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O Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
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JUACY DA SILVA*
Estamos a menos de duas semanas para o encerramento da Campanha da Fraternidade de 2018, cujo tema é “Fraternidade e a superação da violência”. No Domingo de Ramos, dia 25 de Março próximo, será o DIA NACIONAL DA COLETA SOLIDÁRIA, quando os católicos de todo o Brasil farão um ato concreto de solidariedade para que as Arquidioceses, Dioceses, Paróquias e comunidades possam dispor de fundos que servirão de apoio para projetos em prol de milhões de famílias que continuam `a margem de nossa sociedade.
Além deste gesto concreto, também devemos continuar, para além do término da Campanha da Fraternidade, nossas reflexões sobre as causas, diversas formas e as consequências da violência em nosso país e o que podemos fazer de concreto para contribuir para a superação deste grande desafio, visando a construção de uma sociedade e um mundo melhores, baseados na compreensão, no diálogo, na justiça e na recuperação de pessoas que estejam participando ou sendo vítimas desta onda de violência que tanto medo e sofrimento tem causado ao povo brasileiro.
Dando continuidade às reflexões que venho realizando, na forma de artigos que são veiculados em jornais, revistas, sites, blogs e outros veículos de comunicação, gostaria de chamar a atenção dos leitores sobre uma dimensão muito concreta nesta questão da violência e que atinge uma das áreas mais emblemáticas do Brasil. A reflexão de hoje é sobre a violência na Amazônia.
A Igreja Católica, através da CNBB, da Caritas brasileira, da CPT, do CIMI e da REPAM-Brasil – Rede Eclesial Pan Amazônia, vem dando uma grande ênfase na questão da Amazônia, não apenas sua parte brasileira mas também da PAN AMAZÔNIA, de cujo território também fazem parte os países limítrofes como Venezuela, Guiana, Colômbia, Equador, Peru e Bolívia e sua importância nas questões do clima, do meio ambiente e do desenvolvimento econômico.
Antes mesmo da chegada dos portugueses e espanhóis nesta parte da América do Sul, a Amazônia era povoada por diversas tribos ou nações indígenas, as quais por séculos foram vítimas de violência por parte dos colonizadores e ainda continuam sendo vitimas da violência da ganância dos modernos colonizadores do século 21, que a titulo de “desenvolverem” a Amazônia acabam espoliando, matando, dizimando não apenas as populações indígenas como também desrespeitando o modo de vida e o direito `a vida e ao trabalho de ocupantes tradicionais como seringueiros, garimpeiros, pequenos agricultores, ribeirinhos.
É neste sentido que o Papa Francisco, em 2017, anunciou a convocação do Sínodo Especial da Pan Amazônia, a ter lugar em 2019, com três grandes três finalidades: Identificar novos caminhos para a Evangelização na Amazônia, com enfoque especial aos povos indígenas e a crise da Floresta Amazônica.
A violência relacionada à posse e uso da terra tem contribuído para a eclosão de diversas conflitos como bem atestam as informações contidas no recém publicado Atlas de conflitos na Amazônia, CPT, 2017; o Relatório Violência contra povos indígenas no Brasil, CIMI, 2016; o Relatório estadual “Direitos humanos e da terra MT e Brasil, 2017 e o Relatório sobre Direitos Humanos no mundo, Anistia Internacional 2017/2018, onde a parte relativa ao Brasil não é nada animadora.
Conforme notícia do site UOL/Folha online de 02/10/2017, no ultimo ano 977 áreas na Amazônia Legal estavam em disputa, algumas que geraram conflitos e muita violência, incluindo massacres, assassinatos de agricultores ou indígenas. Nessas áreas viviam mais de 93 mil famílias ou aproximadamente 550 mil pessoas, incluindo crianças e mulheres que também foram vitimas de violência.
De fato, não podemos ignorar que o desmatamento, a ação de grileiros, latifundiários e a construção de grandes barragens, além da exploração de minérios é uma violência não apenas contra o meio ambiente como também contra a população, principalmente indígenas e populações originárias da Amazônia, incluindo seringueiros e povos nômades.
A expansão das fronteiras agrícolas na pré-Amazônia e na Amazônia propriamente dita, com destaque para os Estados de Mato Grosso, Pará, Rondônia e Acre, tem estimulado muitos conflitos naquela região, alguns desses conflitos com repercussão internacional, com prejuízo para a imagem do Brasil no exterior. Há quem afirme que o Estado brasileiro não apenas se omite diante de diversas desses conflitos como também participa de atos de violência cia contra a população.
Além da violência relacionada à questão da terra, a Amazônia também tem sido marcada por altos índices de violência urbana, maiores do que a média nacional. Entre os 30 municípios mais violentos do Brasil 7 (23,3%) estão na referida região. E entre as 17 capitais mais violentas, 8 (47,1%) estão na Amazônia. Com exceção do Acre, todos os demais estados da Amazônia Legal, inclusive Mato Grosso, tem índices de violência maiores do que a média nacional; todos esses estados tem índices de violência superiores aos do Rio de Janeiro, considerando numero de assassinatos por cem mil habitantes.
O número de assassinatos no Brasil entre 2005 e 2015 aumentou em 22,7% e a média deste número na Amazônia Legal para o mesmo período foi de 90,8%. Entre o ano de 2000 e 2017 as estimativas e dados oficiais indicam que mais de 120 mil pessoas foram assassinadas nos Estados da Amazônia Legal.
Para concluir, devemos ter em mente que os Estados da Amazônia Legal tem fronteira “seca” com diversas países Sul Americanos, em extensão superior a mais de 8 mil km, por onde entram armas, drogas, contrabando, onde a atuação do crime organizado nacional e internacional contribui sobremaneira para o aumento da violência.
Este é um tema tão ou mais importante do que os motivos que determinaram a intervenção federal/militar no Rio de Janeiro, mas parece que não tem motivado nossos governantes a tomarem medidas mais concretas para a superação desta violência regional. É um caso a pensar!
*JUACY DA SILVA, professor universitário aposentado UFMT, articulista e colaborador de diversas veículos de comunicação, mestre em sociologia. Twitter@profjuacy Email O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Blog www.professorjuacy.blogs;pot.com
A reunião da Coordenação Nacional da CSP-Conlutas, realizada no último final de semana, em São Paulo, aprovou resolução política unitária pelas entidades que compõem a instância, em que aponta políticas estratégicas, como a reafirmação da defesa do socialismo e políticas imediatas como a campanha contra a intervenção militar no Rio de Janeiro e a luta contra as privatizações de Temer.
“A intervenção militar no Rio de Janeiro é um grave ataque aos direitos democráticos da população promovido pelo governo. As ações desenvolvidas até então pelo Exército se concentram nas favelas e comunidades pobres, utilizando inclusive métodos e mecanismos ilegais, a exemplo do fichamento massivo de moradores, revistas vexatórias em crianças nas portas das escolas e a ameaça de mandato coletivo de busca e apreensão, que daria carta branca para o exército invadir e revistar casas”, afirma o documento.
A CSP-Conlutas conclama ampla unidade de ação para lutar contra a intervenção no Rio.
A resolução avalia ainda a importância das mobilizações pelo mundo do 8 de março para a luta das mulheres e dos trabalhadores em todo o mundo; aponta o aprofundamento da crise econômica no Brasil e avança em propostas de luta para os trabalhadores contra as privatizações anunciadas pelo governo Temer, em defesa de direitos e contra a criminalização dos pobres e das lutas.
A manhã de domingo (11) da reunião da Coordenação Nacional foi dedicada à votação da resolução política, resoluções dos setoriais e moções.
Resoluções de Setoriais
As propostas de resoluções dos setoriais foram elaboradas em reuniões na tarde de sábado para aprovação na manhã de domingo pela Coordenação Nacional.
O Setorial de Saúde, com um tempo maior para apresentação, convocou o 3º Seminário Nacional de Saúde do Trabalhador, que acontecerá em Duque de Caxias (RJ), de 23 a 25 de agosto, e cujas inscrições já estão abertas. O encontro discutirá as consequências das Reformas Trabalhista, da Previdência e da terceirização na saúde do trabalhador, assédio moral, doenças no mundo do trabalho, experiências de Cipas combativas (Comissões Internas de Prevenção a Acidentes de Trabalho), entre outros temas.
Além da Saúde, também foram apresentados e tiveram os relatórios aprovados os setoriais de Transporte, LGBT, Internacional, Trabalhadores dos Correios, Negros e Negras, Serviço Público, Educação e o GT de Comunicação.
A reunião foi encerrada com a aprovação de diversas moções que serão publicadas na terça-feira (13).
Prestação de contas do Conselho Fiscal
A reunião da Coordenação também aprovou as contas de 2018 da CSP-Conlutas a partir do novo Conselho Fiscal aprovado no 3º Congresso Nacional da CSP-Conlutas, realizado em outubro de 2017.
Coordenação rica em debates
Acesse as matérias da Coordenação nacional:
Saudações
Esta Coordenação Nacional recebeu saudações importantes no campo de luta dos trabalhadores. A pré-candidata à Presidência da República pelo PSTU, Vera Lúcia e seu vice, Hertz Dias, e o pré-candidato que disputou a indicação para a candidatura à presidência pelo PSOL Hamilton Assis.
RESOLUÇÃO POLÍTICA PODE SER LIDA ABAIXO:
A Coordenação Nacional acontece sob o impacto das grandes mobilizações que ocorreram neste último 8 de março em 170 países, com destaque para o Estado Espanhol e a Argentina. Foram greves, manifestações e ocupações que demonstraram a força da greve internacional de mulheres, da qual participamos e apoiamos através da Rede Sindical Internacional de Solidariedade e Luta.
A crise econômica continua atingindo fortemente os trabalhadores e o povo pobre. Apesar de toda campanha alardeada pelo governo de que a situação econômica está melhorando, com um pequeno aumento do PIB de 1% (produto interno bruto), na prática, a situação é outra. O desemprego continua alto chegando a atingir 26 milhões de pessoas, a indústria patina, os estados continuam com o calote aos salários e os serviços públicos seguem a cada dia mais sucateados.
O governo Temer foi obrigado a recuar da Reforma da Previdência, retirando o projeto de pauta. Apesar de toda campanha milionária nos meios de comunicação, das barganhas e negociatas no Congresso Nacional, não conseguiu os votos suficientes para aprovar esta nefasta reforma. Esta foi uma vitória do movimento, da Greve Geral de 28 de abril, da Ocupação de Brasília em 24 de maio e da mobilização dos trabalhadores durante todo o segundo semestre de 2017, mesmo diante do papel representado pela cúpula das grandes centrais ao frear a mobilização desde 30 de junho e recuar na última hora da construção da segunda greve geral em 5 de dezembro. Nossa Central cumpriu importante papel nesses processos, impulsionando pela base das categorias a mobilização, construindo a unidade de ação e denunciando as vacilações das cúpulas das grandes centrais.
Impedido de fazer a Reforma da Previdência, o governo lança mão de outro pacote de maldades com privatizações (Eletrobrás, Casa da Moeda etc.) e ataques ao funcionalismo público federal e nos estados. Também decreta a intervenção militar no Rio de Janeiro, tentando mudar o foco para encobrir a derrota da Reforma da Previdência e tentar algum apoio popular, frente ao caos da violência nas grandes cidades.
Existe uma série de mobilizações ocorrendo no país: diversas ocupações estão sendo feitas para garantir moradia; no campo crescem as ocupações na luta pela reforma agrária; campanhas salariais de várias categorias se aproximam; e os trabalhadores e trabalhadoras estão lutando contra a aplicação da Reforma Trabalhista através de convenções coletivas que garantam os direitos conquistados.
Também estão em luta os funcionários públicos nos estados e municípios contra o pacote de ajuste dos governos estaduais e municipais. Os servidores públicos federais estão em processo de mobilização e discutem no Fonasefe (Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos Federais) a possibilidade de uma greve unificada a partir de maio. Os trabalhadores e trabalhadoras dos Correios preparam uma greve nacional agora em março contra as mudanças no plano de saúde e o desmonte e privatização da ECT.
Nos bairros e periferias ocorrem vários protestos contra a violência e o abuso das forças policiais, que afligem principalmente a população negra. Também entra em cena o movimento negro que prepara uma série de atividades no mês de maio, quando se completam 130 anos da abolição da escravidão, denunciando o racismo, ainda bastante arraigado na sociedade, que impõe uma situação de precariedade e superexploração aos negros e negras, e exigindo também uma política de reparações.
A nossa tarefa é impulsionar e trabalhar para a unificação de todas as lutas.
Frente a esta situação, a Coordenação Nacional da CSP-Conlutas resolve:
- Desenvolver uma campanha contra o ajuste fiscal nos estados, as privatizações e a venda da Embraer para Boeing. Pela reestatização das empresas privatizadas e pela anulação dos leilões dos campos de petróleo, em defesa de uma Petrobras 100% estatal.
- Fortalecer as campanhas salariais do primeiro semestre e a luta contra a aplicação da Reforma Trabalhista e pela sua revogação.
- Organizar um 1º de Maio classista, de luta e independente dos governos e dos patrões.
- Apoiar todas as lutas populares, ocupações e greves por moradia, reforma agrária e pelos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras!
A intervenção militar no Rio de Janeiro, uma política de guerra aos pobres
A intervenção militar no Rio de Janeiro, promovida pelo governo, constitui um grave ataque aos direitos democráticos da população. As ações, desenvolvidas até então pelo Exército, se concentram nas favelas e comunidades pobres, utilizando inclusive métodos e mecanismos ilegais, a exemplo do fichamento massivo de moradores, revistas vexatórias em crianças nas portas das escolas e a ameaça de mandato coletivo de busca e apreensão, que daria carta branca para o exército invadir e revistar casas. As declarações do general interventor, Braga Netto, de que é preciso evitar uma nova Comissão da Verdade, pedindo salvaguarda para as ações dos soldados, é sintomático sobre o modo de atuação do exército e a ameaça que representa às liberdades democráticas.
Preocupado em manter sua quadrilha e evitar a prisão após o fim do mandato, Temer tenta ganhar alguns pontos de popularidade, buscando utilizar a aflição da população por segurança pública. Isso, tendo em vista o alto grau de desmoralização em que se encontra o seu governo.
Temer também busca responder à crise social e de segurança pública existente no estado. O Rio de Janeiro está quebrado e em situação de calamidade pública, fato reconhecido pelo governo federal. Também está instituído um quadro de desgoverno, que levou a prisão de três ex-governadores e ameaça a permanência de Pezão a frente do estado. O governo estadual perdeu o controle das forças policiais e a burguesia teme uma rebelião social. Por isso, lançaram mão da intervenção federal. Essa intervenção merece o repúdio do movimento sindical e popular, pois amplia o uso da repressão contra a população pobre e negra e aumenta a criminalização das lutas sociais.
A CSP-Conlutas chama a todos e a todas para construírem uma unidade de ação contra a intervenção militar no Rio de Janeiro. Desenvolver uma campanha nacional e internacional contra a intervenção, confeccionando materiais, cartilha, etc. Defendemos um programa de combate à violência que passe pela descriminalização das drogas, desmilitarização da PM e pelo direito de autodefesa da população.
- Fora o Exército do Rio! Não à intervenção!
- Expropriação dos bens de corruptos e corruptores! Pegar de volta o que Cabral, Picciani e Cia roubaram do estado do Rio de Janeiro. Fora Pezão!
- Fim de todas as isenções fiscais e devolução do imposto roubado!
Apresentar uma saída classista e socialista para país
A maioria das instituições e organizações passam a defender que os grandes problemas do país sejam resolvidos pelas eleições do segundo semestre. A CSP-Conlutas acredita que somente a ação direta e a mobilização dos trabalhadores e trabalhadoras são capazes de garantir uma saída para a crise.
É tarefa da CSP-Conlutas apresentar um programa que aponte para a defesa das reivindicações imediatas e históricas da classe trabalhadora e do povo pobre e também uma saída estratégica que coloque nas mãos daqueles que produzem a riqueza o controle do país.
Impulsionaremos as lutas e mobilizações diretas. E apresentaremos para o debate nas nossas entidades, nos movimentos e na sociedade o programa aprovado em nosso congresso que afirma: “disputar a consciência da classe para uma saída operária e socialista à crise, mas também votar um programa de medidas antiimperialistas e anticapitalistas, bem como apresentar um plano econômico da classe, alternativo ao do governo e da patronal, que levante as seguintes bandeiras:
- Fora Temer e todos os corruptos!
- Defender emprego, salário, aposentadoria, direitos sociais e trabalhistas, moradia, educação e saúde públicas, direito às cidades e transporte público.
- Os ricos devem pagar pela crise. Emprego para todos; redução da jornada de trabalho, sem redução de salários; estabilidade no emprego; seguro-desemprego de dois anos; investimento em obras públicas necessárias, que gerem emprego e respeitem o meio ambiente; lutar pelo aumento geral dos salários; salário mínimo acima da inflação, rumo ao salário mínimo do Dieese.
- Saneamento básico, escolas públicas, hospitais, postos de saúde e moradia popular.
- Lutar pela suspensão do pagamento da dívida pública aos banqueiros, realização de auditoria e proibição da remessa de lucros para o exterior.
- Exigir a prisão e confisco dos bens de todos os corruptos e corruptores, estatização, sem indenização e sob o controle dos trabalhadores das empresas envolvidas em corrupção.
- Lutar pela estatização dos bancos sob controle dos trabalhadores.
- Lutar pela reestatização sob controle dos trabalhadores das estatais privatizadas.
- Lutar pela reforma urbana e fim da especulação imobiliária. Moradia: regularização de todas as ocupações.
- Lutar pela reforma agrária radical. Nacionalização da terra e expropriação do agronegócio, sob controle dos trabalhadores.
- Lutar contra o racismo, o machismo, a LGBTfobia, a xenofobia e todas as formas de opressão. Salário igual para trabalho igual, não à violência contra as mulheres, garantia e reais condições de aplicação da lei Maria da Penha e legalização do aborto. Não ao mito da democracia racial, regularização das terras quilombolas, fim do genocídio da juventude pobre e negra da periferia e reparação para os negros já. Criminalização da LGBTfobia e pela aprovação da lei de identidade de gênero. Defesa dos povos indígenas, contra o genocídio e pela regulamentação das reservas indígenas. Defesa dos imigrantes especialmente haitianos, bolivianos, venezuelanos e cubanos.
- Acesso à cultura e ao lazer.
- Lutar em defesa das liberdades democráticas. Lutar não é crime. Não à criminalização das lutas e das organizações dos trabalhadores e da juventude, abaixo a lei antiterrorismo e a lei de organização criminosa, liberdade para os presos políticos e fim dos processos contra os lutadores.
- Lutar para por abaixo a lei de drogas de 2006, que resultam em encarceramento massivo de negros e pobres; descriminalização e legalização das drogas para acabar com o narcotráfico.
- Autodefesa dos trabalhadores e povo pobre em cada bairro.
- Lutar pelo fim dos convênios com o EUA para fins de “segurança pública” e “combate ao terrorismo”.
- Não à entrega da Amazônia, em defesa dos povos da floresta. Não a extinção da Renca (Reserva Nacional do Cobre e Associados).
- Contra a Reforma política.
- Em defesa do Direito de greve.
- Fim das polícias militares, direito de sindicalização e greve para as forças policiais e militares.
- Os capitalistas é que devem pagar a conta da crise, pois são os responsáveis e os que se beneficiam dessa situação.
- Por um governo socialista dos trabalhadores.
