Os pró-reitores reunidos na primeira edição do Encontro Regional Centro-Oeste de 2018, do Fórum Nacional de Pró-Reitores de Assuntos Comunitários e Estudantis (Fonaprace), em Cuiabá, foram surpreendidos nessa quarta-feira, 04/04, quando estudantes da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), organizados contra o aumento do valor da alimentação do Restaurante Universitário, realizaram uma intervenção no local em que estavam reunidos.
Durante o segundo dia do evento programado para discutir questões relacionadas a assistência estudantil, os principais interessados no assunto entraram no auditório do Instituto de Ciências Humanas e Sociais carregando um enorme cartaz e instrumentos de percussão, com o objetivo de obter um posicionamento formal do reitorado.
A mensagem dita e escrita pelos estudantes estampava uma luta que, nos últimos anos, tem unificado ainda mais as comunidades acadêmicas de todo o país: “Não aos cortes na Educação”, lia-se em letras garrafais gravadas num papel pardo. “Nós lutamos contra os cortes e contra o congelamento dos recursos destinados aos direitos públicos por 20 anos. Sabemos que o aumento do RU é um reflexo disso, e nós estamos aqui porque queremos uma posição definitiva de vocês, queremos que vocês nos digam de que lado estão”, disse uma das participantes do ato, aluna do curso de Serviço Social.
Na semana passada, os estudantes fizeram diversas mobilizações em todos os campi da universidade, e apesar das tentativas da Reitoria, o Movimento Estudantil se mostra irredutível com relação ao aumento. “Não vamos admitir nenhum real a mais”, disse outro estudante aos pró-reitores, que gravaram todo o ato com seus aparelhos celulares.
Os manifestantes questionaram, ainda, o valor da alimentação, repassado a uma das maiores empresas do ramo no estado. De acordo com eles, os R$ 11,00, dos quais R$ 10 são custeados pela universidade, não fazem jus à qualidade do alimento. E mais, sugeriram que, em vez de repassar milhões à empresa, a universidade subsidiasse projetos de extensão unindo os cursos de Nutrição, Engenharia de Alimentos, Agronomia, entre outros, para garantir o funcionamento adequado do Restaurante – talvez a um custo menor.
Apesar do desconforto evidente, os pró-reitores escutaram os estudantes e se colocaram a favor da demanda. A pró-reitora de Assuntos Estudantis da Universidade Federal de Goiás, Maísa Miralva da Silva, foi a primeira a se manifestar nesse sentido. “Tenho absoluta certeza de que aqui não há ninguém contra a universidade pública. Somos todos defensores do projeto de universidade pública, gratuita e de qualidade. Como assegurar isso não é uma luta só nossa [...] Nós temos vários desafios, um deles é fazer com que o dinheiro da assistência estudantil dê conta de atender às necessidades de mais ou menos 70% dos estudantes em cada uma das IFES [Instituições Federais de Ensino Superior]. Porque uma parte entra por cota, e outra parte que entra pela ampla concorrência também tem necessidades sociais. A alimentação, por exemplo, é uma necessidade de todos e que precisa ser viabilizada. Para a gente garantir a alimentação para todos nessa conjuntura, nós vamos ter de cortar de algum lugar. Nós vamos cortar de onde?”, disse a pró-reitora. Após alguns questionamentos, Silva defendeu que todas as propostas sejam estudadas.
Os representantes da administração não responderam à demanda apresentada pelos estudantes no encontro do Fórum, mas ficaram de levar um documento elaborado por eles para instância nacional de discussão.
Estavam presentes pró-reitores e técnicos da pasta administrativa de assistência estudantil da UFMT, Universidade Nacional de Brasília (UNB), Universidade Federal de Goiás (UFG), Universidade Federal de Grande Dourados (UFGD) e Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS).
Os vídeos do ato e outras informações estão na página dos estudantes no Facebook EM DEFESA DO RU A UM REAL - UFMT
Luana Soutos
Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind