Comunicação

Dia de atividades de greve na UFMT mobiliza professores, estudantes e técnicos de Mato Grosso

 

O dia 18/08/2015 foi histórico para a UFMT. Em greve há 81 dias, professores, estudantes e técnicos de todos os campi da universidade reuniram-se em um dia de atividades, que começou com ato público de entrega da pauta docente à reitora, Maria Lúcia Cavalli Neder.

 

Mais de 80 pontos de reivindicações locais motivam a greve em Cuiabá, Sinop e Araguaia, além de outros 34 em Rondonópolis. Durante a entrega da pauta à reitora, representantes de todos os campi puderam falar sobre alguns deles.

 

A representante docente do Araguaia, Cristina Justo, afirmou que teve de arcar com os custos de aulas de campos por diversas vezes. “Já perdi as contas”, disse para a reitora. A professora Gerdine Sanson, de Sinop, ressaltou que a principal reivindicação do campus é efetivação do Conselho do Campus, de maneira que haja autonomia financeira e administrativa. Em Rondonópolis, os principais destaques apresentados pelo professor Douglas Ferreira foram com relação à infraestrutura.

 

Entre os estudantes, a representante do DCE de Cuiabá, Giulia Medeiros, demonstrou preocupação com a perseguição aos trabalhadores terceirizados que, segundo ela, não conseguem se unir para reivindicar direitos, porque são demitidos. Os estudantes do Araguaia, Sinop e Rondonópolis reivindicaram a garantia e a ampliação das políticas de assistência estudantil.

 

O representante dos servidores técnicos administrativos, Carlos Oliveira, destacou a força dessa greve. A categoria está paralisada em todas as universidades do país.

 

Representando o Comando Local de Greve de Cuiabá, a professora Alair Silveira afirmou que todas as manifestações ali colocadas traziam algo em comum. “Na fala dos estudantes, dos professores e dos técnicos a gente pode sentir o medo, o receio. Medo, porque a universidade pública, gratuita e socialmente referenciada está sendo comida pelas beiradas”, afirmou. Além disso, pediu que a reitora, agora também presidente da Associação Nacional dos Dirigentes de Instituições Federais de Ensino (Andifes) levasse um recado ao governo: “nós não vamos arcar com os custos dessa crise. Não vamos pagar uma dívida que não é nossa, que nós não fizemos”.

 

Em sua fala, Maria Lúcia se comprometeu a analisar os pontos com responsabilidade e com a maior agilidade possível. Negou que alguns dos pontos colocados, relacionados à assistência estudantil e aulas de campo, estivessem realmente com dificuldades, mas foi imediatamente contestada pela comunidade acadêmica, com movimentos negativos em massa.

 

Finalizando o ato, o presidente da Adufmat-Ssind, Reginaldo Silva de Araújo, lembrou que o produto daquele encontro, a pauta de reivindicações, é resultado de 80 dias de intensos debates sobre cada um dos problemas que os docentes encontram no seu dia a dia e também ressaltou o papel que a reitora assume agora, à frente da Andifes. “Maria Lúcia dialoga com o governo em nome de todos os reitores”, pontuou.

 

Assembleia Geral

 

Na assembleia geral unificada, os docentes fizeram um rico debate sobre a conjuntura da greve, além da troca de informações entre os campi. Criticaram duramente o processo de mercantilização da universidade pública e pensaram alternativas para avançar nas negociações.

 

O professor Roberto Boaventura destacou o apoio dos estudantes à greve, momento em que constroem, juntos, parte importante de suas trajetórias como cidadãos e futuros profissionais. “Nós temos muito o que aprender com os estudantes. Eles têm clareza do espaço precarizado, têm vigor”, afirmou.

 

Por fim, aprovaram dois encaminhamentos que serão submetidos ao Comando Nacional de Greve (CNG): a) realizar intervenção mais enfática no MEC; b) preparar um grupo para tentar dialogar com senadores como Cristovam Buarque, Randolfe Rodrigues, Fátima Bezerra, Ivan Valente e Chico Alencar, no sentido de formar um “bloco parlamentar em defesa da educação pública”. (confirmar)

 

Os professores também elegeram os representantes no CNG a partir da próxima semana: Alair Silveira (delegada) e Marcos Caron (observador).

 

1ª Reunião Sindical dos Campi da UFMT

 

Há aproximadamente 20 anos, quando a Adufmat de Rondonópolis se tornou uma seção sindical independente, docentes daquele campus e de Cuiabá não dialogam durante ações de mobilizações da categoria. O fato, relembrado pelo professor Roberto Boaventura, que era o presidente da instituição naquele momento de conquista da autonomia sindical do campus de Rondonópolis, é bastante simbólico para representar o encontro dessa terça-feira.

 

A união entre os docentes na 1ª Reunião Sindical dos Campi da UFMT veio da compreensão de que a força de uma entidade sindical só pode vir de sua base. Isolados, é muito mais difícil avançar.

 

Por isso, durante o encontro, os professores debateram alternativas para facilitar a interação entre os campi nas assembleias, eventos, além da possibilidade de manifestação por meio do voto dado a distância, o que até o momento, por questões regimentais, não tem sido prática da Adufmat.

 

A entidade também deve providenciar, nos próximos dias, estrutura para conseguir transmitir, em tempo real, as atividades realizadas por meio de áudio e imagem.

 

Balanço de Greve

 

Pra fechar o dia de atividades, foi realizado um sarau cultural com música, dança e poesia, exposição de livros, camisetas e produtos orgânicos da agricultura familiar, produzidos pelo MST. O Balanço de Greve foi um sucesso, e não poderia ter sido diferente.

 

As músicas apresentadas pelos artistas da noite vieram carregadas de questões sociais e políticas, contemplando o momento de resistência dentro e fora da universidade, momento de lutas pela garantia e preservação de direitos.

 

Sônia Moraes, Beto Boaventura, Maurício Ricardo, Caio Mattoso, Julianne Moura, Juliane Grisólia, Antônio Carlos Neiva e as rappers Kessidy e Nattude provocaram o público de maneira criativa, enérgica e muito reflexiva.

 

As fotos de todas as etapas desse dia histórico estão disponíveis na fanpage do Comando Local de Greve no facebook: Comando de Greve UFMT. 

 

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