Fonte: CSP Conlutas
Seguindo a deliberação do 37º Congresso Nacional do ANDES-SN, o ANDES-SN estará no Fórum Social Mundial (FSM), que acontecerá em Salvador (BA), a partir desta terça-feira (13). O evento, que terminará no sábado (17), terá como espaço principal o campus Ondina da Universidade Federal da Bahia (UFBA), mas outros locais da cidade também serão palco de atividades.
O ANDES-SN, juntamente com diversas seções sindicais e outras entidades sindicais e movimentos sociais, disponibilizará uma tenda durante o evento, para a realização de debates, exibição de vídeos e distribuição de materiais. “O ANDES-SN participa do Fórum Social Mundial, em articulação com outras entidades, com Tenda da Unidade, que terá programação durante todos os dias do Fórum. O Sindicato programou atividades específicas como a exibição de três documentários produzidos pelo ANDES-SN e também com a discussão sobre políticas de educação e ciência e tecnologia, que vai ser conduzida pelos grupos de trabalho da entidade, no debate “Educação, ciência e tecnologia: por uma alternativa anticapitalista” e também com o lançamento, na Bahia, da Frente Nacional em Defesa das Instituições Públicas de Ensino Superior”, explica Lana Bleicher, 1ª secretária da Regional Nordeste 3 do ANDES-SN.
“Essas atividades são de fundamental importância para enraizar o debate que o ANDES-SN já tem feito sobre o Marco Legal da Ciência e Tecnologia, as novidades que têm surgido no âmbito da política educacional e vão se coadunar com a distribuição dos materiais que temos produzido, como as cartilhas e o caderno 28 de C&T”, complementa diretora do Sindicato Nacional. Lana conta ainda que o ANDES-SN participará também das atividades organizadas pelas entidades parceiras.
Além do Sindicato Nacional, compõem a Tenda da Unidade: a CSP-Conlutas, a Auditoria Cidadã da Dívida, o Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe), o Sindicato dos Trabalhadores do Poder Judiciário Federal na Bahia (Sindjufe-BA), o Sindicato Nacional dos Trabalhadores do IBGE (Assibge-BA) e o Comitê para a abolição das dívidas ilegítimas (CADTM).
Confira abaixo a programação principal da Tenda da Unidade no Fórum Social Mundial:
13/3 (terça)
18h - Exibição do documentário “ANDES 30 anos – Universidade pública, trabalho Acadêmico e Crítica Social”
20h - Debate: Sindicalismo e a luta das mulheres.
14/3 (quarta)
9h30 - Mesa de discussão: "A atual crise capitalista e o sistema da dívida na América Latina e Caribe"
15h - Debate: As contrarreformas do governo Temer, crise social e perspectivas para a classe trabalhadora
18h - Exibição do documentário “Narrativas Docentes: memória e resistência LGBT”
19h - Debate: Trabalho e sindicalismo no serviço público
15/3 quinta
9h - Debate: Indicadores de Gênero no Brasil
11h - Debate: Quilombo: resistência no passado, resistência no presente
15h às 17h - Mesa de discussão "Sistema da dívida: sua relação com o atual modelo produtivo. Resistências e Alternativas"
18h - Exibição do documentário “Narrativas Docentes: memória e resistência negra”
19h - Debate: Democratização e Precarização no Serviço Público
16/3 sexta
14 h - Debate: Educação, ciência e tecnologia: por uma alternativa anticapitalista
16h30 - Lançamento na Bahia da Frente em Defesa das Instituições de Ensino Superior Públicas
19h - Atividade cultural
17/3 sábado
9h - Mesa: Reorganização da Frente Escola sem Mordaça
15h - Debate: Observatório da intervenção militar no Rio
Local: estacionamento da portaria 1 do Campus de Ondina - Avenida Adhemar de Barros s/n
Participantes:
ANDES-SN - Sindicato Nacional Docentes Instituições Ensino Superior,
ASSIBGE Sindicato Nacional - Sindicato Nacional dos Trabalhadores em Fundações Públicas Federais de Geografia e Estatísticas,
Auditoria Cidadã da Dívida
CADTM - Comitê Internacional para Abolição das Dívidas Ilegítimas.
CSP Conlutas - Central Sindical e Popular
SINASEFE - Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica,
SINDJUFE-BA - sindicato dos Trabalhadores do Poder Judiciário Federal,
Acompanhe a tenda da Unidade nas Redes Sociais:
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twitter.com/tendadaunidade
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Fonte: ANDES-SN
O professor Carlos Zacarias, do Departamento de História da Universidade Federal da Bahia (UFBA), foi intimado a depor, na 16ª Vara Federal na capital baiana, sobre o pedido de liminar feito pelo vereador Alexandre Aleluia (DEM), posteriormente indeferida pelo juiz federal Iran Leite. Zacarias recebeu a intimação no dia 9 de março e tem 10 dias para se manifestar. O reitor da UFBA, João Carlos Salles, também foi citado.
O docente é o responsável pela disciplina optativa “Tópicos Especiais em História - o golpe de 2016 e o futuro da democracia no Brasil”, ministrada por ele e mais um grupo de cerca de vinte professores, em solidariedade ao colega da Universidade de Brasília (UnB), Luiz Felipe Miguel, recentemente vítima de represália do Ministério da Educação (MEC).
Luiz Felipe é idealizador do curso “O Golpe de 2016 e o Futuro da Democracia no Brasil” na UnB e tem recebido manifestações de apoio de docentes de diversas instituições do país após ameaças do MEC à autonomia universitária, liberdade acadêmica e à pluralidade pedagógica. O ministro Mendonça Filho acionou a Advocacia-Geral da União, o Tribunal de Contas da União, a Controladoria-Geral da União e o Ministério Público Federal para impedir que se discuta o processo que culminou com a ascensão de Michel Temer à Presidência da República. Mendonça quer que seja apurada suposta “improbidade administrativa”, sob o argumento de que a disciplina promove “pensamentos político-partidários” na instituição de ensino. A ação do MEC teve efeito contrário e fez o curso se multiplicar mais de 30 instituições do país.
Relevância acadêmica
Em entrevista ao programa de televisão baiano TVE Revista, Carlos Zacarias defendeu a importância do estudo do tema. Para ele, diante da ameaça a tantos direitos historicamente conquistados, é necessário debater os rumos da democracia no país e garantir a autonomia universitária – esta última prevista no artigo constitucional 207.
De acordo com Zacarias, as ciências humanas são disciplinas que se alimentam de debates intensos; a História é um campo de batalha com as narrativas em disputa. “Um governo que assumiu de maneira tumultuada não pode cercear o direito à palavra”, disse. “Vamos continuar refletindo sobre o golpe dentro e fora da universidade; isso é fundamental”, afirmou.
O Conselho Universitário da UFBA aprovou por unanimidade nota na qual defende a liberdade de cátedra e a autonomia acadêmica, além de afirmar que a disciplina em questão “respeitou toda tramitação prevista na Universidade, desde a proposição regular no Departamento até a criação de seu código na Superintendência Acadêmica da Universidade e disponibilização para matrícula, devendo, por conseguinte, ser garantida”.
A manifestação do conselho diz ainda que “os componentes curriculares de Tópicos Especiais têm o traço de serem mutáveis, voltando-se amiúde à contemporaneidade das áreas do saber e a pesquisas em andamento. São assim característicos do ensino superior de qualidade, no qual ensino, pesquisa e extensão são indissociáveis”.
Solidariedade
O ANDES-SN e diversas seções sindiais têm manifestado solidariedade aos docentes que vêm sofrendo represália do MEC. Em moção divulgada no dia 5 de março, a diretoria do Sindicato Nacional denuncia que a autonomia universitária vem sendo atacada incessantemente pelo governo ilegítimo de Temer. "Ações coercitivas, projetos de lei com o objetivo de amordaçar a educação pública, a Reforma do Ensino Médio, os cortes em custeio e investimentos, além do incentivo ao discurso de ódio com características anticomunista, misógina, racista, machista, lgbtfóbica e antifeminista. Historicamente, os movimentos sociais sempre responderam com veemência às opressões. As universidades públicas, ao longo do tempo, se tornaram a extensão das lutas, sendo sua comunidade acadêmica parte desse processo. Em momentos de autoritarismo e retirada de direitos, os movimentos docente e estudantil foram e são expressão de resistência."
Ainda de acordo com a nota do ANDES-SN, "a ação popular contra a disciplina na UFBA e os depoimentos do Ministro de Educação, criminalizando o(a)s docentes responsáveis por disciplinas sobre o Golpe de 2016, ferem a autonomia universitária e são uma clara tentativa de censura".
Fonte: Aduff SSind. (com edição e inclusão de texto do ANDES-SN.)
Milhões de mulheres saíram às ruas de todo o mundo na quinta-feira (8), Dia Internacional de Luta das Mulheres Trabalhadoras, para exigir o fim da violência e do machismo, contra a desigualdade, entre outras reivindicações.
Entre as maiores manifestações do mundo estiveram as das mulheres da Espanha, da Argentina, da Turquia e do Uruguai. Na Espanha, as centrais sindicais convocaram um dia de greve e mais de seis milhões de pessoas cruzaram os braços. Gigantescas manifestações foram realizadas em cidades como a capital Madrid, Barcelona, Sevilha, Bilbao, entre outras. Na capital argentina, Buenos Aires, meio milhão de pessoas marcharam até o Congresso Nacional, onde essa semana foi apresentado um projeto de lei que busca legalizar o aborto. Grandes marchas também ocorreram em cidades do interior, como Mendoza, Córdoba e Rosário.
Na Turquia, centenas de milhares se manifestaram mesmo com a repressão do governo de Recep Erdogan. Cercadas por forças policiais turcas, as mulheres do Curdistão também realizaram grandes manifestações. Em Montevidéu, capital do Uruguai, a marcha tomou conta das ruas do centro da cidade, e houve greve de trabalhadores da educação e de servidores municipais. Outros países, como México, Chile, Estados Unidos e França também registraram grandes manifestações.
No Brasil, houve manifestações em mais de 50 cidades. As seções sindicais do ANDES-SN participaram dos atos e organizaram atividades alusivas à data. Além de exigir direitos, as mulheres brasileiras que se manifestaram no 8M também criticaram ações do governo, como a Contrarreforma Trabalhista e a Lei das Terceirizações, que aumentam a precarização do trabalho e atingem, de maneira mais dura, as mulheres. Críticas à intervenção militar no Rio de Janeiro também foram ouvidas nos atos de norte a sul do país.
Caroline Lima, 1ª vice-presidente da Regional Nordeste III do ANDES-SN e da coordenação do Grupo de Trabalho de Política de Classe para questões Étnico-raciais, de Gênero e Diversidade Sexual (GTPCEGDS), avalia que o saldo do 8 de Março foi positivo e ressalta que as manifestações chegaram, no Brasil, a cidades menores de interior. “Esse ano tivemos um maior número de municípios com mobilizações, muitas delas com presença de seções sindicais do ANDES-SN”, afirma a docente.
“O crescimento mundial das mobilizações de 8 de Março é resultado do avanço da presença de feministas nos espaços políticos, no movimento sindical, nos movimentos sociais. O avanço do conservadorismo deu mais combustível para a mobilização das mulheres do mundo todo”, comenta Caroline. A diretora do ANDES-SN destaca, ainda, a presença de mulheres de diversas gerações nos atos de 8M, o que demonstra a importância da construção da unidade de ação entre os diversos movimentos.
Leia também
Mulheres vão às ruas contra a violência, o machismo e os ataques dos governos
Fonte: ANDES-SN
“Quilombolas, luta e revolução” é o tema da etapa
A cidade de Rio Branco (AC) receberá, nos dias 6 e 7 de abril, a 4ª etapa do Curso de Formação Política e Sindical do ANDES-SN, com o tema “Quilombolas, luta e revolução”. A Associação dos Docentes da Universidade Federal do Acre (Adufac – Seção Sindical do ANDES-SN) sediará o evento.
A quarta etapa será dividida em módulos, sendo o primeiro sobre “Quilombos: histórias e memórias”, o segundo “A luta quilombola no Brasil: território, identidade quilombola e resistência política e sociocultural”, e o terceiro “Organização e lutas quilombolas: como as universidades e os demais movimentos sociais podem contribuir?”. O terceiro módulo terá a participação de membros do Quilombo Machadinha, de Quissamã (RJ).
Amauri Fragoso de Medeiros, tesoureiro e um dos coordenadores do Grupo de Trabalho de Política de Formação Sindical (GTPFS) do ANDES-SN, lembra que o curso de 2017 trabalha vários aspectos levando em conta a compreensão da luta de classes. “Agora vamos discutir as lutas dos povos quilombolas, apresentando elementos que contribuam para aproximar os movimentos sociais e a universidade. Queremos compreender o conceito de quilombo, seus aspectos históricos, sociais e políticos no Brasil, além de debater racismo e a afirmação da identidade quilombola”, afirma o docente.
