O presidente Jair Bolsonaro sancionou, na última semana, a Lei Orçamentária de 2021. A norma, que fixa as despesas e estima as receitas de todo o Governo Federal para o ano corrente, recebeu vetos e bloqueios por parte do chefe do Executivo Nacional, perdendo um total de R$ 29,1 bilhões em comparação com o projeto aprovado pelo Congresso Nacional, no mês de março. Os cortes afetaram, principalmente, os ministérios da Educação (2,7 bilhões), Economia (R$ 1,4 bilhão) e Defesa (R$ 1,3 bilhão).
De todo o montante aprovado, Bolsonaro vetou R$ 19,767 bilhões, valor que será cortado definitivamente, e bloqueou outros R$ 9,3 bilhões em despesas discricionárias, cifra que pode ser desbloqueada ao longo do ano, no caso de novas projeções indicarem a existência de um novo espaço no teto de gastos.
Ao explicar as razões dos vetos e bloqueios, o presidente argumentou que estudos técnicos da equipe econômica, liderada pelo ministro Paulo Guedes, indicavam uma insuficiência de espaço no teto de gastos para atender despesas obrigatórias e do orçamento impositivo. Ele também afirmou que o Executivo já encaminhou ao Congresso um projeto de lei de crédito suplementar de R$ 19,768 bilhões, que na prática repõe os valores vetados do Orçamento.
Com os vetos e os bloqueios, o Orçamento de 2021 cumpre segundo as projeções do Ministério da Economia, a regra do teto de gastos.
Até a sanção da lei, a União vinha executando apenas as ações e programas considerados obrigatórios ou inadiáveis, dentro dos limites do orçamento provisório estabelecido pela Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Pela Constituição, o projeto deveria ter sido aprovado em dezembro. Um impasse político na instalação da Comissão Mista de Orçamento (CMO) e a pandemia da Covid-19 prejudicaram os trabalhos.
Orçamento sufoca ainda mais as Universidades
Na última sexta-feira, 30, a diretoria do ANDES-SN lançou uma nota política contra os cortes orçamentários promovidos pelo governo. No documento, a entidade pontua que ''Uma parte significativa dos recursos das universidades está condicionada a aprovação de emenda legislativa no meio do ano, somente podendo ser usado após este processo legislativo. Foram feitos cortes adicionais ao orçamento aprovado pelo Congresso e também bloqueio de recursos destinados ao MEC. Tudo isso para conseguir combinar o cumprimento do teto dos gastos e, ao mesmo tempo, preservar as emendas individuais dos parlamentares do Centrão, base parlamentar que sustenta um genocida comandando o país e provocando o caos sanitário que presenciamos todos os dias''.
Leia nota política na íntegra, clicando aqui.
Fonte: ANDES-SN (com informações da Agência Câmara de Notícias)
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para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
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Paulo Wescley Maia Pinheiro
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Professor da UFMT
É próprio do individualismo burguês promover a concorrência, o estranhamento da própria vida e de suas capacidades, além da coisificação do outro e, ainda assim, cultivar a crença formal da possibilidade de superação individual dos seus problemas pela ascensão de classe. Os valores tradicionais das elites arcaicas, da burguesia nacional subsumida ao capital-imperialismo e das camadas médias antenadas com a lógica neoliberal consubstanciam o mundo míope que não enxerga humanidade nem em si e nem no outro.
A modernização conservadora do Brasil foi um projeto de “unidade de contrários” entre a burguesia subimperialista e as elites reacionárias buscando sufocar os setores explorados e oprimidos.
A eugenia, a “higiene social”, o moralismo judáico-cristão e o autoritarismo caminharam por décadas buscando a "europeização", num processo à brasileira, sem realização de reformas estruturais do liberalismo romântico, mas adequando a manutenção das raízes coloniais para a economia de mercado, mantendo o patrimonialismo, o racismo e o machismo sempre no centro das possibilidade de manutenção e ampliação da exploração.
Não por acaso o preconceito regional vem sempre reproduzindo elementos de racismo e não raramente também revela a ideação das camadas médias e até de setores pauperizados de uma autoafirmação pequeno burguesa pela proximidade territorial dos setores estratégicos do sistema produtivo e das possibilidades mais amplas de acesso aos bens de consumo.
O ethos do povo trabalhador nordestino, do povo preto, das mulheres e da população lgbt da classe trabalhadora foi patologizado, moralizado, criminalizado, existindo um processo de higienização discriminatória por décadas, que se traduziu nas periferias, nos manicômios, nas penitenciárias.
Assim, a normalização, a normatização e o protagonismo sudestino vai pautando uma importância autocentrada e narcísica de suas questões enquanto produz reducionismos sobre o que é aparentemente alheio a si.
E é também por isso que o Sudeste olha no espelho e tenta, em vão, enxergar todo o país. Enquanto isso, traça rascunhos e garranchos mistificando as particularidades tão diversas dos outros territórios, implicando em limites de princípios para possibilidade de um projeto de nação que propicie desenvolvimento socialmente referenciado, igualdade substantiva, autodeterminação e soberania nacional.
Por isso, vai se produzindo a lógica de protagonismo que direciona o monólogo que sufoca a diversidade brasileira e permite também não enxergar as contradições dos seus próprios processos. Nesses reducionismos, as formas políticas e as oligarquias arcaicas são sempre aquelas distantes e nunca os conchavos dos poucos sobrenomes que batem bola na política paulista, fluminense e/ou mineira.
As revoltas populares dos outros lugares são sempre realizadas por famintos desesperados, sob liderança espontaneísta dos fanáticos religiosos, muito diferente da forma civilizada, moderna e urbana de reivindicar. O protesto pacífico é sempre atrapalhado pela “ralé”, pelos “bárbaros”, o não-civilizado, aquele que vem de fora da cultura de cidadania macula a limpeza tão bem estabelecida pelas estruturas vigentes.
A monocultura grita. Existe a mídia nacional — leia-se sudestina — e as mídias regionais; existe a Música Popular Brasileira — leia-se, aquela abençoada pelo Sudeste — e a música regional; existe o sotaque esquisito, o sotaque “do outro” e a forma “normal” de falar. O regionalismo é sempre do outro.
O caldo cultural desse processo que se espalha por todas as classes fundamenta estereótipos conhecidos:
- O/a Nordestino/a exótico/a”: estranho, pois é tido como antagônico ao padrão de civilização, rude, viril, anacrônico, mas funcional;
- O/a “Nordestino/a batalhador/a”: que possui a bravura inata, que desculpa o resto do país da falta de acesso aos seus direitos, uma fortaleza essencial feita para carregar todo tipo de peso;
- O/a “Nordestino/a engraçado/a e prestativo/a”: aquele/a que aceita a servidão como condição e tem seu dom natural assimilado sempre com sorriso no rosto;
- O/a “Nordestino/a preguiçoso/a”: com a malandragem natural e a inaptidão para as regras do “trabalho moderno”, a esperteza imoral diante do contrato social iluminista.
A deformação das representações ideologicamente estruturadas atinge as mulheres nordestinas de modo especial. Para elas essa força essencial que é atribuída vem com ideia de masculinização que, para os exploradores, as qualifica para serviços braçais, ao mesmo tempo que referenda a sobrecarga imposta entre trabalho produtivo e improdutivo no interior da classe explorada, convivendo ainda com materialização das diversas formas de violência de gênero/sexo nas relações familiares.
A resiliência da mulher nordestina não promove espaço de ascensão social. Da feminização da miséria até a reprodução das "viúvas de maridos vivos", a reprodução da força de trabalho do campo, o trabalho doméstico e a estrutura familiar centrada na esperança imputada pela busca dos migrantes, são elementos que reproduzem o heteropatriarcado de forma peculiar.
Um retrato mal desenhado da estrutura familiar que circunda a ultrarresponsabilização feminina frente a imigração dos homens para os centros urbanos caracteriza um falso matriarcado, existente apenas nos procedimentos cotidianos de administração e práticas familiares enquanto permanece à expectativa do protagonismo patriarcal.
A mulher ousada, “mal educada”, atrevida é a mulher inadequada, ignorante e ignorada para o padrão familiar centrado no moralismo burguês e para a convivência urbana. A misoginia se manifesta imbricada no elitismo cultural e se fantasia no machismo naturalizado. A áurea do exótico colocada sob o povo nordestino marca mulheres no não-lugar do feminino: nem homens para o centro do poder, nem delicadas e frágeis para o lugar de invisibilidade coadjuvante que o machismo mais protocolar espera.
A autoimagem — do “cabra macho” e da “paraíba masculina” — também reproduzida por parcelas dos/das nordestinos/as como parte de sua identidade é produto disso e é, em essência, autofágica, pois o orgulho historicamente construído pelas elites do Brasil Colônia com sua estrutura escravocrata e patriarcal é mascarada de suposta cultura identitária de rusticidade, de centralidade fálica e que referendou opressões ao longo dos tempos.
O nordestino, antes de tudo um forte, é expressão contraditória de quem precisou e precisa ser forte para continuar existindo e resistindo, a mística que vai sendo mascarada e se mascarando de uma fortaleza forjada sobre seus ombros, no seu sangue e no suor.
O "nordestino caboclo" é a classificação que esconde e revela, que sufoca e aprofunda a ideia de subcategoria de trabalhadores brasileiros, invisível para os estudos dos preconceitos e opressões, mas vívidos nas formas mais concretas de expressões discriminatórias. A classe trabalhadora nordestina passa a ser diferente demais para assumir as classificações existentes nas formulações sobre desigualdade, enquanto é desigual demais para não ser entendida em suas diferenças.
O não-lugar do nordestino também faz parte do não-lugar do pardo no país e do falseamento racista, próprio do mito da democracia racial, que reverbera a fantasia de que em algumas partes da região Nordeste não existem negros, questão renovada e ideologicamente reforçada nas análises sobre racismo protagonizadas pelo sudestocêntrismo.
O silenciamento das contradições na unidade exploração-opressão torna a diversidade do Brasil uma abstração que se soma ao apagamento da influência da cultura indígena existente cotidiano da classe trabalhadora, além da negação de sua dimensão de ancestralidade, formando uma equação de não-reconhecimento de desigualdades vividas dentro e fora do Nordeste.
Enquanto o racismo estrutural impõe a desigualdade sobre os negros no Nordeste, o (des)colorismo instrumentalizado vai reproduzindo uma caricatura que se centra na realidade urbana do Sudeste e desconsidera as particularidades das outras regiões e suas formas de manifestações de racismo. Na realidade, muitos dos negros nordestinos estão marginalizados nos espaços, invisibilizados na ideia tortuosa da miscigenação brasileira, naturalizando profundamente o preconceito e a discriminação.
Os clichês retroalimentados do exótico e do arcaico caminham de mãos dadas. O Nordeste mistificado se transforma no não-lugar, no território paradisíaco onde sujeitos passarão férias, acessarão para serem servidos, podendo gozar do seu tempo livre. O Nordeste mistificado se transforma no não-lugar árido, um espaço inóspito, animalizado, sem lei, um deserto habitado por famintos onde se pode descer do pedestal desenvolvido e fazer caridade.
A política que promove o Nordeste como um setor de serviço turístico no litoral é a mesma que solidificou a indústria da seca, que naturalizou desigualdades e que reduziu possibilidades dos “sobrantes úteis”, sendo acompanhada pela hegemonia cultural que condiciona a moral e os costumes.
O Brasil Oficial que amarra o que chama de Brasil Profundo é resultado da miscelânea das elites que passaram pela Colônia, pelo Império, pela República Café-com-leite, pelo Estado Novo, por JK, pela Ditadura civil-militar de 1964 e se perpetua até hoje calando a diversidade ou a reduzindo a mercadorias.
O reducionismo de um estereótipo não é de responsabilidade do sujeito estereotipado. O rebaixamento da complexidade cultural advém não de uma cristalização de uma narrativa endógena, mas do não aprofundamento das diversas medições, valores, disputas e construções que permanecem vivas no interior da cultura dos sujeitos subalternizados. A identidade popular é contraditória, mas a prevalência de uma antítese rebelde, com expressão de potencialidade emancipatória no interior das relações dos sujeitos explorados e oprimidos, inclusive, em seus símbolos apropriados pelo mercado, são elementos reduzidos, sufocados, enquadrados e moralizados. Todo esse processo tem base material.
O simplismo estereotipado vai jogando o Nordeste, em sua diversidade e complexidade, em suas contradições e potencialidades, em seus mitos construídos e resistência coletiva, como uma abstração rasa. A discriminação regional é potencializada na conjuntura atual pela xenofobia reproduzida mundialmente e aponta dentro do capitalismo brasileiro para o “tipo ideal” de trabalhador precarizado.
Parte 2 (de 4 seções) do "Ensaio sobre o Nordeste e o preconceito regional como expressão do ódio de classe no Brasil". A primeira seção está no Espaço Aberto 034/2021, de 29 Abril de 2021. https//www.adufmat.org.br/portal/index.php/component/k2/item/5070-ensaio-sobre-o-nordeste-e-o-preconceito-regional-como-expressao-do-odio-de-classe-no-brasil-parte-1-de-4-secoes-paulo-wescley-pinheiro
*Integralmente publicado em ENSAIO SOBRE O NORDESTE E O PRECONCEITO REGIONAL COMO EXPRESSÃO DO ÓDIO DE CLASSE NO BRASIL | by Wescley Pinheiro | Medium
A Diretoria da Adufmat-Ssind, no uso de suas atribuições regimentais, convoca todos os sindicalizados para Assembleia Geral Ordinária a se realizar:
Data: 05 de maio de 2021 (quarta-feira)
Horário: às 13h30 com a presença mínima de 10% dos sindicalizados e às 14h, em segunda chamada, com os presentes.
Pauta
1- Informes;
2- Análise de Conjuntura;
3- Criação da Comissão Eleitoral pra Eleição da Diretoria da Adufmat;
4- 19 de maio: dia de paralisação contra o PL 5595.
A Assembleia será online, e o link poderá ser solicitado, mediante identificação, pelo whatsapp (65) 99661-7890 com o Sérvulo.
Cuiabá, 30 de abril de 2021.
Aldi Nestor de Souza
Diretor Geral da ADUFMAT-Ssind
Parecer sobre a PEC 32/20 poderá ser apresentado na segunda quinzena de maio | FOTO: Agência Câmara
A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados iniciou, nesta segunda-feira (26), seu cronograma de audiências públicas sobre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 32/20, que trata da reforma administrativa. Em reunião de coordenadores de bancada ficou definido um cronograma de sete audiências, entre 26 de abril e 14 de maio. Após esse período o relator apresentará seu parecer.
Ontem, (26), ocorreu a primeira audiência com a participação do secretário especial de Desburocratização do Ministério da Economia, Caio Paes de Andrade; do presidente da Associação Nacional dos Procuradores dos Estados e do DF (Anape), Vicente Braga; do advogado e professor Emanuel de Abreu Pessoa; da coordenadora do movimento Auditoria Cidadã da Dívida, Maria Lúcia Fattorelli; do Coordenador-Técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Fausto Augusto Júnior; e do professor de Direito Administrativo da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Francisco Cavalcanti.
A PEC 32/20, de autoria do governo Bolsonaro, irá promover a desestruturação de serviços públicos, em especial aqueles relacionados aos direitos sociais garantidos constitucionalmente à população. Além disso, a PEC propõe novos regimes de contratação de forma precarizada, de caráter temporário e contratos em regime de experiência, acabando com o Regime Jurídico Único. E, ainda, cria diversas formas de contratos de trabalho dentro do serviço público, o que atingirá a qualidade do atendimento à população, e abre espaço para a terceirização irrestrita em todas as áreas.
Mais audiências
Deputados de oposição querem aumentar o número de audiências de sete para onze. Uma delas seria para convidar o próprio ministro da Economia, Paulo Guedes, a prestar esclarecimentos sobre a reforma. A expectativa é para que Paulo Guedes, e não seus assessores, falem sobre a proposta. Depois de passar pelo colegiado, a proposta ainda precisa ser analisada por uma comissão especial e, em dois turnos, pelo plenário da Câmara.
O ANDES-SN tem se empenhado na mobilização contra a reforma Administrativa com as demais categorias do funcionalismo público que compõe o Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos Federais (Fonasefe). Desde setembro, a entidade tem participado de atos presencias, respeitando os protocolos de segurança, e virtuais, construindo campanhas informativas sobre a PEC 32 e pressionando parlamentares a se posicionarem contra a proposta.
Fonte: ANDES-SN
Trabalhadoras e trabalhadores da Sun Tech, Blue Tech e 3C, empresas fornecedoras da LG, estão em greve há mais de 20 dias em defesa de seus direitos e empregos. Em assembleia unificada na segunda-feira (26), em Caçapava (SP), as operárias e operários aprovaram por unanimidade a continuidade da greve que teve início no dia 6 de abril.
A fabricante sul-coreana de eletroeletrônicos LG anunciou no dia 5 deste mês que irá encerrar a produção de smartphones em todo o mundo. No Brasil, a decisão afeta diretamente a fábrica da empresa em Taubaté (SP) e as três principais fornecedoras na região, ameaçando a demissão de 830 trabalhadores, a maioria mulheres.
Em Taubaté, as e os trabalhadores da LG retomaram a greve após rejeitarem a segunda proposta de indenização apresentada pela empresa. Os funcionários da multinacional realizaram uma paralisação entre os dias 12 e 18 de abril, mas interromperam a paralisação no dia 19 com o compromisso de serem realizadas novas negociações entre o Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté e a direção da fábrica.
Para o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região (Sindmetal SJC), a união das e dos trabalhadores diretos e terceirizados é fundamental para o prosseguimento da luta, que deve ter o foco prioritário na defesa dos empregos. Caso a LG insista em fechar as portas será exigida do governo federal a estatização da empresa, sob o controle das e dos trabalhadores, para produzir celulares de marca nacional.
“Seguimos defendendo a união entre os sindicatos e os trabalhadores da LG e de suas fornecedoras para manter os postos de trabalho em nossa região. Se a companhia mantiver sua postura de encerrar as atividades, precisamos exigir das autoridades que deixem as e os metalúrgicos produzirem”, afirma o presidente do Sindicato, Weller Gonçalves.
Força da luta
A greve das trabalhadoras da Sun Tech, instalada em São José dos Campos, Blue Tech e 3C, em Caçapava, é a mais forte realizada na categoria este ano e é destaque entre as mobilizações que ocorrem no país. Também é uma demonstração da força das mulheres, que são maioria entre os 430 empregados das três fornecedoras.
