Segunda, 07 Março 2016 10:11

Por Waldir Bertulio*

 

A história dos retornos do AEDES, suas idas e vindas, o recrudescimento de doenças por eles transmitidas impõem medo e pânico à população. Em sua evolução, a Dengue, Chikungunya e Zika, favorecidas pela incúria na evolução da gestão pública. Por que os mosquitos expandem seus espaços? Especialmente na alteração de habitats naturais, com sua expansão para ambientes artificialmente criados pela ocupação humana. A urbanização desregrada e implacavelmente destrutiva mais a degradação ambiental que vem desde a área rural, são motores que condicionam a escalada de mosquitos, outros tipos de vetores e suas doenças.  Em 1854 Jonhn Snow, o primeiro pensador que criou as bases da epidemiologia, utilizou método de investigação ligando o surto da cólera em Londres com a água poluída e infectada pelos esgotos do Rio Tâmisa, que eram consumidas pela população. Ele, como médico, investe no processo preventivo, que evolui para as técnicas de investigação de doenças hoje disponíveis. Desde lá então, já está bem definido que o monitoramento de vetores, de doenças, o processo de   pesquisa são fundamentais para que não sejamos pegos de “calças curtas”. Esta é função do poder público, para que não ocorram ameaças pontuais, como do vírus Ébola e outros no processo migratório. O caso do Zika é emblemático, entrada transfronteira e que exige variadas linhas de pesquisas, tal a sua complexidade. É importante saber o que ocorre além fronteira em relação a expansão destes vetores, destas doenças. Lições que apesar do Brasil ter muitos problemas, passa ao largo dos impactos ambientais que atingem a população em seu “modelo” de ocupação rural e urbana. A construção de barragens e reservas aquáticas proliferam potencialmente vetores como o casa da equistossomose em Gana, alimentada pelo rio Volta. Estes vetores, caramujos de água doce, são ameaças no Brasil, que já enfrentou enormes surtos da doença, inclusive em São Paulo.  A Malária, na África Subsaariana foi agravada pela construção de grandes barragens. Foram 1,1 milhão de novos casos, sabendo que as águas represadas são habitats para os mosquitos transmissores (Anopheles). Aqui em Mato Grosso e na Amazônia sofremos por décadas a tragédia da Malária, com o desmatamento indiscriminado desde a região de Cáceres, Barra do Bugre até as fronteiras amazônicas. A migração contribui para a expansão da doença, invadindo novas regiões, especialmente quando são frágeis os sistemas de monitoramento. Na África Ocidental, 1987, uma pesada epidemia da “Febre do Vale do Rio Rift”. Causa? – modificações ecológicas nos rios, conduzidas pelos Governos da Mauritânia e do Senegal. O Centro de Pesquisas Médicas, Veterinárias e Agrícolas dos EUA elaborou longo estudo concluindo que modificações de áreas naturais como desmatamento, queimadas, barragens, trouxeram endemias. Tal como aconteceu no Brasil e em MT.  Desmatamento, mosquitos e falta de política de saneamento do meio consequente, colocaram em emergência doenças como o Ébola na África Ocidental, e aqui no Brasil continua grande descuido no controle da entrada deste vírus no País. Desde cidades como Sorriso na área Amazônia até Cuiabá e Várzea Grande, o avanço da leishmaniose ameaçando a população urbana como no caso do AEDES. A temperatura alta e a umidade favorecem muito a expansão dos mosquitos transmissores. Pesquisas da Universidade de Winsconsin mostram desde o Quênia, que em áreas desmatadas, mudanças do uso do solo, afetam o clima local, habitats e a biodiversidade, favorecendo a migração das doenças.  Nos EUA o AEDES já é uma ameaça, principalmente o ALBOPTICUS, oriundo da Ásia, expandindo perigosamente (Chikungunya). Portanto,  Dengue, Chikungunya e Zica tem  nas alterações urbanas e rurais e na pobreza sua determinação, implementada tragicamente com a falta de investimentos em pesquisas, vigilância de vetores e doenças, e no recrudescimento para aniquilar com o SUS em nosso país. É dizer, essas doenças tem que ser entendidas no viés da ecologia política. A saúde, como as políticas estruturantes e sociais, são decididas na política. Qual política?

 

WALDIR BERTÚLIO é professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).

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Segunda, 07 Março 2016 08:08

 

 

Por JUACY DA SILVA*
 

Enquanto você para alguns minutos para ler  este artigo, com  toda certeza que ao redor do mundo e também no Brasil centenas de milhares de mulheres  estão sendo vítimas de violência,  de abusos sexuais, estupros, espancamentos e assassinadas de forma  cruel,  covarde por aqueles que tem a certeza  de que a impunidade  vai lhes garantir continuar praticando esses e outros atos que violentam pessoas frágeis e indefesas.


