O povo guerreiro mais uma vez nos ensina: a relação das sociedades com a natureza deve ser de respeito, porque é dela que depende a nossa própria existência. A pandemia de Covid-19 é mais um desafio imposto pelas sociedades burguesas aos povos indígenas. Como estão se organizando para resistir a essa nova ofensiva? É o que a Adufmat-Ssind conversará com a liderança indígena Sônia Guajajara na próxima sexta-feira, 22/05/20, durante a entrevista ao vivo (live) que será realizada às 19h na página oficial do sindicato no Facebook. O debate terá o título “Ecos coloniais - pandemia e genocídio indígena”.
A população indígena também tem ensinado sobre como organizar a resistência respeitando as inúmeras diferenças. Quando muitos lutadores sociais parecem paralisados ou insistem no erro de tentar ocupar espaços institucionais, além de continuar denunciando o caráter genocida das políticas adotadas historicamente pelos governos brasileiros, lideranças conseguiram organizar uma Assembleia Nacional de Resistência Indígena. No encontro virtual, mediado pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) em 09/05/20, definiram a elaboração da carta intitulada “A mãe terra enfrenta dias sombrios”, a criação de um comitê para registrar os casos da doença entre indígenas de diversas etnias, e um plano de enfrentamento que abarque as áreas jurídica, comunicacional, e de soberania alimentar.
No final de abril, pesquisadores da Fiocruz apontaram a vulnerabilidade da população indígena em relatório, especialmente as comunidades localizadas na região Norte do país. “O relatório mostra que, na 16ª semana epidemiológica de 2020, dos 817 mil indígenas considerados nas análises, 279 mil (34,1%) residem em municípios com alto risco (> 50%) para epidemia de Covid-19 e 512 mil (62,7%) residem em municípios com baixo risco (< 25%). Terras Indígenas (TIs) em municípios com alta probabilidade de introdução de Covid-19 (> 50%) estão localizadas, em sua maioria, próximas a centros urbanos como Manaus, o eixo Rio Branco-Porto Velho, Fortaleza, Salvador e capitais do Sul e Sudeste”, revelou a Agência Fiocruz de Notícias.
Sônia Guajajara foi uma das lideranças presentes na Assembleia Nacional de Resistência Indígena, e está acompanhando cotidianamente as ações de enfrentamento ao avanço da doença que, na semana passada, chegou a matar um bebê de oito meses na Terra Indígena de Marãiwatsédé, em Mato Grosso. Na cidade onde está localizada a TI, Alto Boa Vista, não havia sequer registro da doença. Segundo a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB), até 18/05, 89 indígenas haviam morrido infectados pela covid-19, 345 estavam infectados e outros 161 estavam sendo observados, como casos suspeitos (acompanhe aqui os relatórios). A APIB afirma que já são mais de 29 povos atingidos, localizados nas regiões Norte, Nordeste, Sul e Sudeste.
Junto a tudo isso, o governo Bolsonaro endurece as ações de destruição dos territórios e direitos indígenas, aproveitando a situação para executar seu plano de governo profundamente cruel para toda a população brasileira, questão que também será abordada pela convidada durante a live.
Acompanhe o debate com Sônia Guajajara na sexta-feira, 22/05, às 19h, e contribua fazendo perguntas. O link direto para a página da Adufmat-Ssind no Facebook é: https://www.facebook.com/ADUFMAT-SSIND-211669182221828/
Luana Soutos
Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind