Comunicação
Em debate no INSS, servidores públicos federais em greve questionam crise
- Terça, Jul 28 2015
- Data de publicação
Um olhar diferenciado sobre a crise. Esse foi o ponto central que os palestrantes do debate “Análise de Conjuntura e Mundo do Trabalho” trouxeram aos servidores que acompanharam a mesa. Como atividades de unificação da greve dos servidores públicos federais, o evento, realizado nessa terça-feira, 28/07, na sede do INSS, reuniu representantes da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT) e Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Rodrigo Silva, membro do Núcleo de Educação Popular 13 de Maio e servidor do IFMT, apresentou em sua exposição algumas matérias jornalísticas que trazem informações recentes de aumento nas vendas e nos lucros de empresas como Mercedes Benz e Itaú. “Que crise é essa em que há aumento de lucro?”, questionou. Em resposta, afirmou que a crise é um discurso utilizado para justificar demissões e flexibilizações de direitos trabalhistas para evitar a redução nos lucros das grandes empresas.
Para Silva, quem sofre com a crise são os trabalhadores, que além de verem seus direitos reduzidos, perdem também com a retirada de recursos públicos de serviços como educação, saúde e previdência. O governo, no entanto, não economiza sua receita. Ele desloca recursos dos setores públicos para privados, garantindo a estabilidade do setor empresarial.
“A Kroton é a empresa na área da educação superior que mais lucra”, lembrou a professora da UFMT, Vanessa Furtado. Psicóloga, sua exposição relacionou o contexto da crise com reflexões sobre a percepção subjetiva do trabalho em nosso cotidiano. “Vários aspectos do mundo do trabalho nos atingem de modo subjetivo, no âmbito pessoal e também no coletivo”, afirmou.
Sobre a crise, a professora reforçou a ideia de que esta vem como justificativa para uma política de exceção, flexibilizando as relações de trabalho e empurrando privatizações e terceirizações. “A Mercedes Benz e o banco Itaú, que aumentaram seus lucros, não são empresas de cunho popular. Então, de que crise nós estamos falando? Quem paga essa crise? Por que o Estado retira dinheiro do público para injetar no privado?”, provocou.
Numa contextualização histórica, Furtado relacionou, ainda, as condições precárias e as lutas atuais dos trabalhadores com momentos marcantes, tal como a Revolução Industrial. No Brasil, lembrou da década de 1940, quando os trabalhadores tiveram seus primeiros direitos legalmente reconhecidos com a CLT.
As intervenções dos participantes confirmaram a compreensão de que há recursos, mas concentrado nas mãos de grandes grupos econômicos. Além disso, concordaram que a greve é um importante instrumento de luta dos trabalhadores e que deve haver união das categorias nesse momento.
Novo debate, com o tema “Sindicalismo e seus desafios”, será realizado no INSS na quinta-feira, 30/07, às 9h.
Luana Soutos
Assessoria de Imprensa do Comando Local de Greve da Adufmat-Ssind