No último ano o desmatamento na Amazônia brasileira cresceu 29,5%, segundo dados divulgados, na segunda-feira (18), pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Foram 9.762 quilômetros quadrados de área desmatada durante o período de agosto de 2018 a julho de 2019. Os estados do Pará, Mato Grosso, Amazonas e Rondônia lideram o ranking do desmatamento, com 84,13% do total de toda a área devastada.
O número representa o maior nível de desmatamento desde 2008, quando 12.911 quilômetros quadrados de área foram desmatados, e confirma dados mensais preliminares que mostravam um aumento significativo do desmatamento durante o governo do presidente Jair Bolsonaro, que defende o desenvolvimento econômico da região.
Os dados foram gerados pelo Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes), que utilizou imagens do satélite Landsat ou similares para registrar e quantificar as áreas desmatadas maiores que 6,25 hectares. O Prodes considera como desmatamento a remoção completa da cobertura florestal primária por corte raso, independentemente da futura utilização destas áreas.
No último domingo (17), a revista científica Global Change Biology publicou um estudo que atestou que as queimadas deste ano na Amazônia foram as piores registradas em quase uma década. Cientistas e servidores de instituições federais de ensino brasileiras ligadas ao meio ambiente decidiram não assinar o trabalho sobre a devastação da Amazônia por medo de retaliações por parte do atual governo. No início de agosto, Ricardo Galvão, ex-presidente do Inpe, foi exonerado do cargo pelo governo ao apresentar os números oficiais do desmatamento.
Incêndio na Amazônia
Este ano, o número de queimadas na região Amazônica brasileira triplicou em relação a agosto do ano passado, passando de 10.421 em 2018 para 30.901 em 2019, conforme o Inpe. Bolsonaro disse na época que as queimadas na Amazônia poderiam ter sido provocadas por organizações não governamentais (ONGs) com o objetivo de enviar as imagens para o exterior e prejudicar o governo. Já o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, por meio de uma rede social, afirmou que o aumento dos incêndios no país se devia ao tempo seco, ao vento e ao calor.
Após muita pressão nacional e internacional, no fim de agosto, o governo federal editou um decreto proibindo as queimadas em todo o território nacional - depois, restringiu a proibição à Amazônia. Também autorizou o uso das Forças Armadas em operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) nos estados amazônicos, para combater o fogo. O Ministério Público do Pará investiga o aumento do desmatamento que, ao que tudo indica, foi uma ação premeditada por produtores rurais, grileiros e comerciantes com objetivo de derrubar parte da floresta e plantar pasto.
Fonte: ANDES-SN (com informações do Inpe e agências de notícias)