Quinta, 04 Outubro 2018 09:33

Mão de obra voluntária evidencia precarização na Ufam

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O número de professores voluntários nas instituições públicas de ensino superior do país vem aumentando nos últimos anos. Na Universidade Federal do Amazonas (Ufam), de 2016 a 2018, 83 professores voluntários ingressaram na instituição em detrimento dos profissionais de carreira. Os dados divulgados pela Associação dos Docentes da Ufam (Adua – Seção Sindical do ANDES-SN) evidenciam o descaso com a educação superior pública do país.

  

O chamado trabalho voluntário foi regulamentado pela Lei 9608/1998 e vem sendo utilizado nas instituições de ensino superior públicas. Instituído para manter vínculos e pesquisas de docentes aposentados, o trabalho voluntário tem se transformado em uma forma de gestão diante da falta de orçamento.

 

Na Ufam, o Conselho Superior de Administração (Consad) da universidade regulamentou, este ano, o Programa de Prestação de Trabalho Voluntário. Pela nova regra, a prestação de trabalho voluntário nas atividades de docência não pode ultrapassar 20% do quadro efetivo de professores da instituição, fixado atualmente em 1.608 servidores. Não entraram nesta conta os 266 professores substitutos, contratados via processo seletivo, em caráter temporário.

  

Os professores não remunerados desenvolvem atividades de ensino, pesquisa e extensão e estão sujeitos ao cumprimento de todas as normas institucionais relacionadas às atividades que desempenham. Para aderir ao programa, a pessoa física precisa ter o Plano de Trabalho aprovado na unidade acadêmica interessada em contratar e assinar um Termo de Adesão com duração de um ano, podendo ser renovado por igual período.

 

Para Ana Cristina Martins, 1ª secretária da Adua SSind., ao utilizar a contratação de professores e professoras voluntários, a Ufam age em consonância com a política do Ministério da Educação (MEC) em não ampliar vagas para a contratação de docentes efetivos. “Afinal, para que vagas para o provimento de concurso para professores de carreira, se podemos lançar mão de professores voluntários?”, questiona. Com isso, os docentes voluntários têm, muitas vezes, ocupado o lugar dos docentes substitutos e efetivos.

 

Denúncia

 

Segundo Ana Cristina Martins, é preocupante o fato de a regulamentação aprovada retirar da Câmara de Ensino e Graduação (CEG/ Proeg), da qual faz parte, a atribuição de analisar e deliberar as solicitações de contratação de docente voluntário.

 

Durante a reunião da CEG, em 18 de julho, um docente do Instituto de Ciências Exatas e Tecnologia (Icet) denunciou que um candidato, que havia sido reprovado na seleção para professor substituto, foi contratado como voluntário. Segundo ele, o docente voluntário aprovou todos os discentes para “resolver o problema de retenção na disciplina que ministrou”.

 

Na última reunião, realizada no dia 14 de agosto, o colegiado solicitou providências ao presidente da CEG para pautar a questão no Conselho Universitário (Consuni), na perspectiva de reverter a decisão do Consad.

  

 Fonte: Adua-SSind (com edição e acréscimo de informações do ANDES-SN)

 

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