Cansados de esperar alguma sinalização positiva do governo, servidores federais em greve da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT), Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) e estudantes da UFMT decidiram fechar a BR 364 na manhã dessa terça-feira, 15/09, causando enorme congestionamento no Km 329.
Os servidores estão tentando abrir diálogo com o governo há meses, mas tudo o que recebem são desculpas, justificadas por uma crise econômica que só reduz os direitos dos trabalhadores: cortes na educação, previdência, saúde, segurança. Para eles, há alternativas para superar o momento sem que os trabalhadores, dos serviços públicos ou privados, tenham de pagar tão caro.
Para dizer isso à sociedade, os servidores distribuíram na BR 364 um material recheado de números que contrapõem o discurso do governo (clique aqui para ler na íntegra).
Com base nos números dos gráficos abaixo, eles questionam o gasto de mais de 45% da receita pública com o pagamento de juros e amortização da dívida pública; questionam por que o governo insiste em afirmar que a previdência é deficitária, se há anos ela é superavitária (em 2014, o superávit foi de R$ 56 bilhões); questionam por que o governo tributa pouco ou não tributa grandes fortunas, enquanto o trabalhador com renda de até 2 salários mínimos pagou, em 2008, mais de 50% de seu salário em impostos (enquanto uma pessoa com renda acima de 30 salários pagou, no mesmo ano, o equivalente a 29% da sua receita).
Enquanto isso, os serviços públicos, cada vez mais precarizados, justamente pelos cortes de recursos, pulam nas mãos de grupos privados como Kroton (educação superior, que lucrou mais de R$ 500 milhões no segundo semestre de 2015 – em plena crise) e bancos que já são responsáveis por 20% da aposentadoria dos servidores mais recentes (Funpresp).
Depois do anúncio dessa segunda-feira, de que o governo pretende congelar os salários até agosto de 2016, além de suspender novos concursos (entre outras medidas apelidadas de “pacotão da maldade”), os servidores demonstraram que estão ainda mais dispostos ao embate. Já falam sobre a possibilidade de um novo ato na sexta-feira, 18/09.
Na quinta-feira (17), a partir das 13h30, os professores da UFMT, debatem, em assembleia geral, a possibilidade de apresentar outra proposta ao governo, diante de sua intransigência e agressividade com o setor.
Luana Soutos
Assessoria de Imprensa do Comando Local de Greve da Adufmat-Ssind