56 famílias que foram despejadas em dezembro, seguem ser um lar e com necessidade de isolamento social
Todas as dificuldades causadas pela pandemia em todo país não foram suficientes para impedir que mais famílias fossem despejadas e ficassem sem um lar, como é o caso de 56 famílias do Residencial das Colinas, no município de Várzea Grande. Após serem retirados do local onde moravam, em dezembro do ano passado, em uma ação da Prefeitura de Várzea Grande com apoio da Polícia Militar, os moradores ficaram abrigados no Ginásio do Bairro Mapim, nas proximidades do residencial.
Segundo Lourdes Ximenes, uma das moradoras, as famílias foram obrigadas a deixar o local sem nenhum suporte oferecido pelo Estado devido ao período de pandemia. “No momento temos três pessoas confirmadas com Covid-19 e duas com suspeita, aguardando o resultado do exame. Não temos como fazer isolamento do pessoal”.
Ela relata que a alimentação está sendo feita exclusivamente por meio de cestas básicas que são fornecidas uma vez por mês pela Prefeitura de Várzea Grande e doações externas. O abastecimento de água é realizado diariamente por meio de um caminhão-pipa. “Tivemos que pedir para um morador de uma chácara no fundo ceder um espaço para colocarmos barracas, porque duas mulheres tiveram bebês recentemente e não contamos com nenhuma assistência médica”.
O diretor geral da Adufmat-Ssind, Aldi Nestor de Souza, que acompanhou de perto a ação do Estado, afirma que o despejo foi feito de forma desumana, ainda mais por se tratar de um momento em que é arriscado sair na rua. Além disso, ele deixou claro que a Lei 14.010/2020 impedia que despejos fossem realizados. No entanto, em outubro do mesmo ano, o Congresso Nacional derrubou a medida. “A única solução que a prefeitura encontrou foi colocá-los em abrigos separados por gênero, o que é inviável porque são 56 famílias com mais de 120 crianças”.
Ele afirma que a ação imediata a ser tomada é que essas pessoas voltem para o lugar onde estavam morando, com condições de dignidade e higiene que o período requer. “Quando passar a pandemia e as pessoas puderem andar na rua com mais tranquilidade, isso poderá ser discutido novamente. Estamos esperando que a Justiça se manifeste, até porque esse não é o único caso de despejo em Cuiabá, Várzea Grande e região”.
Lourdes Ximenes deixa seu contato disponível caso alguém possa oferecer a ajuda médica e sanitária, ela pode ser contatada pelo telefone e WhatsApp (65) 99251-9397. “O que pedimos é assistência médica para isolar e tratar de forma correta quem está com Covid-19. Existem casos leves e graves avançados, crianças e adultos no mesmo local. Precisamos de ajuda porque nós realmente não temos para onde ir”.
Letícia Corrêa
Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind