Elas têm muita história para contar. As entidades representantes dos servidores técnicos-administrativos (Sintuf-MT) e docentes (Adufmat-Ssind) da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) utilizaram as comemorações do Dia do Servidor Público, em referência à data de 28/10, também para refletir sobre sua história, suas conquistas e desafios na luta em defesa da educação e dos serviços públicos.
Na segunda-feira, 23/10, pela manhã, o professor Waldir Bertúlio (diretor de Assuntos de Aposentadoria da Adufmat-Ssind) e a técnica-administrativa Leia de Souza (representante da categoria no Conselho Universitário - Consuni), falaram sobre “O papel dos (as) servidores(as) públicos(as) da UFMT nas lutas por direitos e democracia”. Bertúlio foi o primeiro presidente provisório e permanente da Adufmat-Ssind, perseguido pela ditadura empresarial-militar, e anistiado após a reabertura política de 1985 e promulgação da Constituição Federal de 1988.
“A professora Iraci Galvão, que era uma pessoa extremamente combativa, do Departamento de Sociologia, e eu fomos a uma plenária que a Reitoria organizou. Lá nos recebemos um voto de desconfiança contra os sindicatos, com voto de medidas radicais contra a minha pessoa e a professora Iraci. Em 16 de fevereiro de 1980 voltamos das férias e eles fizeram a perversidade de deixar uma chamada de que nós tínhamos que ir na reitoria assinar um documento. Era a nossa demissão”, contou o professor, hoje aposentado.
A técnica administrativa, Leia de Souza, também relembrou fatos de quando ainda era estudante do curso de História da UFMT. “Aqui na universidade, na década de 1970, nós vivíamos uma ditadura. O reitor era indicado. Dr. Gabriel, ficou 10 anos como reitor. Nós não tínhamos liberdade de organização, a Assumt [associação que reunia docentes e técnicos] era uma entidade muito assistencialista, tinha futebol. Então, na época, nós fizemos uma luta muito grande dentro da universidade pela democracia interna, direito a voto. Fizemos grandes movimentos, debates com nomes nacionais, e conseguimos fazer a primeira eleição direta na universidade, inclusive a primeira com voto paritário, a primeira universidade a ter cargos ocupados por técnicos, porque até então, todos os cargos eram ocupados por professores”.
Durante as perguntas, o professor Maelison Neves, diretor geral da Adufmat-Ssind, destacou que a intenção de ameaçar servidores por sua atuação ou posição política não ficou no passado, mas é representado atualmente pela PEC 32 [Reforma Administrativa], que diversos governos tentam aprovar no Congresso Nacional.
O debate foi transmitido em tempo real. Clique aqui e assista ao primeiro debate da Semana do Servidor da UFMT 2023.
No mesmo dia, no período da tarde, o debate continuou na Roda de conversa: Histórias das lutas e conquistas de direitos na UFMT. Mediado pelo diretor geral da Adufmat-Ssind, Maelison Neves, além da presença da técnica-administrativa e conselheira Leia de Souza, o evento contou, também, com a participação dos técnicos João Bosco Cajueiro, Joana Batista de Arruda (Joanita), e da coordenadora geral do Sintuf-MT, Luzia Melo.
A conversa descontraída trouxe outros elementos importantes que compõem a história da UFMT. Joanita, por exemplo, foi a primeira mulher coordenadora da equipe de Segurança da universidade, e contou um pouco de como foi desafiador desempenhar esta atividade na época. “Não foi fácil, mas é preciso ter o primeiro passo para outros poderem caminhar. Nós tivemos muitos eventos, festas, situações difíceis e também engraçadas, mas todas resolvidas com tranquilidade. Tem tanta história para contar que a gente não teria tempo aqui. Eu tenho muito orgulho de ter presenciado histórias importantes, de mulheres ocupando cargos na Segurança, presidindo sindicatos. Só existe história no presente e futuro, porque teve também no passado”, afirmou a servidora aposentada.
Para Cajueiro, que ainda está na ativa, a universidade deve se preocupar com questões que envolvem toda a sociedade. “Nada do que a gente conquista no futuro deixa de ter um pouquinho do passado. Minha história com a UFMT começa com uma enchente que ocorreu em Cuiabá em 1964. Era para eu assumir aqui, mas me disseram para começar atuando com as pessoas que foram atingidas. Alguns desabrigados chegaram a vir para a universidade”, contou o servidor, lembrando de um tempo no qual a universidade não estava alheia aos problemas da cidade. Ele também falou das lutas pela criação do plano de carreira e da consulta para a Reitoria, afirmando que os sindicatos e as administrações precisam atuar em parceria em pontos mais sensíveis interna externamente, e que a luta por melhorias, por parte dos trabalhadores, precisa ser diária, 24h.
A servidora Geny da Luz lembrou da atuação da universidade, por meio do programa Unestado, que levou diversas atividades aos municípios do estado por meio de convênios. Muitas ainda desconhecidas pela população local, como a orquestra. À frente da coordenação do programa, Luz reafirmou que os docentes, muitas vezes, não aceitavam que cargos como estes fossem ocupados pelos técnicos.
“A universidade se coloca como vanguardista, mas ela é um espelho da sociedade e reproduz práticas como machismo. Só mais recentemente a gente vê mais mulheres, pessoas negras, ocupando nossos espaços. Vocês vão narrando os processos e o quanto a gente vai quebrando as hierarquias. A gente rechaça esse modelo hierárquico que coloca o docente como superior, tendo peso de 70% nas votações. Por isso a nossa luta pela paridade, para quebrar esses resquícios autoritários. A hierarquia que deve estar acima de nós são os interesses da população. Por isso espaços unificados, com todos conversando e decidindo juntos, como essa roda, fortalece essa cumplicidade. Que a universidade seja mais democrática e possa contribuir para que a sociedade seja também mais democrática”, comentou o diretor geral da Adufmat-Ssind., após os relatos.
Outros pontos importantes destacados pelos participantes da roda foram a importância do envolvimento mais profundo dos servidores efetivos com a universidade, exemplificando a ausência de preenchimento das vagas de segurança e da orquestra (que apesar do que se pensa, não estão extintos e podem ser cobrados pela comunidade acadêmica), e a retomada da realização de grandes eventos dentro da instituição, já que hoje as condições logísticas são muito melhores.
Para assistir a íntegra da roda de conversa realizada no período vespertino desta segunda-feira, 23/10, clique aqui.
A terceira mesa teve o tema “Desafios e perspectivas para a luta sindical – carreira, condições de trabalho e qualidade de vida”, e foi apresentada pelos diretores sindicais Luzia Melo e Maelison Neves.
“Aqui nós pretendemos falar de saúde. O quanto nós observamos que os trabalhadores estão adoecendo e quando vamos buscar os motivos que causam o adoecimento, percebemos que existe uma relação com o processo de trabalho. E o sindicato deve ser um agente na busca por essas melhores condições de trabalho”, destacou Neves.
A convidada para palestrar foi a professora Maria Aparecida Campos, do Departamento de Psicologia da UFMT, que refletiu sobre o impacto do trabalho na saúde e sobre o que é possível fazer para melhorá-la.
Durante sua exposição, a docente destacou aspectos da objetividade e da subjetividade que influenciam nas situações de sofrimento e adoecimento, desde a segurança no ambiente de trabalho até a necessidade de reconhecimento do trabalho por parte dos pares.
Os presentes destacaram ainda que, dentro da universidade, perpassa por este processo a lógica de trabalho na iniciativa privada adentrando ao serviço público.
Assista aqui a íntegra da palestra da professora Maria Aparecida Campos.
Veja aqui a Galeria de Imagens da Semana do Servidor
Luana Soutos
Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind
A II Olimpíada Nacional de Povos Tradicionais, Quilombolas e Indígenas começou no dia 23 e se estende até o dia 25 de outubro, no auditório da Adufmat-Ssind., dentro da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). O objetivo é aproximar a universidade da escola básica para cumprir o tripé: ensino, pesquisa e extensão com atividades de iniciação científica. O projeto, aprovado pelo CNPq, pretende premiar os estudantes-pesquisadores com 200 bolsas de Iniciação Científica Júnior do CNPq.
Este ano, a Olímpiada Nacional de Povos Tradicionais, Quilombolas e Indígenas recebeu um total de 181 trabalhos de iniciação científica, de quatro estados da federação e do Distrito Federal. Com a participação de 49 escolas sendo privadas e públicas da rede estadual, municipal, Institutos Federais, escolas indígenas, do campo, quilombolas e agrícolas.
Em Mato Grosso recebemos trabalhos de 23 municípios, cabendo destaque em que o sucesso da atividade está na participação e integração de mestrandos de três Programas de Pós-Graduação da Unemat: Geografia, Educação Intercultural Indígena e Educação.
Barra do Bugres participa com a Escola Estadual Indígena de Tempo Integral/ETI-Jula Paré, que inscreveu 14 trabalhos. É o maior exemplo de sucesso pois direção e professores conseguiram integrar a totalidade do ensino médio nas atividades de iniciação científica. Ao todo, foram 26 trabalhos de povos indígenas.
Cáceres é o município que participa com o maior número de trabalhos, um total de 33, o que demonstra a importância da Unemat na cidade, pois quase a totalidade dos trabalhos tem a participação de professores que são estudantes de pós-graduação ou que já são qualificados pela própria Unemat. De lá temos a participação de oito escolas de Ensino Médio, sendo cinco da rede estadual, uma da rede municipal, IFMT e uma da rede privada.
Entre as escolas do campo com participação de povos tradicionais, tem destaque o Município de Comodoro, com aEscola Estadual Deputado Djalma Carneiro, que participa com 10 trabalhos.
No Município de Cuiabá, a Escola Estadual Padre Ernesto Camilo Barreto inscreveu 10 trabalhos, incentivados por professores graduados e mestres pela Unemat.
O Município de Alta Floresta participa com três escolas públicas e sete trabalhos de iniciação científica, todos eles discutem a emergência climática e possibilidades de segurança alimentar através das hortas escolares.
Terra Nova do Norte participa com Escola Agrícola de Terra Nova, que enviou 22 trabalhos. Além das bolsas, a produção científica é publicada em E-book e livro. No evento teremos o lançamento do Ebook e Livro:INICIAÇÃO CIENTÍFICA E CONSTRUÇÃO DE CONHECIMENTOS EMANCIPATÓRIOS NA ESCOLA AGRÍCOLA DE TERRA NOVA DO NORTE-MT/Brasil. No ano de 2022 a escola participou com 17 trabalhos, esse sucesso, reafirmamos, tem a participação de estudantes de pós-graduação da Unemat.
Clique aqui e assista a abertura e a programação do primeiro dia do evento.
Fonte: Organização
Dia 15 de outubro foi dia das professoras e professores. Sabemos que qualquer povo que queira soberania precisa assegurar elevado nível educacional e autonomia científica; ambos passam pelas nossas mãos, docentes do ensino superior público do Brasil.
Após anos de ascensão fascista em que fomos diariamente atacadas, criando um cenário nunca visto antes no Brasil, de ataques armados às escolas, com vítimas fatais, fizemos uma enorme festa no Baile dos Professores para reiterar o orgulho que temos de nossa profissão e nosso compromisso com a valorização da nossa categoria.
Num país de severas desigualdades, fruto de um passado escravista colonial não resolvido para pretos, indígenas e pobres, escolher, por profissão, afrontar a ignorância com saberes científicos é um ato de resistência!
Dia 28 de outubro, por sua vez, é a data de comemoração do servidor público, que, à revelia de todo processo difamatório que tem sofrido, demonstrou sua importância durante a pandemia: foram médicas, enfermeiras, auxiliares de serviços gerais, professoras e cientistas que construíram os cuidados e meios necessários para minimizar seus efeitos, num momento em que as ações governamentais caminhavam no sentido de agravá-los. Os serviços públicos foram a diferença entre a civilização e a barbárie na pandemia.
Temos orgulho de sermos servidores públicos e docentes do ensino superior e lutamos por valorização profissional e melhorias nas condições de trabalho, porque quando a educação pública brasileira avança, nosso país avança junto.
Cuiabá, 24 de Outubro de 2023
Diretoria da Adufmat-Ssind
Gestão Lutar e Mudar as Coisas no Interessa Mais
****
Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
****
Juacy da Silva*
“Já passaram oito anos desde a publicação da carta encíclica Laudato si’, quando quis partilhar com todos vós, irmãs e irmãos do nosso maltratado planeta, a minha profunda preocupação pelo cuidado da nossa casa comum. Mas, com o passar do tempo, dou-me conta de que não estamos a reagir de modo satisfatório, pois este mundo que nos acolhe, está-se esboroando e talvez aproximando dum ponto de rutura. Independentemente desta possibilidade, não há dúvida que o impacto da mudança climática prejudicará cada vez mais a vida de muitas pessoas e famílias. Sentiremos os seus efeitos em termos de saúde, emprego, acesso aos recursos, habitação, migrações forçadas e noutros âmbitos. Trata-se dum problema social global que está intimamente ligado à dignidade da vida humana” (Papa Francisco, Laudate Deum, Exortação Apostólica a todas as pessoas de boa vontade sobre a CRISE CLIMÁTICA , em 04/10/2023)
Mensagem endereçada à Ivete Bussiki Figueiredo sobre a onda de calor em Cuiabá, mas que poderia ser também enviada a inúmeras pessoas em outras cidades e países, principalmente as que se preocupam com os destinos da humanidade, ameaçadas seriamente pela crise climática que se abate sobre o planeta, mas que muita gente, milhões e bilhões de pessoas ao redor do mundo, simplesmente a ignoram.
Bom dia minha cunhada, mesmo aqui de longe nos EUA, com o inverno também se aproximando, com previsão de que este será um dos invernos mais rigorosos das últimas décadas no hemisfério norte, tenho acompanhado com apreensão, esta onda de calor que esta fazendo ai no Brasil, principalmente no Centro Oeste, com destaque para Cuiabá e o restante de Mato Grosso e outros países do hemisfério sul, também uma das temporadas mais quentes das últimas décadas.
O mais grave é que tudo isso já vem sendo anunciado há décadas e a humanidade, principalmente os grandes grupos econômicos, contando com o beneplácito de governos omissos em relação aos cuidados com o meio ambiente e coniventes com tantos crimes ambientais ou o que para a Igreja são “pecados ecológicos”, grupos esses que só enxergam os lucro$$$$ e pouco se importam com o que tudo isso pode acarretar ao planeta, continuam destruindo tudo, com a conivência e a participação de uma população alienada, consumista e perdulária.
