Segunda, 09 Março 2020 09:29

 

A Adufmat, Seção do ANDES – SN, recebe com enorme pesar a notícia da morte de Daniquel Oliveira do Santos, coordenador de infraestrutura do MTST na Ocupação Fidel Castro, em Uberlândia, Minas Gerais. Ao que tudo indica, Daniquel foi executado, na madrugada do dia 05 de março de 2020, por agentes da Polícia Militar do Estado de Minas. Os relatos que chegam dos lutadores e lutadoras sociais da região é que Daniquel era um militante valoroso e combativo, cujo trabalho na coordenação do movimento era essencial para o pleno funcionamento da ocupação. Foi por conta deste trabalho, de sua luta, que Daniquel foi assassinado.


Estamos nos aproximando dos dois anos desde a execução da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, cujas mortes desvelaram o lado mais sujo do Estado brasileiro, um Estado leiloado, miliciano. Não podemos nos furtar a conectar esses dois crimes. Marielle e Daniquel foram assassinados por conta das lutas que travaram ao lado do povo, lutas estas que ameaçam hegemonias locais e nacionais que lucram em cima da miséria, da exploração, da tortura, do assassinato. Daniquel construiu, por mais de três anos, o movimento por moradia digna em Uberlândia. Seu trabalho e sua luta serão sempre lembrados.


A Adufmat – SSIND manifesta seu pesar por esse crime brutal e oferece sua solidariedade a familiares, amigos/as e companheiros/as de Daniquel. Acreditamos que sua morte não será em vão, muito menos o que ele fez em vida. Nos colocamos ao lado daqueles/as que tombaram pelas mãos do Estado e do legado que nos deixam. Em memória de Daniquel, nenhum minuto de silêncio pelos nossos mortos, e uma vida inteira de luta por justiça. Força, MTST! Força, Ocupação Fidel Castro! Avante, lutadores e lutadoras que estão na linha de frente contra a barbárie brasileira!

 

Adufmat – SSIND

Sexta, 06 Março 2020 21:22

 

Cinco pontos servirão de referência para a greve docente que será construída em Mato Grosso em 2020: a defesa da universidade pública, gratuita, laica, de qualidade, democrática e socialmente referenciada; a revogação da MP 914/20 e contra o Projeto Future-se; a defesa da autonomia administrativa, financeira e didático-científica (art. 207 da CF/88); a luta contra a Reforma Administrativa: em defesa do Serviço Público e da Carreira Docente; a reposição das perdas salariais e garantia de paridade entre ativos e aposentados; a revogação da Emenda Constitucional 95/16 e a recomposição dos investimentos para a Educação.

  

A discussão foi incluída como ponto de pauta no início da assembleia geral da Adufmat-Ssind, realizada essa sexta-feira, 06/03. Conforme a convocação, também estavam na pauta da assembleia debates sobre conjuntura, ofício 08/2020 do MEC, processo eleitoral da UFMT, contratação de um publicitário para a Adufmat-Ssind, além dos informes.

 

Os pontos que balizarão a pauta da greve foram elaborados em reunião da diretoria do sindicato com o Comando Local de Mobilização e serão apresentados na reunião de setor do ANDES-SN, marcada para os dias 14 e 15/03.   “Ninguém está congelando a pauta da greve, não somos nós que protocolamos. Mas esses pontos formam uma pauta mínima para a nossa mobilização. São um horizonte”, explicou a professora Raquel Brito que, também por decisão da assembleia desta sexta-feira, representará a Adufmat-Ssind junto ao diretor do sindicato, Armando Tafner.  

 

Análise de Conjuntura

 

Além do debate sobre como conseguir despertar os docentes a respeito da gravidade que os ataques aos direitos representa, as discussões sobre a conjuntura envolveram reflexões acerca do cotidiano da universidade, e a primeira reunião do Consuni realizada após a renúncia da reitora Myrian Serra. Segundo os relatos, o atual reitor, Evandro Soares, continua cometendo os mesmos erros de condução dos processos democráticos, tal qual a antiga reitora.

 

Com relação aos fatos nacionais que marcaram a semana, a professora Alair Silveira destacou as bananas que o presidente deu à população, enquanto demonstrava mais uma vez seu desapreço a uma das ferramentas democráticas mais importantes: a informação. “Na minha avaliação, não foi um desrespeito apenas aos jornalistas, mas a toda a sociedade, a milhões de desempregados”, afirmou.

 

Os docentes destacaram que é preciso observar com atenção as manifestações convocadas para os próximos dias, pois servirão de termômetro para avaliar a construção dos próximos passos da categoria em defesa da universidade e dos serviços públicos.  

 

Diante da turbulenta conjuntura, que evidencia também o aumento da violência contra lutadores sociais, os docentes aprovaram a elaboração de uma nota lamentando o assassinato do coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) em Minas Gerais, Daniquel Oliveira dos Santos, e outra nota repudiando as convocações para o ato do dia 15, suas implicações, e conclamando a categoria para a Greve Geral em Defesa da Educação do dia 18/03.

 

Os docentes decidiram não realizar atividades dentro da universidade no período da manhã no dia da Greve Geral, mas orientar a participação da categoria, caso a comunidade acadêmica realize alguma intervenção. Os esforços serão concentrados na participação da categoria no ato unificado da Praça Alencastro, que terá início às 18h.     

 

Ofício 08/2020/MEC

 

Após o ofício 08/2020 do MEC determinando a suspensão de novas progressões e outros direitos, já chegaram ao sindicato relatos de que as progressões foram concedidas, mas não houve incorporação ao salário. Diferentemente da UFMT, que se mantém em silêncio sobre o documento, outras universidades anunciaram que atenderão a demanda do MEC. Por isso, a Adufmat-Ssind enviou, esta semana, um documento à administração solicitando uma resposta formal.

    

“É muito grave retirar direitos por meio de um ofício, ferindo a constituição. Por isso eles estão mudando também a constituição, um ofício não tem poder normativo maior do que a Lei de Carreira e uma Lei Orçamentária. Por isso nós temos de cobrar uma posição política do reitor. Implementar isso ou não é uma decisão política”, afirmou o professor Maelison Neves.

 

O ANDES – Sindicato Nacional realizará uma análise jurídica do ofício 08/2020 em reunião nacional marcada para o dia 13/03. No entanto, a categoria não planeja investir apenas em recursos jurídicos. “A ofensiva contra os direitos e serviços públicos é articulada entre os três poderes. É um problema do Estado, não se pode apostar apenas na judicialização”, afirmou Alair Silveira.

 

“Isso é confisco, além de termômetro para medir a capacidade de leitura desse processo e reação da categoria”, avaliou a professora Sirlei Silveira, também defendendo ações que contribuam para uma reação política da categoria.

 

Após o debate, foi aprovado realizar uma campanha junto aos servidores públicos, aprofundando a comunicação entre as categorias do setor; fortalecer a frente dentro do Congresso Nacional para dialogar com parlamentares dispostos a defender os serviços públicos; realizar um debate sobre a Emenda Constitucional 95, que congela os recursos destinados aos direitos públicos por 20 anos; realizar um debate sobre o orçamento da universidade; e solicitar à administração o orçamento previsto e executado desde 2014.

 

A diretoria deve avaliar se realizará assembleia logo após a Reunião de Setor do ANDES-SN, que será realizada em Brasília entre os dias 13 e 15/03.

 

A Assembleia dessa sexta-feira aprovou, ainda, a contratação formal de um publicitário para a Adufmat-Ssind, e a reserva de outdoors e busdoors em Cuiabá e nos municípios das subsedes até o final do ano para agilizar campanhas em defesa da universidade e dos servidores públicos. O ponto de pauta “processo eleitoral na UFMT - MP 914: um direito a menos” foi remetido para a próxima assembleia.

