Uma chacina vitimou mais de dez trabalhadores rurais do município de Pau D’arco, no sul do Pará, nesta quarta-feira (24).
Em nota, a Liga dos Camponeses Pobres (LCP) do Pará e Tocantins informou que a fazenda fica em terras públicas. De acordo com a entidade, a Fazenda Santa Lúcia, era parte do império do pecuarista e madeireiro Honorato Babinski, que já morreu, mas os seus milhares de hectares grilados ficaram para sua mulher, segundo informações da entidade.
A Fazenda, que já esteve tomada pela LCP do Pará e Tocantins, foi alvo de reintegração, mas continua a luta pela sua posse. E depois de muitas reuniões, fechamentos de BR´s, audiências públicas e etc., ficou comprovado que, dos seus 800 alqueires, somente 200 eram documentados. Os outros 600 alqueires são terras do Estado.
A integrante do Setorial do Campo da CSP-Conlutas, Rose Pantoja, repudiou a ação e questionou a versão da Secretaria de Segurança do Estado de que estava cumprindo 20 ordens de apreensão de suspeitos pelo assassinato de um segurança da Fazenda Santa Lúcia. “O que aconteceu foi um massacre comandado pela delegacia de conflitos agrários (DECA) para defender o patrimônio dos fazendeiros que estão sendo questionados quanto o direito a terra”, salientou.
Nesta região do Pará sempre houve muitos conflitos fundiários, com a grande grilagem de terras dominada pelas grandes fazendas produtoras de gado e por terras improdutivas.
De 1985 até 2016, foram encontrados 61 crimes onde três ou mais pessoas foram assassinadas ao mesmo tempo no mesmo local. De 2015 até maio deste ano, já ocorreram quatro massacres com um total de 30 mortos.
Eldorado dos Carajás. Não esqueceremos!
Um dos casos históricos é o de Eldorado dos Carajás, no Pará, quem aconteceu em 1996. Nesta chacina, 19 trabalhadores rurais sem-terra foram assassinados pela Polícia Militar, com sinais de execução.
A integrante do Setorial do Campo da CSP-Conlutas rechaçou mais essa chacina contra trabalhadores rurais que lutam pelo direito a terra. “O governador do Estado Jatene (PSDB), o mesmo partido que comandou a chacina de Eldorados dos Carajás, que assassinou 21 sem terras em 1996, atua em conivência aos grandes fazendeiros e utiliza o aparato repressor do Estado para atacar as famílias, expremendo-as ou expulsando-as do campo”, salientou a militante que também atuou como agrônoma em 2003 na região do Sul do Pará.
“É preciso resistir, mais que isso é preciso lutar contra os interesses das grandes empresas rurais e contra os governos subservientes a esses patrões. Toda solidariedade às famílias das vítimas que lutaram bravamente para se manter na terra!”, reiterou Rose.
A CSP-Conlutas publicou nota sobre a repressão em Brasília que aconteceu no mesmo dia desta chacina em solidariedade às vitimas e em repudio a atos de truculência como esse. “Assim como é inaceitável e precisa ser apurada com a punição dos responsáveis o assassinato de dez trabalhadores rurais nesta mesma quarta-feira (24) durante ação de despejo realizada por policiais militares e civis no município de Pau D’Arco, na região de Redenção, Sudeste do Pará. Cobraremos essas mortes”.
Fonte: CSP-Conlutas