Inscrições
Estarão disponíveis 50 vagas para os docentes sindicalizados indicados pelas suas respectivas seções sindicais, as quais também ficarão responsáveis pelas despesas destes. Cada seção sindical terá garantida pelo menos uma indicação, e, somente na possibilidade de vagas remanescentes, poderá indicar mais de um nome.
Os nomes dos participantes de cada seção sindical deverão ser encaminhados até o dia 30 de março, às 14 horas, para o e-mail: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo., detalhando o nome completo, e-mail e telefone de contato do candidato. Colocar no assunto do e-mail: Curso Nacional de Formação Política e Sindical do ANDES-SN.
Confira toda a programação, a ementa do curso e mais informações sobre inscrições na Circular 052/18.
Curso de Formação Política e Sindical do ANDES-SN
O eixo central do Curso de Formação Política e Sindical do ANDES-SN de 2017 é “Movimentos Sociais: exploração, opressão e revolução”. Três etapas já foram realizadas: a primeira ocorreu em março de 2017, na cidade de Fortaleza (CE), e teve como tema "Mulheres, opressão pelo viés de classe na perspectiva revolucionária", a segunda etapa aconteceu em Dourados (MS), no mês de agosto, com a temática “Indígenas, opressão pelo viés de classe na perspectiva revolucionária”, a terceira debateu “LGBTfobia, luta de classe e revolução” em Belo Horizonte (MG), no mês de setembro.
Amauri Fragoso de Medeiros explica que a quarta etapa deveria ter sido realizada em 2017, mas os ataques aos direitos dos trabalhadores e aos serviços públicos fizeram com que o Sindicato Nacional adiasse a realização da mesma para o início de 2018. “A dinâmica da conjuntura e todas as lutas que travamos em 2017 nos impediu de realizar essa etapa no ano passado. Vamos realizá-la agora para cumprir a resolução do 36º Congresso do ANDES-SN”, comenta.
O 37º Congresso do ANDES-SN, realizado em janeiro de 2018 na cidade de Salvador (BA), deliberou pela realização de um novo Curso de Formação Política e Sindical, que ainda será organizado pelo GTPFS, com o tema “Universidade, Trabalho e Movimento Docente”.
Reunião do GTPFS
O GTPFS do ANDES-SN se reunirá no dia que antecede o curso, 5 de abril, também em Rio Branco. Na pauta estão temas como: Comissão sobre criminalização do trabalho docente; Organização do Curso de Formação Sindical (Universidade, trabalho e movimento docente); Possibilidades de criação de um novo fundo a fim de assegurar as condições para a participação de seções sindicais, com até 200 filiados, em reuniões dos setores, a ser deliberado no 38º Congresso; e Paridade de gênero.
Confira a convocação da reunião na Circular 054/18. Confira o cartaz em pdf.
A historiadora Virgínia Fontes, professora da Universidade Federal Fluminense, encerrou as atividades do Dia Internacional de Luta das Mulheres em Cuiabá, 08/03, com o debate “Capital Imperialismo e Atual Conjuntura”, a convite da Associação dos Docentes da UFMT (Adufmat – Seção Sindical do ANDES-SN). Depois de um dia inteiro de mobilização das mulheres trabalhadoras em todo o mundo, as reflexões sobre as estratégias de organização e resistência à retirada de direitos amarraram uma ideia cada vez mais evidente nos movimentos sindical e popular: não há alternativa que não a luta autônoma e classista.
Para analisar a conjuntura, o debate considerou elementos que proporcionaram a expansão do capitalismo, em especial, nas décadas de 1950, 1960 e 1970. “Nesse período, a partir de movimentações internas e externas favorecidas pela Segunda Guerra Mundial, o Capital desenvolve uma escala enorme de centralização e concentração”, explicou a docente.
Esse processo significou uma verdadeira tragédia para os países de economia dependente, como o Brasil, uma vez que o capitalismo se solidifica em sua versão mais avançada e violenta, por meio do projeto neoliberal. A profunda desigualdade social e as dificuldades de organização da classe trabalhadora sofrem influência direta desse histórico.
Nesse sentido, as ferramentas desenvolvidas para controlar as sociedades em diferentes aspectos aparecem de forma incisiva. “Por exemplo, a Globo é conhecida como empresa de comunicação, mas ela é só uma parte. O mesmo grupo detém a Fundação Roberto Marinho, que integra a Associação Brasileira do Agronegócio, possui terras, faz pesquisas na área rural, realiza produções culturais, enfim, controla uma série de outras empresas em diversas áreas. Essa fundação também atua diretamente nos locais onde os movimentos populares se formam para evitar que as lutas se tornem classistas. No Rio de Janeiro, se aliou ao então governador Sérgio Cabral para desenvolver um projeto na educação pública, alijando uma parte dos estudantes com dificuldades - colocados em turmas não numeradas, para aumentar o Índice Brasileiro de Educação Básica e conseguir mais recursos públicos. Eles fizeram isso para implantar sistema gerencial privado nas escolas públicas, contratando professores sem direitos, entre outras coisas”, afirmou Fontes.
A docente destacou que essa não é uma relação casual ou despropositada. “Nós temos hoje, pelo menos 70 entidades empresariais atuando diretamente na educação pública, devastando as conquistas dos trabalhadores”.
Dessa forma, a relação entre Estado e Capital evidencia que o discurso voltado para o “estado mínimo” não é real. O Estado pensado pela social democracia, que desenvolveu políticas universais, apenas transfere o foco do público para o privado, privilegiando políticas que favoreçam a iniciativa privada e a lógica de mercado. Portanto, não diminui.
Essas experiências de conciliação de classes também apresentam, de acordo com as ideias apresentadas no debate, outra questão essencial. Embora tenham atendido as populações em determinados momentos históricos, a não ruptura com todas as esferas do Capital acabou dando espaço para investidas violentas para a retirada dos direitos conquistados. “A social democracia levou ao fascismo; uma nova social democracia desembocou no neoliberalismo, e agora, o que virá depois do que chamam social liberalismo? É possível evitar o fascismo, a gente já aprendeu isso, mas pode surgir uma nova configuração”, provocou a debatedora.
O advento da financeirização, que não se manifesta apenas no setor econômico, também foi abordado. “Financeirização é a fusão de propriedades de origem de capital diversa – comércio, banco e indústria –, unificadas numa malha em que você não consegue mais distinguir quem é quem. Isso significa a expansão das formas de industrialização da vida. Todos aqueles elementos do Capital contemporâneo que as lutas conseguiram frear vêm sendo expropriados - direitos universais, sociais, do trabalho -, e no lugar entra uma atividade industrial de educação, de saúde e outro”, ressaltou.