O resultado está ai em nossa cara, ondas de calor intensas, ondas de frio e neve também intensas, secas (como esta que está afetando até rios caudalosos da Bacia Amazônica), chuvas torrenciais, secas prolongadas, desertificação, destruição da biodiversidade vegetal e animal e gente sendo afetada com doenças respiratórias e outras mais, decorrentes tanto por este calor infernal, quanto fumaça das queimadas, desmatamento e baixíssima umidade do ar.
Assim, minha cunhada, não basta a gente reclamar contra os termômetros, o pior ainda está por vir, este Verão que ainda nem chegou ai no Brasil e em diversos outros países do hemisfério Sul e o contrário, o inverno que também ainda não chegou no Hemisfério Norte, ainda serão piores nos próximos anos e décadas.
Esta e a herança maldita que as atuais gerações vão deixar para as futuras gerações, UM PLANETA DOENTE, destruído, onde todas as formas de vida, inclusive a vida humana serão afetadas profundamente!
Veja esta informação em matéria divulgada há poucos dias, que confirmam que esta onda de calor só tende a piorar profundamente! “Uma brutal onda de calor se instala no interior da América do Sul, com temperaturas que se aproximam de 47º C e será sentida no Brasil com possibilidade de marcas históricas no Centro-Oeste brasileiro, alerta a MetSul Meteorologia. Máximas de 43º C e 45º C vão ser registradas na Região Centro-Oeste nos próximos dias, com calor extraordinário em parte da região”. Site MetSul Meteorologia – Bolha de calor com quase 47º C na Bolívia avança para o Brasil. Por Estael Sias, 17/10/2023
Mas mesmo diante deste desastre iminente, dessa catástrofe anunciada por cientistas, pesquisadores e ambientalistas no mundo todo nas últimas décadas, ainda nos resta um fio de esperança, desde que governantes, setores empresariais, lideranças da sociedade civil organizada e a população em geral, possam despertar deste sono profundo e alienador e reflitam sobre a urgente necessidade de mudarmos a trajetória e os paradigmas que embasam uma economia que cultua a morte, a destruição da ecologia integral e parem de utilizar combustíveis fósseis, parem de destruir as florestas, parem de poluir os cursos d’água, os córregos, os rios, as nascentes e os oceanos; parem de promoverem a degradação dos solos, e conscientizem-se de que o consumismo e o desperdício são maléficos para o meio ambiente e sejam eliminados de nossos hábitos, que busquemos, realmente, a sustentabilidade ecológica, que lutemos para que os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, propostos pela ONU há mais de oito anos, com horizonte na Agenda 2030, sirvam de bases, fundamentos para a implementação de políticas públicas, em todos os níveis de governo, que respeitem a ecologia integral/meio ambiente, os trabalhadores e os consumidores,
Isto é o mínimo que podemos fazer, em lugar de apenas reclamarmos o tempo todo contra as altas ou baixas temperaturas que fazem parte desta terrível crise climática que estamos vivendo e sentindo seus efeitos de forma tão intensa e que tanto sofrimento tem causada `as populações do mundo inteiro e não apenas no Brasil.
Enfim, precisamos de forma urgente lutarmos pela “transição energética” , as quais requerem, exigem mudanças estruturais profundas na economia, na política e em nossas relações com a natureza, como propõe o Papa Francisco ao enfatizar a necessidade de “realmar” a economia, substituindo os atuais modelos de uma economia da morte por novos modelos e paradigmas de uma economia da vida, do bem viver, que é o conteúdo da “Economia de Francisco e Clara”.
O Caminho existe e já está apontado, basta termos a coragem de iniciar a jornada!
*Juacy da Silva, professor titular e aposentado da Universidade Federal de Mato Grosso, sociólogo, mestre em sociologia, ambientalista, articulador da Pastoral da Ecologia Integral. Email O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Instagram @profjuacy
****
Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
****
Por Vicente M. Ávila*
I. A GUERRA ACABOU!
Como que eu sei? Apanhei o livro do BETINHO - “Como se faz Análise de Conjuntura”. Identifiquei duas forças em luta: ISRAEL (e aliados) e HAMAS
(e dispersos coadjuvantes). Concentrei-me na CORRELAÇÃO DE FORÇAS HAMAS - 4385 mortos
ISRAEL - 1400 mortos
Do lado de ISRAEL, o número de mortos está paralisado. Do lado do
HAMAS, o número de mortos continua crescendo. Do lado de ISRAEL
encontram-se os mesmos mercadores de armas da guerra da Ucrânia
liderados pelos EUA, o HAMAS não tem mais forças a serem mobilizadas, a correlação de forças é claramente favorável a ISRAEL e aliados.
II. E AGORA?
ISRAEL e aliados estão partindo para a matança de palestinos. O que fazer?
Sob a liderança do Brasil e do Conselho de Segurança da ONU, estão lutando (e vencendo) algumas batalhas no caminho do cessar fogo.
III. GUERRA SUJA
Com certeza, esta guerra é uma das mais sujas da história, existe bombardeio de hospital e assassinato de crianças.
IV. BIDEN CONTRADITÓRIO
Certa vez, falando sobre a guerra da Ucrânia, BIDEN expressou a frase do milênio: “Se houver guerra nuclear, não haverá vencedor”. Agora, na guerra do Oriente-Médio, ele vetou a proposta do Brasil sobre medidas humanitárias.
V. ORAÇÃO HUMANITÁRIA
Vim ao mundo para defender duas missões:
1. Combater a violência.
2. Defender a paz. Com as mãos de Deus sobre a minha cabeça, estou cumprindo minhas missões e feliz, graças a Deus.
- A PAZ É LINDA
A guerra tem o fedor dos cadáveres inocentes que perderam a vida, mas a paz tem as cores e o perfume de frondosas margaridas.
Cuiabá, 22/10/2023
*Vicente M. Ávila, Professor de Economia Política (aposentado)
O Grupo de Trabalho Ciência e Tecnologia da UFMT (GTC&T) da Adufmat-Ssind convida todos os interessados para o debate que será realizado nesta quinta-feira, 26/10, com o tema “Israel-Palestina, o genocídio moderno: 75 anos de conflito”.
Mediado pelo coordenador do GT, José Domingues de Godoi Filho, o evento terá início às 14h, e contará com a presença do vice-tesoureiro da Sociedade Beneficente Muçulmana de Cuiabá, Assan Fouad Salim.
O debate será presencial, no auditório da sede do sindicato, em Cuiabá.
A semana do servidor da UFMT já começou!
Clique aqui e acompanhe o debate da manhã desta segunda-feira (23/10), a mesa redonda com o tema "O papel dos (as) servidores(as) públicos(as) da UFMT nas lutas por direitos e democracia", que contou com a presença dos servidores Leia de Souza Oliveira (técnicos-administrativos) e Waldir Bertúlio (docentes).
Confira abaixo a programação das próximas atividades
23 /10 – Manhã: Mesa redonda: O papel dos (as) servidores(as) públicos(as) da UFMT nas lutas por direitos e democracia.
Horário: 8:30 às 10:30h.
23/10 – Tarde: Roda de conversa: Histórias das lutas e conquistas de direitos na UFMT.
Horário: 14h às 16h.
Local: Sintuf-MT
Obs: Painel fotográfico sobre eventos históricos das lutas sindicais da Adufmat e do Sintuf-MT.
24/10 – Manhã: Mesa Redonda – Desafios e perspectivas para a luta sindical – Carreira, condições de trabalho e qualidade de vida.
Horário: 8:00 as 10:30hs
Local: Sintuf-MT.
25/10 – Saúde e Bem-estar do Servidor.
Consulta com Oftalmologista (exame médico e caso necessário encaminhamento para confecção de óculos com desconto).
Bioimpedãncia – Orientações com a Nutricionista (agendamento de consulta para acompanhamento)Aferição de pressão arterial e glicose.
Horário: 7:30 às 11:00hs e das 13:00 às 17:00hs.
Local: Sala de reunião do Sintuf-MT.
Mat Pilates/alongamentos com sorteio de Quiroplaxia.
Horário: 7:30 às 8:30hs
Local: Auditório aberto do Sintuf-MT.
– Rodas de Constelações Familiares – Servidor Técnico Antônio Carlos.
Horário: 09:00 às 11:00hs e das 14:00 às 16:00hs.
Local: Sala de vidro do Sintuf-MT.
26/10: Saúde e Bem-estar do Servidor II
Atividade de Psicologia com Prof. Henrique Lee
Tema: Precarização nas relações de trabalho e adoecimento. Acolhimento em saúde mental aos Servidores Docentes e Técnico Administrativos.
Horário: Manhã – 9 às 10:30 horas
Tarde: 14:00 às 15:30 horas.
27/10: “Happy Cultural do Servidor”
Horário: 17:30h às 23h
Local: SINTUF
Horário: 17: 30h às 23:30h
Participações especiais:
DJ Xinn beats
Balé Universidade convidativa
UFMT com a Corda Toda.
Dança de Salão. extensão Projeto UFMT
Glauco Técnico FCA – Voz e violão
Jânio Ribeiro Musico – voz e violão
Apresentação do grupo Flor de Atalaia
Michelli Fanali Artista Plástica e poetisa
Paulo Ribeiro – Poesia
Feira de artesanatos e comidas típicas:
Barraca SINTUF – Maria Isabel, espetinho
Lucio da Arquitetura: Paçoca Cuiabana
Ecofeira – Divulgação da importância dos alimentos saudáveis, e apoio aos produtores.