Na semana passada (22), as metalúrgicas realizaram o segundo protesto em frente à LG em Taubaté em decorrência da recusa da LG em negociar com o Sindmetal SJC a situação das trabalhadoras das fornecedoras, que atuam 100% voltadas para atender a companhia sul-coreana. A recusa da empresa em negociar contraria proposta apresentada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT).
Tanto a Blue Tech como a Sun Tech entraram com dissídio coletivo na Justiça pedindo o fim da greve, o que foi negado pelo Tribunal Regional do Trabalho da 15ª região. Na sexta-feira (30), vão ocorrer audiências de conciliação entre os representantes das duas empresas e o Sindicato.
“As trabalhadoras da Sun Tech, Blue Tech e 3C não param de mostrar a sua valentia e determinação. Vamos continuar essa batalha até que os empregos e direitos sejam assegurados”, disse a diretora do Sindicato Luciene Silva.
Fonte: Sindmetal SJC (com edição do ANDES-SN)
A Frente Popular pela Vida: em Defesa dos Serviços Públicos e de Solidariedade ao Enfrentamento à Covid-19 lançará, nessa quinta-feira, 29/04, durante a Live “Latifúndio: quem planta lucro colhe miséria”, às 19h, mais um vídeo para incentivar a doação de alimentos e recursos para a campanha de alimentação.
Na semana passada, após receber mais 23 mil kg de alimentos da Organização Não Governamental Ação da Cidadania, representantes do ANDES-Sindicato Nacional Regional Pantanal, entre outros membros da Frente, distribuíram 150 cestas em aldeias do povo chiquitano do estado.
Desde o ano passado, a Frente conseguiu arrecadar e distribuir 100 toneladas de alimentos, além de produtos de higiene, máscaras, cobertores, fraldas, leite e outros materiais entregues a comunidades indígenas, camponesas, LGBTQI, imigrantes, portadores de HIV, trabalhadores terceirizados da UFMT e estudantes. Foram beneficiados moradores de Cuiabá, nos bairros Pedregal, Renascer, Jd. Glória 1, Parque Cuiabá, Pedra 90 e região do Cinturão Verde, Cohab São Gonçalo, Osmar Cabral, Bela Vista, Jd. Vitória, Praeirinho, Novo Paraíso, Terra Prometida, além de outros municípios como Várzea Grande (incluindo trabalhadores despejados do Residencial Colina Dourada), Barão de Melgaço, Comodoro, Vila Bela da Santíssima Trindade e Porto Esperidião.
O primeiro vídeo da campanha e o debate sobre como ajudar podem ser vistos clicando aqui.
Segundo o professor Reginaldo Araújo, um dos participantes da Frente, a ação pressiona os governantes com relação à situação de fome da população, mas também tem como objetivo despertar a solidariedade entre docentes da UFMT, entre outros trabalhadores. “Nosso esforço é para sensibilizar os professores, servidores em geral, para que as doações se tornem um compromisso regular, mensal, pelo período que for necessário. Alguns professores já se movimentam nesse sentido, mas ainda é um número reduzido”, afirmou.
As doações de alimentos e material de limpeza está sendo feita na Adufmat-Ssind, dentro da Universidade Federal de Mato Grosso. A Oca fica quase em frente ao Hospital Veterinário da UFMT. O endereço é Avenida Fernando Corrêa da Costa, S/Nº, Coxipó, Cuiabá. Há segurança no espaço durante 24h, que poderá receber e guardar as doações.
Para doar recursos, a Frente criou uma conta exclusivamente para este fim na Caixa Econômica Federal. Agência: 0686 | Op.: 013, Conta Poupança: 00034474-8. CNPJ: 149120750001/53. Titular: ADUFMAT SOLIDARIEDADE COVID-19
Luana Soutos
Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind
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Paulo Wescley Maia Pinheiro*
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Professor da UFMT
INTRODUZINDO O DEBATE
A reprodução do preconceito regional no Brasil é algo cotidiano e, ao mesmo tempo, uma questão nebulosa do ponto de vista de sua visibilidade política e teórica. Especialmente a região Nordeste, mas também o Norte do país e outros territórios distantes do centro economicamente desenvolvido, tem os seus povos, identidades, culturas e corpos subjugados, promovendo maior possibilidade de exploração e complexificando as opressões estruturais no país.
Num país de proporção continental o que acontece na parte de baixo do mapa ainda ganha contorno privilegiado. Às margens disso há a essência: as pessoas que carregam nas costas o campo e a cidade, o centro e a periferia, a capital e o interior, a produção e a reprodução de uma sociedade que serve ao lucro de poucos.
É por isso que tratar, ainda que panoramicamente, da questão do Nordeste revela dimensões importantes do antagonismo de classes no Brasil. É preciso refletir as expressões da questão social e os mitos construídos sobre o povo nordestino, produzidos dentro da naturalização da ideologia burguesa, que encobrem a complexidade dos processos de exploração e também de resistência que fizeram parte da formação histórica da região, da identidade do seu povo, das contradições em sua auto-imagem e do modo como é retratado pela hegemonia em diversas práxis como a política, a arte, a ciência e o senso comum.
Para isso é fundamental partir de alguns pressupostos teóricos que não aprofundaremos aqui, mas que são essenciais, em suas diferenças e que tomam a base material da nossa formação sócio-histórica dentro do capitalismo dependente, as raízes coloniais, escravocratas e patriarcais do Brasil, a burguesia brasileira subsumida ao capital-imperialismo, o desenvolvimento desigual e combinado internamente expresso.
Por fim, é também central nessa reflexão a categoria alienação, tida não somente como um elemento econômico, mas como um processo de desumanização em todas as esferas da vida dentro da lógica da unidade exploração-opressão. Na esteira dos princípios do materialismo, o processo dialético ancorado nas contradições históricas coloca o ódio ao trabalho e à pessoa que trabalha como um valor universal entremeado em todas as classes, inclusive entre os sujeitos explorados. A transformação da diversidade em desigualdade tem base estrutural e os valores elitistas são um condimento fundamental no processo de objetificação particular de determinadas parcelas de trabalhadores/as.
O debate sobre as desigualdades do desenvolvimento regional interno no Brasil, suas consequências econômicas, sociais e culturais tem costumeiramente apagado a discriminação regional que articula e expressa a dimensão de classe, raça/etnia e gênero/sexo, expressando condições singulares na exploração de uma parcela de pessoas da classe trabalhadora e reproduzindo elementos específicos em valores preconceituosos com tons análogos à xenofobia imperialista, mas sob expressão interna no território nacional.
O rebaixamento e obscurecimento da temática reproduz deformações e advém de um conjunto de fatores que processam essa síntese naturalizada sendo composta pela falta de trato da unidade entre questão urbana e rural no Brasil, pelo histórico tratamento da questão de classe de forma abstrata, pelo falta de desenvolvimento de uma tessitura entre classe, raça/etnia e gênero/sexo como unidade e com mediações mais profundas, pelo trato raso sobre o complexo migratório internacional e nacional.
Parte 1 - Nordeste, exploração-opressão e resistência no capitalismo brasileiro
Tradicionalmente os movimentos sociais que pautam as opressões, os partidos de esquerda e as organizações sindicais pouco deram importância para a constituição que determinou a migração interna no País e desenvolveu as possibilidades de exploração intensa da classe trabalhadora nordestina, estruturando a modernização brasileira, se juntando às condições fundantes realizadas pelas raízes escravocratas e patriarcais.
Da marginalização ao moralismo, do assistencialismo à romantização da pobreza, da invisibilização midiática às caricaturas comumente espalhadas, a classe trabalhadora nordestina teve e tem sua condição de trabalho precarizada, sua cultura mercantilizada e subjugada, a discriminação naturalizada. Assim, não há como entender o Brasil, suas lutas e contradições, sem desvendar a essência do que se expressa fenomenicamente no preconceito contra o povo nordestino.
Historicamente, a suposta cordialidade brasileira é uma característica laminada pela contradição. Macia na aparência, ela esconde direções tortuosas, sentidos incoerentes e significados diversos que miram seu corte preciso naquilo que nos acostumamos a achar normal em nossa forma de atuar, seja para viver, seja para sobreviver.
Na esteira do mito cordial o apassivamento confundido com pacifismo e o amortecimento dos conflitos transmutado como suposta tolerância, foram acobertando e reproduzindo o cerne de uma estrutura capitalista calcada no racismo, no patriarcado e na subserviência ao imperialismo.
A lente sobre o capitalismo dependente e as particularidades da formação do Brasil e da América Latina como pilares para o entendimento das suas expressões cotidianas contribuem para uma perspectiva de totalidade no reconhecimento de uma classe trabalhadora diversa, sem a reprodução de noções abstratas da luta de classes em territórios fora do eixo do capital.
O modelo colonial promovido no Brasil faz parte de um processo mais amplo de estruturação da acumulação originária do capital internacional que particulariza um movimento fundacional de subsunção ao imperialismo desde de seus primórdios.
Essa característica vai sendo constituída de diferentes elementos que permitem um processo de desenvolvimento dependente e combinado, com formas rebaixadas aos interesses europeus que, entre tantas questões, fortalece uma estrutura de rebaixamento do valor da força de trabalho quando se hegemoniza uma estrutura de trabalho assalariado nos anos da República.
Entre diferentes formas de existir no tramitar histórico dos anos de colônia, de império e de modernização conservadora republicana, há um nó do tradicional metamorfoseado que referenda o trabalho não remunerado, a violência nos espaços produtivos e uma cultura de desumanização das pessoas que foi construída e reproduzida no genocídio e etnocídio dos povos indígenas, na instrumentalização forçada via escravidão da população negra, no acobertamento da importância das atividades realizadas pelas mulheres no processo de reprodução social e, em determinado período e particularidade, na naturalização de práticas análogas à servidão em espaços rurais.
A seiva e o suor da seca produzida e reproduzida como fenômeno social constrói as possibilidades para os setores dominantes se apropriarem das condições da natureza, constituindo relações sociais como verdadeiras cercas para a reverberação de um instrumento fundamental para o Brasil moderno: a exploração intensa da força de trabalho oriunda do Nordeste do país. Essa exploração, no entanto, não é somente material e nem poderia se estabelecer somente no campo da produção, sendo condimentada por fundamentos políticos e culturais que retroalimentaram a naturalização das condições historicamente determinadas sobre o preconceito geográfico brasileiro.
Passam-se décadas de pauperização e o “paraíba” e o “baiano” são naturalizados no cotidiano das periferias do Rio de Janeiro e de São Paulo, vistos como instrumentos, adjetivados de forma preconceituosa, carregando uma história de invisibilidade e imposições.
Em tempos de crise a barbárie inflama contradições. De repente, pulsa um escândalo aqui ou acolá, revelando as discriminações cotidianas. Exemplos não faltam: a enxurrada de depoimentos reacionários numa eleição presidencial, culpando os “ignorantes e famintos da parte de cima do mapa país” por não optarem majoritariamente por um projeto ultraliberal e protofascista; ou um tuíte mais específico mandando “afogar os nordestinos”; uma provocação de torcedores de futebol chamando nordestinos de miseráveis ou, ainda, uma “brincadeira” de um colega de trabalho fazendo sua “piada diária” com sua “colega paraíba”, mas que foi documentada e viralizou. Tudo isso são pequenos recortes escritos do tratamento comum dado às trabalhadoras domésticas, aos porteiros, aos garçons, aos garis, aos peões, ou seja, aos sujeitos que estão realizando atividades socialmente tidas como trabalhos de nordestinos no Sudeste.
Enfim, o que parece ser algo muito circunstancial do ódio do presente é, na verdade, manifestação de uma construção histórica que não é somente no campo da cultura, mas que se constitui do elitismo como ódio de classe.
Assim como a escravização dos povos africanos foi central para a possibilidade de hegemonia burguesa na Europa, a desigualdade interna do Brasil criou as bases para o desenvolvimento sudestino, ofertando possibilidades mais amplas para a exploração.
A monocultura produtiva dos séculos de colonização estruturou as possibilidades e impossibilidades infraestruturais e as bases culturais que sedimentaram os estereótipos presentes no século XX. O Brasil marginalizou os negros pós-escravidão, absorveu os sobrantes do exército industrial de reserva europeu e sentou em cima da desigualdade interna do país que a República Café-com-leite, a ditadura Vargas e o desenvolvimentismo de JK constituiu na condição das pessoas fora dos ciclos aburguesados e das camadas médias.
É nesse processo que a ignorância alimenta a compreensão nacional sobre o ser nordestino, reconhecido como um todo abstrato, sem sua diversidade, disputas e contradições. O reacionarismo das elites rurais agrárias do Nordeste foi tomado como a cultura universal do povo nordestino, ao passo que se marginalizou cada vez mais a cultura popular da região. Esse é um processo clássico que vai instrumentalizando valores e formas de vida dos sujeitos explorados enquanto perpetua os valores funcionais para as classes hegemônicas.
Fora do reducionismo popularesco e de referências caricaturais reproduzidas pelas hegemonias regionais (e ainda mais rebaixadas no âmbito nacional) há o sufocamento da riqueza cultural da classe trabalhadora nordestina, produto da resistência cotidiana frente ao processo de exploração, opressão, apropriação e dominação. O saber popular, a linguagem, os meios de solidariedade de classe, a inventividade diante da precariedade e da precarização são manifestações marginalizadas pelos setores da monocultura de valores sociais.
A forma de falar e agir dos centros urbanos e, dentro deles, dos setores exploradores, assumiram cada vez mais o protagonismo do que é correto, saudável e legalmente aceito. Não por acaso há uma linguagem, um sotaque e determinados hábitos tido como normais em detrimento da “cultura marginal” do resto do país. Capital x interior, litoral, x sertão, centro x periferia, sudeste x nordeste são reproduções de uma lógica hegemônica, irremediável e abstrata do estranhamento capital x trabalho.
O ódio ao povo nordestino e a sua forma de existir no mundo é, na verdade, o ódio ao trabalhador, sua própria desumanização, a expressão da alienação promovida de cima para baixo pela cultura burguesa, pelas raízes aristocráticas do Brasil e também promovida entre os de baixo, no não reconhecimento da diversidade e na tentativa de sobreposição ideológica frente às questões estruturais
Texto integralmente publicado em ENSAIO SOBRE O NORDESTE E O PRECONCEITO REGIONAL COMO EXPRESSÃO DO ÓDIO DE CLASSE NO BRASIL | by Wescley Pinheiro | Medium
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Atenciosamente,
*Paulo Wescley Maia Pinheiro
Professor do Departamento de Serviço Social da UFMT - Universidade Federal
de Mato Grosso.
Doutorando em Política Social - UnB
A Adufmat-Ssind inicia nesta quinta-feira, 27/04, às 19h, uma série de lives sobre os problemas relacionados a fome e o Agronegócio no estado de Mato Grosso. Sob a mediação da professora Lélica Lacerda, o tema da primeira live da série será "Latifúndio: Quem planta lucro, colhe miséria". Os convidados são Lucinéia Soares (servidora pública e doutora em Sociologia), Eloenia Ararua (assistente social e militante do movimento Mulheres Indígenas) e Vanderly Scarabeli (diretor regional do Sul do MST).
O debate será transmitido pelos canais oficiais da Adufmat-Ssind no Youtube e Facebook.
Não percam! Participem da Live enviando perguntas e comentários.
Link para o Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=VDfybfnxS1A
Link para o Facebook: https://www.facebook.com/211669182221828/posts/4223692734352766/
Entidades de trabalhadores mato-grossenses que compõem a Frente Ampla por Vida Digna, Vacinação em Massa e Contra as Políticas de Fome e Morte, lançaram, nessa terça-feira, 27/04, um Manifesto em Defesa da Vida. O ato de lançamento ocorreu dentro da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), um dos polos de vacinação contra a Covid-19 na capital do estado.
O documento surge a partir da constatação de que os governos nacional, estadual e municipais estão negligenciando os direitos e as necessidades da população, provocando ainda mais dificuldades na pandemia. “Já são quase 400 mil mortos, e o Governo não se mobilizou pela vacinação ampla. Ela chega a conta gotas, e não é suficiente para a população trabalhadora, que foi obrigada a encarar o transporte público lotado para tentar sobreviver, uma vez que, diferentemente de outros países, o Brasil não garantiu um auxílio emergencial digno para as pessoas poderem ficar em casa. Tanto o Governo Federal quanto o Estadual e os municipais boicotaram o isolamento social, e nós estamos aqui hoje convocando toda a população cuiabana a tomar as ruas em defesa da classe trabalhadora”, disse o representante do Sindicato dos Correios de Mato Grosso (Sintect-MT), Edmar dos Santos Leite.
A presidente do Sindicato dos Servidores Públicos da Saúde do Estado de Mato Grosso (Sisma/MT), Carmem Machado, afirmou que o sindicato apoia integralmente a vacinação em massa e um lockdown real, e destacou ainda dificuldades enfrentadas pelos servidores estaduais que atendem a população nesse momento, como a suspensão de pagamentos de adicionais noturnos, insalubridade e plantões há cerca de um ano. “Mais do que os aplausos merecidos, a categoria merece ter reconhecidos seus direitos. Isso é justiça social”, pontuou.
A diretora do Andes Sindicato Nacional – Regional Pantanal, Raquel Brito, explicou que o manifesto tem como objetivo defender a vacinação em massa e a elaboração de um plano eficiente de vacinação para a população brasileira. “Nós queremos que a vacinação ocorra como um direito, assim como está escrito na nossa Constituição. Esse manifesto se coloca, mais do que tudo, a favor da vida, pelos direitos de todos os trabalhadores. É nesse mote que reivindicamos a vacinação em massa e também denunciamos que o nosso estado é o que tem menor índice de vacinação, acompanhando o país, um dos que menos vacina no mundo. É a falta de um plano eficiente para combater a Covid-19, com vacinação e lockdown, que faz com que tenhamos os maiores índices de mortes e de lotação em hospitais e Unidades de Tratamento Intensivo (UTI’s)”.
Veículos de comunicação acompanharam momentos do ato
Para o professor Maelison Neves, diretor da Associação dos Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso (Adufmat-Ssind), além do diálogo com profissionais e população em um dos pontos de vacinação, estar na UFMT representou, simbolicamente, o papel central que a instituição poderia estar tendo nesse momento. “Nós bradamos a bandeira, junto com demais sindicatos: vacina no braço, comida no prato. A nossa bandeira é a defesa da vida. Por isso, nós entendemos que o grupo prioritário é formado por todos os brasileiros. Todos nós merecemos viver, e não cairemos na chantagem ou desemprego ou fome. Nós temos direito à vacina, ao auxílio emergencial, aplicação de todas as medidas sanitárias comprovadamente eficazes para diminuir a transmissão do vírus até a imunização de toda a população. Vacinação para todos já! Para além de um ponto de vacinação, nós lutamos para que a universidade se torne um lugar de produção de vacinas, um lugar de pesquisa, de conhecimento para que nós possamos, num futuro muito próximo - com investimento na ciência brasileira, na universidade brasileira -, ser autossuficientes na produção de vacinas, de medicamentos e tratamentos necessários para atender as demandas de saúde das pessoas com sequelas - políticas sociais, atendimento psicológico, educacional, uma série de desafios que a sociedade brasileira vai nos trazer e a universidade pode e muito contribuir com seu saber com seu conhecimento, com seus profissionais, para enfrentar os efeitos colaterais da pandemia”, afirmou.
Já o presidente do Sindicato dos Servidores do Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso (Sinetran/MT), Lucas Póvoas, ressaltou que, enquanto se registra o aumento da pobreza no mundo, outros grupos se tornam cada vez mais ricos. O Índice de Bilionários da Bloomberg demonstrou, no inpicio deste ano, que as 500 pessoas mais ricas do mundo aumentaram sua riqueza em 31% durante a pandemia.
Para o trabalhador da Educação de Várzea Grande, Thiago Frazão, esse momento deve ser de unidade entre os trabalhadores. “Nós precisamos somar forças nessa luta em defesa da vida. É fundamental cobrar dos governos a vacinação, o auxílio emergencial, mais testagem, equipamentos de proteção individual. Há uma série de trabalhadores que estão em trabalho presencial e estão tendo que tirar do próprio bolso recursos para comprar equipamentos de segurança”, afirmou.
Leia abaixo a íntegra do Manifesto lançado pela Frente Ampla por Vida Digna, Vacinação em Massa e Contra as Políticas de Fome e Morte.
MANIFESTO
Frente Ampla por Vida Digna, Vacinação em Massa e
Contra as Políticas de Fome e Morte
Vivemos um momento histórico terrível no qual as/os trabalhadoras/es sofrem com uma pandemia descontrolada que já fez quase 400 mil vítimas, tendo cerca de 4 mil mortes diárias. Os sucessivos cortes de investimento na Saúde Pública e o negacionismo dos governos (federal, estadual e municipal), que se posicionaram contra todas as formas e alternativas sérias para combater a pandemia, são os responsáveis pelo número de infectados e mortos, assim como pelo colapso do SUS – Sistema Único de Saúde. O boicote à testagem em massa, às medidas efetivas de isolamento social, ao auxílio emergencial digno e à aquisição rápida de vacinas para garantir a imunização em massa da população, é um crime a ser respondido pelos que estão na gestão dessa tragédia.
Devido à negligência na negociação de vacinas e insumos para a produção de imunizantes, nesse momento, em abril de 2021, passados mais de 1 ano do início do estado de calamidade ocasionado pelo Coronavírus, menos de 5% da população brasileira tomou as duas doses da vacina; em Mato Grosso, menos de 4% da população tomou as duas doses e o pior: não há um plano de vacinação realmente eficaz para frear a contaminação e botar um fim próximo à essa pandemia. Os profissionais da Saúde enfrentam desassistidos a pandemia na linha de frente do combate à Covid-19 e seguem na luta pela recuperação dos muitos infectados, salvando vidas, mesmo com as péssimas condições de trabalho.
Por outro lado, o agronegócio segue batendo recorde de lucros, até mesmo em plena crise gerada pela pandemia. Lucros garantidos, também, pelo próprio governo de Mato Grosso que beneficia o setor com bilhões de isenções fiscais – o dinheiro que falta no combate à COVID-19, para o SUS, Educação e serviços básicos para a população. Enquanto a pandemia se acirra, os patrões seguem lucrando! O governo Bolsonaro e Mauro Mendes não mediram esforços em dar isenções fiscais e auxiliar as “urgências” dos grandes empresários e latifundiários do agronegócio. Vemos isso claramente nas altas do arroz e do óleo, por exemplo. Enquanto formos o “celeiro do mundo” e o agro for “pop”, ficaremos à mercê, pois o que nossa terra produz será vendido em dólar e nada sobra para nós, filhos dela, nos alimentar.
No Brasil, atualmente, há mais 40 milhões de pessoas desempregadas, (sendo que a tal da reforma trabalhista foi aprovada com a promessa de gerar mais empregos) que estão desesperadas tentando sobreviver com um auxílio de R$150 à R$350 reais; valores que são completamente insuficientes para uma vida digna – não sendo suficientes para a compra do gás e da cesta básica, ao mesmo tempo. São 60 milhões na miséria extrema, enquanto vemos o preço dos alimentos, gás, luz e água subirem. Falta o básico na mesa de um/uma trabalhador/a e a sobrevivência se torna ainda mais difícil!
Para aqueles que estão empregados, restou a aprovação do plano de demissão voluntária e as MPs 927 e 936, que atacaram direitos, reduziram salários e suspenderam contratos, resultando em arrocho, intensificação da exploração e mais desempregados; além da implantação da Lei do Teto de gastos (aquela que não permite investimentos nos serviços públicos), Reforma Administrativa (que retira trabalhadores e não contrata outros para servir o povo) e PEC 186 (define que os salários dos trabalhadores públicos não terão progressão). Sem nenhum plano sério e compromissado por parte dos governos, trabalhadoras e trabalhadores têm enfrentado sozinhos os desafios e perigos durante a pandemia – obrigados a trabalhar pela necessidade de sobrevivência e sem auxílio emergencial digno.
O governo, apoiado pelos ricos empresários, se nega a tomar medidas, colocando um falso dilema nas nossas costas: ou nos arriscamos no trabalho, contraímos o vírus e morremos sem ar numa fila de espera de UTI, ou nos isolamos em casa e morremos com a fome, ouvindo o eco do ronco das nossas barrigas. Sem esquecer que esse próprio governo, que propositalmente demorou na compra da quantidade necessária de vacinas, se nega a pagar auxílios dignos para a população e não se preocupa em controlar os altos preços dos alimentos.
É pensando na escolha da vida, ao invés da morte, que essa frente se formou, dialogando com trabalhadoras/es de várias áreas, saúde, educação, segurança, na forma de sindicatos, movimentos, organizações sociais, coletivos ou pessoas independentes, para lutar pela imunização de toda a população brasileira e por um custo de vida que torne possível nosso viver com dignidade: comida na mesa, teto, água e energia, saúde e educação. Temos o objetivo de cobrar dos governos federal e estadual um plano real e concreto de vacinação que contemple a necessidade do povo, já que vemos a vacinação ser arrastada à conta gotas e a contragosto do governo genocida de Bolsonaro, Mourão e Guedes. No passo que anda, grande porcentagem do povo morrerá antes que tenha a chance de ser vacinada. Em Mato Grosso e no conjunto geral de seus municípios, observamos a falta de medidas efetivas para o enfrentamento da pandemia e pela vacinação.
Não podemos aceitar que um estado rico como o nosso seja rico apenas para os bilionários do agronegócio e para os grandes empresários. Que essas riquezas estejam a serviço da defesa da vida – é preciso a taxação do agronegócio e das grandes fortunas; não podemos aceitar que empresários comprem vacinas para comercializar da forma como quiserem, enquanto o SUS que atende ao povo pobre fica desabastecido e sucateado; não podemos aceitar a compra de vacinas pelos ricos ou o “furo da fila”, enquanto os pobres morrem em abandono; não podemos aceitar o abandono pelo governo de Mato Grosso e pelas prefeituras dos municípios do estado!
Por isso, defendemos:
Testagem em massa!
Vacinação em massa!
Auxílio emergencial digno de, no mínimo, R$600!
Medidas de proteção da vida com auxílios para trabalhadoras e trabalhadores!
Redução do custo de vida!
Valorização salarial!
Suspensão das aulas presenciais, mesmo que híbridas, das Instituições de Ensino, públicas e privadas, enquanto não houver vacinação!
O fortalecimento do SUS! A vida!
O fortalecimento do SUS! A vida!
Fora Bolsonaro! Fora Mauro Mendes!
Assinam o manifesto: SISMA/MT; FENET; Adufmat – Rondonópolis; Adufmat S. Sind.; Adunemat-Ssind.; Sintep/MT; Sindsep/MT; Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra de Mato Grosso (MST/MT); Partido Comunista Brasileiro (PCB/MT); Corrente Sindical Unidade Classista/MT; União da Juventude Comunista/MT; Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro/MT; Organização Anarquista Rusga Libertária/MT; Mulheres Resistem/MT; Autonomia e Luta – Tendência Sindical/MT; SINETRAN/MT; Intersindical – Instrumento de Luta e Organização da Classe Trabalhadora/MT; Alternativa Sindical Socialista/MT; SINTECT/MT; SINASEFE/MT; Coletivo Alternativa de Luta; Unidade Popular pelo Socialismo/MT; Movimento de Mulheres Olga Benário/MT; CUT/MT; ANDES/SN – Regional Pantanal.
Luana Soutos
Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind
O inquérito movido pelo Ministério da Justiça, a pedido do presidente da República Jair Bolsonaro, contra a professora da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), e atual vice-presidente da Associação dos Docentes da UFRPE (Aduferpe – Seção Sindical do ANDES-SN), Erika Suruagy, foi arquivado pela 15ª Vara Federal de Brasília, a pedido do Ministério Público Federal (MPF).
Em agosto do ano passado, Erika Suruagy, presidenta da Aduferpe SSind. na época, foi intimada a depor na sede da Polícia Federal (PF) sobre a campanha de outdoors chamada “O senhor da morte chefiando o país”, em que associava o presidente Bolsonaro ao número exorbitante de mortes por Covid-19 no Brasil - à época ainda eram 120 mil. O inquérito, instaurado pela PF, por requisição do Ministro da Justiça e Segurança Pública, apurou eventuais crimes contra a honra do presidente da República.
Segundo a procuradora do MPF, Melina Castro Montoya, autora do despacho, o processo contra a professora “configura verdadeira censura aos direitos e garantias relacionadas à liberdade de expressão, pensamento e manifestação das pessoas”. O texto afirma que “os elementos de prova não indicam prática delituosa”, uma vez que a campanha “não ultrapassa o constitucionalmente aceitável em críticas a autoridades políticas”.
Em nota, a Aduferpe SSind. informou que a defesa da professora encarou a ação ministerial como “intimidação aos adversários políticos do presidente Bolsonaro”, especialmente os dirigentes sindicais e professores das universidades públicas. Para a seção sindical do ANDES-SN, o arquivamento do inquérito representa uma vitória da democracia. “Contra os desmandos de um presidente inepto e autoritário, hoje consagrado como ‘o senhor da morte’ não só no Brasil, mas em todo o planeta. Afinal, por conta de sua gestão desastrosa na saúde pública, nosso país se tornou o epicentro da pandemia, gerando novas cepas do coronavírus, aumentando a insegurança sanitária em todo o mundo”.
No 11º Conad Extraordinário do ANDES-SN, a docente se manifestou sobre o caso e, na ocasião, foi aprovada uma moção em defesa de Erika Suruagy. “Esse não um ataque a minha pessoa, mas contra o sindicato como um todo, contra as liberdades democráticas e contra qualquer pessoa que se ouse colocar contrária a posição desse governo, que segue uma escalada genocida. E nós não iremos nos calar”, disse a docente durante o evento. Dias antes, a diretoria do Sindicato Nacional havia se manifestado com uma nota de repúdio a perseguição de Bolsonaro a docente.
Senhor da Morte de volta às ruas
Foto: Divulgação / Diário de Pernambuco
A campanha de outdoors “Senhor da Morte Chefiando o País” está de volta às ruas de Recife (PB). São 30 cartazes, reproduzindo as mesmas peças lançadas em agosto do ano passado, quando o país ainda contabilizava 120 mil mortes pela pandemia. Hoje, são mais de 380 mil. A atual presidenta da Aduferpe SSind., Nicole Pontes, considera essencial reforçar e replicar a campanha. “O aumento diário do número de mortos, em todo o Brasil, é resultado direto da inépcia desse governo. Não calarão as nossas vozes, vamos continuar denunciando essa tragédia”, afirma.
Veja a íntegra da nota do ANDES-SN em repúdio a perseguição
Fonte: ANDES-SN (com informações de Aduferpe SSind).