Na última quinta-feira (8), docentes, estudantes e técnico-administrativos da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) realizaram um ato em defesa do Hospital São Paulo (HSP). A mobilização buscou chamar atenção da comunidade universitária e da população em geral para a crise orçamentária enfrentada pelo HSP, que, sem recursos, está obrigado a cancelar atendimentos e em risco de encerrar as atividades.
Cerca de 400 manifestantes distribuíram panfletos à população e caminharam cantando “Ô presidente, presta atenção, a gente quer é saúde e educação” até a Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), na tentativa de alertar os deputados estaduais e entregar um documento relatando a situação de abandono e desmonte do HSP.
Segundo nota da Comissão de Mobilização da Graduação do Campus São Paulo da Unifesp, o HSP “permanece sem receber recursos do Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais (Rehuf), vinculado ao Ministério da Educação (MEC) e ao Ministério da Saúde (MS), embora tenha direito à verba de acordo com o Decreto nº 7.082/2010, que estabeleceu o programa em 2010. Nele, está inserida a Portaria Interministerial nº 883/2010, que reconhece o Hospital São Paulo como hospital universitário da Unifesp”.
“Estamos passando por um descompasso orçamentário grave que está afetando a questão assistencial e o ensino também, porque nós somos um hospital universitário, temos obrigações nos cursos de graduação, residência médica e multiprofissional”, comenta José Roberto Ferraro, Diretor Superintendente do Hospital São Paulo sobre os cortes expressivos que o governo federal realizou na verba repassada ao HSP.
Destacado como o maior hospital universitário da rede federal, o HSP atende 5 milhões de pacientes da grande São Paulo e de outras cidades. Além disso, também é responsável pela formação de 1.164 alunos da graduação, 2632 alunos da pós-graduação, 1107 médicos residentes e 575 residentes multiprofissionais.
Os números grandiosos que envolvem o hospital já começaram a mudar. Isso porque a unidade de saúde e de ensino sofreu uma grave crise orçamentária não só porque o governo federal cortou verbas, mas também porque suspendeu o repasse do Rehuf, que, nos últimos três anos, havia repassado R$ 55 milhões para a instituição.
Crise no atendimento
Os cortes no orçamento do hospital são generalizados e se refletem até na falta de materiais mais básicos, afetando pacientes e estudantes que acompanham a crise diariamente. A administração do hospital decidiu reduzir o atendimento somente para urgências, desmarcando até cirurgias que já estavam agendadas.
“A situação está muito crítica, porque estão faltando materiais como gaze, algodão e por isso até que eles fecharam o pronto-socorro e só estão atendendo casos de extrema urgência. Tem casos em que a família é obrigada a comprar a medicação e trazer, além do remédio, a roupa de cama para colocar no leito”, relata a estudante de enfermagem Bruna Soave.
Os professores e técnico-administrativos temem que o quadro se agrave ainda mais. “Infelizmente os governantes estão dizendo: vocês se adaptam ao orçamento que têm. Adaptar-se ao orçamento que tem é diminuir”, afirma Ferraro, ao fazer referência à resposta do Ministério da Saúde, para quem o HSP já recebe verba suficiente para o atendimento.
*Com informações da Adunifesp SSind e do jornal Brasil de Fato. Imagem de Adunifesp SSind