Fábio Vieira: Cozinha Digoreste (Frango desossado, assado e recheado)
Matheus – Buraco quente.
Thaya Acessórios (prata)
Atitude Brechó Vintage
Dinaura: Bazar
Na década de 1980, antes do aparecimento do HIV no mundo, os doadores de sangue eram remunerados. Essa prática trouxe malefícios à saúde dos doadores e risco transfusional para os pacientes, rotineiramente transfundidos ou não. E é hoje condenada em quase todos os países, existindo normativas legais rígidas para o controle, desinfecção, liberação e distribuição dos componentes do sangue.
O HIV evidenciou que havia necessidade de controle e leis que cuidassem da saúde da população, pacientes, doadores e trabalhadores da saúde.
Um dos artigos das Leis que regem a qualidade do sangue, a autonomia e soberania nacional quanto à pesquisa científica e a segurança do ato transfusional está sendo alterada por meio da PEC 10/2022, a PEC do Plasma, que abre precedente histórico para o retorno da comercialização de insumos humanos e para infinitas e cruéis possibilidades de utilização da miséria da população brasileira, como justificativa para venda de órgãos.
Para evidenciar os riscos e informar a população sobre isso, vai acontecer HOJE, 23/10/2023, às 14h (horário local), 15h em Brasília, no Cine Teatro de Cuiabá, o vídeo-debate sobre o filme "Até a última gota", gentilmente cedido pelo diretor Sérgio Rezende. Ele vai estar online para conversar conosco sobre suas impressões a respeito de como as questões do sangue foram tratadas ao longo do tempo no Brasil. O filme tem início com a morte de um doador de sangue, após doar sangue como forma de sustentar a família, rotineiramente, sem critério algum que assegurasse a sua própria saúde - e isso salienta a realidade sobre a ausência total de políticas públicas de saúde no início da década de 1980, quanto à Hemoterapia e Hematologia no Brasil, ou seja, cuidados com o ciclo do sangue, os doadores, pacientes e trabalhadores da área.
Para participar do evento de forma online e receber mais informações, existe um grupo de WhatsApp. Entre em contato conosco por mensagem de WhatsApp pelo número 65 99209-8518.
Fonte: Divulgação
Adufmat-Ssind aprova ações políticas para garantir o direito aos 28,86% e sugere indicativo de greve
Os professores da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) perderam a paciência. Em assembleia geral da Adufmat-Ssind realizada nessa sexta-feira, 20/10, a categoria decidiu realizar uma série de atividades políticas para garantir a efetivação do direito aos 28,86%, conquistado há décadas, mas que a Advocacia Geral da União (AGU) insiste em não respeitar. Aprovar um indicativo de greve está entre as sugestões encaminhadas.
Antes do debate político, o advogado responsável pelo caso, Alexandre Pereira, esclareceu algumas dúvidas e afirmou que a decisão do juiz federal César Bearsi, de acolher os embargos de declaração da AGU, indeferindo o restabelecimento imediato do percentual nos salários, é equivocada e cheia de vícios.
As tentativas de continuar protelando o acesso a este direito não são exatamente uma novidade para os professores. Em 2016 foi preciso ameaçar bloquear as contas da universidade para que o a decisão judicial fosse respeitada.
“Nós vamos reverter essa decisão no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Vamos ser firmes e garantir o cumprimento dessa sentença, com certeza”, garantiu o advogado.
O atraso provocado pela AGU, no entanto, levou a projeção de incorporação do percentual para fevereiro ou março de 2024.
Após a exposição do advogado, a diretora geral adjunta do sindicato, Lélica Lacerda, apresentou propostas de construção de atos políticos, e afirmou que não há como dedicar expectativas ao Poder Judiciário, considerando que muitas das suas decisões são, de fato, de retirada de direitos sociais.
Segundo a docente, a pauta é urgente que traz um teor de revolta à categoria. “É necessário dar uma vazão política a essa revolta. Não adianta lamentar nos corredores, encher o advogado de mensagens, a gente precisa dar uma resposta. Com uma greve a gente vai produzir mobilização. A gente precisa mostrar que as canetadas desses juízes têm interferência nas nossas vidas. Eles não estão mexendo só com papel, mas com vidas”, destacou.
O diretor geral, Maelison Neves, concordou que AGU não está agindo de forma técnica e sim política, para que o Governo não tenha que gastar. “É a política do ajuste fiscal do Governo Federal, e uma greve pode forçar o diálogo”, avaliou.
Após o debate, os encaminhamentos aprovados foram: solicitar audiência com o ministro da Educação e com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva; fazer um documentário sobre os 28,86%, demonstrando como a demora de acesso ao direito tem impactado a vida da categoria; quando agendada a audiência, ir para Brasília como forma de pressão; elaborar um boletim e panfletar amplamente; Realizar um Tribunal Popular com a presença de três advogados para analisarem a posição do juiz e, por fim, convocar uma nova assembleia com ponto de pauta “indicativo de greve” na semana que inicia em 30/10.