Assim, a organização e luta dos trabalhadores são e serão sempre fundamentais. De maneira contraditória, o capitalismo só pode se realizar a partir da exploração do trabalho, para a produção de mais valia. Os trabalhadores podem construir um outro sistema de produção e distribuição da riqueza, mas o capitalismo não é possível sem os trabalhadores.
“A concentração da riqueza hoje é tamanha, que apenas cinco pessoas detém 50% da riqueza mundial. No entanto, a classe trabalhadora nunca foi tão grande no mundo. As condições de luta são piores, mas eu sou otimista. E nós temos de fazer com que toda essa geração seja de intelectuais orgânicos, estudando, pesquisando e enfrentando todos os desdobramentos do Capital”, concluiu Fontes.
O vídeo do debate "Capital Imperialismo e a Atual Conjuntura" será disponibilizado no canal da Adufmat-Ssind no Youtube nos próximos dias.
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Luana Soutos
Assessoria de imprensa da Adufmat-Ssind
Em todo o Brasil e em mais de 40 países, as mulheres saem às ruas contra a violência, o machismo e os ataques dos governos.
Neste dia 8 de março, Dia Internacional de Luta das Mulheres Trabalhadoras, as mulheres de todo o país saem às ruas para protestar contras as desigualdades e a violência de gênero, contra o recrudescimento do conservadorismo no mundo todo e, em especial, contra as reformas que atingem em cheio a população feminina do país. O ANDES-SN, por meio da Circular 31/18, reafirmou a importância de participação da categoria docente nas mobilizações deste dia 8 de março.
No Rio de Janeiro, as seções sindicais o ANDES-SN participarão do ato em protesto que terá início às 16h, na Cinelândia, região central da capital. Em Niterói, uma das concentrações para ida conjunta ao ato será na Praça Araribóia, às 15h, quando haverá um lanche colaborativo antes de seguir para a manifestação que dirá não à intervenção federal, à reforma da previdência e às formas de violência.
Mais cedo, cerca de 800 mulheres de diversos movimentos populares realizaram, um protesto no parque gráfico das organizações Globo, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, onde estenderam uma enorme faixa com os dizeres: “A Globo promove intervenção para dar golpe na eleição”.
Em Goiás, manifestantes ocuparam na quarta-feira (7) a Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) para reforçar direitos da mulher camponesa, conscientizar sobre os direitos da mulher, luta por combate ao feminicídio e a Reforma da Previdência. Na manhã desta quinta, as mulheres da ocupação se dirigiram à Avenida Anhanguera, no centro da capital para somar com o ato público do Dia Internacional da Mulher.
Em São Paulo, o ato organizado pela CSP-Conlutas será independente dos patrões e dos governos e acontece no Theatro Municipal, com concentração a partir das 15h e saída às 17h. Estão previstas caravanas de mulheres do campo, vindas do interior de São Paulo, assim como operárias de São José dos Campos e região. Na Ufabc, como no ano anterior, as mulheres que compõem a Universidade se uniram para realizar uma semana especial. Desde o dia 6 , os campi de São Bernardo do Campo e Santo André contam com apresentações, mesas, rodas de conversa e, acima de tudo, um ambiente para valorizar e expor as grandes mulheres que estruturam a universidade. Nesta quinta-feira (8), a comunidade acadêmica participou do ato “Por Direitos, Democracia e Soberania. Aposentadoria fica! Temer sai!", com concentração na praça Lauro Gomes e caminhada até a Matriz em São Bernardo do Campo.
Na manhã dessa quinta (8), Mulheres Sem Terra e da Marcha Mundial das Mulheres, ocuparam e paralisaram a produção da empresa do Grupo Guararapes, em Extremoz (RN). Cerca de 800 mulheres, vindas de vários municípios do estado que, com muita ousadia, denunciaram a articulação empresarial que patrocina o conjunto de ataques à classe trabalhadora. O Grupo é dono da marca Riachuelo, que recentemente foi denunciada por submeter seus trabalhadores e trabalhadoras a condições análogas à escravidão. Em Natal (RN), as atividades referentes ao Dia Internacional da Mulheres iniciaram no dia 7, quarta-feira, com o Encontro das Mulheres da UERN, com uma mesa de debate que teve como tema “Mulheres resistem nas universidades” e ato público em seguida na Praça do Pax. Nesta quinta (8), as docentes se unem às 18h na praça dos esportes.
No estado do Amazonas, em Manaus, a concentração irá ocorrer às 15h, na Praça Heliodoro Balbi (Praça da Polícia), no Centro. Na Paraíba, a Aduepb iniciou uma campanha "Vítima de Feminicídio", em que conta as histórias de mulheres, docentes e estudantes da Uepb que foram vítimas de feminicídio. Nas cidades de João Pessoa, Lagoa de Roça, Patos e Cajazeiras, as mulheres participaram pela manhã de uma marcha pela vida das mulheres, em defesa dos seus direitos e da democracia. No dia 9 de Março, no campus de Campina Grande ocorre a mesa redonda “O feminicídio e a violência doméstica”. No Piauí, a Seção Sindical do ANDES-SN na Uespi (Adcesp SSind.) fez um chamamento para a comunidade acadêmica da Uespi participar do ato público, às 16h, na av. Frei Serafim, em frente ao Hiper Bom Preço.
Em Santa Maria (RS), haverá manifestação a partir das 15h na Praça Saldanha Marinho. Em Pelotas (RS), mulheres representantes do grupo “Mulheres em Luta”, que congrega movimentos sociais, coletivos e entidades sindicais, dentre elas a Associação dos Docentes da Universidade Federal de Pelotas (ADUFPel-SSind), entregaram uma carta de reivindicações relacionada aos direitos da mulher para a prefeita de Pelotas, Paula Mascarenhas, no período da manhã. Às 17h inicia a concentração para a marcha, no Largo do Mercado Público.
Em Cuiabá (MT), a Associação dos Docentes da Universidade Federal do Mato Grosso (Adufmat – Seção Sindical do ANDES-SN) organiza, às 19h, debate sobre “Capital Imperialismo e a Atual Conjuntura”, com a professora Virgínia Fontes, da Universidade Federal Fluminense (UFF). Em Brasília (DF) manifestação unificada tem concentração marcada para às 17h no Museu da República. Em Belém (PA) a concentração do ato será também às 17h, na Avenida Ceará em São Brás.
Outros países
A CSP-Conlutas fez o chamado para que mulheres e homens da classe trabalhadora construam um forte 8 de março. Diversas categorias confirmaram atos, atrasos na produção, paralisações e assembleias.
