“Não é no silêncio que os seres humanos se fazem, mas
na palavra, no trabalho e na ação-reflexão”.
Paulo Freire
A Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária da Universidade Federal de Mato Grosso – JURA UFMT 2021 tem o prazer de convidar toda a comunidade para participar do “ATO PELA VIDA: TERRA, LUTA E RESISTÊNCIA”.
O evento será realizado no dia 20 de agosto de 2021 em Cuiabá, na Praça Alencastro, das 17h às 19 horas.
O Ato pretende ser um momento de celebração, acolhida e de reflexão sobre a memória, lutas e resistência dos movimentos sociais e das mais diversas organizações da sociedade civil, de diversas vivências e confissões religiosas, buscando colocar em evidência a memória das vítimas da Covid19, bem como a luta de todos os povos por seus territórios, pela terra e pela Reforma Agrária em nosso Estado.
Para compor a mística do Ato, convidamos todas as pessoas a trazerem suas bandeiras, cartazes, velas, fotografias, nomes de pessoas vítimas da Covid-19 e, também, algo que possa representar os frutos da terra para compartilhar (uma fruta, por exemplo).
Lembramos o cuidado com o uso de máscaras, álcool gel e de manter distância segura entre pessoas. Será ótimo também trazer a sua água e um banquinho ou uma almofada para ficar mais confortável durante o Ato.
Até lá!
Comissão organizadora da JURA UFMT 2021
Dizer que o processo de colonização foi marcado por destruição e desigualdades de classe, raça e gênero, utilizando-se de diversas formas de violência, é uma ofensa?
O episódio ocorrido em Sinop nos últimos dias demonstrou, mais uma vez, que a história do Brasil e do mundo, contada historicamente pelas elites, não é só mentirosa. É, sobretudo, estratégica para a manutenção de uma lógica de exploração, baseada nas diferenças - que deveriam, ao contrário, representar as verdadeiras riquezas da humanidade.
Os mais de 300 anos de capitalismo - isto é, de ganância e crueldade - nos trouxeram para onde? Para um mundo onde milhares de pessoas passam fome; onde a natureza pede socorro; onde pessoas morrem e matam umas as outras para obter poder; onde para muitos, já adoecidos, não faz mais sentido viver. A ciência comprova isso, e esse é motivo pelo qual ela ainda incomoda tanto.
Por isso, nessa sexta-feira, 20/08, às 19h, o De Papo com Almerinda vai abordar o tema "Ciência não é Ofensa", novamente com a participação do professor do Departamento de Psicologia da UFMT, Maelison Neves e a administradora e técnica do IFSP Guery Baute.
Não perca, a partir das 19h, nos canais oficiais da Adufmat-Ssind do Facebook e do Youtube.
Link direto para o Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=R1offQiLhiA
Indígenas de todo o país preparam-se para retomar as mobilizações, em Brasília, no Distrito Federal, contra o chamado “marco temporal”. O texto que restringe direitos dos povos originários deverá ser julgado pelo STF (Superior Tribunal Federal) no dia 25. Os atos deverão ocorrer entre os dias 22 e 28, com a organização do acampamento A Luta Pela Vida.
A matéria teve seu julgamento adiado no dia 30 de junho, após um forte processo de luta travado pelos indígenas ao longo de todo o mês. Além dos atos em Brasília, um grande dia nacional de protestos ocorreu no dia 13 de julho, com mobilizações nas principais capitais do país, bem como em rodovias no interior dos estados.
“Precisamos seguir mobilizados contra projetos de lei que violam a própria Constituição. Sigamos para a capital federal soando nossos maracás e entoando nossos cânticos. Fazemos esse chamado, ainda durante a pandemia, porque não podemos calar. Que o país ouça seus povos originários”, afirma Raquel Tremembé, da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas e integrante da Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil).
Os manifestantes também têm denunciado o Projeto de Lei (PL) 490, que altera o Estatuto do Índio. Aprovado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), em junho, o texto estabelece o marco temporal e uma série de outros ataques. A votação na Câmara dos Deputados poderá ocorrer a qualquer momento.
“Caso o STF opte por essa tese anti-indígena, acabará por legalizar o esbulho e as violações do passado que nos persegue até hoje. Estarão promovendo uma avalanche de outras decisões inconstitucionais, anulando demarcações e aumentando invasões e conflitos”, alerta Raquel.
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Entenda o “marco temporal”
O marco temporal é um critério jurídico que será analisado pelo STF. O caso específico trata-se de uma ação de reintegração de posse movida pelo governo de Santa Catarina contra o povo Xokleng. A decisão tomada servirá de diretriz para a gestão federal e demais instâncias da Justiça.
O marco temporal tem amplo apoio dos ruralistas, pois estabelece que a demarcação de territórios somente poderá ocorrer se os povos indígenas provarem que ocupavam a área anteriormente ou na data exata da promulgação da Constituição Federal, em 5 de outubro de 1988.
Por não considerar as remoções forçadas e expulsões ocorridas até a Constituição Federal entrar em vigor, o texto é considerado um verdadeiro crime. Além disso, o tema também ignora o fato de que, até 1988, era vedado aos povos indígenas recorrer à Justiça para defender seus direitos.
“O que será pautado é o reconhecimento ou a negação do maior direito indígena que é a terra. Se esses povos não estavam em suas terras é porque tiveram seus territórios invadidos e usurpados. Somos e fomos violados há 521 anos. Como forma de sobrevivermos a tudo isso tivemos de sair de nosso solo sagrado. Por isso, pedimos aos apoiadores da causa indígena que se juntem a nós nessa luta pelo bem viver coletivo”, conclui Raquel.
2ª Marcha de Mulheres
Após 28 de agosto, os indígenas permanecerão acampados(as) em mobilização e à espera da 2°Marcha das Mulheres Indígenas que ocorrerá entre 7 e 11 de setembro.
Fonte: CSP-Conlutas
A precarização absoluta das condições de trabalho contida nas propostas da Medida Provisória 1.045 não se aplica apenas aos trabalhadores no setor privado. A MP também traz ataques para os serviços públicos através da criação do “Programa Nacional de Prestação de Serviço Social Voluntário”.
O programa, proposto incialmente por Onix Lorenzoni, recém-empossado como ministro do Trabalho, segue a mesma lógica geral da MP 1.045: criar uma categoria de trabalhadores sem qualquer direito trabalhista e remuneração irrisória também nos serviços públicos.
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Segundo o texto, o programa é destinado a jovens de 18 a 29 anos e a pessoas com mais de 50 anos, para atuar em áreas de interesses dos municípios. Permite uma jornada de até 48 horas por mês, limitada 6h diárias, no máximo, em três dias por semana. Contudo, é permitida a prorrogação da jornada e regime de compensação de acordo com o município.
Sem qualquer vínculo trabalhista, o programa vincula a contratação à realização de um curso de qualificação profissional. As prefeituras irão definir o valor do salário que não poderá ser inferior ao valor do salário mínimo/hora e a União poderá pagar até 50% do valor pago pelo município, limitado a R$ 125 por pessoa.
Precarização e sucateamento dos serviços públicos
A criação deste programa de serviço social “voluntário” segue uma lógica que já vem sendo implementada pelos governos, seja através de contratações sem qualquer remuneração ou tipo bolsa-trabalho.
Segundo a servidora estadual e dirigente da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas, Adriana Stella, são formas precarizadas de contratação que substituem mão-de-obra que deveria ser de trabalhadores concursados para fazer atividades e serviços públicos. Ainda segundo ela, a medida se soma ao projeto da Reforma Administrativa que, na prática, levará à destruição dos serviços públicos.
“É escandaloso que, sob o falso discurso de gerar empregos para jovens, estejam liberando que empresas e Prefeituras façam contratações em condições absurdamente precárias, sem qualquer vínculo trabalhista ou direito. Além da superexploração desses jovens trabalhadores sob a denominação de serviço voluntário, é uma forma de não realizar concursos públicos”, denunciou Adriana.
“Essa relação de trabalho adulterada implica em vários problemas tanto no serviço como no atendimento à população. Um destes problemas têm a ver com o fato de que a relação laboral não têm o mesmo vínculo e, por isso, os trabalhadores precarizados não estão submetidos ao estatuto que define as obrigações. Entre estas obrigações, destaca-se a de denunciar irregularidades e possíveis atos de corrupção, que os servidores são obrigados a reportar”, disse.
“Outro problema tem a ver a com a questão da continuidade dos serviços públicos. Como são relações precarizadas, há uma forte rotatividade, prejudicando a continuidade das ações. Trabalhos começam sem a certeza que serão concluídos ou a conclusão é prejudicada por essa rotatividade”, explicou.
A não realização de concursos públicos pelos governos ao longo dos anos vem impactando a reposição de servidores que se aposentam. Segundo dados do PEP (Painel Estatístico de Pessoal), do governo federal, ministérios, fundações e agências reguladoras, além de órgãos como INSS, IBGE, Ibama e Incra, entre outros, têm a menor taxa histórica de reposição de funcionários que se aposentam. Na média dos últimos três anos, apenas 11,6 mil novos servidores foram contratados.
É isso que resulta em cada vez menos servidores para atender a população nas filas do INSS, nas fiscalizações trabalhistas, de proteção ao meio ambiente, contra a sonegação de impostos e outros deveres do Estado.
Abaixo a MP 1.045
Depois de ter sido aprovada na Câmara no último dia 10 de agosto, a MP 1.045 irá à votação no Senado, ainda em data a ser definida. É preciso pressão total para que os senadores rejeitem os ataques desta MP nefasta, que ao invés de gerar empregos, vai resultar em desemprego e precarizar as condições de trabalho no país.
Nesta segunda-feira (16), as Centrais Sindicais encaminharam uma carta (baixe aqui) ao Senado, em que reivindicam o veto à MP 1045. As entidades ressaltam que, se for aprovada, a MP “acarretará em mais precarização no mundo do trabalho, diminuindo a proteção laboral, social e previdenciária, sempre com o discurso de que as alterações promoverão a geração de empregos no Brasil, embora todas as medidas anteriores não tenham obtido tal resultado.
O dia nacional de paralisações e protestos marcado para este dia 18 de agosto será o primeiro dia de mobilizações que deverá unificar em luta servidores públicos, trabalhadores de estatais e de outras categorias. “Precisamos fortalecer essa unidade e avançar na construção de uma Greve Geral no país. Só isso pode barrar a política ultraliberal que o governo Bolsonaro, com apoio do Congresso, está impondo a classe trabalhadora”, concluiu Adriana.
Fonte: CSP-Conlutas
A diretoria do ANDES-SN vem por meio desta manifestar sua solidariedade à Professora e Vereadora no Munícipio de SINOP-MT Graciele Marques dos Santos (PT) e à Professora Lélica Elis Pereira de Lacerda, vinculada a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), que vêm sofrendo ataques de seguimentos da direita por suas posturas em defesa dos direitos sociais e ambientais.
No dia 13 de agosto de 2021, a Professora Graciele, por meio de seu mandato, propôs e fez a mediação na realização de uma audiência pública na Câmara Municipal de Sinop-MT tendo como temática a PEC 32/2020 – Reforma Administrativa. Na oportunidade várias entidades da sociedade civil, estudioso(a)s e sindicatos estiveram presentes e fizeram considerações sobre o tema, entre essas o ANDES-SN representado pela Regional Pantanal. Uma das intervenções foi realizada pela professora Lélica Lacerda (UFMT-Cuiabá) que traçou o contexto histórico do processo de colonização de Mato Grosso, com destaque ao munícipio do Sinop-MT. Diante das críticas ao agronegócio, ao latifúndio, ao racismo e ao machismo estruturais, seguimentos da direita mato-grossense destilam seu ódio e intolerância em ataques virtuais e presenciais. No pleno da Câmara Municipal de Sinop-MT, no dia 16 de agosto as professoras foram ameaçadas de processos judiciais, entre os quais, racismo reverso.
Reiteramos que não existe racismo reverso, na medida em que a experiência colonizadora que funda o racismo que ainda hoje vivenciamos no Brasil não fez um caminho inverso na história, seguiu e segue sendo a colonização europeu sobre o continente Africano e Americano.
Os ataques dirigidos às professoras ferem diretamente a liberdade de expressão e a democracia, a luta empreendida por aquele(a)s que têm como horizonte um país efetivamente justo, igualitário, livre de opressões e atentam à liberdade de livre pensamento docente. São permeados por fake news e expressam o conservadorismo violento e o autoritarismo costumeiro desses seguimentos. Repudiamos todos os ataques, perseguições, ameaças e prestamos nossa solidariedade às professoras Graciele e Lélica, duas companheiras comprometidas com a defesa da educação, dos serviços públicos, dos direitos das mulheres, da população negra, LGBTQIA+ e dos povos originários!
Não irão nos calar!
Brasília(DF), 17 de agosto de 2021.
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Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
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Saudamos a iniciativa de debate a partir de Audiência Pública, na Câmara Municipal de SINOP-MT, sobre a PEC 32/2020, explicitando seus malefícios para a garantia de direitos, de cidadania e de políticas sociais universalizantes! A atividade foi realizada em 13 de agosto de 2021, proposta e mediada pela Vereadora Profª Graciele. Nesse mesmo sentido, repudiamos veementemente os ataques desferidos contra a vereadora e a professora do nosso departamento, Lélica Elis Lacerda, nas redes sociais, em programas de televisão local e presencialmente na Câmara de Vereadores de SINOP-MT, em Sessão do dia 16 de agosto.
Destacamos: 1) O papel da audiência pública como forma de diálogo e de ampliação do debate público sobre questões que atingem toda a sociedade; 2) A importância de liberdade acadêmica, teórica e política da nossa professora e que deve ser prezada e defendida por todos nós, um ataque a esse princípio é um ataque a toda a Universidade e ao debate democrático na sociedade; tal intervenção cumpre ainda o papel social da universidade de contribuir com o conhecimento produzido por esta nos debates e temas públicos; 3) O Direito de assistentes sociais de apoiar e/ou participar dos movimentos sociais e organizações populares vinculados à luta pela consolidação e ampliação da democracia e dos direitos de cidadania; 4) A importância de fazer um debate profundo e crítico sobre o nosso processo de formação social e as expressões de exploração e opressões que lhe foram e são característicos.
Por tais razões e pela longa e rica experiência que este departamento e suas professoras possuem em ensino, pesquisa, extensão e atuação política, posicionando-se de forma crítica frente aos dilemas da profissão, da universidade e da sociedade mato grossense e brasileira, reforçamos nossa solidariedade e apoio à profª Graciele; à profª Lélica e a todos os envolvidos na importante audiência pública realizada em SINOP.
Cuiabá-MT, 17 de agosto de 2021
Colegiado de Departamento de Serviço Social da UFMT
Quarta-feira, 13/08, é dia de Greve Nacional dos Servidores Públicos. Por isso, a Adufmat-Ssind realizará uma Live, às 19h, para debater o tema com representantes de diversas categorias de servidores locais e nacionais.
Com o tema "Contra a PEC 32 e o Desmonte Público! Diga não à Reforma Administrativa! Em defesa dos Serviços Públicos", o debate, que será mediado pelos docentes Raquel Brito e Breno Santos, da UFMT, e Matheus Pontes, do IFMT, receberá representantes do Sindes pela Base (Desenvolvimento Econômico e Social), Sintect (Correios), Sinetran (Detran), além das entidades de trabalhadores da Educação Adufmat-Ssind, Sinasefe e ANDES-Sindicato Nacional.
O evento será transmito pelas redes sociais da Adufmat-Ssind no Facebook e Youtube.
Não perca! A luta contra a PEC 32 é de todos!
Link direto para o youtube: https://www.youtube.com/watch?v=HB2xqeZRW_s
Com 59 votos favoráveis, sete contrários e cinco abstenções, o Conselho Universitário da Universidade Federal do Rio Grande do Sul aprovou, na sexta-feira (13), a destituição do reitor interventor, Carlos Bulhões, e da vice-reitora interventora, Patrícia Pranke, nomeados arbitrariamente pelo governo federal, em setembro de 2020. O pedido para que os gestores sejam destituídos será enviado ao Ministério da Educação (MEC).
Outras medidas, já aprovadas pelo Consun, também serão encaminhadas, como a apresentação ao Ministério Público Federal (MPF) de um documento apontando indícios de violação dos princípios da legalidade e publicidade (Art. 4 da Lei 8.429/92) – que podem caracterizar, inclusive, prejuízo ao patrimônio público, e a solicitação de instauração de Processo Administrativo Disciplinar (PAD), no Ministro da Educação (MEC), contra Bulhões.
Em julho, o conselho aprovou um parecer elaborado pela Comissão Especial paritária criada para avaliar as arbitrariedades cometidas pelo reitor interventor, como, por exemplo, uma reforma administrativa na Ufrgs, com a criação Pró-Reitoria de Inovação e Relações Institucionais (PROIR) à revelia do Consun.
“O ANDES/UFRGS, que desde a nomeação vem se posicionando e lutando contra o autoritarismo da Reitoria interventora e pelo afastamento, comemora este passo importante na manutenção da democracia e da autonomia universitária”, manifestou, em nota, a Seção Sindical do ANDES-SN na UFRGS.
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Conselho Universitário da UFRGS reprova arbitrariedades de reitor interventor e votará sua destituição
Fonte: ANDES-SN (com informações do ANDES/UFRGS ).
O Ministério Público Federal (MPF) denunciou o coronel da reserva do Exército Sebastião Curió Rodrigues de Moura, conhecido como major Curió, pelo homicídio qualificado e ocultação do cadáver do camponês Pedro Pereira de Souza, o Pedro Carretel. O coronel já foi recebido pelo presidente Jair Bolsonaro, no Palácio do Planalto, em maio de 2020.
O assassinato ocorreu no início de 1974, no sudeste do Pará. A vítima era integrante da guerrilha do Araguaia, movimento de resistência armada contrário à ditadura militar-empresarial brasileira, que atuou entre as décadas de 1960 e 1970. Na época, Pedro Carretel já tinha se entregado aos militares, estava preso e era obrigado a trabalhar como guia do Exército nas matas da região, conforme a denúncia do MPF enviada à Vara Única da Subseção Judiciária de Marabá.
Um grupo chefiado por Curió levou a vítima de uma base militar conhecida como Casa Azul, em Marabá (PA), até uma fazenda em Brejo Grande do Araguaia, e executou o preso a tiros enquanto ele estava sentado e de mãos amarradas. A base era utilizada para interrogatórios, torturas, prisões e assassinatos de camponeses, camponesas e militantes.
Segundo a denúncia do órgão, os demais membros das Forças Armadas que auxiliaram Curió a matar o guerrilheiro ainda não foram identificados ou já estão falecidos. O cadáver da vítima foi ocultado e os restos mortais não foram encontrados até o momento, registra a ação, assinada por sete procuradores da República integrantes da Força Tarefa Araguaia, do MPF.
Denúncia
Ajuizada no último dia 9 de agosto, e divulgada na segunda-feira (16), essa é a décima denúncia do MPF contra militares por crimes na repressão à guerrilha. No total, já são sete denúncias pelos assassinatos de dez opositores à ditadura, duas denúncias pelo sequestro e cárcere privado de seis vítimas e uma denúncia por falsidade ideológica. Sebastião Curió, que comandou o combate aos guerrilheiros, é acusado em sete das dez ações criminais.