A categoria aprovou, ainda, a realização de eleição de representação sindical na subsede da Adufmat-Ssind no Araguaia. A professora Ana Paula Sacco, atual diretora de Comunicação da direção geral do sindicato, se colocou à disposição para compor a comissão eleitoral. A professora Zenilda Ribeiro e Waldir Bertúlio (diretor de Assuntos de Aposentadoria da Adufmat-Ssind) foram os outros dois indicados para a comissão. A também diretora do sindicato, Clarianna Silva, e o professor Aldi Nestor de Souza, ficaram como suplentes.
O debate sobre progressão será realizado numa próxima assembleia devido ao esvaziamento e avançado da hora.
Luana Soutos
Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind
Um pouco de política. Assim como outros sindicatos de trabalhadores, a Adufmat-Ssind nasceu em 1978, em plena ditadura civil-empresarial-militar. Um período difícil da história do país, em que muitos foram perseguidos, torturados e assassinados, simplesmente por questionarem.
O primeiro presidente provisório e permanente do sindicato (1979), professor Waldir Bertúlio, chegou a sofrer sanções. “A gestão sofreu voto de desconfiança por conta da posição política, e nós fomos demitidos, o então secretário e eu, presidente”, lembrou Bertúlio, que só retomou o cargo após a aprovação da Constituição de 1988. O professor nunca abandonou a militância, mas somente agora, depois de décadas, voltou a compor a diretoria do sindicato. Está atualmente como diretor de Assuntos de Aposentadoria.
No início da década de 1980, o Brasil vivia um cenário de efervescência política. Depois de mais de duas décadas de luta, os movimentos sociais organizados vislumbravam o fim da ditadura empresarial-militar e novas perspectivas precisavam ser construídas. Parafraseando Rosa Luxemburgo, havia uma sociedade a ser destruída para garantir o surgimento de uma nova. Para a militante marxista, a regra básica para isso é não desaprender a aprender. Afinal, esse é um exercício essencial àqueles que perseguem a revolução socialista: agir, refletir, aprender com os erros, e, assim, avançar. Nada está definido, nada está posto.
Neste contexto de valorização e preservação do que se conseguiu estabelecer como democracia, surge a demanda pela realização das consultas informais para as reitorias das universidades, organizadas pelas entidades representativas e com a paridade de votos.
O intuito do voto paritário é corrigir distorções entre as representações da comunidade acadêmica, já que, pela legislação autoritária e antiuniversitária da ditadura militar (Lei 5.540/1968), o voto docente teria o peso de 70%, e das outras categorias juntas, 30%. Assim, os lutadores sociais daquele período entenderam justo, para que nenhuma categoria decidisse sozinha, ou sobrepusesse seus interesses sobre as demais, que o ideal seria garantir um peso equivalente entre elas, tendo cada uma o peso de 1/3. Se nas verdadeiras democracias as decisões são tomadas em conjunto, com a maior participação possível dos envolvidos, assim deveriam ser as consultas informais para as reitorias das universidades públicas.
A defesa do voto paritário não é apenas o exercício meramente formal, de escolha de algum nome para ocupar o posto de dirigente da instituição. Esse direito ao exercício democrático, arrancado a duras penas, por meio da luta, contra uma estrutura burguesa que se esforça para escantear a população, tem como objetivo algo muito maior: a efetivação da autonomia administrativa/universitária, prevista na própria constituição de 1988. Essa autonomia só é possível com a ampla participação de todos em todos os processos, começando pelo debate e finalizando pela expressão da decisão – que, neste caso, se dará por meio do voto. São duas coisas diferentes, mas com importâncias iguais.
Assim, já em 1982, antes mesmo do fim da ditadura empresarial-militar e da elaboração e promulgação da Constituição de 1988, o Andes – Sindicato Nacional, entidade que representa a categoria docente do ensino superior em âmbito federal, estadual e municipal, se posicionou claramente pelo voto paritário e até mesmo universal, como consta nos Fundamentos Conceituais do Caderno 2 – Proposta do Andes-SN para a universidade brasileira (clique aqui para ler a íntegra do Caderno 2).
Jornal da Adufmat-Ssind 2002
Jornal da Adufmat-Ssind 2008
A Adufmat-Ssind, base do Andes -SN na Universidade Federal de Mato Grosso, foi a primeira Seção Sindical do Andes-SN a brigar pela realização consulta informal para indicar reitor(a) e vice-reitor(a) no formato considerado ideal pela categoria. Isso não é qualquer coisa, considerando que até hoje, mais de 40 anos após a publicação do Caderno 2, algumas universidades ainda realizam a consulta com base na Lei 5.540/1968 – isto é, formação de lista tríplice definida de forma não paritária, com peso de 70/30. Isso independentemente de pressões eventuais de governos, como ocorreu recentemente em Temer e Bolsonaro.
