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Artigo enviado pelo Prof. Jose Domingues de Godoi Filho, intitulado SELIC, por Silvio Caccia Bava, em anexo.
Olá, Pessoal.
Uma bela e contundente análise (em anexo) de motivos que se somam às nossas justificativas para a continuidade da greve em busca de nossas reivindicações.São argumentos importantes para não nos curvarmos frente às indecorosas propostas do governo. Resistir nunca foi tão necessário.
Trata-se do Editorial do Le Monde Diplomatique, edição de julho 2015, escrito por Silvio Cássia Bava com o título de“Selic” :
- “Se tomarmos como referência a taxa Selic de dezembro de 2014, veremos que até junho de 2015 ela subiu de 11,75% para 13,75% ao ano. Esse crescimento de dois pontos percentuais sobre uma dívida pública federal de R$ 2,451 trilhões representa um pagamento extra dos juros da dívida da ordem de R$ 49 bilhões – valor pouco menor do que o ministro Levy se esforça por amealhar com os cortes nos gastos federais.
Como podemos então compreender essa engenharia, segundo a qual o governo corta fortemente as políticas sociais e reduz o orçamento de todos os ministérios para reunir algo como R$ 60 bilhões com vistas a garantir os recursos para pagar os juros da dívida pública federal e, ao mesmo tempo, aumentando a Selic, eleva o gasto público em R$ 49 bilhões?”
Na UFRJ, de acordo com projeção apresentada pela administração central, o déficit da universidade pode bater a casa dos R$ 300 milhões até o final do ano. “Isso contando com o orçamento cheio, sem cortes”, frisou o reitor Roberto Leher.
E na UFMT, qual é a situação? E nas demais IFE? Fica como sugestão para o CNG e os CLG’s, se for o caso, apurarem.
Não deixem de ver também a didática entrevista de Amir Khair na edição de junho de 2015 do Le Monde Diplomatique Brasil. http://www.diplomatique.org.br/artigo.php?id=1881.
Abraços e boas reflexões.
Prof. José Domingues
JUACY DA SILVA*
Em pouco mais de dois anos e quase quatro meses, o Papa Francisco faz mais uma viagem internacional, desta vez aos três países com maiores índices de pobreza, indígenas e seus descendentes da América do Sul: Equador, Bolívia e Paraguai, bem no coração do continente.
Nessas viagens Francisco tem aproveitado tanto para dialogar com a própria igreja, que sofre quanto para levar suas mensagens de fé, de esperança, de justiça, de equidade e caridade; avivando a fé de milhões de católicos, quanto para abrir e aprofundar um diálogo inter-religioso e intersocial.
Suas recentes cartas apostólicas e Encíclicas não deixam dúvida que aos poucos está revolucionando tanto as estruturas da Igreja quanto as práticas de evangelizar. No diálogo interno, com o mundo católico, tem estimulado a discussão sobre temas até então proibidos ou que eram tratados de forma velada, jamais com a coragem e ao mesmo tempo com a humildade que Francisco trata dos mesmos.
Temas como o sacramento da comunhão para os separados ou recasados; a questão do homossexualismo, do celibato, a questão dos padres casados, o papel dos leigos e leigas na igreja, a pedofilia que denigre clérigos e a Igreja, a corrupção no Banco Vaticano e na própria Igreja não tem escapado aos olhares e orações de Francisco, este papa que veio do fim do mundo, como ele mesmo o disse ao ser escolhido para ocupar o Trono de São Pedro.
Depois do papado de Gregório III, que governou a Igreja Católica entre 731 e 741, nascido na Síria, são mais de 1.270 anos que um papa não europeu é escolhido. Francisco foi o primeiro papa do continente Americano, da América Latina e do Sul e também o primeiro papa jesuíta a assumir o trono de São Pedro, escolhendo muito apropriadamente o nome em homenagem a São Francisco de Assis, o santo dos pobres e do meio ambiente.
Talvez por todas essas razões podemos entender a urgência que Francisco trabalha para dar uma nova cara para a Igreja, um pouco mais comprometida com o destino dos pobres, dos excluídos, sua condenação às práticas de violência e preconceitos, as guerras, os conflitos e a prepotência dos governantes e o materialismo dos portentados. De nada adianta amealhar poder e riqueza, nada disso é levado ao final de nossa vida aqui na terra, parece querer dizer Francisco em suas mensagens, por isso sua ênfase na caridade, na equidade , na justiça social e na solidariedade e nos cuidados com a natureza.
Aos líderes nacionais e internacionais ele os exorta às boas práticas da governança, o uso do poder para promover ações voltadas aos pobres e não para enriquecerem ainda mais os ricos. Por tabela faz uma condenação constante a corrupção no governo, na sociedade e na Igreja. Aos ricos ele os exorta para que sejam mais humildes, menos prepotentes, menos egoístas, menos materialistas e a ajudarem a cuidar das obras da criação, onde o meio ambiente merece um grande destaque. Foi neste sentido que escreveu recentemente a chamada ENCÍCLICA VERDE, para que todos tenhamos um pouco mais de respeito e cuidado com o meio ambiente, reduzindo o consumismo e a degradação ambiental.