 

 

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

Sexta, 06 Março 2020 16:52

 

O Ato será às 16h, na Praça Ulisses Guimarães (em frente ao shopping Pantanal), e contará com diversas atrações culturais locais  

 

O 8 de Março tem se consolidado como Dia Internacional de Luta das Mulheres, e não apenas um dia especial para as mulheres. Em todo o mundo, as manifestações têm sido cada vez mais politizadas, conscientes de que ainda há muita coisa a mudar. As vitórias femininas são, sim, motivos de orgulho. No entanto, sobreviver aos altos índices de feminicídio, à objetificação, ao mercado de trabalho desigual e às jornadas triplas não são vitórias a serem comemoradas, tal qual um jogo. Esses obstáculos, definitivamente, não devem mais existir na vida das mulheres.

 

Para denunciar a persistência desse cenário, agravado pela atuação desastrosa de um governo de ideias retrógradas, as mulheres de Cuiabá irão às ruas neste domingo, junto a milhares de outras trabalhadoras do mundo. A organização local é do coletivo Mulheres na Luta, que constrói cotidianamente atividades para pautar temas feministas em diferentes espaços, além de mobilizações. A Adufmat-Ssind é uma das entidades que contribui com a organização do 8 de Março, junto ao coletivo.

 

“O local foi escolhido pela simbologia. A Praça Ulisses Guimarães leva o nome de quem promulgou a Constituição Federal de 1988, que é diariamente rasgada pelos governos, massacrando direitos, e essa mesma praça foi o local do ato “Ele Não”, realizado em 2018. Ocupar essa praça vai ser uma demonstração de que as mulheres não cederão ao militarismo e à violência”, explica a diretora da Adufmat-Ssind, Lélica Lacerda.

 

“Este ano, nós, mulheres aqui de Mato Grosso, iremos participar do 8M internacional. Como a gente não poderia deixar de fazer, vamos pisar o pé na rua, levar nossa voz à rua. Porque depois da Reforma da Previdência, Reforma Trabalhista e agora Reforma Administrativa, nós não poderíamos deixar de ir às ruas dizer que nós queremos a revogação das reformas, somos contra a Reforma Administrativa, que têm atingido a vida dos trabalhadores, mas diretamente a vida das mulheres. Além disso, as taxas de feminicídio têm crescido assustadoramente de 2018 a 2020, e isso a gente precisa mostrar, a gente precisa dizer para todos”, afirmou Patrícia Acs, do Mulheres na Luta.

 

Acs destacou ainda a importância da atividade nos últimos anos, sua capacidade de agregar mulheres de todo o mundo e movimentar politicamente a partir das pautas e discussões dos últimos 8 de março. “O 8M 2020 vem com toda a força, toda a resistência que nós mulheres temos mantido nessa luta”, acrescentou.  

 

Agenda

 

A programação do chamado 8M já começou. Nessa sexta-feira, 06/03, mulheres foram ao Posto de Saúde do bairro Jardim Renascer para uma Roda de Conversa sobre o protagonismo das mulheres.

 

Também na sexta e na quinta-feira foi realizado o Encontro de Mulheres pela Vida: discussão sobre feminicídio e violência contra a mulher, no auditório do Museu Rondon/UFMT, às 18h.

 

No sábado, 07/03, às 8h, haverá a Marcha Rosa – MT Mama, com o tema “Quem tem câncer não pode esperar”, justamente num momento em que o Hospital do Câncer anuncia que não atenderá mais pacientes por falta de recursos. A concentração será na Praça Alencastro.

 

Dia 08/03, Ato às 16h, na Praça Ulisses Guimarães, com diversas atrações culturais.

 

Entre as atrações culturais, devem se apresentar Nay Silva, Lua Brandão, Nega K. Bulosa, Luisa Lamar, Karola Nunes, Josi Crispim, Carla Vecchia, Hend, Aline Fauth, Anne Duarte, Renata Crizanto e Cena Livre.

 

Ainda no dia 08/03, também às 16h, a Adufmat-Ssind expõe o painel “Não somos números”, na edição desse ano do Samba das Pretas. Serão exibidas imagens de mulheres conhecidas pelo trabalho na arte, na ciência, na política, entre outros, além de mulheres que foram vítimas de feminicídio no estado.  

 

No dia seguinte, 09/03, as mulheres se reunirão no Auditório da Adufmat-Ssind, às 19h, para avaliar o ato e continuar a organizar as próximas atividades.

 

Para marcar mais um ano sem respostas sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco e Anderson Gomes, as mulheres programam um evento no dia 14/03. O ato “Quem Matou Marielle Franco e Anderson Gomes?” ainda tem local e horário a definir.

 

No dia 27/03, haverá nova Roda de Conversa sobre o protagonismo das mulheres, dessa vez no Posto de Saúde do bairro Pedregal.

 

Manifesto

 

Para marcar o 8M 2020, o coletivo Mulheres na Luta divulgou um manifesto, disponível abaixo na íntegra.

 

MANIFESTO PELA VIDA DAS MULHERES


No dia 8 de março, voltaremos às ruas mais uma vez!

Nas pequenas vilas, distritos, municípios e grandes metrópoles; nas casas, nas fábricas, locais de estudo, nas vielas e ruas, onde houver uma mulher, haverá, como sempre, luta, resistência e reivindicação! Os tons de nossas vozes, mais uma vez, se erguerão contra os retrocessos do conservadorismo e reacionarismo que mais se sub-servem do sistema patriarcal para nos retirar direitos políticos, sociais, culturais e econômicos, expondo nossa frágil democracia. Estamos no estado do agronegócio, e este é um dos estados que mais matam mulheres. O estado do agro atinge a vida das mulheres quando o dinheiro público, que deveria ser investido em serviço público para melhor atender à população, escorre pelo ralo das isenções fiscais bilionárias dadas ao agronegócio; o estado do agronegócio mata mulheres quando privilegia o agrotóxico em detrimento da vida de mulheres e crianças; mais mata mulheres quando o poder público ignora nossas vidas e não investe seriamente em políticas públicas contra violência às mulheres e os feminicídios.

Como nos anos anteriores, no dia 8 de março, também comemoraremos as conquistas que se consolidam com sufrágio, participação política, com a relativa autonomia sexual e reprodutiva, com acesso ao trabalho. Mas, buscaremos, sobretudo, fazer deste dia um grande dia de mobilização e articulação de mulheres de todas as idades, regionalidades, sexualidades, raças e identidades de gênero/ sexual e de diferentes setores da sociedade em torno de pautas comuns e que nos são muito caras.

Nossas bandeiras se levantam pela luta contra a violência doméstica, de gênero e estrutural, que nos têm feito “alvos” em nossos próprios lares; pela legalização e descriminalização do aborto, que, a cada 1 minuto, é feito de forma clandestina e é o 5º maior causador de mortes  maternas no Brasil; pela equiparação e equidade salarial que, dada a desigualdade, precariza nossas condições de trabalho, emprego e renda; pela aposentadoria digna e justa, pois, no ciclo de vida que exige maior cuidado e intervenção do Estado, somos expostas à marginalização social e econômica, que através das jornadas contínuas e ininterruptas  de trabalho, associadas ao cuidado/doméstico, ou seja, trabalho não remunerado, imputa-nos uma redução na qualidade e expectativa de vida. Assim, lutamos pela revogação da reforma da previdência e trabalhista e nos posicionamos contra a reforma administrativa, que fragilizará ainda mais os direitos sociais que, hoje, sucateados, são, equivocadamente, apresentados como “benefícios”. Lutamos por uma vida digna, cada vez mais difícil com o aumento do custo de vida; vivenciamos o aumento da comida, do gás, da carne, energia, da água, do aluguel, daquilo que é necessidade básica na vida das mulheres mais vulneráveis economicamente. Uma vida digna significa uma vida sem as grandes dívidas feitas para manter o básico do dia a dia, dívidas geradas por um mercado que visa ao lucro acima das vidas humanas; uma vida digna é ter garantidos os direitos à Saúde e Educação públicas e de qualidade; ter uma vida digna é ter acesso às creches públicas, uma vez que, em Mato Grosso, apenas 30% da demanda é contemplada pelo poder público; ter uma vida digna é ter resguardado o direito a salários que não estejam desgastados, a uma previdência mais justa e condições de trabalho mais humanas – o que não nos é oferecido, principalmente, no setor das empresas terceirizadas, em que as mulheres são maioria e os salários e direitos são os mais precarizados.  

Temos o direito de viver uma vida livre de qualquer tipo de violência, agressão física, violação e abusos sexuais, mas o Estado Brasileiro, através do atual governo (Jair Bolsonaro), e sua prática machista, racista, misógina e LGBTfóbica, nos expõem e nos colocam num “lugar frágil” e, por isso, vulnerável. A recente fala misógina do presidente em relação à denúncia de uma jornalista de um jornal de grande circulação nacional o coloca como nosso inimigo número 1. Temos um governo que, com seu discurso, justifica e incentiva a violência contra as mulheres, uma vez que prega o machismo em seus pronunciamentos e o aplica em suas políticas de redução de direitos – “mulheres devem ganhar menos porque engravidam”; “mulheres podem ser estupradas”; “homens de outros países podem vir ao Brasil fazer sexo com as brasileiras”, como se fôssemos apenas carne, objeto, sexual. E é nessa mesma linha que se colocam as arbitrariedades da ministra Damares, que, por meio de discursos que querem se fazer de alucinantes, aliena toda a população daquilo pelo que verdadeiramente lutam os movimentos feministas e de mulheres. Embora os índices de feminicídios e violência contra as mulheres estejam aumentando de modo assustador, temos uma ministra que tenta negar essa violência e a nossa necessidade de igualdade; temos um governo que tenta destruir os direitos que conquistamos com muita luta.

Nossa saída é nossa organização e nossa luta! E é isso que queremos mostrar neste 8 de março!

Não podemos mais esperar! Contra a violência mantida pelo estado patriarcal! Por direitos! Por uma vida digna! Pela vida de todas nós!

“Pela vida das mulheres: contra a violência e autoritarismo, por direitos e uma vida digna!”

                                                                                                        

Cuiabá, 8M 2020

Mulheres de Mato Grosso na Luta!

 

 

 

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

             

Sexta, 06 Março 2020 14:41

 

 

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Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
 
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JUACY DA SILVA*
 

à medida que a crise ambiental, com destaque para as mudanças climáticas, se agrava, boa parte dos países, das lideranças mundiais, das organizações não governamentais e de um grande número de pessoas conscientes da gravidade e da urgência desta que é, sem duvida, a maior crise que o planeta enfrenta nos últimos séculos , percebemos que o tempo e a hora de agirmos está se esgotando inexoravelmente, antes que uma grande catástrofe coloque em risco a própria sobrevivência da espécie humana.

Isto não é alarmismo, apenas uma visão de future baseado em in formações científicas que estão à disposição até mesmo das pessoas mais simples.

Ou lutamos de verdade e não apenas com palavras para enfrentar a degradação ambiental ou um verdadeiro desastre, de proporção catastrófica irá se abater sobre a humanidade. Agora estamos diante de uma já quase pandemia decorrente do CORONAVIRUS, que já infectou quase cem mil pessoas e levou a óbito/morte pouco mais duas mil pessoas. Um verdadeiro pânico esta tomando conta do mundo, é o assunto que domina os meios de comunicação, abala as bolsas de valores ao redor do mundo, desestabiliza a economia e as finanças mundiais.

No entanto, a poluição do ar mata a cada ano mais de sete milhões de pessoas no mundo. Segundo dados da ONU e suas agências especializadas, incluindo a Organização Mundial da Saúde, em 2018 existiam 24,5 milhões de pessoas com AIDS, 228 milhões com malária e 10 milhões com tuberculose. As mortes decorrentes somente dessas três doenças no mesmo ano foram: AIDS, 770 mil óbitos; malária 405 mil e tuberculose 1,5 milhão; ou seja, total de 1,675 milhão de mortes. Outras informações indicam que só a FOME levou a óbito/matou mais pessoas do que essas três doenças juntas.

Todavia, mesmo diante de uma catástrofe como esta, onde quase dez milhões de pessoas morrem por doenças já conhecidas, diagnosticadas e que tem tratamento, ou diante da morte de milhões de pessoas só por poluição do ar, sem falar de outras mazelas ambientais que acabam também levando a morte a milhões de pessoas, como a falta de saneamento básico, falta de acesso à água tratada, habitações precárias e sub-humanas, essas tragédias pouca atenção recebem por parte de governantes, da mídia ou até mesmo por parte da população que parece estar a cada dia mais anestesiada diante de uma catástrofe sem precedente, decorrente da degradação ambiental.

É bom também mencionar que por ano 1,35 milhão de pessoas morrem em acidentes de trânsito nas avenidas/ruas das cidades e nas rodovias ao redor do mundo; mais 2,35 milhões de trabalhadores morrem vitimas de acidentes de trabalho; 464 mil são vitimas de homicídios a cada ano; por suicídio em 2017 foram 800 mil casos e óbitos/mortes por todos os tipos de câncer em 2017 foram 9,6 milhões de casos.

Alguém ou enfim, os leitores deste artigo, podem estar se perguntando, o que tem tudo isto a ver com o titulo do artigo? Passo a responder este questionamento relembrando que existe um silêncio conivente e pecaminoso quanto à crise ecológica e suas consequências, que na linguagem do Papa Francisco, na Encíclica Laudato Si (139), quando afirma “Não há duas crises separadas: uma ambiental e outra social; mas uma e complexa crise sócio ambiental. As diretrizes para a solução desta grave crise requerem uma abordagem integral para combater a pobreza, devolver a dignidade aos excluídos e, simultaneamente, cuidar da natureza”.

Diante deste Quadro complexo e grave, mesmo assim o Papa Francisco vê sinais de um novo despertar mundial (Laudato Si 19) ao afirmar que “ Depois de um tempo de confiança irracional no progresso e nas capacidades humanas, uma parte da sociedade está entrando em uma etapa de maior conscientização. Nota-se uma crescente sensibilidade relativamente ao meio ambiente e ao cuidado da natureza e cresce uma sincera e sentida  preocupação pelo que está acontecendo com o nosso planeta”.

Este despertar pode ser notado em relação a diversos governantes, organizações da sociedade civil, `as universidades, comunidade científica internacional, clubes de serviços, entidades esportivas, escolas e, também, em diversas igrejas ou grupos religiosos, com destaque para a Igreja Católica que tem mais de 1,2 bilhões de seguidores ao redor do mundo, evangélicos articulados pelo Conselho Mundial de Igrejas com mais de 500 milhões de fiéis; Igreja Católica Ortodoxa, diversas outras igrejas evangélicas como Luterana, Batista, Metodista, presbiteriana, algumas neopentecostais e até mesmo entre mulçumanos.

Essas igrejas/religiões possuem milhões de templos e locais de adoração, enfim, locais onde semanalmente ou até mesmo diariamente reúnem bilhões de pessoas ao redor do mundo para orarem/rezarem, ouvirem prédicas, homilias, sermões, estudarem as sagradas escrituras ou seus livros sagrados.

À medida que o despertar da consciência ambiental ou o que o Papa Francisco e diversos teólogos de diferentes credos religiosos denominam de conversão ecológica, tendo em vista que o desrespeito e a degradação ambiental é um pecado, o chamada pecado ecológico; neste contexto o papel das Igrejas na defesa, na preservação e conservação do meio ambiente é de suma importância. E este despertar deve ser convertido em obras, ações e não apenas em palavras.

Não se trata de transformar as igrejas em ONGs ou centros de debates ideológicos, mas sim, inserir a questão da ECOLOGIA INTEGRAL no contexto da fé que cada grupo religioso professa,  analisar e agir dentro dos parâmetros que tais textos indicam, afinal, para quem acredita que “ Deus, ou a divindade que seja o princípio criador, todas as obras na natureza foram criadas por Ele, inclusive o ser humano”. Assim, o papel das igrejas, religiões em geral e da Igreja Católica em particular é maior ainda pelas razões bem conhecidas.

Existem diversos sinais deste despertar, principalmente a partir do inicio da década de 1970, quando da publicação dos resultados dos trabalhos da Comissão Mundial sobre o meio ambiente e o desenvolvimento, que passou a ser conhecido como “NOSSO FUTURO COMUM”. Ao longo dessas praticamente 5 décadas a ONU tem feito um grande esforço para abrir espaço em suas Assembleias Gerais e outros fóruns internacionais buscando aprofundar o conhecimento científico sobre a crise ecológica e os riscos da degradação ambiental, principalmente para as futuras gerações.

Diversas conferências de Meio ambiente foram realizadas como a ECO-92 e a Rio+20, ambas em nosso país, os vários tratados e acordos internacionais sobre o clima com destaque para Kyoto e o mais recente Acordo de PARIS, além dos trabalhos de grupos de cientistas que monitoram com seus estudos sobre a questão das mudanças climáticas e seus reflexos no planeta.

Foi também iniciativa da ONU o estabelecimento dos OBJETIVOS DO MILÊNIO, que vigorou até 2015, tendo sido substituídos pelos OBJETIVOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL, ou agenda 2030, onde diversos dos 17 objetivos estão relacionados direta ou indiretamente com a questão socioambiental.

Cabe aqui alguns destaques ou realce para alguns desses objetivos, os quais foram firmados pela quase totalidade dos 195 países e territórios, inclusive pelo Governo brasileiro. Praticamente todos os 17 objetivos do desenvolvimento sustentáveis podem ser inseridos no paradigma da Ecologia integral. Vejamos: 1) Erradicação da pobreza; 2) Fome zero e agricultura sustentável; 3) saúde e bem estar; 4) Educação de qualidade; 5) Igualdade de gênero; 6) ‘Agua limpa e saneamento; 7) Energia limpa e acessível; 8) Trabalho decente e crescimento econômico; 10) redução das desigualdade dentro e entre países; 11) Cidades sustentáveis; 12) Consumo e produção sustentáveis; 13) Ação contra as mudanças climáticas; 14) Vida na água; 15) Vida Terrestre; 16) Paz, justiça e instituições eficazes.

Ora, se de fato, governantes e entes não governamentais estivessem de acordo com os compromissos firmados por praticamente todos os países, com certeza, tudo o que contém nos pressupostos e princípios da ecologia integral, nosso país e todos os demais não estariam enfrentando tantos problemas graves como os que já sobejamente conhecemos. O Brasil seria muito melhor e o mundo estaria em um novo patamar de desenvolvimento integral, diferente do que continuamos a perceber e sentir através da realidade tão cruel que dizima e exclui bilhões de seres humanos, o que não deixa de ser uma vergonha planetária.

Coincidindo com o “lançamento” dos objetivos do desenvolvimento sustentável, também em 2015, o Papa Francisco, de uma forma corajosa, destemida e inovadora publicou a chamada Encíclica Verde, a LAUDATO SI, que passou, desde então a ser uma referência tanto para a ação da igreja na questão do que se propugna seja não apenas um novo conceito, mas sim um NOVO PARADÍGMA, a chamada ECOLOGIA INTEGRAL quanto também para o agir das demais igrejas e credos religiosos. Como bem disse o Papa Francisco, a Laudato Si não é dirigida apenas aos Católicos, mas também “nesta Encíclica, pretendo especialmente entrar em dialogo com todos acerca da nossa Casa Comum”.

Para elaborar esta Encíclica o Papa Francisco guiou-se, primeiro, pelos princípios e verdades contidas na Bíblia Sagrada, secundado pela Doutrina Social da Igreja, desde a Rerum Novarum, de Leão XIII, em 1891, passando pela Quadragésimo Ano de Pio XI em 1931; pela Encíclica Mater et Magistra de João XXIII em  1961; a Populorium Progresso do Papa Paulo VI em 1967; do mesmo Papa também a Encíclicas Octagésima Adveniens, de 1971  e as três Encíclicas do Papa, hoje São João Paulo II Laborens Exercens de 1981; Sollicitude Rei Socialis, de 1981 e Centesimus Annus de 1991, em comemoração ao centenário da Rerum Novarum.

Cabe aqui um destaque quanto `a “consolidação” que foi fruto do trabalho do Pontifício Conselho  de Justiça do Vaticano em 2004, quando houve uma sistematização no “compêndio” da Doutrina Social da Igreja. Deve-se também destacar que outras contribuições que ajudaram a elaboração do texto final da Laudato Si também vieram dos resultados do Concílio Vaticano II, através da Encíclica Gaudium et Spes (Alegria e Esperança).

Mesmo que alguns setores da Igreja enfatizem que houve um certo “rompimento” ou mudança de rumo entre o Papado de Bento XVI e das ênfases, orientações e exortações apostólicas do Papa Francisco, percebe-se, como mencionadas na Laudato Si, que por diversas vezes Bento XVI também apresentou suas exortações quanto à necessidade dos cuidados com o meio ambiente, com constantes de suas Encíclicas Deus Caritas est (2005) e Caritas in Veritate (2009) quando afirma “Por isso a Igreja, com sua ação, procura não só lembrar o dever de cuidar da natureza, mas também e sobretudo, proteger o homem da destruição de si mesmo”.

Nesta mesma linha de raciocínio Bento XVI  afirma na Encíclica Caritas in Veritate (2009) que “o mercado, por si mesmo não garante o desenvolvimento humano integral e nem a inclusão social. Entretanto temos um superdesenvolvimento dissipador e consumista que contrasta, de modo inadmissível, com perduráveis situações de miséria desumanizadora”.

Além da influencia das diversas Encíclicas dos Papas que o antecederam, ao formular seu paradigma da ECOLOGIA INTEGRAL, o Papa Francisco se inspira também nos escritos do  jesuíta, teólogo e filósofo francês Pierre de Teilhard de Chardin, bem como nas obras de  Thomas Berry (1994), Leonardo Boff e Virgil Elzondo (1995), Michael Cohen (1993), Jacques Maritain. Todos esses pensadores e escritores refletiram sobre as inter-relações entre o ser humano e a natureza e a necessidade de uma abordagem integradora, holística.

De uma forma ou de outra surgiram diversos conceitos para possibilitar a análise da realidade ambiental e suas interrelações com o ser humano, na busca do “progresso” e “desenvolvimento”.

Leonardo Boff e Elizon tanto em 1995 quanto 1997 destacam que existe uma conjugação entre o grito da terra e o grito dos pobres e que somente através do paradigma da ecologia integral que leve em consideração os aspectos culturais, sociais, políticos, econômicos e espirituais poderão viabilizar a ecologia integral em suas ligações necessárias para um desenvolvimento integral, sustentável, harmônico e, verdadeiramente, humano, que não gere pobreza, fome, miséria e nem exclusão social.

Para o Papa Francisco este é o caminho quando descreve essas realidades da ecologia ambiental, da ecologia econômica, da ecologia social, ecologia cultural e da ecologia politica, em uma nova síntese que seria a ECOLOGIA INTEGRAL e para complementar menciona também a Ecologia da vida humana, responsável pelo autêntico progresso que produza uma melhoria global na qualidade de vida humana e no espaço/território onde as pessoas transcorrem sua existência.

Fala também na Laudato Si (151) que “é preciso cuidar dos espaços comuns, dos marcos visuais e das estruturas urbanas que melhoram o nosso sentido de pertença, a nossa sensação de enraizamento, o nosso sentido de estar em casa, dentro da cidade (ou do território) que nos envolve e nos une”. Só assim, em minha opinião, a Igreja pode ter a “cara da Amazônia”, com sua diversidade cultural milenária, seus costumes, suas práticas religiosas, suas crenças e seus sonhos e ao mesmo tempo ser uma Igreja missionária, em saída, considerando sua opção preferencial pelos pobres e, ao mesmo tempo, uma Igreja acolhedora e profética, não temendo denunciar as injustiças e as práticas da violência, seja contra as pessoas ou o meio ambiente e a sua biodiversidade. A defesa da vida, em todas as suas formas, também faz parte da ecologia integral e é uma missão permanente da Igreja em todas as suas instâncias.

Como corolário do paradigma da Ecologia Integral o Papa Francisco destaca os três “T” Terra, teto e trabalho, que são condições necessárias e fundamentais para a dignidade das pessoas e dos povos não apenas da Amazônia mas também que se aplica as demais regiões dos países, principalmente na América Latina, Ásia e África, onde estão concentrados os maiores contingentes de pobres e excluído. No caso da Exortação Apostólica Pós-Sinodal Querida Amazônia esta ideia, foi reforçada de forma bem clara.

Nesta Exortação Apostólica, além de reafirmar a importância do Documento Final do Sínodo dos Bispos “Amazônia: novos caminhos para  a Igreja e para uma Ecologia Integral”, aprovado por ampla maioria dos participantes, Francisco aponta alguns de seus sonhos para a Igreja e para a Amazônia, com destaque para:

a)     Um sonho social – “ o nosso é o sonho de uma Amazônia que integre e promova todos os seus habitantes para poderem consolidar o “bem viver”;  mas impõe um grito profético e um árduo  empenho em prol dos mais pobres;
b)      b) Um sonho Cultural – “ o objetivo é promover a Amazônia, isto, porém, não implica coloniza-la culturalmente, mas fazer de modo que ela própria tire o que for o melhor de si mesma;
c)      Um sonho ecológico – “numa realidade cultural como a Amazônia, onde existe uma relação tão estreita entre o ser humano com a natureza, a vida diária é sempre cósmica. Libertar os outros de suas escravidões implica, certamente, cuidar do seu meio ambiente e defende-lo”.
d)     Um sonho eclesial – “A igreja é chamada a caminhar com os povos da Amazônia…O caminho continua e o trabalho missionário, se quiser desenvolver uma igreja com rosto amazônico, precisa crescer numa cultura do encontro, rumo a uma harmonia pluriforme”.

Ao relatar este seu sonho ecológico, o Papa Francisco mencionada Bento XVI quando afirma “ Esta é primeira ecologia que precisamos. Na Amazônia, compreende-se as palavras de Bento XVI, quando dizia que “ao lado da ecologia da natureza, existe uma ecologia que podemos  designar “humana”, a qual, por sua vez requer uma ecologia social”, esta é a ideia de que tudo esta conectado, tanto na Amazônia quanto nos demais território em todos os continentes, razão pela qual a ecologia integral é um novo paradigma que se aplica a todo o planeta.

Quando fala de seu sonho Eclesial Francisco destaca em sua Exortação apostólica (63) “A autêntica opção pelos mais pobres e abandonados, ao mesmo tempo que nos impele a libertá-los da miséria material e defender seus direitos, implica propor-lhes a amizade com o Senhor que os promove e dignifica”.

Neste particular, inserido na ecologia integral Francisco fala da importância das florestas para a estabilização do clima; das águas; dos solos e da proteção e cuidados com os ecossistemas e a defesa da biodiversidade.

Para que a Ecologia integral seja possível de ser concretizada é necessário que a Igreja como um todo, suas estruturas eclesiásticas, bem como um engajamento mais firme por parte do clero e também do laicato, para que em todas as paróquias, comunidades, dioceses e Arquidioceses este novo paradigma inspire novas formas organizacionais, como as PASTORAIS DA ECOLOGIA INTEGRAL, os observatórios e inúmeras ações possam ser levadas a cabo tendo o meio ambiente e as pessoas como pontos de referência.

Neste particular merece uma reflexão especial e mais detida sobre o Documento Final  “Amazônia: novos caminhos para a Igreja e para uma ECOLOGIA INTEGRAL”, aprovado por ampla maioria dos participantes do Sínodo dos Bispos para a Pan Amazônia.

No Capítulo que trata da Igreja que cuida da “Casa Comum” na Amazônia, este caminhar é explicitado em a) A dimensão socioambiental da evangelização, principalmente no item 79 quando afirma “A Doutrina Social da Igreja, que há muito tempo lida com a questão ecológica, é, hoje enriquecida com um olhar mais abrangente que abarca a relação entre os povos da Amazônia e seus territórios, sempre em dialogo com seus conhecimentos e sabedorias ancestrais”;  b) Igreja pobre, com e para os pobres a partir das periferias vulneráveis, onde no item 80 afirma textualmente “ Reafirmamos nosso compromisso de defesa da vida em sua integralidade, desde   a concepção até o seu ocaso e a dignidade de todas as pessoas”.

No Capítulo que trata dos Novos Caminhos para a promoção da ECOLOGIA INTEGRAL, no item que discute a “interpelação profética e mensagem de esperança para toda a Igreja e para o mundo inteiro”, podemos destacar as discussões sobre o “pecado ecológico” como “uma ação ou omissão contra Deus, contra o próximo, contra a comunidade e contra o meio ambiente”, é também “um pecado contra as futuras gerações. Propõe ainda a necessidade da “criação de ministérios especiais para o cuidado da Casa Comum e a proteção da ECOLOGIA INTEGRAL no nível paroquial e em cada jurisdição eclesiástica, que tenham como funções , entre outras, o cuidado com o território e das águas, bem como a promoção da Encíclica Laudato Si. Assumir o programa pastoral educativo e de incidência da Encíclica Laudato Si, seus capítulos V e VI, em todos os níveis e estruturas da Igreja”.

O item b, indica a necessidade ou sugere a criação do Observatório sociopastoral da Amazônia, como mecanismo para fortalecer “a luta em defesa da vida”. Este observatório seria uma integração das ações dos diversos movimentos,  organismos, instituições e pastorais que atuam diretamente na ação evangelizadora da Igreja, incluindo REPAM, CARITAS, Centros de Direitos Humanos, Universidades Católicas, CIMI, CPT e outros mais.

Com certeza, a implementação da ECOLOGIA INTEGRAL, não apenas na Amazônia, como nas demais regiões do Brasil e de outros países Amazônicos e Sul Americanos é um novo e grande desafio para a Igreja, mas do qual ela não poderá fugir, sob pena de que todo o arcabouço de sua Doutrina social e todas as referências sobre meio ambiente contidos na Bíblia Sagrada sejam transformados em meros conceitos acadêmicos ou até mesmo em palavras mortas, neste sentido, e tendo em vista a opção preferencial pelos pobres, a Igreja não pode estar abraçada com os poderosos e de costas para o sofrimento do povo, isto também é um pecado ecológico.

Oxalá possamos refletir mais profundamente sobre toda esta complexa realidade e a urgência que a catástrofe ambiental esta a exigir de cada cristão e da Igreja como um todo.

*JUACY DA SILVA, professor universitário, fundador, titular e aposentado Universidade Federal de Mato Grosso, sociólogo, mestre em sociologia, colaborador de alguns veículos de comunicação. Email O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Twitter@profjuacy

Sexta, 06 Março 2020 11:46

 

A superintendência do Instituto de Nacional de Colonização e Reforma Agrária em Mato Grosso (Incra) está se recusando a cumprir sua função de criar assentamentos e, com isso, provocando ainda mais conflitos agrários no estado. Essa foi a afirmação que entidades organizadas no Fórum de Direitos Humanos e da Terra (FDHT) junto ao Conselho Estadual de Direitos Humanos, fizeram em entrevista coletiva concedida na quarta-feira, 04/03.

   

 “Só falta o Incra trocar de nome agora. Em vez de ser um Instituto de Colonização e Reforma Agrária, a partir da sua atuação, da sua ação concreta, passa a ser o Instituto Nacional de Regularização da Grilagem de Terra”, reclamou Inácio Werner, do Centro Burnier Fé e Justiça, uma das instituições que fazem parte do Fórum.

 

O grupo se refere às recusas do Incra-MT em assentar centenas de famílias que aguardam, com decisão judicial favorável nas mãos, o direito de terem um pedaço de terra para produzir e descansar. As negativas são várias, mas algumas manifestações, como a do ofício 9531/2020/SR(13)MT/INCRA-INCRA, emitido em 18/02/2020, chamaram a atenção dos trabalhadores rurais e dos componentes do Fórum e do Conselho.

 

No ofício citado, o superintendente do Incra-MT, Ivanildo Teixeira Thomaz, afirma à representante da Araúna Agroindustrial Ltda.: “[...] mesmo que sejam superadas as questões ambientais para a criação do PDS em questão, o que não sabemos se serão autorizados pela SEMA, há a orientação expressa do INCRA/SEDE em Brasília para que não sejam adotadas nenhuma medida para obtenção de terras mesmo que oriundas de terras públicas federais, razão pela qual informo que esta Superintendência Regional não irá adotar nenhuma medida para criação de Projetos de Assentamentos na região, até que perdure o memorando 01/2019, de 27 de março de 2019, informo que quanto ao destino da referida fazenda Araúna se concretizada a retomada, iremos consultar o INCRA/SEDE em Brasília, haja visto que a mesma se encontra em projeto judicial.”

 

Para justificar suas recusas, o Incra-MT utiliza o Memorando 01/2019/SEDE-INCRA, que “suspendeu sem especificação temporal todos os processos que se enquadram no Programa 211B de obtenção de terras, visando evitar o crescimento das expectativas em relação a criação de novos assentamentos que poderiam não ser cumpridas devida a restrição orçamentária da instituição [...] se estende para instrução de processos que visem obtenção de terras para fins de reforma agrária, ainda que oriundas de terras públicas federais.”

 

Os movimentos sociais, no entanto, contestam duramente as justificativas do Instituto. Primeiro, porque também via ofício (30925/2018), assinado em 25/07 pelo então superintendente do Incra/MT, João Bosco de Moraes, o Instituto declara que a mesma fazenda  - Araúna, de 14.941 hectares - já está inserida no Sistema de Gestão Fundiária (SIGEF) como área de interesse do Incra para a Reforma Agrária. Segundo, porque a Constituição Federal determina que ordens judiciais devem ser cumpridas.  

  

Para o defensor público Roberto Vaz Curvo, membro do Conselho Estadual de Direitos Humanos, nada justifica a conduta do superintendente do Instituto. “É uma coisa vergonhosa para um Estado que se diz democrático. A nossa Constituição brasileira é rasgada. O Incra não quer obedecer uma ordem judicial, está lá no artigo 5º, ninguém poderá se eximir do crivo do poder judiciário. Existe uma determinação e o Incra, logo, por subterfúgios, não quer fazer a desintrusão dessa área. O Conselho não pode silenciar a esse fato”, disse Curvo, expondo, ainda, a irresponsabilidade social da posição do Incra-MT. “São pessoas grileiras que detém poder econômico e muito poder político também. Isso potencializa o esquema de grilagem. Sem dúvida vai gerar muito mais violência no campo. Aquelas famílias já estão ali. E essa atuação do Incra faz parecer como se ficassem no meio da estrada, ao bel prazer de pessoas poderosas, que amedrontam os trabalhadores rurais”, pontuou.  

 

Outras justificativas para protelar a liberação dos assentamentos que o Incra-MT tem utilizado são alegar que não há recursos para deslocamento da equipe do Instituto até o local, e até mesmo a nomeação de servidor que está de licença médica há meses para receber a área.   

 

A partir dos fatos relatados e apresentados por meio de documentos, os membros do Fórum e do Conselho concluíram que o próprio Estado brasileiro não está cumprindo a sua função. “O que significa isso? O Incra, representando o Estado, age em favor dos grandes e desfavor dos pequenos. O Estado não está zelando pelo bem estar social”, destacou Werner.

 

Na sala ao lado de onde a entrevista estava sendo concedida, dez lideranças aguardavam para contar à imprensa um pouco da situação em que vivem. Por medida de segurança, pediram para que não fossem identificados.  

 

“A situação da gente na Nova Guarita é a seguinte: existe um assentamento lá há 16 anos, mas muitas famílias ainda estão em baixo de lona. O difícil está sendo a vivência das famílias. Às vezes tem ameaça, assusta as crianças. É uma parte muito complicada. Temos idosos, recém-nascidos, gestantes. As famílias estão brigando por um direito a ter um pedacinho de terra. Estamos esperando o prazo de desocupação das áreas, que está para o mês de abril, torcendo para que não aconteça como em Novo Mundo. O chefe do Incra está segurando isso aí. É ele que está prejudicando as famílias. E como é um órgão que poderia ser para a classe pobre, a gente não está vendo esse resultado. Então a gente vem pedir para a Justiça, esses repórteres, cobrarem. Colocar na mídia o que está acontecendo. As famílias querem produzir, cuidar o desmatamento, que é o que está prejudicando mais. A gente queria segurar para os nossos filhos, nossos netos, uma liberdade melhor, porque, do jeito que está indo, daqui uns dias a gente não acha mais uma água limpa. É muito revoltante falar de um órgão que deveria trabalhar pelo direito”, disse um trabalhador rural de um dos assentamentos no município de Nova Guarita, onde 110 famílias aguardam para entrar numa área já reconhecida pelo Judiciário, inclusive com Plano de Ocupação traçado pelo Incra.   

 

A região norte de Mato Grosso, ao longo da RB 163, conhecida também como corredor da soja, é destacadamente uma das mais conflituosas. O mesmo ocorre ao longo da BR nos estados do Pará e Mato Grosso do Sul. O motivo é a forma como os governos incentivaram a ocupação do território, privilegiando sempre a grande propriedade e a monocultura.  

 

Na mesma região, em Mato Grosso, trabalhadores rurais de Novo Mundo também sofrem ameaças. “A área nossa já está com a decisão do juiz, esperando só pela superintendência do Incra. Nós estamos beirando uma cerca. Somos 160 famílias beirando uma cerca... criança, mulher. A gente já tinha ocupado a área por 1 ano e 9 meses, tinha casa, tudo, mas eles queimaram 80 casas que tinha lá dentro. Atiraram nas coisas, fogão, panela, jogaram gasolina em criança. Tudo isso aconteceu lá”, disse o representante do acampamento no local. Há cinco anos as famílias estão acampadas, aguardando a retomada da área a elas concedida. “Eu queria dizer ao superintendente do Incra que ele colocasse a mão na consciência e visse como se fosse alguém da família dele, para não deixar sofrer do jeito que está sofrendo essa pessoa. Ele está sempre para o lado do grileiro, nós estamos vendo isso. E a gente quer que ele veja isso aí para nós. Nós estamos dependendo dele”, disse o trabalhador.

 

As dezenas de famílias aguardam para entrar em assentamentos pequenos, em geral cerca de 2 mil hectares, para ser dividido entre todas elas. Enquanto elas esperam, os grileiros asseguram a propriedade privada de territórios enormes, por meio da morosidade da Justiça e das articulações de instituições que deveriam primar pelos interesses públicos.

 

“Muita gente pensa que aqueles assentados teriam direito a grandes extensões de terra. São 20 hectares, 15 hectares, esses são o tamanho das áreas para uma família toda poder sobreviver de uma agricultura sustentável - já que não utilizam toda essa parafernália de agrotóxicos, de máquinas e tudo mais. A sociedade muitas vezes é mal informada, achando que essas pessoas querem áreas imensas. Não. Quem quer área imensa é grileiro, que tem 14 mil, 15 mil, 40 mil hectares”, alertou Vaz Curvo.

 

“O Incra está fora do contexto. Terra pública em MT tem e muita. Há mais de dez áreas no estado reconhecidas pela Justiça como terra da União, terra pública. Para desfazer um assentamento numa terra particular, desapropriação, o Estado gasta em torno de R$ 100 a 150 mil por família. Dois anos atrás foram assentadas 96 famílias em Novo Mundo e o custo do Incra não chegou a R$ 30 mil por família. Não sei o que aquele pessoal está pensando. Terra tem, é terra pública, é terra da União, da sociedade brasileira. A demanda é grande de pessoas que querem um pedaço de terra para cuidar da sua família, e eles fazem o contrário. A gente tem que pensar por que acontece isso no Brasil e em Mato Grosso”, disse o representante da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Baltazar Melo.

 

Segundo relatório elaborado pela CPT, 28 mil trabalhadores rurais sofreram algum tipo de violência no Mato Grosso em 2018. Três pessoas foram assassinadas: Edmar Valdinei, Elizeu Queres e um senhor identificado apenas como Gilberto. Os despejos e as expulsões das famílias aumentaram em 88,39% e 13,650%, respectivamente.

 

“Um atitude dessas é de um superintendente que está em função dos grileiros. Esse superintendente foi colocado aqui em MT para representar os grileiros. Tanto que nós temos informações de que o último documento [referente à fazenda Araúna] não foi feito nem nas dependências do Incra, foi feito pelo advogado do próprio grileiro. Nós estamos denunciando isso tudo para o Ministério Público, eles têm de investigar e ir atrás desse processo. Assim a gente evita o mal maior, como já aconteceu com várias famílias. A nossa atitude é uma tentativa de evitar novas mortes”, afirmou Melo.

 

Além da CPT e do Centro Burnier Fé e Justiça, a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) também tem representantes no Fórum de Direitos Humanos e da Terra.  

 

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

Sexta, 06 Março 2020 08:44

 

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para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
 
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Publicamos a pedido do Prof. Vinicius Machado P. dos Santos o texto abaixo, de autoria de José Roberto Torero*

 

 

Kkkk, Diário! Hoje eu fui demais!

Em vez de eu ir falar com o povo e com os jornalistas, mandei um comediante, o Carioca.

Ele foi vestido de mim. Com faixa presidencial e tudo. Cumprimentou as pessoas e se ofereceu para falar com os jornalistas.

Já que aquele negócio de falar com o pessoal na saída do Palácio é uma palhaçada, a gente decidiu chamar um palhaço de verdade.

Eu e o Carioca temos uma coisa em comum. Ele causava no Pânico e eu causo pânico, kkk!

O Carioca levou umas bananas e distribuiu pro pessoal. Os caras da imprensa não quiseram pegar nenhuma. Nem fizeram pergunta pra ele. Mesmo assim achei muito bom.

É que hoje eu não queria falar com jornalista. Vai que eles perguntam sobre a Regina Duarte, que demitiu uns olavistas e está sendo atacada por causa disso, ou sobre o Osmar Terra e a Michelle, ou, pior ainda, sobre o pibinho.

Quer dizer, pibinho foi com O Estadão chamou o da Dilma, quando deu 2%. O meu devia ser chamado de pibinhozinho. Mas o Paulo Guedes prefere dizer que é um “crescimento em recuperação lenta”.

O chato mesmo é que eu perdi do Temer. Pô, o meu PIB ser menor que o dele é sacanagem!

A previsão, no fim de 2018, era que com a minha eleição o PIB subisse 2,55%. Mas não chegou nem na metade. Foi uma espécie de PIB-Tinder. Você diz que tem 25,5 cm, mas na hora tem só 11 cm, kkk.

Olha, Diário, o PIB tá em baixa, mas tem muita coisa que subiu. Por exemplo, o dólar tá em R$ 4,50, a gasolina tá chegando em R$ 5,00 e o gás passou de R$ 80,00, kkk!

Ah, eu sou bem melhor que o tal de Carioca.

(*) José Roberto Torero é escritor e jornalista, autor de livros como Papis et Circensis e O Chalaça. O Diário do Bolso é uma obra ficcional de caráter humorístico.

Fonte: https://operamundi.uol.com.br/diario-do-bolso/63342/diario-do-bolso-diario-hoje-eu-fui-demais

Quarta, 04 Março 2020 10:36

 

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Por Tomás de A.S. Boaventura*

  

Uma educação pública e de qualidade, em seus mais diversos níveis, mantida apenas com recursos públicos, é o caminho necessário para construção de uma sociedade mais igualitária, com oportunidade para todos, num País que se quer livre, democrático e desenvolvido. Isto se torna mais premente ainda quando olhamos a complexidade e os desafios do Mundo atual.

Um dos pilares destes pressupostos é a defesa intransigente do caráter público e gratuito, da autonomia plena, da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, voltada para as demandas da maioria da população, das Universidades Públicas Brasileiras. Princípios estes formulados e preservados pelo ANDES SN desde sua fundação.

Não é por acaso que este programa fundante do nosso Sindicato tem sido, constantemente, atacado pelos governos, liberais ou neo-liberais, desde os anos 1980 e aprofundados agora, de 2016 para cá,  de forma  acelerada e, autoritariamente, avassaladora.

As interferências na democracia interna ferindo de forma direta suas autonomias,  a aplicação irrestrita do congelamento por vinte anos de investimentos públicos, o programa Future-se, já rechaçado na UFMT, são alguns exemplos imediatos das medidas privatizantes e de desmonte das IFES tomadas pelo governo de extrema-direita e proto-fascista atual. Resta evidente que as restrições orçamentárias, acompanhadas de inaceitáveis contingenciamentos durante suas consecuções, fazem parte desta política que inviabiliza e tende a destruir as Instituições Públicas de Ensino Superior tal qual defendemos e necessárias à população brasileira, em especial a mais carente.

Neste contexto insere-se, como inevitável, a valorização do seu Corpo Docente e a resposta, agora e urgente, às medidas que afetam, diretamente e de forma imediata, a vida pessoal (adoecimento e uma situação econômico-financeira insustentável) e a Carreira dos Professores das Universidades Públicas em suas mais diversas esferas.

Entre tantos ataques,  ressaltamos a agudização dos mais recentes : * o congelamento dos salários e proventos por mais de 5 anos, como a indecente e inconstitucional quebra da paridade entre o que recebem os docentes da ativa e os aposentados  * o aumento da alíquota  da contribuição previdenciária de 11% para 14% (com a excrescência jurídica de cobrar esta contribuição aos aposentados); * o corte das verbas/bolsas de projetos de pesquisa e programas de pós-graduação; * a recusa do Judiciário Federal em nos devolver os  28% em nossos salários e proventos (R.Decisão já transitada em julgado); * as investidas contra a democracia interna nas Instituições, em afronta à determinação constitucional que garante sua Autonomia, como no Future-se, e na nomeação pelo governo de Reitores, desobedecendo a classificação das listas tríplices e até fora das mesmas, impondo verdadeiros Interventores; * a proibição de concursos públicos e a contratação em massa, em bases precarizadas,  de professores temporários; * ou como vem assinalado na propalada (contra) Reforma Administrativa : quebra da estabilidade do Servidor Público e a redução dos seus atuais vencimentos em até 25%.

Por estas questões centrais, entre outras, o 39° Congresso do ANDES SN/ Fevereiro 2020/SP., decidiu apontar para suas Seções Sindicais mobilizações e um enfrentamento direto desta caótica situação, inclusive com Greve a partir de março, nas Instituições Públicas de Ensino Superior em todo o País.

