Terça, 12 Junho 2018 10:26

 

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O Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
 
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Qualquer cidadão tem o direito de estar assustado com o que se está vendo. Não há governo, não há congresso, nem ninguém com cabeça esclarecida no comando do país, nem mesmo uma oposição de fato e verdadeira, a querer mudanças ou lutar pelas mesmas: todos querem apenas o poder para si. Não se vê propostas, nem pessoas capazes de enunciá-las; nenhum candidato diz o que precisa ser feito. O país caminha conforme as forças sociais impõem aos governantes e políticos suas premissas e suas vontades, sem organização e sem visar o bem comum, apenas o bem próprio de cada categoria.


Seria o momento apropriado em que um “dirigente” aparecesse e revelasse uma saída para a pasmaceira geral, de ver um país rico viver de forma empobrecida, de ver uma grande nação apequenada por seus dirigentes e por uma população tão perdida como seus dirigentes. Quais dos candidatos se apresentaram ao público para propor uma saída desde já, e não apenas após as eleições? Os candidatos a governantes não sabem governar, não sabem quais são os nossos problemas, não sabem o que fazer e com que forças contar para colocar o país no trilho; se soubessem, fariam desde já! Nenhum dos políticos ou candidatos tem conhecimento de causa para sanar nossos graves problemas; se têm, por que não o enuncia? Só vemos uma triste ladainha do mesmo, candidatos fazendo graves acusações contra outros políticos, falando coisas agradáveis de ser ouvidas, mas sem dizer como as promoverá, enfim, falando que são a favor da educação, da saúde e da segurança, mas sem nada falar de como deve se fazer para promover essas coisas num país quebrado, endividado, sem recursos monetários, e, pior ainda, sem recursos humanos para melhorar seu povo. Mesmo os educadores precisam ser educados.


Ficar assustado e preocupado é até pouco, deveríamos ficar temerosos. Não se avistam nos candidatos posições políticas razoáveis, responsáveis ou mesmo honestas ou justas, apenas palavras de ordem genéricas e vazias, acusações sérias contra os demais, ou bravata. Não estamos precisando de acusadores, de pessoas bravas e briguentas, de armas e leis rígidas, mas de atitudes políticas dignas, que visem antes de tudo à constituição do bem comum e a emancipação de todos. Não é por falta de leis e de armas que as coisas são violentas nesse país, é porque somos mal educados, e poucos cumprem as leis e muitas são as armas mal empregadas. Só uma população bem educada entende e respeita as leis, e não precisa de armas.


Cada um dos candidatos que se apresentaram até o momento, me parece não apenas mal preparados para os cargos que pleiteiam, mas até mesmo impróprios para os mesmos, ou mesmo nefastos para todos nós. Ainda que não tenha visto a todos, pois que são muitos, os que pude observar, nenhum tem méritos para serem legisladores ou executivos, nenhum se mostrou capaz de perceber o mais óbvio, que só a educação é capaz de sanar os problemas nacionais, que se resumem numa população impropriamente formada e que necessita uma educação integral, que dê formação na língua portuguesa, em matemática, em história, em ciências, na cultura, dê formação humanística e política, formação técnica e científica, para que saibamos fazer boas leis e aprender a respeitá-las.


Por fim, mas não por último, é preciso que se diga como vamos pagar a dívida pública e investir no povo, pois que não se tem um bônus a ser gerido, como os candidatos parecem nos fazer pensar, mas um ônus árido a ser pago e a construção de uma direção inexistente num país que nunca se aplicou na educação do seu povo, mas tão somente nos produtos que extrai da bondosa natureza.


 
Roberto de Barros Freire
Professor do Departamento de Filosofia/UFMT
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Segunda, 11 Junho 2018 10:34

 

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Adriana Queiroz do Nascimento Pinhorati

Profa. Dra. Curso de Licenciatura em Geografia/CUA

Warley Carlos de Souza

Prof. Dr. Curso de Educação Física/CUA

 

 

 

 

Algo que tem chamado atenção nas mudanças políticas que vem sendo aplicadas na universidade brasileira está diretamente relacionada à agilidade com que algumas medidas estão sendo viabilizadas por diferentes gestores. Uma delas passa pelo rol que vem se desencadeando nas escolas públicas e impactam diretamente na formação do licenciando. Em prol da construção de um projeto sem autonomia, e na ideia burocratizada de formação cidadã, o estruturalismo se mantém no projeto de educação pública brasileira que vem sendo posto em prática, projetos de fundo neoliberais, que pretende formar massa de mão de obra barata e que não consiga desenvolver expressões sociais ou novas leituras de mundo, vem se destacando no cenário da educação brasileira.

 

Objetivamente cabe questionar o papel social da universidade, como consequência de seus professores, que de maneira geral aponta na direção de realizar análises profundas da realidade que o cerca. Tal realidade se manifesta de forma alienada, contraditória e fragmentada, o que nos objetiva a entender que somente será possível compreender a realidade por meio de uma reflexão pautada no rigor epistemológico.

 

Partindo dessa premissa, que nos auxilia a compreender o momento atual da universidade, em que o modelo neoliberal apregoa que o mundo deve perder suas fronteiras econômicas e culturais. A título da necessidade da internacionalização das universidades brasileira, tal processo pode ser visualizado pelos diferentes acordos e convenções internacionais que nosso país aderiu e, em função das mesmas, diversas mudanças no campo do ensino pesquisa e extensão passaram a ser implementadas nas universidades brasileiras, mudanças essas que tem por objetivo a unificação de currículos das universidades pertencentes ao acordo.

 

Diante disso, diversas reformulações curriculares foram implementadas, dentre essas a necessidade de aderir a currículos internacionais como critério de seleção a programas e projetos do governo federal.  

 

Apresentando como objetivo de melhoria da qualidade do ensino, em função da mobilidade de pesquisadores, promover a empregabilidade, tornar os sistemas universitários mais inclusivos, além de objetivar reformas estruturais, as convenções e tratados acabam colonizando as universidades mais pobres dos países já pobres, pois, a necessidade de entrar no processo de internacionalização acaba por obrigar os professores a aderir sumariamente a programas e projetos para que isso ocorra necessário se faz, toda uma mudança curricular, bem como, dos projetos de pesquisa e extensão, para adequação internacional.

 

Assim, a realidade local da universidade fica distante da mesma, o que modifica significativamente a função social da universidade, que deveria ser que o conhecimento por ela produzido se volte para a comunidade que é parceira das pesquisas.

 

Em função da adesão as convenções e tratados desencadearam grandes reformas em todas as etapas da educação brasileira, sem se preocupar sumariamente com os aspectos culturais, bem como, a qualidade mencionada, não se aplica a qualidade socialmente referenciada, mas sim, os aspectos econômicos.  

 

Temos dessa forma a inserção de mudanças curriculares tais como as propostas a partir da Base Nacional Comum Curricular que retira a categoria de análise geográfica: local, das discussões em sala de aula, ao mesmo tempo que promove uma retirada das discussões políticas das disciplinas de ciências humanas e sociais. No mesmo rumo, a escola sem partido, adotada enquanto projeto de lei por diferentes cidades brasileiras, criminaliza a atuação docente, e atinge em cheio, a autonomia do professor, em sua liberdade de expressão. Ainda se não bastasse, temos a retirada de disciplinas tais como: a Sociologia e Filosofia do ensino médio, e a tecnificação das áreas de Ciências Humanas que devem ser vistas a partir de sua “aplicação” nos conteúdos trabalhados. Essas políticas aplicadas no ensino fundamental e médio atingem diretamente as licenciaturas nas universidades e a formação dos licenciados, passam a ser norteadas por algumas dessas novas políticas de formação no ensino superior, que também adota essas mudanças, uma delas vem no ato convidativo de ofertas de “bolsas” para docente e estudante que ao “receberem” passam a serem enamorados “apaixonados” e  colocam em prática mudanças no estágio supervisionado.

 

Atualmente, os cursos de licenciaturas tem autonomia para o desenvolvimento de projetos que pensem na formação docente e como será desenvolvido as 400 horas de estágio supervisionado, pensando na formação integral e articulada dos licenciandos, docentes acrescentando à essas horas práticas, possibilidades de reflexão sobre o ato de lecionar, inseridos num processo de ensino aprendizagem que em cada curso é posto em prática de acordo com o projeto criado em parceria com as escolas/os acadêmicos/demais docentes  e estudantes dos cursos.

 

Com a proposta de residência pedagógica, que seria um projeto de extensão, há possibilidade dos estudantes participantes aproveitarem a disciplina de estágio supervisionado, esses são acompanhados por um professor bolsista na escola e outro na universidade, o projeto deve atender a cerca de 20 alunos por curso. Os demais estudantes sem bolsa, passam a serem diluídos entre os professores para que esses cumpram com a carga horária devida e o estágio passa a ser visto como é atualmente o processo de orientação de monografias de graduação, onde cada professor que nem sempre está inserido no debate intenso do processo de formação, atende um número de estudantes. Dessa forma, na residência pedagógica, o estudante ficará em sala de aula por 100 horas por semestre, tendo que colocar em prática, exatamente essas mudanças curriculares propostas em nível nacional, como se fosse num “treino de futebol”, um ensaio para colocar em prática as mudanças propostas pelo Banco Mundial.

 

Ledo engano pensar que a residência pedagógica é um projeto novo, desafiador, que mostra a intenção do governo em melhorar a formação nas licenciaturas. De fato, não há intenção de criação de um novo projeto que contraponha esse processo de educação que não prioriza a autonomia e a criticidade da formação docente, pelo contrário, há sim o fortalecimento da implementação das políticas de ataques sociais, e que atingem o cerne da construção da autonomia das licenciaturas. Essas mudanças de fato se integram num plano de desmonte da educação pública, quando não temos aprovadas as condições mínimas de funcionamento da educação no Brasil, as licenciaturas seguem minguando e as vezes “nadando contra a corrente” que vem se fortalecendo a cada dia.

 

Precisamos lutar juntos, criar projetos que contraponham essas políticas juntos, pois enquanto essa união não for de fato consolidada, paixões que buscam seduzir docentes e estudantes podem ganhar status de amor, e essas são as mais perigosas de serem contrapostas.

 
 
 
 
Sexta, 08 Junho 2018 11:24

 

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Considerando a realização do Fórum de Licenciaturas, no campus Cuiabá da UFMT, na data de 8 de junho de 2018, em formato excludente aos professores envolvidos com as licenciaturas nos campus do interior, manifestamos nosso repúdio à forma como foi conduzida a organização do evento e, nessa posição, questionamos a representatividade de um fórum que ocorre sob negligência das contribuições e discussões dos e com os docentes das Licenciaturas em desenvolvimento na universidade nos seus campi do interior. Nossa perspectiva se inicia com o “convite” que não garante a participação integral de representantes de cursos das licenciaturas dos campi universitários do Araguaia e Sinop. Tendo em vista a discussão de extrema importância para a política de formação docente, que está intimamente relacionada à reflexão e debates sobre o estágio supervisionado, consideramos que somente uma ampla consulta, assegurada com a participação dos docentes de estágios supervisionado de todas as licenciaturas da instituição, é capaz de proporcionar legitimidade para a condução de propostas sobre o estágio nas licenciaturas da UFMT.

 

Argumentamos que o momento pelo qual passam as políticas universitárias em nosso país, principalmente aquelas voltadas à formação docente, impõe a necessidade de que as tomadas de decisão nesse sentido, principalmente em se tratando de um campo de conhecimento como é o estágio supervisionado (que possui legislação consistente que pauta a condução de processos institucionais), sejam objeto de ampla discussão sobre as finalidades e implicações sociais , considerando, em especial, a especificidade das licenciaturas.

 

Reiteramos o estágio supervisionado como momento formativo, indissociável da pesquisa, ensino e extensão e que, portanto, não pode ser assumido como orientação sem discussão sobre as características da escola de Educação Básica como espaço-tempo de produção de conhecimento, de crítica e construção de sentidos de cidadania. Defendemos o estágio supervisionado como itinerário formativo, momento singular da formação profissional, em que, sob orientação docente (na escola e na universidade) e reflexão conjunta do coletivo de professores e estudantes estagiários. Assinalamos que o estágio como disciplina permite a socialização e a reflexão sobre as experiências diversas de cada estudante estagiário e que isso amplia o aprendizado de todos nós sobre os processos educativos que ocorrem na Educação Básica.

 

Nesse formato, do estágio como disciplina, assume-se o estagiário como produtor de saber, e o próprio estágio como fonte de pesquisas. Ademais, consideramos necessário garantir o espaço no qual se o licenciando possa, com e a partir da pesquisa acumulada ao longo de décadas no campo da educação, experienciar a interação dos aportes teóricos e metodológicos, constituídos ao longo da graduação, com a realidade social que marca a escola brasileira. Para isto, ponderamos a importância do estágio como etapa formativa que porta intrinsecamente ocasião para o debate sobre e na prática profissional. Pensamos que somente através desta articulação é possível formar docentes capazes de interagir socialmente na direção de um horizonte de transformação social, de formação de sujeitos-cidadãos. Frente ao exposto, e inclusive por não termos viabilizada nossa participação efetiva no evento, nos posicionamos contra qualquer discussão que venha imprimir caráter de “orientação” ao estágio, mantendo-o, para o caso das licenciaturas, como uma disciplina prática-reflexiva, processo que consideramos imprescindível e que deve se garantido como decisões autônomas e com características adotadas por cada curso de licenciatura.

 

FORUM DAS LICENCIATURAS

 

Pensamos que para a construção de um fórum das licenciaturas, precisaríamos pensar num enfoque de caráter mais permanente que se propõe discutir temáticas que envolvem:

 

ü Pensar em qual é o espaço da licenciatura na UFMT?

ü Fomentar nos cursos de Licenciatura a busca de identidade e procurar pensar o que faz um professor;

ü Pensar qual é o caráter de ensino/pesquisa/extensão na formação do professor;

ü O estágio precisa ter características próprias;

ü Discutir os projeto pedagógicos de curso e pensar nas características do estágio no sentido de conhecer as características dos cursos de licenciaturas;

ü Fortalecer as pesquisas de formação dos professores de forma transversal;

ü Fomentar a construção de curso de pedagogia e/ou instituto de educação que busca articulação em licenciatura;

ü Fortalecer a formação docente na oferta do estágio supervisionado com a interface para a inclusão e Educação Especial: DI; Educação indígena; PNE

ü Reiterar o caráter formativo do estágio supervisionado

ü Articular Projetos articulados que se proponham a organizar recursos para a compra de instrumentos que sirvam à inclusão.

 

Barra do Garças 07 de junho de 2018

 

 

Docente dos cursos de Licenciatura da UFMT/CAMPUS UNIVERSITÁRIO DO ARAGUAIA

 

 

Quinta, 07 Junho 2018 13:17

 

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 Roberto Boaventura da Silva Sá

Prof. de Literatura/UFMT; Dr. em Jornalismo/USP

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A “greve dos caminhoneiros”, freada há alguns dias, ainda requer reflexões, afinal, aquele movimento causou uma impressionante paralisação no país.

A cobertura da mídia, que encobriu tudo o que não dissesse respeito àquela greve, fora prova disso. Nunca se patinou tanto em um mesmo tema. A sensação era de que, com os caminhões parados, os demais problemas tivessem sido estacionados, ou transportados a Marte.

Findado o movimento, é preciso tentar ver quem, e reflexionar sobre os porquês de tanta gente ter ido de carona – também chamada “boleia” – na mesma greve, fosse na cabine ou na carroceria dos caminhões.

Na cabine, onde se encontra o sistema de direção desses veículos, poucos duvidam de que, ali, estiveram muito mais os poderosos empresários de transportes do que os motoristas propriamente ditos, embora fossem estes, e não aqueles, os filmados pela mídia.

Paradoxalmente, os motoristas – que deram visibilidades à greve, não no “chão das fábricas”, mas no asfalto das estradas – foram os primeiros a ir de carona: um conjunto deles, de forma espontânea; outro, induzida. Em tais greves, o locaute é antigo. Na recém encerrada greve, basta ver a quem o conjunto de “conquistas” favoreceu de fato.

Os caminhoneiros autônomos – que aderiram ao movimento por conta própria – foram como os demais brasileiros que, espontaneamente, apoiaram a greve. Os motivos disso passam por uma complexa e estrutural saturação econômico-social vivenciada pela maioria de nosso povo.

Essa postura de apoio vindo da população – que, por conta da greve, padecia pela ausência de produtos diversos – contrariou nosso passado, quase sempre de repulsa, perante quaisquer movimentos de luta.

Em geral, a tendência da maioria, influenciada pela atuação da mídia, sempre foi de se colocar contrária a qualquer tipo de paralisação, independentemente da categoria. Mas a estrutural saturação acima de que falei (falta de emprego, de governo, de perspectiva etc.) parece ter sido maior do que a falta de qualquer tipo de necessidade imediata, fosse onde fosse, em postos de combustível, supermercados etc.

Todavia, no miolo da onda nacional de um apoio impensável a uma greve das mais estranguladoras socialmente falando, grupos anônimos de oportunistas, de antagônicos lados político-ideológicos, também pegaram carona no vácuo da mesma greve.

Juntos, quiçá, com objetivos diferentes, tais agrupamentos impuseram-nos um clima de preocupação. Por conta disso, a presidente do STF, há alguns dias, fez defesa pública da democracia e da República.

Como ápice da estupidez, registro as manifestações, alhures, pedindo a volta dos militares. Cito como exemplo, um vídeo que recebi. Ali, em importante cidade paranaense, um grupo fizera apologia ao militarismo em frente a um batalhão.

Estarrecedor!

Mal sabem aquelas pessoas que, em ditaduras, até mesmo manifestação daquele teor seria, no mínimo, vigiada. Impossível não se lembrar de “Não chores mais”, versão de Gilberto Gil a “No woman, no cry” de Bob Marley:

Bem que eu me lembro// Da gente sentado ali// Na grama do aterro sob o sol// Ob-observando hipócritas// disfarçados, rondando ao redor

A lógica mais elementar das ditaduras é a de vigiar e proibir a presença pessoas reunidas, independentemente da quantidade. Para tais regimes, isso já é sinal de motim.

Lamentável ver tais caroneiros em marcha ré, rumo à força militar. Mesmo com problemas, jamais poderíamos menosprezar a democracia, que, sem dúvida, precisa ser esmerada; contudo, trocada, nunca mais. 

Quarta, 06 Junho 2018 17:04

 

 

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JUACY DA SILVA*
 

A gasolina, o etanol, o gás de cozinha, os remédios, os planos de saúde, a energia, os impostos, tudo está aumentando, inclusive a incompetência e a corrupção na administração pública em todos os níveis, regiões e setores.


Os caminhoneiros fizeram greve que parou o país e trouxe sérios reflexos de ordem econômica, social e humana, o desabastecimento prejudicou o país inteiro; o governo concedeu, de joelhos, tudo o que queriam os grevistas exigiam,  inclusive, baixou o preço do óleo diesel que vai, na verdade, beneficiar não só os caminheiros autônomos, mas muito mais os grandes grupos de transportes de cargas, transporte urbano, intermunicipal, verdadeiras máfias que alimentam e são alimentadas pela corrupção e o povão mesmo sofrendo, sendo explorado pelos especuladores e alta dos preços ainda está batendo palmas! muito masoquismo!


Quem paga a conta disto tudo, inclusive das benesses concedidas pelos nossos governantes aos grandes grupos econômicos, através de renuncia fiscal bilionária e juros subsidiados, que totalizam mais de R$450,0 bilhões por ano é o povão e a classe média, na forma de cortes de recursos orçamentários do SUS, do bolsa família, da reforma agrária, do combate à violência contra a mulher, da segurança pública e outros setores, arrocho salarial e, também dos subsídios para a PETROBRÁS, destruída pela corrupção e incúria de nossos governantes de plantão, incluindo no momento a garantia lucros oriundos de preços escorchantes dos combustíveis.


Porque não se consegue mobilizar a população inteira contra esta carga tributária, que é uma verdadeira extorsão? Uma das causas da greve dos caminhoneiros? por que o povo não sai mais `a rua para pedir FORA TEMER, FORA CORRUPTOS, como fez quando do “FORA DILMA, FORA LULA, FORA PT?”.


A carga tributária atual, que vem crescendo desde o governo FHC, já beira 40% do PIB e, pelo seu caráter regressivo, penaliza o consumo e,  de forma mais cruel os pobres e a classe média. A classe média , os trabalhadores , os micro, pequenos e médios empresários trabalham cinco meses por ano, de janeiro a maio, apenas para pagar impostos, taxas e contribuições que são destinados em mais de 50% somente para financiar o déficit, os juros e encargos da divida dos governos federal, estaduais e municipais e pelo menos mais 30% para custeio da máquina publica, além de uma boa fatia roubadas pela corrupção que tomou conta das instituições publicas e meio empresarial,  razão pela qual pouco ou nada sobra para investimentos ou financiamento das politicas públicas, gerando um caos em todos os serviços públicos, penalizando, mais uma vez o povão, os trabalhadores ou, enfim, quem necessita de saúde, educação, transportes e segurança púbica


Estamos vivendo tempos estranhos em nosso Brasil, quando pseudodemocratas estão flertando com pré-candidatos de extrema direita, que são,  na verdade,  simpatizantes do NAZIFASCISMO e suas formas nefastas de ação.


O futuro de nosso pais pode ser pior do que o presente, a depender dos pré-candidatos que até agora não apresentaram propostas de como sair desta crise,  faltam propostas para a área econômica, para resgatar a saúde, a educação, a segurança pública e demais setores que estão sucateados, como sair da armadilha do endividamento público (a dívida publica interna até final de abril já era de R$ 3,659 trilhões de reais e a divida externa atingiu US$134,1 bilhões de dólares, que ao câmbio dos últimos dias representam mais R$505,9 bilhões de reais).


Só de juros, encargos e uma pequena parcela de pagamento desta divida publica praticamente impagável, são gastos quase 50% do Orçamento Geral da União, ou seja, quase um trilhão de reais a cada no e continua aumentando diariamente.


Os pré-candidatos também não conseguem apresentar propostas para uma verdadeira reforma do estado/administração pública, propostas para uma justiça mais ágil, uma justiça fiscal que distribua a carga tributária de forma mais equitativa e reduza os privilégios dos grandes grupos econômicos, para o meio ambiente, propostas para reduzir as desigualdades sociais, desigualdades regionais e setoriais, propostas para as áreas da ciência, tecnologia e da educação, enfim, um plano de desenvolvimento estratégico, de médio e longo prazos para o Brasil,  devidamente articulado com planos estaduais e municipais, evitando esta mixórdia que é a gestão pública em nosso pais.


Falta aos candidatos uma visão de future, muito além das próximas eleições que balizem o rumo do país para os próximos dez ou 20 anos e não um conjunto de ideias simplistas e improvisadas, que são apresentadas aos eleitores com a única finalidade de pedir votos e depois virar as costas para o povo e o país, buscando seus interesses ou de grupos econômicos que vivem assaltando os cofres públicos em benefícios próprios, sacrificando ainda mais a população.


Enfim, os partidos políticos, os pré-candidatos e a grande mídia continuam enganando a população e mistificando o povo brasileiro, com meias verdades, mentiras, falsas promessas e muita demagogia, enfim, contribuindo, em muito, para aumentar a alienação e o desespero de uma população pacata, alienada e sofrida!


Quando vamos acordar desta letargia? Afinal, não é dito e está escrito na Constituição Federal de 1.988 que em seu artigo primeiro, parágrafo único estabelece  “todo o poder emana do povo que o exerce através de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição” ? ou então que democracia “É o governo do povo, para o povo e pelo povo”? Será que isto é realmente verdadeiro ou apenas letra morta, para “inglês ver”?


Vale a pena refletirmos sobre tudo isso e agirmos, lutarmos para construir um país decente, com justiça social, sem miséria, sem exclusão, sem pobreza e igualdade de oportunidade para todos, principalmente para quem vive ou sobrevive em condições sub-humanas, sem a mínima dignidade enquanto uns poucos, incluindo os marajás da república vivem nababescamente `as custas do dinheiro público, mamatas e dos privilégios criados nas entranhas do poder, tão avidamente disputado pelos eternos oportunistas de plantão, a maioria dos quais figurinhas carimbadas e já bem manjadas, inclusive um grande numero de fichas sujas, que já deveriam ter sido fisgados pela LAVA JATO e outras operações do gênero.


Só assim podemos falar em “estado democrático de direito” e em país desenvolvido econômica, social, politica e ambientalmente. Sem isso, tudo, inclusive as eleições de outubro próximo, não passam de um grande “blá, blá, blá” e muita enganação!


 
*JUACY DA SILVA, professor universitário, UFMT, aposentado, mestre em sociologia e articulista/colaborador de diversas veículos de comunicação. EmailO endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Blog www.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy

 

Quarta, 06 Junho 2018 14:30

 

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 Roberto Boaventura da Silva Sá

Prof. de Literatura/UFMT; Dr. em Jornalismo/USP

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Em 1989, logo após o término da ditadura, os “Engenheiros do Hawaii” lançaram a canção “Nau à deriva” por conta do desgoverno Sarney, que, à época, embora fosse do Maranhão, pertencia ao PMDB do Amapá.

Sarney era vice de Tancredo, morto inesperadamente assim que fora eleito – ainda que pelas vias indiretas – na disputa com Maluf, hoje, um político decrépito e preso, ainda que em regime domiciliar.

Não tardou, e Sarney, sempre de mãos dadas com os militares, atirou o país em profundo caos; daí que, para os “Engenheiros”, a “nau” (metáfora de Brasil) estava “à deriva, no asfalto ou em alto mar”, “longe demais/ do cais do porto/ perto do caos”.

Hoje, o caos já preocupa; e outra vez nos encontramos nas garras do PMDB, agora, repaginado como MDB. Aliás, esse partido, há décadas, se revitaliza em torno dos ensinamentos do príncipe de Falconeri, qual seja, “tudo deve mudar para que tudo fique como está” (O Leopardo, de Lampedusa).

Ao demarcar o MDB, não esqueço de nenhum outro partido que já tenha ocupado a presidência pós-golpe/64. Cada qual aprontou as suas, ou no campo da política, e/ou no da ética. Desta, de forma mais direta, refiro-me, em especial, a mensalões e a petrolões de tucanos e de petistas, gêmeos da mesma política neoliberal, herdada de Sarney e Collor. 

Por isso, tucanos e petistas não podem ser isentados de nada deste momento. São igualmente corresponsáveis pela atual tragédia. Ambos são irmãos políticos do MDB de Temer et caterva. Infelizmente, todos são espécies do mesmo balaio.

Por conta desse quadro de degradada igualdade entre nossos velhos e velhacos políticos, podemos estar à beira de um enorme equívoco eleitoral. Fato ou foto concreto(a) é que, perante o acúmulo de tantos problemas na condução política de nosso país, está se escancarando, agora, uma porta pra lá de perigosa: o apoio à militarização no país.

Era o que faltava! No caos, o que está ruim realmente parece que pode ficar ainda pior. Impressionante.

Durante a greve do setor dos transportes rodoviários, inicialmente, induzida e conduzida, como sempre, por sagazes empresários desse setor, pôde-se ver de tudo. E de tudo que se pôde ver, destaco os aplausos aos militares, aliás, já convocados por Temer por mais de uma vez para “botar ordem na bagunça geral”.

A aceitação tranquila de pontuais intervenções militares – muitas vezes e alhures até aclamada por cidadãos mais jovens – é o resultado concreto da falência no ensino de História e disciplinas correlatas. Tais aceitações e aclamações são estarrecedoras.

Portanto, pior do que o fracasso decantado, em prosa e verso, dos ensinos de Língua Portuguesa e Matemática, incluo agora o desastre do ensino de nossa história contemporânea.

Pela explicitação do completo desconhecimento do significado das “páginas infelizes” (citando Chico Buarque), produzidas por golpistas de 64, talvez alguns estudantes possam até saber quem descobriu o Brasil, mas não aprenderam, ou não compreenderam, quem fez tanta gente partir “num rabo de foguete”.

Fazendo a referência acima, extraída de J. Bosco e A. Blanc, com raras exceções, tenho a sensação de estar – aos do público mais jovem – desperdiçando metáforas, construídas tão bela e dolorosamente com base nos tempos de arbítrio.

Pena que os “pancadões” não dão conta de profundidade alguma. Por isso, muitas pancadas poderão vir por aí, afinal, parece que se pavimentam perigosas esquinas, as mesmas das quais se referia Belchior em “Como nossos pais”.

Quanto risco!

 

 
 
 
 
Segunda, 04 Junho 2018 10:06

 

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JUACY DA SILVA*
 

O antigo PMDB, atualmente, MDB foi maior e o aliado preferencial dos governos Lula e Dilma, dividindo com o PT e diversas outros partidos, a grande maioria que continua apoiando o Governo Temer. Neste contexto, Temer e seus parceiros são co-responsáveis por todas as mazelas que o atual governo imputa aos dois governos anterioes.

Em um dado momento, quando Temer escreveu o documento “Uma ponte para o futuro”, na verdade estava balizando as manobras, consideradas golpistas pelo PT e demais partidos de esquerda, antigos aliados nos governos Lula/Dilma, que culminaram com o “impeachment” de Dilma, possibilitando a Temer e ao MDB ocuparem a Presidência da República, sem ter a chancela dos eleitores.

O Governo Temer tem sido fustigado duramente nesses pouco mais de dois anos por acusações e investigações de corrupção, incluindo o próprio presidente que, por duas vezes, só escapou de ser investigando e processado pelo STF, graças a uma maioria constituida por parlamentares fisiológicos e mais de uma centena também investigados por corrupção, além de mais de dez de seus ministros que também estão sendo investigados por crimes de colarinho branco e alguns que até ja estão presos.

As diversas pesquisas de opinião pública tem  demonstrado que Temer é, ao lado de Sarney, também “medebista” que herdou um governo sem votos, gracas `a morte de Tancredo Neves, um dos ou talvez o mais impopular governate da história republicana, em mais de um século. Os niveis de rejeição do governo Temer e a avaliação extremamente negativa que a população faz do desempenho do próprio presidente, o deixa sem apoio nas massas, diferente de Lula, que , mesmo preso continua sendo o preferido dos eleitores, conforme todas as pesquisas de opiniã vem demonstrando, inclusive uma do IBOPE e outra do Vox Populi desta semana.

Diante de um governo que podemos denominar de incompetente, principalmente por não conseguir planejar suas ações, que ocorrem ao sabor do momento ou da cirse em curso e que não tem visão estratégica e nem dialética dos fatos politicos, econômicos e sociais, a gota d’água foi a indicação de Pedro Parente para a direção da Petrobrás, um Tucano da época de FHC, de quem o PMDB e o proprio Temer eram parceiros  e sócios, com carta branca para fazer o que bem entendesse, para “recuperar” a maior estatal brasileira, dilapidada e destruida pela corrupção, da qual o partido de Temer também participou, conforme a LAVA JATO vem demonstrrando sobejamente.

Ao alinhar os preços dos combustíveis, inclusive do etanal que é produzido no Brasil, aos preços internacionais do petróleo e `a variação do dollar, estava sendo montada uma bomba relógio que iria explodir no colo do governo, como aconteceu com aquela bomba do Rio Centro que explodiu, literalmente, no colo de um militar que participaria de um grande atentado durante o periodo dos governos militares.

Além disso, Temer herdou, para sua desgraça uma enorme carga tributária que vem sendo elevada continuamente desde o governo FHC e que hoje já beira os 40% do PIB brasileiro, sem que o cidadão e a população consigam ver os frutos desta extorsão tributária na forma de servicos públicos de qualidade. O povo é sacrificado, paga trilhões de reais em impostos, taxas e contribuições e nada recebe em troca, o que não deixa de ser uma vergonha nacional.

O Governo Temer, além  de impopular e incompetente, também tem se mostrado fraco, pusilânime diante do crime organizado que age abertamente, diante da corrupção que continua correndo solta no país e em seu próprio governo; diante dos politicos fisiológicos que não apenas chantageiam seu governo mas também estão com um pé em duas canoas,prestes a abandoner o barco; e, agora, diante desta greve dos caminhoneiros e dos grandes grupos empresariais ligados ao setor de transporte, um setor marcado também por muita corrupção, verdadeiras máfias que agem contra os interesses do povo não apenas no transporte urbano, mas também no transporte intermunicipal e de cargas.

Mesmo tendo aceito, de joelhos, todas as reivindicações dos caminhoneiros e dos empresarios do setor de transportes; ou mesmo tendo ameaçado o uso da força policial e dos militares não tem  conseguido acabar com a greve e possibilitar o retorno da normalidade neste setor estratégico da vida nacional, colocando em risco não apenas as atividades econômicas, mas a vida das pessoas.

Diante da arrogância dos grevistas e indignação da população tem faltado ao Governo Temer a coragem para o uso da forca para por fim a esta crise, que a cada dia se torna mais grave e que poderá encurtar seu mandato ou até mesmo colocar em risco a estabilidade democrática e institucional.

A bomba está com o pavio  embebido em gasolina e pronta para explodir, só está faltando quem vai acender o pavio, com muita probabilidade antes de meados de setembro, quando termina o mandato da Ministra Carmem Lúcia como presidente do STF e em seu lugar será empossado o ministro Dias Tofoli, antigo colaborador de José Dirceu, o todo poderoso ministro do Governo Lula. Quem viver verá!



