTPCEGDS). Este é mais um debate essencial, que atravessa o cotidiano de todas as pessoas e, como não poderia deixar de ser, estápresente no sindicato.  

  

De acordo com o Sindicato Nacional, o GT tem a intenção de refletir, produzir e elaborar sobre - e para - os debates relacionados a gênero, questões étnicorraciais, sexualidade e pautas da população LGBTQIAP+, articulado ações e políticas sindicais que garantam espaços de formação e elaboração de materiais sobre esses temas e outros, como a luta contra o capacitismo, assédio sexual, violências contra mulheres e às populações negra, indígenas e LGBTQIAP+. Em outras palavras, o GT está voltado para a defesa da garantia das políticas de combate às opressões dentro e fora do sindicato, assim como para a construção de uma agenda que dialogue com os movimentos sociais.

 

Em âmbito nacional, uma das ações mais recentes do GT é a campanha “Sou Docente Antirracista!”, lançada em julho, durante o 67º Conselho do Andes (Conad). A intenção da campanha é conscientizar as comunidades das universidades públicas, institutos federais e cefets sobre a necessidade da luta antirracista e combate ao racismo nestas instituições.  

 

GTPCEGDS na Adufmat-Ssind 

 

Com relação ao GTPCEGDS, a Adufmat-Ssind segue a tradição classista, conforme orientação do Andes-SN. “Na nossa compreensão, a leitura classista parte do ponto de vista de que a história das sociedades é a história da luta de classes. O desafio do militante classista é conseguir dar a resposta necessária ao seu tempo histórico, aos conflitos de classe que estão acontecendo naquele contexto. Nesse sentido, se torna uma leitura mecanicista e parcial desconsiderar que os corpos que trabalham, que sofrem exploração, são corpos marcados por marcadores sociais de raça e de gênero, que contribuem para a hierarquização humana, que é um pré-requisito para viabilizar a exploração de classe; quando a gente fala das questões de gênero, machismo, racismo, nós estamos considerando que essas dinâmicas se atrelam à dinâmica de exploração de classe. Existem leituras mecanicistas do marxismo que separam o econômico, a exploração de classe, da raça e gênero, e existem visões identitaristas, que separam raça e gênero de classe, e esse não é o nosso caso”, explica a professora Lélica Lacerda, diretora geral adjunta da Adufmat-Ssind e integrante do GT.   

 

Ela avalia que, atualmente, em âmbito local, o GT tem se dedicado, em sua maioria, a demandas do movimento de mulheres, especialmente a partir de atos para marcar datas históricas de lutas, como o 08 Março - Dia Internacional de Luta das Mulheres Trabalhadoras, 25 de Junho - Dia da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha, além dos dias contra a exploração da mulher e pela eliminação da violência contra a mulheres, ambos dia 25, de outubro e de novembro, respectivamente. Outros fatos também geraram mobilizações e ações nesse sentido, como o chamado “PL do estuprador”, que pretendia condenar mulheres que realizassem aborto em caso de estupro. “A gente fez atos de rua e atropelou o Lira, acho que foi a primeira e única derrota do Lira até agora, nesse governo, e foi o movimento de mulheres que colocou fim nesse golpe, nessa ação. Nós construímos esse ato também”, destaca. 

 

Outro momento de intensa mobilização que envolveu o GT foi quando o deputado Gilberto Cattani (PL) comparou as mulheres a vacas em 2023. Os coletivos de mulheres se organizaram para protestar na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) e, desde então, segundo a docente, o deputado ficou intimidado e não deu outras declarações do tipo. As mulheres organizadas reclamam que a comparação do deputado reforça a ideia da mulher como objeto, mercadoria, o que resulta na autorização da exploração de seus corpos - sendo pelo abuso físico, sexual ou mesmo pelo trabalho precarizado -, ou até mesmo na eliminação dos mesmos, pelo feminicídio. Infelizmente, a própria filha de Cattani foi vítima desta lógica em julho deste ano.   

 

Mulheres ocuparam a Assembleia Legislativa de Mato Grosso em julho de 2023 para protestar contra as declarações do deputado Gilberto Cattani (PL), que comparou a gravidez de mulheres a gravidez de vacas.  

 

Assim, a dinâmica do grupo não tem sido por meio de reuniões ordinárias, mas por demanda. “A gente chama reunião em situações em que existem demandas a serem providenciadas. Temos um grupo de mensagens, e as pessoas interessadas em construir essas agendas estão lá; dali a gente propõe as datas de reunião, encaminhamentos, é um grupo tem tido uma vida orgânica, porque nós temos tido muitos ataques às mulheres, isso tem demandado da gente várias tarefas. E a partir dessas demandas temos ações conjuntas com Instituto Federal (IFMT), Universidade do estado (Unemat), de tal forma que nós fundamos um Laboratório de Enfrentamento a Violências contra Mulheres, com professoras dessas instituições, e esse laboratório tem se reunido na terceira sexta-feira de cada mês para deliberar ações de pesquisa, extensão, intervenção, seminários sobre violências contras as mulheres. A gente atua em três eixos: violências contra mulheres, financiamento de políticas públicas para mulheres, e violência política de gênero”, aponta Lacerda.  