A convenção de Istambul, da qual participam  todos os países europeus, seguindo  exemplo da ONU, em 11 de maio de 2011, definiu que “violência contra a mulher é uma violência contra os direitos humanos” e também significa que este tipo de violência tem como base a questão de gênero  e inclui violência física, sexual, psicológica, econômica-financeira que  impõem  sofrimento `as mulheres, incluindo ameaças, coerção, cárcere privado, espancamentos, tortura e atentado contra a Liberdade e os direitos das mulheres, que pode  ocorrer tanto nos. espaço doméstico quanto público.


Uma das formas mais hediondas de violência contra a mulher é o estupro  que deixam marcas profundas no corpo, na mente e na alma das vítimas, além de inúmeros casos que acabam em morte da mulher estuprada.


No mundo a cada ano acontece em mais de 100 milhões de atos de violência contra  as  mulheres, incluindo mais de 15  milhões de estupros. A  realidade  pode ser  muito mais grave  tendo em vista a subnotificação dos casos de violência contra as mulheres em todos os países, inclusive no Brasil, onde a cada ano acontecem mais de 50 mil estupros. Entre 2012 e 2015  foram registrados 203.211 estupros em nosso país.


COMPROMISSO COM A IGUALDADE DE GÊNERO. Este e o tema para as comemorações do DIA  INTERNACIONAL DA MULHER, em 2016, que vai ocorrer  na terça feira da próxima semana,  08 de marco.


Este é o momento para que homens e mulheres, se  comprometam, a lutar para acelerar  a tão  sonhada conquista da  IGUALDADE DE GÊNERO, um os objetivos do Milênio por parte da ONU e novamente reforçado nos novos objetivos do desenvolvimento sustentável, com horizonte para 2030.


Procure saber o que vai ser feito em sua cidade, seu bairro, no seu local de trabalho, em sua escola/universidade, sua igreja, seu estado, enfim, em diferentes locais  para  que esta data seja comemorada com entusiasmo e cidadania. Se  não  houver nada programado  discuta com outras pessoas  e faça alguma programação, uma palestra, uma discussão sobre o tema, uma caminhada, enfim, desperte para a importância  desta luta, desta cruzada.


Procure conhecer a  real  situação  das mulheres em suas dimensões concretas: a mulher negra, discriminada, a mulher trabalhadora que ainda ganha muito menos do que os homens por igual jornada e igual trabalho; tem  também a mulher trabalhadora que está desempregada e no sufoco, procure saber como vive a mulher favelada, a mulher deficiente, a mulher  que é mãe  solteira e como é sua luta para sobreviver e criar seus filhos; indague sobre a realidade da mulher encarcerada, em que condições  sobrevive a privação da Liberdade, pense no sofrimento da mulher estuprada, violentada física, emocional  e psicologicamente.


Lutar  por direitos iguais para  mulheres  e homens, lutar contra a discriminação, contra os abusos e a violência contra a mulher, lutar por igualdade de oportunidades para  as mulheres  são formas de contribuirmos para a construção de uma sociedade e um pais justo, desenvolvido, humano e solidário.  Esta luta começa  dentro de casa, na sua rua, em seu bairro, seu local de trabalho e avança a níveis mais abrangentes.

 


*JUACY DA SILVA, professor universitário, fundador, titular e  aposentado UFMT, mestre em sociologia, articulista de A Gazeta há mais de 22 anos.

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Quarta, 24 Fevereiro 2016 13:36

Somando-se à crise política, econômica e social brasileira, o mosquito aedes aegypti ameaça todos os continentes. No Brasil, avança há mais de um século, compondo hoje a crise no setor estatal da saúde, diante do trágico avanço das doenças transmitidas através deste mosquito. Desde a febre amarela no início do século, este mosquito vem produzindo doenças que desaguaram na Dengue, Chikunguniya e Zika. Infelizmente, todas as sinalizações e alertas estão historicamente demarcados. Indicam que a saúde pública não avançou o necessário, as expensas da morosidade concreta na implementação de Políticas Públicas abrangentes conectadas com o setor saúde. A saúde pública é, “prima-pobre” na relação de prioridades que caminham na mercantilização da saúde no País. É preciso alertar para os sinais que abatem-se sobre a população, na tragédia que chega ao vírus Zica. Sabe-se não muito sobre ele, mas que é capaz até de comprometer futuras gerações, frear este tipo de doença não está no campo das concepções hegemônicas da prática médica. Vítima também da expansão de um mercado chamado: complexo médico/industrial (como o agroindustrial), centrado no lucro e na ampliação da demanda de mercado, na lógica da doença. Assim, a prática médica pode até não significar saúde, em sua concepção densa e ampliada.. Para se ter uma ideia, as residências em Saúde Coletiva multidisciplinares, mesmo em clinica médica (geral) são pouquíssimas, e desvalorizadas pela própria lógica de mercado. Adeus generalistas na medicina, quase todos demandam para a superespecialização, em cada vez menores partes do corpo, em um país onde mais de 80% das doenças são prevenidas e/ou contidas e curadas na atenção básica. Os sanitaristas, profissionais de Saúde Coletiva, são essenciais na mudança necessária que desafia a saúde aqui no Brasil e em Mato Grosso. Lutamos para a criação de graduações na área, também aqui na UFMT, e que já dispõe de profissionais formados em outra lógica ao setor hegemônico da saúde. Forma Sanitaristas, que anteriormente eram egressos de cursos de pós graduação, preparados para a gestão e operacionalização integral do sistema.  Pelo visto, os sistemas Estaduais e Municipais de Saúde não estão absorvendo estes profissionais. Uma pena, este tema deveria ser pauta da AMM, do COSEMS e de toda gestão do setor. Suas práticas ancoram-se em determinantes sociais, ambientais, culturais, além do enfoque biológico. Um dos inúmeros exemplos de distorção na rede de serviços é a disfunção das UPAS, tornando-se ao invés de atendimento de urgência e emergência, uma porta de entrada do sistema, além de ameaçar o esvaziamento da atenção básica. Neste rumo, demanda para a hospitalização, grande parte das vezes desnecessárias se ocorresse de fato atendimentos de qualidade nos níveis básicos e intermediários. O alerta é, para onde caminha o SUS? Sem ação intersetorial nas políticas públicas, especialmente sociais e infraestrutura, não é possível avançar, conter a escalada destas doenças. São doenças típicas da pobreza, agora atacando de alguma forma outros grupos sociais neste processo de ocupação rural e urbana desumanizadas. Para entender melhor a saga deste mosquito e destas doenças, não há como, sem entender o papel do Estado nesta tragédia anunciada, imposta pelo Aedes Aegypti. Está no cenário o aumento da epidemia de dengue, com 1,6 milhões de casos e 839 mortes, mais de 500 mil casos de contaminação pelo vírus Zika, com 2975 casos de microcefalia sendo investigados. As projeções apontam cem mil casos em 2016. Falta de saneamento básico e ambiental, desfiguração do meio ambiente, ausência de investimentos e prioridades na  atenção à saúde, Vigilância Sanitária, Ambiental e Epidemiológica, Ciência e Tecnologia e descaso histórico do poder público completam a equação desta tragédia. Anunciada!

Waldir Bertúlio

Professor aposentado da UFMT

Segunda, 22 Fevereiro 2016 13:55

 

 

JUACY DA SILVA* 

O Brasil nos últimos anos não tem sido bem avaliado pelos organismos internacionais, incluindo as empresas que realizam o que é chamada de classificação de risco. Essas  empresas orientam e são consultadas pelos grandes investidores internacionais quando decidem investir ou deixar de investir em outros países, principalmente os chamados “mercados emergentes”, onde nosso país está incluído.

No ultimo ano duas dessas empresas rebaixaram o nível do Brasil, colocando nosso país na categoria de mercados especulativos e de alto risco e com isso diversos grandes fundos americanos e europeus, inclusive poderosos fundos de pensão começaram a avaliar a possibilidade de deixar de investir no Brasil ou até mesmo a transferir investimentos aqui realizados.

Na  avaliação  que essas empresas fazem  elas levam  em conta a situação  geral da economia do país avaliado, incluindo índices de crescimento do PIB nos últimos anos;  taxas de inflação, taxas de investimentos internos, públicos e privados, equilíbrio e  controle das contas públicas,  índices de corrupção relacionados com a economia e a  gestão pública, carga tributária, estabilidade nas regras contratuais, enfim, se a economia do país está  estável , em crescimento ou em recessão e qual a capacidade do  governo   central em gerenciar uma crise existente.

Em todos esses quesitos o Brasil foi redondamente reprovado e todas as medidas tomadas pelo governo, inclusive o chamado “pacote fiscal” não tem conseguido  ser corretamente definido e tudo leva a crer que o Congresso não  tem sido convencido pelo Governo Dilma quanto `a propriedade e efetividade das medidas.  Muitos setores, inclusive parte da bancada de apoio de Dilma no Congresso Nacional são contrários ao aumento da carga tributária, a volta da CPMF e a questão da dívida pública, que tem aumentado muito nos últimos anos e é o ponto central  do estrangulamento das contas públicas e da crise econômica, fiscal e financeira que a cada dia está mais complexa e difícil de ser equacionada.

Há quase 20 anos praticamente metade do OGU – Orçamento Geral da União, variando de 42% a 49%, tem sido destinados para o pagamento de juros, encargos , rolagem e uma pequena parte para amortização. Mesmo assim o crescimento da dívida bruta e líquida, tanto em relação ao PIB  quanto no total tem aumentado de forma acelerada. As  razões básicas  deste problema são: a) desvalorização cambial; b) aumento absurdo da taxa básica de juros  e c) subsídios a diversos setores da economia e, finalmente, o volume de renúncia fiscal que o governo tem feito em favor de grandes grupos e setores da economia.

Em 2006, por exemplo, o total da dívida pública era de 1,34 trilhões de reais e representava 55% do PIB; em 2016 deverá atingir 3,64 trilhões de reais e vai representar 71,5%  do PIB. No orçamento da União de 2016 a rubrica da dívida pública tem  uma dotação de R$ 304,1 bilhões só para pagamento de juros e nada menos do que 1.044,8 trilhões de reais para rolagem e amortização, totalizando R$1,348,9 trilhões de reais. Como o Governo não consegue  fazer “superavit” nem para pagar os juros, terá que refinanciar R$855bilhões, na forma de novas dívidas que entra no orçamento como receita. Como o orçamento líquido da União para2016 é de R$ 2,1 trilhões, com  este aporte o orçamento  geral passa para três  trilhões. Desta forma, o peso da dívida sobre o orçamento líquido da união é de 64,3%  e de 44,96% da LOA para 2016. Como a taxa básica de juros pode subir em 2016, ao lado da recessão que deverá ser praticamente a mesma de 2015 e a desvalorização  cambial que também deverá continuar, o cenário para  este ano é muito complicado, incluindo redução das atividades econômicas, queda acentuada  na  arrecadação  e dificuldades para honrar os compromissos do governo com seus credores, que são implacáveis, como os agiotas costumam  ser.

A  única solução é a  realização de uma auditoria independente , a chamada Auditoria cidadã da divida pública e uma lei , à semelhança da Lei de Reforma de Responsabilidade Fiscal, que estabeleça  um teto máximo no OGU para fazer face ao pagamento de juros, encargos, rolagem e amortização  da dívida, antes que a mesma estrangule de vez a economia e a vida do país, inviabilizando todas as políticas públicas por falta de recursos orçamentários e financeiros.

*JUACY DA SILVA,  professor  universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia, articulista de A Gazeta. E-mail O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.  Blog  www.professorjuacy.blogspot.com  Twitter@profjuacy

Terça, 16 Fevereiro 2016 17:09

 

Habita outro plano, Gegé de Oyá. Você, figura proeminente em nossa sociedade, que sonhou com uma família, achando força na espiritualidade e na contenda com os reflexos da escravidão e na sua ancestralidade. Esta que foi tão dura aqui na baixada cuiabana, e que levou negros a serem jogados tal qual buchas de canhões ao morticínio da Guerra do Paraguai, com a promessa de libertação. Você, que condoía com o sofrimento da escravidão negra nas minas do Sutil. Como primeiro colunista social da nossa cidade, saudado e bajulado pelas elites da terra na fotogenia narcísica dos demandantes no desfile das colunas sociais. Mais do que isto, guia espiritual até de curas, de reencontros, de amores clandestinos guardados a chaves possíveis nas intempéries das falsas e reais relações amorosas, que levou tantos para terreiros, a conhecer um pouco da crença na religiosidade afro. Que construiu em terreno fértil a poética da resistência, do enfrentamento ostensivo das diferenças, do conservadorismo e da intolerância. Enfrentou de peito aberto, nunca recuando no orgulho à dignidade e na conquista dos seus desejos. Menino que nasceu na síndrome da fome, no velho sertão de Rosário Oeste. Acolhido e apoiado em pequeno, pela família Cuiabano. Que foi estudar Artes e Ofícios desde o primário no Colégio São Gonçalo, já encantado com a arte da costura, que continuou na antiga Escola Artífice. Gegé sempre se postou como um príncipe negro, incorporando como marca em seu talento, criatividade, a estética e o vestuário afro. Estudou, pesquisou, desde os trabalhos como alfaiate (dizia costureiro), até a de colunista social badalado nas hostes ditas “chiques”. Nunca deixou de lado as referências das famílias pobres e tradicionais em seus textos. Sobretudo, sarcástico com as incoerências das superficialidades que marcam um tipo de colunismo servil, mercantil e vazio. Tinha uma visão crítica sensata e 'finória' da alta sociedade, sabendo que acumulou poder e força através deste ofício, vendo isto como um instrumento de resistência em sua ligação sincrética com o catolicismo e a religiosidade afro. Foi amigo desde Dom Aquino, outras referências católicas em Cuiabá, até os núcleos de Candomblé, Umbanda e Espiritismo. Referências como Dandi, Pai Edésio, Joãozinho do Axé, Jojô, Robson e Seo Arlindo. Certa feita, em Brasília (levado por Isabel Campos, amizade forte), foi recepcionado com honras de Chefe de Estado, confundido com o Rei da Nigéria, que ainda não tinha chegado. Sua indumentária afro era componente da sua arte e estética. Carnavalesco, sua presença era marcante, o povo aplaudia em delírios, as crianças adoravam suas performances nos velhos carnavais e batalhas de rua. Assinava ponto nas madrugadas em bares e espaços como Choppão e Sayonara, passando por clubes como Operário, o Dandi, Náutico, Grêmio Antonio João, além dos clubes Feminino e Dom Bosco. Sua entrada foi vetada no Dom Bosco em uma comitiva dirigida pelo saudoso Mestre Batista, que culminou com contendas e o encerramento da festa naquela noite. Quando podia, “dava bananas” ao racismo e machismo da cidade, com o desprezo e elegância de sempre, ele, que enfrentou centenas de hostilidades desta natureza. Também produziu na rádio Difusora o programa denominado “ Uma Rosa para uma Dama Triste”. Gegé de Oyá foi fortemente identitário, pioneiro e verdadeiro no seu pertencimento cultural, racial, no gênero e na orientação sexual. Em tempos dificílimos. Sempre ancorado na religiosidade e no sincretismo. Gegé de Oyá é história, memória e orgulho da nossa terra! 