Extermínio como política estatal
Dados oficiais, relatórios produzidos sobre o assunto e investigações realizadas pelo MPF atestam que a repressão política à guerrilha do Araguaia foi responsável por quase um terço do número total de desaparecidos políticos no Brasil durante a ditadura militar-empresarial, destaca a denúncia.
Para o MPF, o extermínio dos guerrilheiros decorria de diretrizes padronizadas e planejadas pelo Exército, e não de excessos pontuais ou casos isolados. As práticas criminosas traduziam a política estatal, que determinou o comportamento dos agentes militares no Araguaia, frisam os procuradores da República na denúncia. Estima-se que 67 integrantes do movimento de resistência foram mortos durante o conflito com militares. Desses, 41 foram presos, amarrados e executados quando não ofereciam risco às tropas.
Essas práticas foram especialmente violentas durante a terceira e mais sangrenta fase de combate à guerrilha, batizada de operação Marajoara, da qual Pedro Carretel foi uma das vítimas. Segundo o Ministério, Curió e os militares subordinados a ele, mataram as e os guerrilheiros, mesmo quando rendidos ou presos com vida, e pela forte repressão aos moradores locais como forma de obter informações e impedir a perpetuação da guerrilha.
Na operação Marajoara houve o “deliberado e definitivo abandono do sistema normativo vigente, decidindo-se pela adoção sistemática de medidas ilegais que visavam, notadamente, o desaparecimento forçado dos opositores”, assinalam os procuradores da República.
O MPF trava um embate jurídico desde 2012 pela responsabilização dos militares envolvidos em atos criminosos cometidos durante o regime ditatorial, por considerar que representam atos de lesa-humanidade. Por isso, com base no direito internacional e em decisão da Corte Interamericana de Direitos Humanos (caso Gomes Lund vs Brasil), tratam-se de crimes não alcançados pela prescrição ou anistia.
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Após a Câmara dos Deputados aprovar sem debate o projeto de privatização da Empresa de Correios e Telégrafos (ECT), as trabalhadoras e os trabalhadores da estatal se preparam para intensificar a mobilização contra os ataques do governo federal. Nesta terça-feira (17), serão realizadas assembleias em todo o país para avaliar a deflagração de greve por tempo indeterminado.
As votações ocorrerão a partir das 22h de terça. Nos locais que possuem terceiro turno, as assembleias acontecem à 0h da quarta-feira (18). O calendário foi definido pelos 36 sindicatos nacionais e direção da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect) em uma plenária nacional realizada no dia 7 de agosto.
A mobilização se dará de maneira unificada à Greve Nacional das servidoras e dos servidores públicos, no dia 18 de agosto, para marcar a unidade da classe trabalhadora, iniciar uma greve fortalecida com um calendário construído junto às centrais sindicais. A data também será um dia de luta da campanha Fora Bolsonaro e contra a reforma Administrativa que contará, além das e dos servidores públicos, com a participação de trabalhadoras e trabalhadores do setor privado, movimentos populares e estudantis e sociedade civil.
Atualmente, os ecetistas travam uma disputa com a direção dos Correios pela Campanha Salarial. Até o momento, a empresa estatal sequer ofereceu algum reajuste salarial, dificultando o avanço das negociações.
Luta unificada
A privatização dos Correios e a reforma Administrativa (PEC 32) são duas frentes de ataque do governo Bolsonaro que reduzem o papel do Estado na garantia dos serviços públicos à população. Com a privatização, o serviço postal deixa de ser um patrimônio público, ficando nas mãos da iniciativa privada. Já a PEC 32 irá promover a desestruturação de serviços públicos, em especial aqueles relacionados aos direitos sociais garantidos constitucionalmente à população.
“As nossas perspectivas são boas e a categoria fará uma grande greve. Queremos reforçar a convocatória para que todos trabalhadores e trabalhadoras participem das assembleias em seus estados. A organização dos trabalhadores é fundamental para esta grande luta”, conclui Geraldinho Rodrigues, dirigente da Fentect e integrante da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas.
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Fonte: CSP-Conlutas (com edição e acréscimo de informações do ANDES-SN)