 

Ela lembra, ainda, que o 8 de Março, como ato de rua, tem sido uma atividade regular de participação da Adufmat-Ssind desde 2017, como forma de massificação da data. Além disso, o GT já esteve envolvido na realização do primeiro encontro para tratar de violência política de gênero, em dezembro do ano passado. “Como este ano está tendo eleições, e ela foi bastante violenta para as mulheres, muitas mulheres foram alvejadas por tiros, sofreram ameaças, a gente entendeu que não daria para fazer o segundo encontro logo em novembro, porque está muito recente. Então, a gente vai fazer em fevereiro”, comenta.

 

O grupo também está construindo, junto a outras entidades da comunidade acadêmica da UFMT, uma política contra violências raciais e de gênero. A ideia é construir uma minuta, a partir de debates, que queremos fazer ainda este ano,e entregar à Reitoria da universidade, para que seja adotada como política da instituição. 

 

Nos direitos trabalhistas, o debate também tem contribuído. “Para construir a minuta da Progressão Funcional, nós fizemos todo um debate em torno da violência institucional contra mulheres, o que a progressão funcional significa, a violência contra as pessoas com deficiência - mesmo as ocultas, como o autismo, demonstrando que a progressão via meritocracia acaba prejudicando esses segmentos que são minorizados pela sociedade”, ressalta. 

 

A docente observa, no entanto, que a proposta do GT é muito mais abrangente, mas assim como em outros GTs, faltam pessoas para construir a luta. “Nós estamos num estado que conta com mais de 40 povos indígenas, mais de 70 comunidades remanescentes de quilombos, e essa população compõe não só o estado de Mato Grosso - com os problemas de Mato Grosso que a universidade precisa, enquanto uma instituição socialmente referenciada, dialogar e buscar resolver -, mas também, essa população compõe a comunidade acadêmica. E a ideia do GTPCEGDS é lidar não apenas com questões de gênero, como tem acontecido, não é só movimento de mulheres, muito embora dentro do movimento de mulheres nós tenhamos uma leitura interseccional com raça e capacitismo, e temos promovido debates, encontros sobre isso; mas é importante que outros militantes venham para a Adufmat-Ssind para construir esse GT, com outros perfis, professores negros, quilombolas, enfim, da diversidade do perfil que compoe a comunidade acadêmica e o estado. A gente sabe que existe uma tradição dos sindicatos classistas, de uma visão mecanicista, que desconsidera raça e classe como pautas classistas, e isso gera uma resistência de professores negros e que atuam em outras pautas de virem, de se reconhecerem no sindicato, mas esse GT tem por objetivo mudar esse perfil de sindicato mecanicista e reducionista, que acaba servindo só para homens brancos, para a gente poder construir um sindicato efetivamente combativo, que responda as questões concretas do cotidiano de luta; então seria muito importante, fica aqui um convite, a professoras e professores que constroem essas pautas nas suas pesquisas, nas suas leituras, até mesmo em coletivos, que possam fortalecer conosco o GTPCEGDS, porque essas são pautas que nós estamos tentando trazer como essenciais para a luta de classes”, finaliza.        

 

Os Grupos de Trabalho (GTs) da Adufmat-Ssind, assim como os do Andes-SN, são compostos por docentes sindicalizados que voluntariamente atendem à convocação do sindicato nacional e se agregam em torno de uma temática para discutir pautas de interesse dos docentes das IFES ou da sociedade local e nacional, tais como: Carreira, Verbas, Política Educacional (GTPE), Seguridade Social e Assuntos de Aposentadoria (GTSSA), Formação Política Sindical (GTPFS), Ciência e Tecnologia (GTC&T), Fundações, Política Agrária, Urbana e Ambiental (GTPAUA), História do Movimento Docente (GTHMD), Multicampia, Comunicação e Artes (GTCA) e Organização Sindical das Oposições.

 

Para participar do GTC&T ou qualquer outro GT da Adufmat-Ssind basta demonstrar disposição por meio dos contatos da Secretaria da Adufmat-Ssind: e-mail O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo., ou pelos telefones com aplicativo de mensagens: (65) 99686-8732 ou (65) 99696-9293.

 

 

Luana Soutos
Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind 



     

 

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