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****O Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicatopara que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.****Profa. Vanessa C FurtadoDepartamento de Psicologia - IE/UFMTAntes, eu, sinceramente estava radicalmente contra as aulas de empreendedorismo na UFMT, mas com o tempo fui mudando meu modo de compreender a necessidade de empreender. Por curiosidade, fui ler o que significa empreender e esta palavra está diretamente ligada com a capacidade de fazer, realizar coisas que são difíceis. A partir daí, entendi que o que faço, cotidianamente, para poder realizar meu trabalho é puro empreendedorismo!!Vejam vocês, coordeno um grupo de extensão e realizamos um seminário anual sobre Saúde Mental, evento este que foi vencedor de editais para sua realização. Com o financiamento garantido, convidamos pessoas de renome e reconhecido trabalho científico na área que prontamente se dispuseram a vir. Toda a burocracia para realização do evento (reserva de espaço, solicitação de apoio de infraestrutura, certificados, etc) fora realizada.Vamos ao evento!Ao chegar no espaço reservado, por “sorte” as cadeiras estavam lá para o público se sentar, mas não havia caixa de som nem microfones para a palestra; não havia mesas para colocar no palco, não havia água para beber. Então, eis que vi na dificuldade uma grande oportunidade de por minhas habilidades empreendedoras em ação: realizamos o seminário! Contudo, foi exigido uma enorme capacidade empreendedora, pois como se não bastasse todas as faltas que já citei, no último dia a luz acabou! E, embora a universidade dispusesse de dois eletricistas para reparar o dano, não podiam dirigir o carro da universidade e não puderam fazê-lo. Haja resiliência! Diante do público inscrito, dos eminentes convidados, tivemos que encarar esta situação e, contando com a boa vontade de servidoras desta Universidade, conseguimos outro auditório para continuar nosso evento. E continuamos!Fora as questões relacionadas ao evento, descobri, após minha pesquisa, que as atividades laborais docente são marcadas de atitudes empreendedoras, quem de nós nunca teve sua aula prejudicada porque não havia equipamentos necessários ou se eles existiam funcionavam de forma precária ou nem mesmo funcionavam? Quem de nós nunca deixou o seu próprio livro (comprado com parte de seu salário, sem qualquer custeio da instituição) na Xerox ou usa seus próprios computadores para dar aula? Ou vive dando jeitinhos para conseguir realizar seus projetos: seja uma parceria com empresas privadas, seja num contato amigo que libera o carro pra uma aula de campo fora do edital?Logo, acredito que as aulas de empreendedorismo são fundamentais para que possamos fazer dessas adversidades oportunidades. Hoje defendo que elas sejam ampliadas ao corpo docente, porque entendi que esta habilidade nos será cada vez mais exigida a medida em que os projetos neoliberais avançam na universidade pública e a precarização está dada como projeto para Educação! Por outro lado, isto também está relacionado a pauta mais corrente na universidade: Saúde Mental!Foi e é paradoxal discutir Saúde Mental na UFMT diante de tanta desvalorização do trabalho empreendido na universidade, por esta professora e todos os demais colegas, para realizar um evento científico e totalmente gratuito; diante da falta de respeito para com as pessoas que aqui estavam para prestigiar o evento; diante da violência que sofremos pelas péssimas condições estruturais para a realização de um evento nesta Universidade.O processo de adoecimento mental se dá justamente nestas condições, em que individualizamos questões que são de cunho coletivo, culpabilizamos os sujeitos e os expomos enquanto incompetentes por não conseguirem resolver problemas, por não terem feito limonada dos limões que a vida lhe dá. E quando retiramos não culpabilizamos os indivíduos, limitamo-nos a jogar pra causalidade ou pro pensamento supersticiosos (sorte ou azar daquela pessoa) ao passo que exaltamos o empreendedorismo daqueles que, resilientes, enfrentam estas adversidades com criatividade! Nem um nem outro processo é menos enlouquecedor/adoecedor que o outro!As ausências de infraestrutura básica para que exerçamos nossa atividade profissional nos impõe uma urgência em empreender. Num contexto em que as universidades tiveram um impacto real de 28% (número emblemático na UFMT) de cortes orçamentários, empreender deve mesmo ser a lógica para a realização de nosso trabalho docente. Venderemos, para o fórum de graduação, nossos standers às empresas privadas que virão decorá-los; venderemos nossas pesquisas de empresa em empresa para que consigamos os recursos necessários para desenvolver nosso trabalho; em breve, até os estágios curriculares obrigatórios deverão ser vendidos para termos financiamento de uma visita a comunidade, salas para atendimento, equipamentos que nos possibilitem a desenvolver a atividade... Numa sociabilidade em que tudo se transforma em mercadoria, seria incoerência nossa querer que a ciência não fosse tratada da mesma forma. Portanto, “ao empreendedorismo e além!” com o processo de desmonte da universidade pública brasileira e adoecimento de seus/suas servidoras/es e discentes.![]()
O número de professores voluntários nas instituições públicas de ensino superior do país vem aumentando nos últimos anos. Na Universidade Federal do Amazonas (Ufam), de 2016 a 2018, 83 professores voluntários ingressaram na instituição em detrimento dos profissionais de carreira. Os dados divulgados pela Associação dos Docentes da Ufam (Adua – Seção Sindical do ANDES-SN) evidenciam o descaso com a educação superior pública do país.
O chamado trabalho voluntário foi regulamentado pela Lei 9608/1998 e vem sendo utilizado nas instituições de ensino superior públicas. Instituído para manter vínculos e pesquisas de docentes aposentados, o trabalho voluntário tem se transformado em uma forma de gestão diante da falta de orçamento.
Na Ufam, o Conselho Superior de Administração (Consad) da universidade regulamentou, este ano, o Programa de Prestação de Trabalho Voluntário. Pela nova regra, a prestação de trabalho voluntário nas atividades de docência não pode ultrapassar 20% do quadro efetivo de professores da instituição, fixado atualmente em 1.608 servidores. Não entraram nesta conta os 266 professores substitutos, contratados via processo seletivo, em caráter temporário.
Os professores não remunerados desenvolvem atividades de ensino, pesquisa e extensão e estão sujeitos ao cumprimento de todas as normas institucionais relacionadas às atividades que desempenham. Para aderir ao programa, a pessoa física precisa ter o Plano de Trabalho aprovado na unidade acadêmica interessada em contratar e assinar um Termo de Adesão com duração de um ano, podendo ser renovado por igual período.
Para Ana Cristina Martins, 1ª secretária da Adua SSind., ao utilizar a contratação de professores e professoras voluntários, a Ufam age em consonância com a política do Ministério da Educação (MEC) em não ampliar vagas para a contratação de docentes efetivos. “Afinal, para que vagas para o provimento de concurso para professores de carreira, se podemos lançar mão de professores voluntários?”, questiona. Com isso, os docentes voluntários têm, muitas vezes, ocupado o lugar dos docentes substitutos e efetivos.
Denúncia
Segundo Ana Cristina Martins, é preocupante o fato de a regulamentação aprovada retirar da Câmara de Ensino e Graduação (CEG/ Proeg), da qual faz parte, a atribuição de analisar e deliberar as solicitações de contratação de docente voluntário.
Durante a reunião da CEG, em 18 de julho, um docente do Instituto de Ciências Exatas e Tecnologia (Icet) denunciou que um candidato, que havia sido reprovado na seleção para professor substituto, foi contratado como voluntário. Segundo ele, o docente voluntário aprovou todos os discentes para “resolver o problema de retenção na disciplina que ministrou”.
Na última reunião, realizada no dia 14 de agosto, o colegiado solicitou providências ao presidente da CEG para pautar a questão no Conselho Universitário (Consuni), na perspectiva de reverter a decisão do Consad.
Fonte: Adua-SSind (com edição e acréscimo de informações do ANDES-SN)
Dirigentes das oito centrais sindicais brasileiras reuniram-se nessa terça-feira (2), em São Paulo, para discutir a ameaça do governo Temer de retomar a votação da Reforma da Previdência.
A posição unânime das centrais é de que qualquer tentativa nesse sentido terá reação imediata dos trabalhadores. Os representantes das centrais sinalizaram a possibilidade de uma greve geral ainda este ano, caso o tema volte à pauta do Congresso Nacional.
De acordo com as entidades, o ataque à aposentadoria dos trabalhadores segue como uma exigência dos banqueiros e grandes empresários. A avaliação é de que o governo pode tentar colocar a reforma em votação após o período eleitoral. Portanto, a decisão foi de preparar desde já os trabalhadores para a mobilização e a estratégia de luta.
“Foi na luta contra a Reforma da Previdência que realizamos a maior greve geral dos últimos trinta anos. Portanto, estamos mandando um novo recado ao governo Temer e a esse Congresso: se botar para votar, o Brasil vai parar de novo”, afirmou Atnágoras Lopes, dirigente da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas, presente à reunião.
Confira a nota unitária elaborada pelas centrais sindicais:
EM DEFESA DA APOSENTADORIA PÚBLICA
Se botar pra votar, o Brasil vai parar!
Reunidas nesta terça-feira, 2 de outubro, as Centrais Sindicais CUT, Força Sindical, UGT, CTB, Nova Central, CSB, CSP-Conlutas e Intersindical reafirmaram sua posição contrária a qualquer proposta de reforma que fragilize, desmonte ou reduza o papel da Previdência Social Pública.
Em 2017, fizemos uma Greve Geral que mobilizou mais de 40 milhões de trabalhadores e trabalhadoras em defesa da aposentadoria. Se o governo insistir em atacar a Previdência Social Pública, o Brasil irá parar mais uma vez.
Não aceitaremos que a classe trabalhadora pague mais outra vez a conta. Não aceitaremos o desmonte e a entrega da Previdência Social para o sistema financeiro.
A sociedade deseja paz, liberdades democráticas, segurança e respeito aos seus direitos, que só virão com a garantia do emprego, salário digno e do acesso a direitos fundamentais, como saúde, educação e aposentadoria digna.
São Paulo, 2 de outubro de 2018.
Vagner Freitas, Presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT)
Miguel Torres, Presidente Interino da Força Sindical
Ricardo Patah, presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT)
Adilson Araújo, Presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB)
José Avelino (Chinelo), Presidente Interino da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB)
José Calixto Ramos, Presidente da Nova Central Sindical dos Trabalhadores (NCST)
Edson Índio, Secretário Geral da Intersindical
Atnágoras Lopes, da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas
Fonte: CSP-Conlutas (Com edição do ANDES-SN)
Circular nº 325/18
Brasília (DF), 3 de outubro de 2018
Às seções sindicais, secretarias regionais e à(o)s Diretore(a)s do ANDES-SN
Companheiro(a)s,
Diante dos atos realizados no último dia 29 de setembro e, também, das últimas pesquisas eleitorais para Presidente da República divulgadas nessa semana, parece-nos, apesar de ainda incerto, que o cenário que se desenha para o segundo turno em nenhuma possibilidade será interessante para a classe trabalhadora e nem para nossa categoria como parte do conjunto do(a)s trabalhadore(a)s.
Entendemos que o sindicato deve tomar posição, a partir das deliberações já existentes, preservando nossa posição de autonomia diante de governos, reitorias e partidos, porém em defesa das liberdades democráticas e contra o fascismo.
No esforço de tornar nossas decisões o mais democráticas possível, perante a exiguidade de tempo, estamos convocando uma reunião conjunta dos setores das IFES e IEES/IMES para o dia 9 de outubro de 2018 (terça-feira), conforme o que segue:
Horário: das 9h às 18h
Local: Sede do ANDES-SN (SCS Quadra 2, Bloco C, Edifício Cedro II, 3º andar
– Brasília/DF).
Pauta:
1. Informes;
2. Análise da conjuntura;
3. Encaminhamentos.
Pedimos desculpas pela brevidade do tempo de convocação, porém a conjuntura atual justifica tal ação.
Sem mais para o momento, renovamos nossas cordiais saudações sindicais e universitárias.
Prof. Antonio Gonçalves Filho
Presidente
*Atualizada às 15h12 do dia 05/10/18.
A diretoria da Adufmat-Seção Sindical do ANDES-SN, gestão Adufmat de Luta, Autônoma e Democrática, está organizando o Baile dos Professores 2018 para o dia 20/10, que cairá no sábado imediatamente após a data que homenageia a categoria (15 de outubro).
Esse ano, o baile também fará menção aos 40 anos de história e de luta da entidade.
A festa será no salão da AABB, a partir das 20h.
Outras informações sobre o evento serão divulgados nos próximos dias.
Aguardem!
Adufmat-Ssind
A diretoria do ANDES-SN publicou uma nota pública em repúdio a violência praticada contra a docente Gercina Santana Novaes da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Gercina foi presa no dia 20 de setembro em uma operação que investiga denúncias de desvio de recursos públicos nos anos de 2014 e 2015. Na época, ela era secretária de educação do município de Uberlândia, no mandato do ex-prefeito Gilmar Machado, que também foi preso.