*JUACY DA SILVA, professor univeristário, UFMT, mestre em sociologia, articulista e colaborador de diversas veiculos de comunicação. EmailO endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Twitter@profjuacy Blog www.professorjuacy.blogspot.com

 

Terça, 29 Maio 2018 10:31

 

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para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
 
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      Na semana que passou o país se viu refém dos caminhoneiros e o governo se mostrou perplexo, fraco e, também refém do movimento.  Diante disso tudo, pode-se fazer um paralelo com o atual movimento estudantil que ocorre na UFMT.  Eu não vou me estender falando sobre contradições de ambos os movimentos, principalmente sobre as do movimento estudantil e suas imitações dos movimentos esquerdistas, já expostas brilhantemente pelo artigo de Roberto de Barros Freire – “Autoritários são os outros”– prova de que, para a nossa sorte, ainda há vida inteligente e sensatez dentro de áreas do conhecimento hoje dominadas por ideologias superadas.  O paralelo que quero fazer é entre a administração da UFMT e o governo TEMER. Ambos demoraram para dar uma resposta enérgica, no sentido de eficaz, aos movimentos e quando deram respostas foram respostas paliativas que não convenceram ninguém. Feito o paralelo, vamos ao nosso problema acadêmico.

       De forma diferente do que ocorre no governo central, houve uma clara sabotagem dentro da administração da UFMT. Explico. Gente oportunista com complexo de messias ou querendo colher futuros dividendos eleitorais para cargos dentro da estrutura administrativa da universidade, manipulou e protegeu descaradamente os excessos dos estudantes, deu uma aula magna sobre como manipular e proteger as massas de manobra. Como se não bastasse, agiu sabotando ou se voltando contra qualquer tentativa de conciliação dentro dos órgãos colegiados. Outros, os mesmos de sempre, viram uma chance de carona no movimento alheio e perderam feio em uma assembleia onde os sindicalizados deixaram claro que não irão aprovar qualquer tentativa de greve inútil, sem motivo ou que pegue carona em movimentos ou reivindicações de outras categorias, dando o recado evidente de que greve é um recurso muito precioso para ser desperdiçado fazendo média com outras categorias.

       A consequência de tudo isso não poderia ser mais desastrosa: uma interpretação torta, seja intencional ou não, das ditas “notas de apoio” de docentes, técnicos e órgãos colegiados como um passe livre para os estudantes fazerem o que quiser e  um comando de “greve” estudantil que não reconhece as ações do DCE – a única instância legítima de representação e defesa dos interesses estudantis – e nem as instâncias da administração superior, o que é mais grave.  Há gravações de cenas de desordem, desrespeito e provocações ao CONSUNI por parte dos “grevistas”, os mesmos que dizem querer democracia e respeito. O Brasil é uma democracia representativa e as universidades públicas tendem a replicar o modelo, e é o que tem funcionado por décadas. Os representantes dos conselhos superiores são eleitos por todos, inclusive com o voto dos alunos – a bravata “não me representa” não cabe aos membros dos conselhos –. Se querem se fazer ouvir nos conselhos, que articulem com seus respectivos representantes indiretos e diretos (discentes) e que façam ocupar os espaços reservados aos discentes que segundo informações dos próprios discentes, hoje estão vagos. Não é fazendo barulho e nem tumultuando reuniões do CONSUNI E CONSEPE que conseguirão alguma coisa, tais ações só provam a imaturidade dessa turma e causam constrangimentos.

      Os conselhos, como instâncias administrativas devem ser formados em sua maioria pelo pessoal que conhece a estrutura e o funcionamento da universidade e da administração pública, tal como preconiza a legislação. Vejam bem, tudo é regulado por uma legislação e se os estudantes querem paridade nos conselhos, que se organizem e marchem para Brasília a fim de pedir ao congresso que mude a lei. Por força dessas mesmas leis, as instâncias superiores não podem e não devem ser atropeladas em virtude de caprichos pueris de um grupo de pessoas que não reconhecem nada, apenas aquilo que gritam ser seu direito pétreo. De sorte, mesmo que de forma tardia, os últimos dias têm mostrado que a administração saiu do entorpecimento e letargia e está deixando claro que irá sim, dialogar, mas que as decisões finais serão tomadas nas instâncias competentes, como deve ser.

 

 

Prof. Dr. Ricardo Stefani

Professor do ICET/CUA/UFMT

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Nota de Rodapé

1- http://www.adufmat.org.br/2015/index.php/comunicacao/espaco-aberto/item/3084-autoritario-sao-os-outros-roberto-de-barros-freire

 

Quarta, 30 Maio 2018 10:27

 

Há muito engano nos discursos políticos em torno do preço dos combustíveis atualmente. A elevada carga tributária incidente sobre produtos de consumo no Brasil é certamente um fator de peso na composição dos preços finais, mas a sua discussão nos últimos dias vem ofuscando o entendimento de uma nova correlação de forças na Petrobras. Alterações desde 2016 na sua política de formação de preços determinaram não somente um novo patamar de valores como também um novo perfil de variações, ao transferir o risco financeiro das flutuações cambiais e do preço internacional do petróleo para o consumidor final. Isso em um ambiente de recuo da capacidade nacional de refino, com consequente aumento da importação líquida dos derivados. Tais movimentos ocorreram sob demanda de uma diretoria executiva composta por nomes dedicados a dar um quê liberal aos rumos do setor de óleo e gás no País.

 

Parece ter se tornado um senso comum - no sentido de verdade auto-evidente - que tais medidas visavam salvar a própria empresa das ingerências e “interferências populistas” dos últimos governos do Partido dos Trabalhadores. Há pouco mais de dois anos o governo Temer vem jogando com esse sentimento aparentemente inquestionável de que tudo vem sendo feito para corrigir os desmandos de uma década de governos mal-intencionados. Não à toa lançou, recentemente, no slogan comemorativo dos 2 anos, a cínica frase “No fundo, você sabe que melhorou”. Recorre-se assim à naturalização da ideia de que suas reformas pró-mercado e austeras são óbvias e inevitáveis, ainda que não precisem ser demonstráveis em resultados benéficos à população. Que parte significativa dos discursos vinculados na mídia e nas redes sociais partam desses pressupostos, apenas demonstra que de certa forma trata-se de uma ideologia bem-sucedida.