Waldir Bertúlio

Professor aposentado da UFMT

Quarta, 03 Fevereiro 2016 14:00

A trajetória do modelo econômico a partir de 2003 reembarcou no boom das commodities que chegou até 2013, inclusive amenizando os impactos da crise de 2008. Para um país chamado mercado emergente como o Brasil, a desvalorização da moeda chinesa e suas medidas para manter o crescimento impõe tempos ruins ao nosso país, colocando o Brasil em apuros. Mato Grosso, especialmente dependente do mercado chinês, apesar do agronegócio ter apresentado crescimento em relação a outros setores ,tem na retração do mercado chinês um fator declinante. Somam-se a isto as condições climáticas, impondo perdas, além de que, a monocultura industrial é perversa na concentração de renda e na deterioração ambiental. É hora de mudar esta equação regressiva, superconcentradora de riqueza e ainda torpedeada na lei Kandir. A China vem desacelerando sua economia desde 2014, com cenário ruim ao menos pelos próximos dois anos, com o aumento da queda na produção industrial e excesso na capacidade produtiva. Na verdade, a redução da capacidade de crescimento não se limita a China, mas  a Europa e EUA. O Brasil é sem dúvida vítima do modelo exportador primário, como na política conduzida por Delfim Neto, criando no início da década de 70 a política dos corredores de exportação. Endividamento externo a perder de vista. É este modelo que retoma a política econômica pós 2003, acoplada a matriz econômica neodesenvolvimentista, que presume um grande pacto social entre o capital e o trabalho. Incorporou-se o investimento em infraestrutura (PAC) e outros, criando projetos sociais efêmeros e de baixa incorporação de recursos públicos como o Minha Casa Minha Vida. Se analisarmos suas planilhas de custo, foram concebidas para favorecer empreiteiras do ramo imobiliário. Para se ter uma ideia disto, a ONG Contas Abertas analisou as contas da Presidente em 2014, mostrando a verdade sobre o motivo das pedaladas fiscais. Do montante, 40 bilhões foram para grandes empresas e para o agronegócio; para Minha Casa Minha Vida, foi 7,66 bilhões; para o BNDES sustentar investimentos na Inovação, Produtos e Compras de bens de capital, foi 12,16 bilhões. O BNDES empresta com juros menores do que capta, a diferença é o tesouro nacional quem paga. Colocou 7,44 bilhões para subvenção ao agronegócio, mais do que o Projeto Minha Casa Minha Vida. Então, as pedaladas na tergiversação tosca dos argumentos de Lula da Silva, “foram para o bem”, para os projetos sociais. Por isso, Dilma mereceria o perdão. Esta face do neodesenvolvimento são cosméticas e irrisórias. A ministra Katia Abreu retoma agora o período pré 1988 da Constituição Federal. Assume a mercantilização, retoricamente colocada como pensamento governista para mercadejar novas frentes que capturem verbas públicas. A crise impôs duros golpes aos neodesenvolvimentistas. Esgota-se o ciclo expansivo das commodities, expondo a fragilidade estrutural do país que “nadou” na exportação de produtos primários e de produtos industriais de baixo e médio valor tecnológico. E importa produtos de maior valor agregado, incidindo sobre o déficit crescente das transações comerciais. O principal pilar utilizado foi via concessão de créditos subsidiados como do BNDES. Na última década, este banco público teve seu capital aumentado 10 vezes, o Banco do Brasil também foi fortemente abalado. A corrupção exposta pela Lava-Jato expõe o desvio dos investimentos em infraestrutura. A queda drástica do Petróleo no mercado internacional, e aqui, o petróleo e seus derivados continuam subindo a vista, puxado pelos combustíveis. Por que? O Petrolão responde. A China tem avançando no Brasil no setor de bens de capital, nutrindo-se da corrosão nacional, como outras instituições financeiras multinacionais. A crise viceja em um país onde o setor bancário expande lucros nas taxas de juros mais altas do mundo. Com recordes de lucros, as ações dependem da divida pública, que continuam a subir, expondo a fragilidade do modelo econômico. Cortes nas áreas sociais, o que parece ser uma conquista neodesenvolvimentista nas áreas sociais entre 2005 e 2012, ficam inexpressivas frente a perdas assustadoras. Retirados de vez pela inflação, alto desemprego, até pelo congelamento e suspensão das “bolsas de assistência”, aniquilamento das políticas sociais, como no eixo da Seguridade  (Saúde, Previdência e Assistência Social)  e da CLT. A desigualdade, a carestia e a pobreza aumentando vertiginosamente. Na crise política e econômica, por hora, não há luz no fim do túnel! Qual pacto será possível?

Waldir Bertúlio

Professor aposentado da UFMT

Segunda, 01 Fevereiro 2016 12:07

Navegando dia desses pela Internet abri um site que relacionava várias frases de para-choque de caminhão.
A maioria delas é puro humor, mas têm também as religiosas, as reflexivas e as românticas. Dizem que elas representam a filosofia e maneira de ser do brasileiro – que leva na brincadeira todas as suas desventuras.
Três delas me chamaram a atenção: “Dinheiro não traz felicidade: manda buscar”, “A felicidade não é um destino aonde chegamos, mas sim, uma maneira de viajar.” “Alguns causam felicidade em todo lugar que vão, outros em toda hora que partem”.
A palavra felicidade está no topo da cabeça de todo nós. A filosofia, desde sempre, investiga e se propõe a achar uma fórmula para o alcance da felicidade.
Tales de Mileto - que viveu entre 7 a.C. e 6 a.C. - nos traz a mais antiga referência sobre a felicidade. Para este filósofo “ser feliz é ter corpo forte e são, boa sorte e alma formada”.
No mundo contemporâneo a investigação sobre o que nos traz felicidade ainda permanece.
O filósofo paranaense Sérgio Cortella aborda em suas conferências, de forma simples e educativa, este tema.
Assisti a um curto vídeo do seu pensamento sobre felicidade partindo de conceitos antigos que demonstra que a felicidade não é uma simples fórmula onde a felicidade é igual realidade menos expectativa.
Há pessoas que acham que a felicidade é a posse contínua de bens materiais. A verdade é que ela vem do essencial, como a amizade, lealdade, amor, dedicação, carinho e tantos outros valores imateriais.
Procuramos, prossegue o mestre, achar a felicidade no secundário, quando precisamos de autenticidade. A posse de bens não é essencial para encontrá-la. Nunca confundir com dinheiro, que é fundamental, e não, essencial.
Precisamos de coisas simples para ser feliz, que é um ato transitório, momentâneo - não é um estado permanente.
Aquela felicidade artificial adquirida por meio de fármacos ou outras drogas é ilusória e só faz mal à saúde das pessoas.
Temos de ter esperanças e procurar a felicidade diariamente. Ela não cai em nosso colo.
Como é difícil explicar o que é a felicidade!
“Quem busca a felicidade fora de si é como um caracol que caminha em busca da sua casa”. Constâncio C. Vigil, escritor uruguaio.

Gabriel Novis Neves
04-01-2016

Quarta, 27 Janeiro 2016 17:48

 

1 - Abrimos 2016 com o pais em grave e insustentável crise politica, ligada umbilicalmente a crise econômica, com determinações internacionais e, expressivamente locais. Neste contexto, produzimos teses e propostas para debater a agenda política anual da Associação Nacional dos Docentes do Ensino Superior, o ANDES-SN para enfrentamento especialmente da crise  sobre a educação e as Universidades do pais. Não há ensino qualificado sem a produção de conhecimentos voltados para as necessidades da população. Realça a PEC 10/2014, criando o Sistema Único  Educação Pública. Nada a ver com o que defendemos para o SUS e para a Cultura, Trata-se de romper com a autonomia outorgada pela Constituição  para este nível de ensino. Retomam o PL  518/2004, que propõem a mercantilização da educação, transformando o MEC em Ministério da Educação de Base, levando o ensino superior, a pesquisa, a extensão e avaliação para o Ministério da Ciência e Tecnologia, no caminho para demanda de mercado. Mais uma conexão, o PL 4648/2012 criando em seu artigo primeiro um  fundo patrimonial,  tirando de vez do Estado o dever do  financiamento público.  É o empresariamento do ensino superior público. Além do  corte de no mínimo 11 bilhões da educação, o Acordo Geral de Comércio e Serviços  (AGCS) da Organização Mundial do Comércio, no  Acordo Trade in Service Agreement (TISA), voltando a educação para o mercado, além de romper com a proteção para setores como  saúde, deixando de ter características de serviços públicos. Uma agenda importante, dentre outras, é o Encontro  Nacional da Educação, realizado de forma autônoma e independente para discutir, avaliar  e propor  novas intervenções em todos níveis no sistema de ensino  brasileiro. Na economia, a crise  internacional tem de fato efeitos sobre o Brasil e os condicionantes específicos aqui produzidos que  corroem os pilares desta nossa decadente  República, frente a uma maioria esmagadora de Congresso, partidos  e Governo manietados, servindo a interesses espúrios. A crise politica corre na promiscuidade entre níveis de poderes e agentes externos, instalando balcões de negócios distantes do interesse  público. A corrupção alastrada depende da  firme  e leal atuação do Ministério Público, Polícia Federal e de juízes comprometidos visceralmente  com  a  justiça. Uma vergonha aos que professam o direito como uma nobre profissão, a “ Carta da impunidade” assinada  por pouco mais de uma centena de advogados com inconsistentes acusações à Lava Jato, naturalmente defendendo seus clientes contraventores. Somente 4 por cento das decisões do juiz Sérgio Moro e sua  grande equipe não foram acatadas pelos tribunais superiores, tal a consistência da sua atuação. A Lava Jato não pode parar, custe o que custar, é preciso garantir que eles não passarão, enfim, ameaçando chegar até as mais altas autoridades da nação. Os reflexos da crise mundial na economia brasileira manifestam--se a partir das características de um país dependente e semicolonizado O marco mais recente vem da crise dos EUA em 2008, alastrada por toda Europa. Em países como o nosso, a crise aumenta a rapina, com  efeitos imediatos como  presenciamos agora  no desemprego  índices não vistos nesses últimos vinte anos, inflação, juros altos, supressão de direitos sociais, em uma economia subordinada drasticamente ás oscilações internacionais. Especialmente   flutuando nas causas e impactos  internos da péssima gestão pública e seus desvios, que sangram a economia nacional , com  um Congresso mais conservador e atrasado em todos os tempos. O declínio mais que trombeteado, ignorado por lideranças como Lula da Silva e sua (ex?) pupila, então Presidente. Lembram os quadrinhos do saudoso Henfil, em “Ubaldo, o Paranóico”. Mania persecutória até que ponto consciente, levando petistas fanáticos e neófitos oportunistas também ao delírio, na defesa dos desvios, trapalhadas e mania de grandeza. Ou  será uma performance e ensaio de esquizofrenia? Escárnio à mostra!

Waldir Bertúlio

Professor aposentado da UFMT

Terça, 19 Janeiro 2016 10:33

 

Esgotados os modelos familiares vigentes durante séculos e séculos, urge uma mudança nesse tipo de conglomerado, o que, aliás, já vem acontecendo paulatinamente.
Na minha prática médica ao longo de todos esses anos tenho constatado os inúmeros dramas oriundos dessa organização arcaica.
A velha companheira, apenas reprodutora, se transformou numa força de trabalho ativa e, portanto, fundamental para a economia do grupo.
Com as mudanças econômicas vieram as alterações comportamentais. Novos modelos se impõem para que os vários membros de um mesmo clã não adoeçam entre si, como vem acontecendo nos últimos anos.
Com o aparecimento de novas tecnologias facilitadoras dos trabalhos caseiros, a liberdade pessoal feminina tem se tornado uma meta. Mulheres não mais se conformam com ausência de tempo para si mesmas, impossível até poucos anos atrás.
Já percebemos esses profundos sinais de mudanças nos países mais desenvolvidos, em que os filhos são intimados a prover o seu próprio sustento a partir dos dezoito anos e, portanto, abandonar o teto familiar.
Nada mais saudável e promissor, ainda que para nós, subdesenvolvidos, nos pareça um ato de desamor.
As interdependências familiares são altamente adoecedoras para todos os seus membros, chegando, algumas vezes, a níveis insuportáveis, apenas disfarçados pelas hipocrisias que as circunstâncias exigem.
Pais subjugando filhos na sua juventude e sendo por eles subjugados na velhice, é o quadro mais frequente.
Sob a capa da proteção, em ambos os casos, se estabelece a mais cruel das relações, sempre baseada em mentiras e desamor.
É como se podada fosse qualquer iniciativa de autodirecionamento, e o ódio subliminar que daí advém, vai se acumulando através dos anos, tudo no mais profundo disfarce da compreensão.
Dessa forma, festas tradicionais que exacerbam os valores familiares, como o Natal e o Réveillon, com muita frequência redundam em espetáculos desastrosos, normalmente liberados graças à exclusão da censura promovida pela ingestão de bebidas alcoólicas.
Que as pessoas passem a entender e a respeitar a individualidade de cada um.
Que os idosos não se transformem em perspectivas de novos ganhos após o seu desaparecimento e que lhes seja permitido, e até mesmo, incentivado, a usufruir do justo fruto de seu trabalho na plena satisfação dos seus desejos. O que mata é infelicidade e tédio, e não, prazer.
Que a família passe a funcionar como seres que se amam e se protegem mutuamente, sem cobranças de qualquer espécie.
Que o respeito ao outro e às suas escolhas seja o moto propulsor para a felicidade de todos.
Que as pessoas se encontrem por puro prazer de estarem juntas, e não por regras comportamentais pré-estabelecidas, tais como almoços dominicais enfadonhos e obrigatórios, principalmente quando envolvem terceiros nesses compromissos.
Enfim, que cada um tenha presente que o ser humano foi feito para ser feliz do jeito que der e quer, mesmo que não corresponda às metas, ditas de sucesso, que são traçadas para ele.
Quem sabe assim não teremos um dia grupos familiares verdadeiramente felizes? 


Gabriel Novis Neves
08-01-2014 

Sexta, 15 Janeiro 2016 17:39

 

Habita outro plano, Gegé de Oyá. Você, figura proeminente em nossa sociedade, que sonhou com uma família, achando força na espiritualidade e na contenda com os reflexos da escravidão e na sua ancestralidade. Esta que foi tão dura aqui na baixada cuiabana, e que levou negros a serem jogados tal qual buchas de canhões ao morticínio da Guerra do Paraguai, com a promessa de libertação. Você, que condoía com o sofrimento da escravidão negra nas minas do Sutil. Como primeiro colunista social da nossa cidade, saudado e bajulado pelas elites da terra na fotogenia narcísica dos demandantes no desfile das colunas sociais. Mais do que isto, guia espiritual até de curas, de reencontros, de amores clandestinos guardados a chaves possíveis nas intempéries das falsas e reais relações amorosas, que levou tantos para terreiros, a conhecer um pouco da crença na religiosidade afro. Que construiu em terreno fértil a poética da resistência, do enfrentamento ostensivo das diferenças, do conservadorismo e da intolerância. Enfrentou de peito aberto, nunca recuando no orgulho à dignidade e na conquista dos seus desejos. Menino que nasceu na síndrome da fome, no velho sertão de Rosário Oeste. Acolhido e apoiado em pequeno, pela família Cuiabano. Que foi estudar Artes e Ofícios desde o primário no Colégio São Gonçalo, já encantado com a arte da costura, que continuou na antiga Escola Artífice. Gegé sempre se postou como um príncipe negro, incorporando como marca em seu talento, criatividade, a estética e o vestuário afro. Estudou, pesquisou, desde os trabalhos como alfaiate (dizia costureiro), até a de colunista social badalado nas hostes ditas “chiques”. Nunca deixou de lado as referências das famílias pobres e tradicionais em seus textos. Sobretudo, sarcástico com as incoerências das superficialidades que marcam um tipo de colunismo servil, mercantil e vazio. Tinha uma visão crítica sensata e 'finória' da alta sociedade, sabendo que acumulou poder e força através deste ofício, vendo isto como um instrumento de resistência em sua ligação sincrética com o catolicismo e a religiosidade afro. Foi amigo desde Dom Aquino, outras referências católicas em Cuiabá, até os núcleos de Candomblé, Umbanda e Espiritismo. Referências como Dandi, Pai Edésio, Joãozinho do Axé, Jojô, Robson e Seo Arlindo. Certa feita, em Brasília (levado por Isabel Campos, amizade forte), foi recepcionado com honras de Chefe de Estado, confundido com o Rei da Nigéria, que ainda não tinha chegado. Sua indumentária afro era componente da sua arte e estética. Carnavalesco, sua presença era marcante, o povo aplaudia em delírios, as crianças adoravam suas performances nos velhos carnavais e batalhas de rua. Assinava ponto nas madrugadas em bares e espaços como Choppão e Sayonara, passando por clubes como Operário, o Dandi, Náutico, Grêmio Antonio João, além dos clubes Feminino e Dom Bosco. Sua entrada foi vetada no Dom Bosco em uma comitiva dirigida pelo saudoso Mestre Batista, que culminou com contendas e o encerramento da festa naquela noite. Quando podia, “dava bananas” ao racismo e machismo da cidade, com o desprezo e elegância de sempre, ele, que enfrentou centenas de hostilidades desta natureza. Também produziu na rádio Difusora o programa denominado “ Uma Rosa para uma Dama Triste”. Gegé de Oyá foi fortemente identitário, pioneiro e verdadeiro no seu pertencimento cultural, racial, no gênero e na orientação sexual. Em tempos dificílimos. Sempre ancorado na religiosidade e no sincretismo. Gegé de Oyá é história, memória e orgulho da nossa terra! 

Waldir Bertúlio

Professor aposentado da UFMT