Comunicação

Em Sinop, professores da UFMT querem autonomia do Campus

Quase 60 dias de greve nas universidades federais do país e está claro que o ponto de pauta mais importante do Movimento Docente é justamente o mais ignorado pelo governo: estrutura. Em reunião realizada nessa sexta-feira, 24/07, o Comando Local de Greve da UFMT- Cuiabá, representado pelos professores Roberto Boaventura e Reginaldo Araújo, ouviu os professores do Campus de Sinop, que aderiram à paralisação no último dia 20. Os docentes relataram que a dependência financeira e administrativa de Cuiabá é um dos principais problemas enfrentados. 

Autonomia do Campus é o que vai orientar a pauta local de reivindicações de Sinop, assim como a do Araguaia. Na última semana, um artigo intitulado “Até quando teremos apenas os restos de Cuiabá”, assinado pela professora Gerdine Sanson e publicado no site da Adufmat-Ssind, escancarou um episódio que ilustra bem o cotidiano de dependência. Empenhada em agilizar o conserto de equipamentos quebrados há cinco anos, a professora lotou um espaço com dezenas de microscópios, mas depois foi informada de que a empresa consertaria apenas alguns, pois a quantidade contratada já havia sido parcialmente preenchida com equipamentos de Cuiabá.  

Os docentes têm suas pautas internas como instrumento de denúncia. De acordo com os relatos, em Sinop, além da ausência de autonomia, que inviabiliza diversos processos internos, há professores sem sala, sem equipamentos, materiais e até mesmo móveis. Além disso, vários depoimentos indicam ações que caracterizam assédio moral por parte da administração, intervenção excessiva do Ministério Público, situações de insalubridade e problemas no preenchimento do Plano Individual de Atividades. É grande também a preocupação com relação a reestruturação da carreira. 

Docente da instituição desde 2006, Edson Barbosa lista como algumas consequências da “cultura unicampi” a falta de verba para participar de reuniões de conselhos em outras cidades e a não efetividade do Conselho do Campus. O professor também ressalta problemas de infra estrutura, contratação de servidores e ofertas de serviços, em especial nos cursos noturnos. “Nós temos alunos que moram em cidades diferentes, têm dificuldade pra protocolar um documento, porque o protocolo só funciona num determinado horário”, pontua. 

Em mais de duas horas de diálogo em Sinop, com cerca de 25 professores, não se ouviu falar de reposição salarial. Não que o Movimento não se importe, mas como ressaltou o professor Rogério Coimbra, de que adianta reajustar os salários se não houver condições de trabalho? No entanto, esse é o único ponto até o momento que o governo “abriu diálogo”, apresentando uma proposta abaixo do índice inflacionário previsto para os próximos quatro anos. 

Em âmbito nacional, os docentes, que reivindicam aumento de recursos e investimentos, esperam reverter o corte superior a R$ 9 bilhões da verba destinada ao Ministério da Educação. Foi o terceiro ministério com maior corte devido ao reajuste fiscal. 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa do Comando Local de Greve da Adufmat

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