Um dia após o episódio, o Sindicato Nacional classificou a ação como arbitrária e reafirmou que “o ambiente policialesco instaurado na atual conjuntura não favorece a universidade e nem a sociedade”. O ANDES-SN se mostrou favorável à apuração de qualquer tipo de denúncia, desde que “tais apurações sejam realizadas conforme os trâmites previstos no ordenamento jurídico, respeitando as pessoas e sem uso da violência ou da exposição, que em muitos casos, tenciona à desmoralização, alimentando uma prática perigosa de linchamento virtual e real”.
A prisão também gerou uma profunda indignação por parte da comunidade acadêmica da UFU, que apontou a decisão judicial como desproporcional. Gercina foi solta na última sexta-feira (26), após habeas corpus .
Confira aqui a nota na íntegra.
Fonte: ANDES-SN
O DIAP, em cumprimento à sua missão institucional, apresenta contribuição para o processo eleitoral de 2018, oferecendo aos eleitores, em geral, e aos trabalhadores, em particular, 3 publicações que poderão ajudar na orientação do voto e na identificação do comportamento dos atuais parlamentares — deputados e senadores — em temas relevantes para a cidadania.
A 1ª publicação é 1 “Diagnóstico”, que:
1) mapeia os cargos em disputa;
2) apresenta informações quantitativas e qualitativas sobre os eleitores;
3) apresenta o número de partidos habilitados a participar do processo eleitoral;
4) divulga a distribuição das vagas no Congresso por estado;
5) faz breve histórico com as características das 7 últimas eleições presidenciais;
6) apresenta o nome dos candidatos à eleição presidencial e suas respectivas coligações;
7) divulga o tempo de rádio e TV;
8) traz informações sobre os recursos do fundo eleitoral;
9) trata dos principais indicadores políticos e eleitorais dos candidatos; e
10) trata de informações sobre os atuais deputados e senadores, com estatísticas e dados sobre os cargos que disputam, sobre suas bases eleitorais e principalmente como votaram em 3 temas de interesse direto dos trabalhadores: o congelamento do gasto público, a terceirização e a Reforma Trabalhista.
A 2ª, que também será divulgado antes das eleições, vai ser o “Prognóstico”, que antecipa as tendências da eleição, tanto para a Câmara dos Deputados quanto para o Senado. Foram considerados no “Prognóstico”, as pesquisas eleitorais, a estrutura de campanha dos candidatos, as coligações em cada estado e os demais recursos de campanha, que englobam tempo de rádio e TV, palanques, dobradinhas, cabos eleitorais, nomes conhecidos e serviços prestados, entre outros.
A 3ª, “Radiografia do Novo Congresso”, que será publicada após as eleições, trará avaliação global da eleição presidencial e estudo detalhado com o resultado do pleito para os governos estaduais, Câmara e Senado, com informações sobre índice de reeleição e novos, nomes e profissão e perfil político e ideológico do próximo Congresso.
O objetivo da divulgação do “Diagnóstico”, a 1ª das 3 publicações, é estimular o engajamento no processo eleitoral, seja em defesa da reeleição daqueles que honraram seus mandatos, seja na perspectiva de denunciar aqueles que votaram de modo diferente do que prometeram na campanha eleitoral.
O cidadão vai encontrar nesta publicação 3 informações fundamentais sobre os atuais parlamentares — deputados e senadores:
1) que cargo disputarão,
2) como votaram nas 3 matérias mais relevantes da legislatura, e
3) quais são os “redutos eleitorais”. Com isto, é possível divulgar o comportamento desses parlamentares para seus eleitores, diretamente nas bases eleitorais.
Fonte: DIAP
Na sexta-feira, 28 de setembro, foi celebrado o Dia Latino-Americano e Caribenho de Luta pela Descriminalização do Aborto. Em Santa Maria (RS), a data foi marcada pelo painel de debate do ANDES-SN “Direitos sexuais e reprodutivos: legalização do aborto, defesa da vida das mulheres e a trabalhadora docente”. A atividade ocorreu na sede da Seção Sindical dos Docentes da UFSM (Sedufsm – Seção Sindical do ANDES-SN) e trouxe a temática do aborto sob diversas perspectivas, entre elas a racial, a religiosa e a das pessoas com deficiência.
Representando a frente gaúcha pela legalização do aborto, ZadiZaro lembrou que o patriarcado, que concede privilégios ao gênero masculino, é milenar. Contudo, segundo disse, é no capitalismo que a opressão da mulher é intensificada. Ela reforçou que as desigualdades de gênero justificariam os menores salários e menos direitos para as mulheres.
Lembrando que o Brasil tem o Congresso mais masculino da América Latina, ZadiZaro disse que tramitam mais de 20 projetos de leis que visam aumentar a criminalização do aborto. “Alguns desses projetos poderiam criminalizar esta mesa de debate, pois seríamos considerados pessoas que fazem ‘apologia’ a um crime”, disse ZadiZaro.
Por que as mulheres negras abortam?
Ariane Moreira, militante do movimento de mulheres Olga Benário, em Porto Alegre, buscou responder ao questionamento: por que as mulheres negras abortam? Ela explicou que a maioria das mulheres negras que abortam tem até 25 anos, empregos informais, não têm condições de manter um filho, nem um companheiro com quem dividir as cargas emocional e econômica que acompanham a gravidez.
Para Ariane, o debate sobre descriminalização do aborto deve considerar questões de raça e de classe. A palestrante afirmou que a descriminalização do aborto é uma questão de saúde pública. “Não adianta apenas descriminalizar, é preciso que o SUS ofereça um serviço gratuito e seguro às mulheres”, ponderou.
Destacando que as mulheres não recorrem ao aborto como um método contraceptivo, Ariana lembrou que no Uruguai houve uma forte redução de casos, de 33 mil para 4 mil, em um ano. Segundo disse, a redução foi resultado da descriminalização e das campanhas sobre métodos contraceptivos e sobre saúde da mulher patrocinados pelo governo do país.
Disputa na igreja
Para Paula Grassi, do grupo ‘Católicas pelo direito de decidir’, o aborto não é frontalmente contrário ao campo religioso. Ela cresceu em meio a atividades da igreja católica e passou a integrar a Pastoral da Juventude na adolescência. Por participar da coordenação nacional da Pastoral, teve contato com cargos altos da instituição, em sua maioria ocupados por homens. “Como pode uma religião que tem tantas mulheres devotas não nos dar liberdade para falar sobre nossas vidas?”, questionou Paula, para quem a criminalização do aborto é sustentada pela moral cristã, que associa a mulher às ideias de culpa e sacrifício.
Mesmo o Papa Francisco, tido como progressista, situa o aborto no campo pecaminoso. “Antes mesmo das religiões existirem, as mulheres já abortavam. Penso que a questão não é ‘você é favorável ou não ao aborto’, a questão é ‘você é favorável ao aborto clandestino ou ao aborto legal e seguro?’”, concluiu Paula.
Mulheres com deficiência
As mulheres com deficiência são consideradas sujeitos assexuados. A constatação é de Anahi Guedes de Mello, militante e pesquisadora da UFSC. Para ela, é direito da mulher ter autonomia sobre seu próprio corpo. “O ônus fica sempre com a mulher, e o Estado não dá assistência pública. Descriminalizar o aborto é urgente por questões de saúde pública”.
Vigília constante
O capitalismo desenvolve-se entre a exploração escancarada e a alienação, diz Livia Barbosa, do Instituto Anis – O aborto no Brasil. “O capitalismo conta com a desigualdade de gênero para continuar existindo. As mulheres estão sob vigília constante do capital. Não encontramos nenhum correspondente jurídico para criminalizar os homens como existe com as mulheres”, disse, defendendo diálogo com a população sobre essas temáticas.
Avaliação
Caroline Lima, 1ª secretária do ANDES-SN e uma das coordenadoras do GTPCEGDS, diz que o debate foi fantástico por trazer uma mesa com cinco perspectivas diferentes sobre o aborto. “Falaram desde a Anis, que moveu a ADPF que busca descriminalizar o aborto no Supremo, até o movimento Católicas Pelo Direito de Decidir. Foi provocada a discussão deste tema nos sindicatos, porque o aborto é uma pauta das mulheres trabalhadoras. O aborto inseguro criminaliza, encarcera e mata as mulheres trabalhadoras”, diz.
Para ela, discutir direitos sexuais e reprodutivos é discutir direitos sociais. “Cumprimos a resolução congressual do ANDES-SN e conseguimos fomentar um bom debate que vai gerar outras discussões”, completou.
“O ANDES-SN marca seu lugar na história da combatividade e do enfrentamento de questões que dialogam com os movimentos sociais. Garantir uma mesa no dia 28 com debate sobre a legalização e descriminalização do aborto nessa conjuntura conservadora, de projeto fascista em curso no Brasil, mostra o lado em que o ANDES-SN está. Seguimos enfrentando esses debates”, concluiu Caroline Lima.
Fonte: Sedufsm-SSind (com edição de ANDES-SN).