Até o momento, conforme página nas redes sociais que tem centralizado os eventos do dia, em ao menos 44 países devem ocorrer atos e greves, como Argentina, Alemanha, Austrália, Bolívia, Canadá, Chile, Espanha, Estados Unidos, França, Inglaterra, Portugal, Turquia, Ucrânia, Venezuela e outros. Na Argentina a data marca a apresentação oficial de um projeto de lei que visa legalizar o aborto.
Na Espanha, o Dia Internacional da Mulher , começou marcado por uma série de greves parciais e manifestações em muitas cidades em favor de uma efetiva igualdade de direitos entre mulheres e homens.
Na França, atos devem ocorrer em Bordeaux, Lille, Lorient, Marselha, Paris, Toulouse e outros locais. A União Sindical Solidaires convocou as entidades a participarem das ações do 8M, declarando que esta não é uma data a ser “comemorada”, mas que é momento de lutar “pelos direitos das mulheres em convergência com todas as lutas, das mulheres de todo o mundo”.
Na Índia, em 2012, as mobilizações contra a violência sexual tiveram forte repercussão. Em 2016, as mulheres na Polônia se vestiram de preto e realizaram um dia de greve geral contra a criminalização do aborto. Em 2017, as mulheres na Coreia do Sul protestaram contra o endurecimento nas leis para médicos que realizavam abortos. No mesmo ano, na Argentina e em outros países da América Latina, incluindo o Brasil, ocorreram diversos atos contra o feminicídio e os ataques dos governos neoliberais. Nos Estados Unidos, a luta contra Trump e a marcha de mulheres no 8 de março, orientadas por importantes lideranças do movimento como Angela Davis e Nancy Fraser, ganhou importância histórica.
37º Congresso do ANDES-SN
Durante o 37º Congresso do ANDES-SN, realizado em janeiro de 2018 em Salvador (BA), os docentes deliberaram por lutar pela legalização do aborto, assim como pelo fortalecimento de oferta de políticas públicas de saúde direcionadas aos direitos sexuais e reprodutivos parar atender as mulheres. Além disso, irão intensificar a luta contra a PEC 181/15.
Definiram, também, que as seções sindicais, em articulação com movimentos, lutem nas instituições de ensino para criar espaços que recebam denúncias e acolham vítimas de assédio sexual e moral, de machismo, e de outras formas de opressão, assim como apurem as denúncias com transparência, entre outras deliberações.
Dossiê da Violência
O Instituto Patrícia Galvão publicou o Dossiê Violência contra as Mulheres, que reúne informações sistematizadas de dados oficiais e pesquisas de percepção sobre a realidade do problema no Brasil, e apontou números alarmantes. 1 estupro ocorre a cada 11 minutos, 1 mulher é assassinada a cada duas horas, 503 mulheres são vítimas de agressão a cada hora, ocorrem 5 espancamentos a cada 2 minutos.
Dia Internacional de Luta
O dia 8 de março foi fixado a partir de uma greve iniciada nessa data em 1917 (em 23 de fevereiro no calendário juliano), na Rússia. Uma manifestação organizada por tecelãs e costureiras de São Petersburgo foi o estopim da primeira fase da Revolução Russa. Militantes socialistas, como Clara Zetkin e Alexandra Kollontai, propuseram a construção de um dia internacional de luta das mulheres.
Saiba Mais
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Com informações das seções sindicais do ANDES-SN e CSP-Conlutas
Fonte: ANDES-SN
Nenhum nome será esquecido ou ignorado. Assédio, desemprego, desigualdade e outros abusos não serão mais tolerados. A cada ano, os movimentos organizados de mulheres se tornam mais fortes para denunciar e resistir às inúmeras manifestações violentas de gênero. Em 2018, mais uma vez, elas foram às ruas dizer que estão fartas de flores e homenagens vazias, e que o desejo real é por respeito em todos os sentidos.
Em Mato Grosso, o 08 de Março começou com manifestação radicalizada. Dezenas de mulheres trancaram a garagem de uma empresa de ônibus, impedindo a saída dos veículos. O ato teve o objetivo de chamar a atenção para o número crescente de feminicídios no estado, entre outras violências, mas as manifestantes destacaram uma outra questão central: a desvalorização da mão de obra feminina no sistema capitalista.
“Entre as diversas atividades que nós planejamos para o dia, dialogando com movimentos internacionais que pautaram a parada da produção, nós realizamos o trancaço numa das maiores garagens de transporte público em Cuiabá para mostrar que só o fato dessas mulheres atrasarem algumas horas já demonstra o quanto elas são necessárias nesse processo. E se nós somos maioria, se somos nós mulheres que produzimos, nós queremos receber o justo e o legítimo por essa produção”, explicou a professora e militante do movimento feminista, Patrícia Acs.
Foram duas horas de atraso. Em seguida, o grupo seguiu para a região central da cidade para distribuir panfletos com as principais reivindicações. Entre as violências relatadas, os efeitos da Contrarreforma Trabalhista e da Contrarreforma da Previdência para as mulheres aparecem entre os mais nefastos.
Enquanto isso, cerca de 300 mulheres do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra ocupavam a Fazenda Entre Rios, no município de Jaciara, a 142 km de Cuiabá. A propriedade acumula diversos processos trabalhistas e está penhorada por sonegação de impostos. A ocupação foi uma das atividades da Jornada Nacional de Lutas das Mulheres Sem Terra 2018, intitulada “quem não se movimenta, não sente as correntes que a prendem”, em referência à militante comunista Rosa Luxemburgo.
Mas a reivindicação pelo direito à terra, por meio dos programas de reforma agrária previstos na legislação, esbarrou na prática cotidiana e violenta do campo: o dono da fazenda, munido da sua influência econômica e política, ameaçou e coagiu as mulheres, que deixaram a terra por volta das 16h. (Leia aqui a nota divulgada pelo MST)
Em Sinop, as mulheres foram para as ruas para exigir a implementação da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM) e, na região do Araguaia, se reuniram no 1º Encontro de Mulheres para discutir diversas questões de interesse, como o acesso à Justiça e violência obstétrica.
O 8 de Março de 2018 foi marcado também por diversas matérias na imprensa local e nacional denunciando a violência contra as mulheres. O dia começou com a denúncia de 18 casos de feminicídio em Mato Grosso nos primeiros dois meses do ano, e terminou com 20. Em média, 12 mulheres perdem a vida diariamente no Brasil por serem consideradas um tipo de propriedade por seus algozes. Provas não faltam de que a luta é real e cotidiana e, por mais que instituições públicas tentem negar ou mascarar os dados alarmantes, já subnotificados, o movimento feminista segue crescendo e afirmando que nenhum nome será esquecido ou ignorado até que não haja mais nenhuma mulher vítima de violência de gênero.
Luana Soutos
Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind