Comunicação
Na Adufmat, Fernando Lacerda fala sobre a contribuição dos movimentos sociais ao trabalho intelectual
- Quinta, Ago 27 2015
- Data de publicação
Nessa quarta-feira, 26/08, o professor da Universidade Federal de Goiás (UFG), Fernando Lacerda Júnior, participou de mais uma atividade de greve organizada pelo Comando Local de Greve da Adufmat-Ssind. Doutor em Psicologia, com ênfase em psicologia social, crítica e comunitária, Lacerda refletiu acerca do tema “A contribuição dos Movimentos Sociais ao Trabalho Intelectual”.
Iniciou o debate com definições sobre “intelectual”. Para ele, independentemente da posição política, o intelectual faz sempre parte do terreno de disputa por hegemonia. “O intelectual participa ativamente desse processo de disputa social, de convencimento de alguém. Ele está diretamente relacionado à hegemonia política”, afirmou.
Para ele, o Estado – em nosso caso, burguês – não consegue se sustentar, apenas, por meio do seu poder de coerção. O intelectual, portanto, faria o papel de defesa, de convencimento, de legitimação ou contestação desse poder.
Nesse contexto, os movimentos sociais, organizados em busca de mudanças para atender a demanda de determinados grupo, aparecem como elo entre o intelectual e sua produção.
“É interessante como a nossa vinculação, aliança ou distância de movimentos sociais, marca nossa relação com o processo de conhecimento, marca nossos objetos de estudo”, pontuou. Assim, afirma Lacerda, o intelectual se articula a movimentos sociais e os toma como campo de estudo, contribuindo, assim, com transformações sociais reivindicadas pelo grupo.
O palestrante ressaltou que, devido a ausência de autonomia do trabalho docente, por dependência de recursos, vínculos com estatais ou mesmo interferência de órgãos como Tribunal de Contas e Ministério Público, alguns desafios se colocam nessa relação entre movimentos sociais e intelectuais.
O primeiro seria lutar pela manutenção da autonomia universitária para garantir o máximo de liberdade da atividade intelectual; o segundo, assumir um compromisso crítico e tomar parte das atividades insurgentes da classe trabalhadora. “Devamos nos questionar qual o tipo de compromisso que nós podemos ter com os movimentos sociais”, afirmou Lacerda.
A greve docente, destacou, é um momento importante, em que os profissionais se posicionam em defesa dessa autonomia de produção intelectual.
Mudanças de prioridades também seriam motivos para o afastamento entre os intelectuais e movimentos sociais nos últimos anos. “Aquele intelectual dos anos 70, 80, que questionava como contribuir, deixou de fazer isso. Hoje, ele se pergunta como receber fundos para sua pesquisa”, afirmou.
O professor destacou, ainda, a importância da seleção dos referenciais teóricos.
Luana Soutos
Assessoria de Imprensa do Comando Local de Greve da Adufmat - Ssind.