Em um momento histórico para a categoria docente organizada no ANDES-SN, teve início na tarde de sexta-feira, 11/10, na Universidade de Brasília, o 15º Conad Extraordinário. Mais de 240 docentes, entre delegadas, delegados, observadoras e observadores, além da diretoria do Sindicato Nacional, participam do evento que tem como pauta única a atualização do projeto de carreira docente do Sindicato Nacional.
Fruto de deliberação do 42º Congresso do sindicato, realizado em Fortaleza (CE) no início deste ano, o 15º Conad teve como tema “Movimento Docente e Carreira: uma luta histórica do ANDES-SN” e ocorreu entre sexta-feira a domingo (de 11 a 13), no auditório da Associação de Docentes da Universidade de Brasília (Adunb Seção Sindical do ANDES-SN). Cerca de 67 seções sindicais do Sindicato Nacional já confirmaram o credenciamento logo de início.
Maria Luiza Pereira, vice-presidenta da Adunb SSind., saudou as e os presentes e a pauta do 15º Conad Extraordinário. Destacou a importância de debater a carreira docente e seus rumos no lugar onde nasceu Associação de Docentes da UnB. “Sem sindicato forte e sem a organização da categoria docente, com estudantes e técnicos, corremos o risco de ter um outro lugar para fazer ciência e produzir conhecimento, [muito diferente do que defendemos]”, afirmou a dirigente da Adunb SSind.
A greve docente federal e a unidade na luta entre docentes, técnicos, técnicas e estudantes foi ressaltada em diversas falas da mesa de abertura, assim como a importância de manter a mobilização unificada para fazer valer os acordos da greve e em defesa dos serviços públicos, das servidoras e dos servidores. Também foram saudadas as greves em diversas universidades estaduais ao longo de 2024. Todas as mobilizações trouxeram o debate da carreira docente como ponto de pauta.
Laryssa Braga, coordenadora-geral do Sinasefe, pontuou as ameaças à Educação e reforçou que, apesar de exitosa, a greve da educação federal tem resquícios de luta, pela efetivação dos acordos de greve. Ela lembrou que a conjuntura tem exigido cada vez mais esforços na defesa de uma educação pública, sócio referenciada e gratuita. “Os governos vêm nos negando as condições justas e necessárias para esse enfrentamento. De forma unificada, continuaremos lutando para que a educação seja livre, inclusiva e solidária”, disse.
Tereza Fujii, da coordenação da Fasubra, parabenizou as e os participantes do Conad pela disposição de luta e se reunir para o importante debate da carreira. A dirigente contou que após 118 dias de greve, as técnicas e os técnicos administrativos conseguiram um acordo de reestruturação da carreira, mas seguem em luta para garantir que seja implementado.
A coordenadora do Sindicato de Técnicos da UnB (Sintfub), Francisca Nascimento De Albuquerque, conclamou a categoria docente a participar das atividades do Fonasefe na próxima semana, em frente ao Ministério de Gestão e Inovação em Serviços Públicos (MGI), para cobrar do governo a efetivação dos acordos de greve. “Apelo para que a gente mantenha a construção cotidiana da nossa unidade, porque sem unidade da classe trabalhadora não iremos concluir essa e nenhuma outra etapa de luta da nossa classe. A vitória só sairá com a luta”, acrescentou.
Também fizeram saudações na mesa de abertura Paulo Cesar Marques, representando a reitoria da UnB, Liliane Machado, diretora da Faculdade de Educação da UnB, Thais Rachel, coordenadora da União Nacional dos Estudantes (UNE) e Rayson Oliveira Da Silva, diretor da Federação Nacional dos Estudantes em Ensino Técnico (Fenet).
Iniciando a sua fala, Gustavo Seferian, presidente do ANDES-SN, lembrou que há exatos 59 anos, em 11 de outubro de 1965, a UnB sofria a sua segunda ocupação militar. De acordo com Seferian, os militares invadiram a universidade, convocados pelo então reitor da instituição, Laerte Ramos de Carvalho, para deter a mobilização de docentes e estudantes que haviam se levantado contra a demissão de três professores. Após a represália da gestão, 223, dos 305 docentes que atuavam na UnB naquela época, pediram exoneração.
“Em tempos em que reitoras e reitores determinam a entrada das forças de repressão do Estado para a contenção do movimento estudantil no nosso país, sob vestes de esquerda, é fundamental trazer à ordem do dia, o modo como a ditadura empresarial-militar operou, como seus asseclas lidaram com o movimento docente e com o movimento estudantil, e se solidarizar profundamente com as e os estudantes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e com os companheiros e companheiras da Asduerj SSind.”, ressaltou.
O presidente do ANDES-SN fez referência à forma como a reitoria da Uerj atuou de forma repressiva para criminalizar a luta contra o Ato Administrativo, conhecido como Aeda da fome, que promove mudanças nas regras para concessão de bolsas e auxílios de assistência estudantil, prejudicando um número significativo de estudantes. Em 20 de setembro, o batalhão de choque da polícia militar do Rio de Janeiro entrou na Uerj, com autorização e por solicitação da reitoria, para acabar com a ocupação estudantil.
“Não compete ao professor ou professora criminalizar quem luta. A denúncia daqueles e daquelas que promovem esse tipo de ação deve passar pelos nossos mais comezinhos e menores hábitos, e a memória do que se deu em Brasília, há exatos 59 anos, deve nos inspirar, motivar a construção da nossa sociedade”, acrescentou.
Seferian lembrou ainda as tragédias que vivem as populações de diversas regiões do país, afetadas pela faceta climática da crise de civilização que enfrentamos. “De norte a sul do país, as queimadas levaram à asfixia, mataram pessoas pela falta de possibilidade de respirar, interditaram ciclo de vida, emperraram o desejo e fazer do futuro, é essa marca que baliza a construção desse espaço político, resultado de deliberação da categoria no 42º Congresso do nosso Sindicato. Falar de carreira não é outra coisa senão falar de futuro, é falar do hoje e falar da existência e progressão da vida”, lembrou.
“Que nós possamos nesse lugar que tão bem nos recebe, costurar das boas sínteses, dos bons acúmulos desde as nossas bases, e do horizonte imprescindível de afirmação das linhas voltadas à nossa carreira. Desse modo, dou por aberto o nosso 15º Conad Extraordinário e espero que a gente tenha magníficos trabalhos de construção solidária entre nós”, concluiu.
Programação
Os trabalhos tiveram continuidade na sexta-feira com as plenárias de Instalação e Conjuntura. No sábado (12), os grupos mistos se reuniram para debater o Tema II, que tratou da Atualização dos Planos de Lutas dos Setores e do Plano Geral de Lutas – Carreira Docente. Já no domingo, foi realizada uma plenária dedicada ao mesmo tema, seguida pela plenária final no período da tarde, que encerrou as atividades do evento. Mais informações sobre as deliberações do 15º Conad Extraordinário serão disponibilizadas pelo Andes-SN em breve.
InformANDES
Em setembro, o InformANDES trouxe como matéria central a temática abordada no 15º Conad Extraordinário. Acesse aqui a publicação e saiba mais sobre o histórico de luta do ANDES-SN em defesa da carreira docente.
Fonte: Andes-SN