Nesta viagem a América do Sul, em um de seus pronunciamentos na Bolívia, talvez movido pela compaixão frente à pobreza e exclusão social, econômica e política, Francisco enviou um duro recado tanto aos países ricos quanto aos ricos que exploram os pobres ao condenar de forma explícita o capitalismo, pela forma como o mesmo continua explorando o povo e disse que a economia precisa ser mais solidária e humana, ou seja, precisamos colocar limites na busca desenfreada pelo lucro. Neste contexto voltou a condenar a destruição do meio ambiente na busca desenfreada por resultados imediatistas, esquecendo-se de que o passivo ambiental acabará sendo pago por todos, principalmente, pelos mais pobres e as gerações futuras.
Francisco fala mais diretamente ao coração dos pobres, razão pela qual é tão aplaudido em todas as suas viagens, inclusive a que fez ao Brasil e nesta atual aos países mais pobres da América do Sul. Oxalá também os poderosos, os governantes e as elites que se dizem cristãos e a maioria desses que se dizem católicos ouvissem e praticassem o que Francisco tem dito. Com certeza o mundo, nossos países e nossas sociedades seriam muito melhores, livres das mazelas que tanto infelicitam o povo, principalmente os menos afortunados.
Suas mensagens também são dirigidas diretamente à Igreja para que volte-se mais voltem- aos pobres, os humildes e excluídos, razão maior de seu pontificado. Nossos países , o mundo e a Igreja tem muito a aprender com Francisco.
*JUACY DA SILVA, professor universitário, fundador, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia. E-mail O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Twitter@profjuacy Blog www.professorjuacy.blogspot.com
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Benedito Pedro Dorileo
O destino muitas vezes centenário das bibliotecas na humanidade foi sempre o de compor a base educacional do povo, fecundando a sabedoria para a liberdade e a cultura para o avanço do conhecimento. Destinam elas, ademais neste século XXI, com ofertas de mídias digitais e redes sociais com meios compartilhados, compor o arsenal de afinação da inteligência, do avigoramento da ciência e da tecnologia.
Temos, em Cuiabá, a biblioteca pública estadual, criada em 26 de março de 1912, encimando o nome de Estêvão de Mendonça, com 120 mil títulos, organizada no Palácio da Instrução, que ali deve permanecer sempre. Ainda, a biblioteca municipal Manoel Cavalcante Proença; outra na Universidade de Cuiabá, tantas no Estado, como na Universidade Estadual, com sede em Cáceres, a do Centro Universitário de Várzea Grande, bibliotecas das Faculdades regionais, das particulares, e ainda as dos Colégios. A Academia Mato-Grossense de Letras e o Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso estabeleceram dever a Casa Barão de Melgaço abrir permanentemente as portas da sua biblioteca.
Por razão memorativa, neste ano de 2015, há de ser considerada a Biblioteca Central da Universidade Federal de Mato Grosso, em seus 35 anos de organização, em 1980, no campus-sede, em Cuiabá. Suas raízes estão fincadas, ora na antiga Faculdade Federal de Direito, que, em 2014, completou 80 anos, quando das primeiras clarinadas jurídicas na Praça da República, em 1934; ora no Instituto de Ciências e Letras, criado em 1966, com cursos de graduação distribuídos em diversos prédios públicos cedidos provisoriamente na capital mato-grossense, para onde acorriam estudantes e professores. Todos eles embalados na campanha pela Universidade Federal.
Na iniciante UFMT, em 1971, sacrificamos salas de aula para reunirmos os acervos, participando os estudantes, até que, em 5 de março de 1980, houve a instalação definitiva da biblioteca central com sede própria, em ampla área construída. Nesse ano, regulamentou-se a biblioteca regional do campus de Rondonópolis. Foi a primeira diretora, Dinalva Gomes de Paiva, que programou e difundiu a Feira do Livro Universitário Latino-Americano – Flula.
No dia em que o edifício da administração superior for levantado, com previsão ‘ab ovo’ na vertical, a biblioteca central retomará o espaço de ocupação. Devem ser lembradas as aquisições e doações de acervos bibliográficos particulares, como a doação da biblioteca do professor Cesário Neto, com 2.800 obras de Linguística e de Literatura, inaugurando a sala especial em memória do poliglota, filósofo e filólogo; como também a sala Rubens de Mendonça, com obras do historiador.
Nos dias que correm, a biblioteca central tem as portas cerradas com vedação imposta pela greve, a provocar clamor da população cuiabana. O movimento paredista, reincidente para conquista de meios e recursos, desenvolve sua programação à procura de resultados; todavia, pode logo devolver o funcionamento do universo dos livros – abrir as três portas para ingresso dos consulentes, universitários ou não.
No alvorecer do campus em Cuiabá, em 1970, sementes foram lançadas, brotaram árvores, nasceram jardins, precedendo à biblioteca. Marco Túlio Cícero, filósofo, tribuno e estadista romano (106-43 a.C.) proclamou: ‘se tiveres uma biblioteca com jardim, terás tudo’. Manda a inteligência que a barricada seja afastada dos portais da biblioteca central. Facultem o retorno para o encantado namoro da mocidade com os livros, já enfadonha pelo amor da distância. Livro aberto é cérebro que fala. Professor também é estudante um grau a mais. Que a esperança não morra nas praças infames da droga e da criminalidade.
Também é inteligente comemorar os 35 anos da biblioteca central da UFMT, revitalizando o campus desolado pelo silêncio, o qual pode ser interrompido pelo canto entoado por Castro Alves: ‘ Oh! bendito o que semeia / Livros à mão cheia / E manda o povo pensar’...
Benedito Pedro Dorileo é
Advogado e foi reitor da UFMT
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