 

Prossigamos com o caso concreto da Petrobras. Hoje está claro que a corrupção que vigorou na empresa não se resume apenas a desvios ocasionais promovidos por agentes corrompidos, e sim reporta a todo um sistema de relações de negócio – ora espúrios, ora legítimos – entre grandes empresas e o Estado, capitaneando interesses mútuos de empresários e políticos. Os partidos que ora ocupam o poder nunca foram coadjuvantes no comando de empresas desse porte, mas aproveitando-se da desconfiança dos contribuintes, apressaram-se em impor uma faceta de gestão “técnica” orientada ao mercado, bem como em promover medidas de privatização, comandados pelo mais novo presidente, Pedro Parente.

 

Aqui não há como deixar de notar o paralelo com o que se passou na reestruturação do setor elétrico que teve início em meados da década de 1990. O processo de privatização dos ativos seguiu em conjunto com uma série de alterações normativas que buscaram assegurar o preço da eletricidade referenciada não mais aos custos de produção acrescidos à remuneração do capital, mas ao “custo de oportunidade”, simulando a competição entre agentes geradores. A adaptação de modelos “importados” da Inglaterra para a realidade predominantemente hidráulica da nossa matriz elétrica levou à insuficiência de investimentos em expansão e resultou no racionamento de 2001. Não deveríamos nos concentrar na pessoalização das forças políticas em jogo, mas a ironia de a mesma pessoa – Pedro Parente – estar no centro de ambas as crises salta aos olhos. Hoje, pagamos um dos preços mais altos do mundo pela energia elétrica, mesmo com as fontes cujos custos operacionais são os mais baratos.

 

Agora o que está em disputa na Petrobras tem a ver com esta renda oriunda da diferença entre o preço da commodity no mercado internacional, atualmente na casa dos U$ 80, e o custo de extração do petróleo, que na área do pré-sal, por exemplo, está na ordem de US$ 8 o barril. Os agentes econômicos desse mercado e seus acionistas vêm se beneficiando das direções políticas dos últimos anos, pois a eles é destinada a apropriação privada da mencionada renda e parecem estar bem protegidos pelo governo. No entanto, mais uma vez o remédio liberal demonstrou, como temos acompanhado desde a última semana, provocar graves efeitos colaterais. Vamos aceitar a socialização dos prejuízos? Por incrível que pareça há quem defenda o aumento da dose. 

 

 Vinicius Teixeira é Mestre em Energia pela USP

 Danilo Souza é Professor na UFMT

 

Segunda, 28 Maio 2018 14:47

 

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Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
 
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Estudantes, não se permitam mais serem chamados de (a)lunos, alunos são seres sem luz, que necessitam que alguém os instrua, por meio do conhecimento, ou seja, alunos são seres que recebem de seus/suas mestres/professoras/es a luz, coisa que vocês têm aos milhares de lúmens. Pois bem, demonstro, em meio a um prognóstico sombrio sobre o futuro de todo um país após as aprovações irrestritas das PEC do teto de gastos, estudantes da UFMT, diretamente atingidos por essa política, insurgem-se contra os cortes nas políticas de assistência estudantil, iluminam os 3 campi desta universidade e reacendem a chama de quem sabe que é só por meio das lutas coletivas que conseguiremos mudanças efetivas. Venho acompanhando o movimento estudantil e as movimentações para a deflagração da greve agora em curso, acompanhei os debates, algumas atividades, assembléias e… Sinceramente, quanta lucidez há nas análises feitas, no projeto de universidade que desejam e na manutenção da mobilização apesar das manobras reitorais.


Notei neste movimento, algo que não havia percebido nas outras vezes, uma lúcida consciência de que a luta é coletiva! Tirando uns ou outros que talvez tenham essa luz bloqueada pelas abas dos bonés ou chapéus ou insulfim das caminhonetes, no geral, o que se vê pelo campus em Cuiabá e inteiror são estudantes em luta! E que lição! Por isso, não se permitam mais serem chamados/as de (a)lunos/as.


Quem dera eu fazer parte de uma categoria de pessoas iluminadas, sabedoras das teorias  e que percebessem a mobilização coletiva como única forma de garantia de direitos, porém, o destino (pra quem acredita) foi mais tenebroso comigo e me entocou em uma oca, digo, caverna de onde mal se pôde observar as sombras das formas daquilo que estava ocorrendo à luz do dia, debaixo dos nossos narizes. Lá de dentro, muitos representantes da minha categoria, sem conseguir enxergar, apenas ouviam dizer que alguns direitos foram cortados, que uma mudança nas regras de contrato de trabalho foram feitas, que muita gente ficará sem poder se aposentar e que, alguns/mas estudantes ficarão sem comer. E foi lá de dentro que, mesmo sem conseguir ver sequer a porta por causa das luzes queimadas, a maioria dos “meus” decidiu que não havia conjuntura para realizarmos um enfrentamento à altura dos cortes aos nossos direitos. Prevaleceu o discurso de quem, talvez, ao aproximar o balão com o qual pairava sobre a materialidade da realidade, teve suas vistas ofuscadas pelo sol mato-grossense. Por isso, estudantes, não se permitam mais serem chamados de alunos/as.


Agora, vejam só vocês, os ilusionismos da vida, uma semana depois dessa opaca análise da categoria docente eis que, na calada da noite, temos mais 28,8% de nossos direitos ceifados e a disposição para uma greve reacende. Contudo, não se iludam achando que esse corte nos fez ver a importância da coletividade, a fotografia é de um cenário bem mais denso, o obscurantismo prevalece!


Portanto, estudantes sim, alunos não, pois o brilho da universidade tem resistido pela vitalidade da pedagogia coletiva que vem sendo forjada pelos faróis das pautas concretas. Do lado de cá, infelizmente, docentes inertes, nossa luz no fim do túnel, pode ser o trem da história, nos atropelando sem piedade.

 


Profa. Vanessa C. Furtado
Departamento de Psicologia - UFMT Cuiabá