Assim, deve a ADUFMATss. deve convocar, neste momento, toda a Sociedade de Mato Grosso, assim como toda a Comunidade Acadêmica da UFMT, para defender e lutar pela Universidade Pública e Gratuita, Autônoma e Laica, e voltada para as necessidades da maioria da População. 

À Luta já com a Decisão em AG da data do início da GREVE !!!,  e Ditadura Nunca Mais !!!

 

*Tomás de A.S. Boaventura - Professor aposentado do Departamento de História.

  

Terça, 03 Março 2020 15:18

 

A Coordenação do GT de Assuntos de Aposentadoria e Seguridade Social da Adufmat-Ssind, retornando as suas atividades, convida todos os professores aposentados e aqueles que já integram o GT - Seguridade Social e Assuntos de Aposentadoria para mais uma reunião, no dia 04/03/2020 (quarta-feira), às 09h, na sede da Adufmat-Ssind.

 
Participem!!
 
Aguardamos a presença de todos(as).
 
 
 
Att.
 
Profª Célia Alves Borges
Coordenadora do GT de Assuntos de Aposentadoria e Seguridade Social da ADUFMAT

Terça, 03 Março 2020 15:01

 

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Leonardo Santos

Prof, do Dpto. de Serviço Social da UFMT, Militante da Corrente Sindical Unidade Classista

 

Corro atrás do tempo
Vim de não sei onde
Devagar é que não se vai longe
Eu semeio o vento
Na minha cidade
Vou pra rua e bebo a tempestade

Chico Buarque, “Bom conselho”

 

Muitas pessoas - de esquerda, progressistas ou algo nesse sentido – tem acompanhado o desenrolar da conjuntura com indignação. Contudo, lidam com o nosso atual momento como quem lida com uma chuva dessas de verão: forte, com raios, relâmpagos, ventania..., mas passageira! Estão procurando ou já acharam um teto confortável – na medida do possível – para passar o tempo ruim. Muitos esperam o momento para “o Brasil ser feliz de novo”. O problema é que essa não é uma chuva passageira, e mais que isso, os estragos causados não serão facilmente revertidos.

Estamos vivenciando no Brasil os efeitos econômicos, sociais e políticos da crise que assola o mundo capitalista. Diferente do que acreditava o ex-presidente Lula da Silva, essa crise não nos pegou como uma marolinha, ela nos revirou como um furacão.

Deflagrou-se em 2016 um Golpe institucional, jurídico e midiático. Assumiu o poder um Temer que mesmo com 3% de aprovação por parte da população conseguiu nos enfiar goela abaixo uma Contrarreforma Trabalhista que destrói uma série de direitos conquistados por nossa classe pelo menos nos últimos 80 anos. Passou ainda uma Emenda Constitucional que congela os gastos sociais do Estado brasileiro nos próximos 20 anos. Em suma, o Golpe representa um novo momento de dominação burguesa no Brasil, com teor mais autocrático e descartando até a possibilidade de democracia de cooptação expressa pelos Governos do PT.

Com a situação já não dramática o suficiente, temos a eleição (com uma série de irregularidades e fraudes, é importante assinalar) de Jair Bolsonaro em 2018, que arregimenta para si os setores mais reacionários da sociedade em conjunto com uma crescente base religiosa neopentecostal, além daqueles descontentes com os rumos do país que canalizam tudo em um antipetismo que se transforma numa caça a movimentos sociais e partidos de esquerda, uma volta trágica do anticomunismo tão característico dos golpes que a elite brasileira já deu ao longo do último século.

Bolsonaro segue na linha de desmonte das conquistas cravadas na Constituição de 1988, seja no âmbito dos direitos e políticas sociais, seja no âmbito das liberdades democráticas. Junto com o Congresso aprovou uma draconiana Contrarreforma da Previdência, tem se empenhado em entregar as riquezas e empresas nacionais para imperialismo e em adotar uma política externa subserviente. Além de, internamente, atacar movimentos sociais e grupos já historicamente marginalizados.

As saídas que são apontadas não são nada esperançosas. Em primeiro lugar há a possibilidade de continuidade de Bolsonaro com seu séquito fascista em disputa fratricida com o Congresso, entretanto alinhados no que há de mais danoso para a classe trabalhadora. Em segundo lugar se apresenta a alternativa de um autogolpe que garantiria os desejos ditatoriais do grupo de Bolsonaro (na atual conjuntura latino-americana não nos parece um cenário impossível). Em terceiro, a substituição de Bolsonaro (provavelmente em 2022) por um ultraliberal mais refinado - no estilo PSDB ou Luciano Hulk – que tenderia a aprofundar ainda mais o projeto começado por Temer e continuado por Bolsonaro.

Há uma quarta opção, bem menos provável, mas que merece um pouco de atenção, que seria uma volta do projeto do PT ao Governo Federal. Apesar de as classes dominantes terem descartado o PT como gestor do seu Estado, esse partido, com destaque para Lula, ainda possui uma base social – e principalmente eleitoral – que não pode ser descartada no jogo político brasileiro atual.

Mas acontece que se repararmos nas movimentações do PT nos últimos anos em que esteve no Governo Federal, podemos perceber que este se esforçou em agradar os anseios destrutivos do capital em sua nova fase. Vejamos: Dilma em seu segundo mandato coloca Joaquim Levy, representante do rentismo, como Ministro da Fazenda; atacou de morte vários benefícios e as pensões previdenciárias e, não menos importante, propôs e aprovou a Lei antiterrorismo que é um dispositivo autocrático de criminalização das lutas sociais. O PT parece só ter sido descartado como gestor do Estado burguês nessa sua nova fase porque não podia implementar as medidas solicitadas pelo capital na velocidade que este queria.

Para pensarmos em exemplos mais recentes, basta lembrar que Governadores petistas e aliados, como Camilo Santana (CE); Rui Costa (BA) e Flávio Dino (MA) aprovaram a toque de caixa Contrarreformas Previdenciárias estaduais mais pesadas que a nacional. Em suma, nos parece que o sonho de reversão de todo mal pela volta do PT não faz sentido.

Diante do quadro exposto é difícil ser otimista, é difícil esperar pelo fim da tempestade e por um belo dia ensolarado. Mas há ainda um elemento de fora dessas previsões: a classe trabalhadora organizada, ativa, combativa e nas ruas. Em um país já tão acostumado com a conciliação de classes e com o apassivamento das lutas sociais, já tão familiarizado com a avalanche conservadora e reacionária, tal saída parece ilusória, utópica. Mas se nos voltarmos para a resistência atual latino-americana, no Chile, no Equador, até na Argentina, fica mais fácil entender que nossa apatia pode não ser eterna.

As mobilizações, paralisações, greves e embates precisam aflorar com urgência no Brasil, construídas com as forças que temos no momento e com a unidade entre todos aqueles que se colocam honestamente contra o fascismo e contra o ultraliberalismo. Mas essa luta requer também fôlego, trabalho de base continuo, nos locais de trabalho, estudo e moradia. Esvaem-se, aqui e no mundo, as possibilidades de conciliação de classes. O que nos resta? Semear o vento, ir pra rua e beber a tempestade. Construir o Poder Popular!

Terça, 03 Março 2020 13:30

"Documentos secretos e gravações originais da época mostram a influência do governo dos Estados Unidos no Golpe de Estado no Brasil em 1964. O filme destaca a participação da CIA e da própria Casa Branca na ação militar que deu início a ditadura". A Sinopse do documentário "O dia que durou 21 anos", produzido pela Pequi Filmes e dirigido por Camilo Galli Tavares, representa o convite da Adufmat-Ssind a todos os interessados em debater política com o auxílio da sétima arte. 

O primeiro Cine-debate da Adufmat-Ssind será na quarta-feira, 04/03, às 19h30.