E não foram poucas as vezes em que a Seção Sindical do Andes -SN na UFMT, a Adufmat-Ssind, manifestou-se publicamente pela defesa da tradição democrática que ela mesma ajudou a construir. Em 2004, por exemplo, a Justiça tentou interferir no processo de consulta da UFMT, determinando o cumprimento da lei. Naquele momento, a representante docente na comissão eleitoral, indicada pelo sindicato, Liliane Capilé Charbel, declarou a determinação um retrocesso à consulta legítima realizada pela comunidade.
Jornal da Adufmat-Ssind Maio/Junho de 2004
Naquele mesmo ano, em que a Justiça tentou embargar a consulta informal, o professor Paulo Speller foi indicado reitor pelo voto paritário da comunidade acadêmica, a partir da fórmula: voto individual dividido pelo colégio eleitoral. O método possibilitou às entidades a verificação da participação da comunidade acadêmica no processo. Preocupada, a Adufmat-Ssind alertou sobre o aumento do número de abstenções, afinal, a democracia pressupõe a participação ampliada da comunidade. Essa a razão de existir das reivindicações de paridade e autonomia universitária.
Um pouco de ciência
A formatação do Regimento da Consulta Informal para a Reitoria da UFMT 2024 gerou algumas divergências entre as categorias. Uma delas está relacionada à fórmula que será utilizada para a contabilização dos votos. A primeira proposta sugeria a divisão dos votos individuais pelo número de votos válidos; a segunda, encaminhada pela representação docente, sugeria a divisão dos votos individuais pelo número do colégio eleitoral, como já foi utilizado anteriormente.
A polêmica foi grande, e assim deve ser, pois, como dito anteriormente, o debate é o primeiro passo essencial para a efetivação da democracia. No entanto, se é preciso refletir após as ações, os argumentos ainda precisam ser melhor explorados. Assim, apesar de ter sido aprovada a primeira proposta, de divisão dos votos individuais pelo número de votos válidos depositados nas urnas, vale continuar o debate sobre o que isso vai significar.
Numa comunidade universitária, há de se convir que a ciência é uma das ferramentas necessárias a esta e outras reflexões. Por isso, a Adufmat-Ssind conversou com o professor Aldi Nestor de Souza, do Departamento de Matemática. A primeira observação do professor, que tem acompanhado os polêmicos debates sobre os pesos dos votos foi de que, sim, os cálculos matemáticos registrarão uma correspondência diferenciada entre os votos dos estudantes e dos professores e técnicos em qualquer uma das fórmulas utilizadas. Isso porque o número de estudantes é muito maior. Assim, independentemente da fórmula utilizada, para que ao final elas correspondam ao peso de 1/3 por categoria, necessariamente terá de haver alguma equivalência entre os votos de docentes e estudantes, seja de 8, 7, ou 4 por 1. “A única solução para isso seria tentar igualar o número de votantes de cada categoria”, concluiu.
Segundo o professor, também é verdade que é possível diminuir essa diferença quando a divisão se dá pelos votos válidos. No entanto, matematicamente, ainda não é possível afirmar qualquer número, porque ainda não há informações oficiais nem sobre o colégio eleitoral, nem sobre o número de votos que serão realizados.
A segunda observação do docente foi que as duas fórmulas propostas são paritárias, não há dívidas. No entanto, a aprovada, que considera apenas os votos válidos, garante que o menor número de participantes decida a eleição. Isto é, se apenas 1 representante de uma categoria votar, seu voto, em apenas um candidato(a) representará o seu 1/3. Ao mesmo tempo, quanto mais votos a categoria depositar, mais diluída poderá ser a posição do coletivo. Em outras palavras, a crítica da Adufmat-Ssind ao afirmar que “a fórmula adotada privilegia a abstenção”, significa que a menor mobilização garantirá um maior poder de decisão, quando o interessante para a democracia é, sempre, a maior participação possível de todos.
“A divisão dos votos válidos pelo colégio eleitoral como um todo nos traria um reflexo mais preciso do que pensa a comunidade acadêmica. Essa divisão aprovada fica resumida a quem foi participar da eleição. Agora, quantos votos de uma categoria vale em relação a outra não é possível dizer, não há nenhum prognóstico, nada. Vai depender de quem for à urna, podendo acontecer o fenômeno de que uma pessoa só possa decidir por uma categoria inteira. A desmobilização é ignorada nesse processo, porque se você tiver um grupo grande em torno de uma candidatura, ele não vai fazer nenhum esforço para que toda a sua categoria participe, porque não interessa a participação, o próprio grupo garantirá o 1/3 de eventual candidatura”, explicou Souza.
Qualquer militante classista tem em mente que a prática precisa ser o critério da verdade. Por isso, a Adufmat-Ssind, com todas as suas limitações e contradições, presentes em qualquer movimento social, busca respeitar e ser coerente com a sua história, tentando evitar, assim, que, na prática, a teoria seja “outra”.
Luana Soutos
Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind