Quinta, 15 Dezembro 2022 10:10

 

 

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Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.

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Roberto Boaventura da Silva Sá
Dr. em Ciências da Comunicação/USP


               No universo das artes, é sempre difícil à crítica se manifestar de forma coerente diante de possíveis desvios de percurso de artistas que já tenham atingido um ponto de excelência e de reconhecimento público. Sendo assim, ao famoso, tudo é permitido: o que dele vier, a ele, aplausos e mais aplausos retornam. Em “outras palavras” – expressão que coincide com o título de uma genial canção de Caetano Veloso (1981) –,um artista de renome, depois que a fama “pegou”, raramente é questionado naquilo que faz.
              Mas por que começo a tratar de arte, ou do artista famoso, neste artigo?
              Porque em um bate-papo com amigos – todos preparados academicamente para a crítica artística –houve recepção naturalizada da gravação de “Deus cuida de mim”, com o pastor/cantor/compositor gospel Kleber Lucas e Caetano Veloso, um ex-ateu, um expoente do Tropicalismo, bem como um dos mais “ácidos” dos “Doces Bárbaros” da MBP. A anuência de meus amigos pode estar embutida no silêncio ou, quando muito, nas meias-palavras, ditas quase em sussurros, de meia-dúzia de críticos, sobre esse trabalho empreendido pela Sony Music.
              De um dos amigos, acerca da gravação, previamente relativizando um estranhamento, é dito que seu ateísmo não é impeditivo para ver Caetano “sempre ‘caetanear’”; logo, “arrasar”. Encantada, uma amiga até filosofou! Por isso, cá estou refletindo sobre esse “caetaneamento”, que, desta vez, além de não “caetanear” nada, ainda se prontificou a cantar um gospel, poeticamente falando, longe da genialidade, repito, de “Outras Palavras” e de quase tudo o que compôs ao longo de décadas.
              Artisticamente, a gravação desse gospel – estilo que tem elevado os lucros de artistas e empresários às alturas– é um susto daqueles de fazer o sujeito cair das nuvens! É mesmo de “arrasar”, mas não no sentido positivo que esse termo até pode assumir.
              Mas antes que alguém gaste energia me praguejando por conta dessa franqueza, quase sem filtros, digo que meu susto não está na conversão do “mano Caetano” de Bethânia, que, ao Fantástico (Rede Globo: 04/12/22),disse que essa gravação só pode ter sido “coisa de Deus”, embora reconheça não ter sido, até ali, “propriamente religioso”.
              Como tudo isso, a mim, soou inusitado, fui tentar entender essa novíssima “força estranha” na obra de Caetano. Rapidamente, encontrei a matéria “Fé no vídeo! Mídia NINJA dirige novo clipe de Caetano Veloso e Kleber Lucas”, assinada por Felipe Altenfelder, de 04/12/22.
              De início, o jornalista contextualiza a aproximação de Caetano com o NINJA, iniciada há quase dez anos (2013), durante o movimento Black Bloc, e continuada por conta da “regulamentação do ECAD, do show no Ocupa MINC..., das apresentações em apoio ao surgimento da chapa dos sonhos de Guilherme Boulos e Sônia Guajajara...”
              Depois, Altenfelder passa a “celebrar o nascimento do clipe de ‘Deus Cuida de Mim’, dirigido pelo Mídia NINJA...”, que estava em ativismo político pró-eleição de Lula contra Bolsonaro. Para isso, às vésperas do segundo turno (última semana de outubro/22), inúmeros artistas participavam, na sede do NINJA, da gravação do clipe “Vamos lá votar”; na verdade, uma “convocação geral” para “lular”.
              Nessa conjuntura, com as pesquisas mostrando empate técnico entre Lula e Bolsonaro, Altenfelder diz que todos passaram a fazer “...um respiro criativo, trazendo novos entendimentos para o fluxo de trabalho da campanha que canalizou no trabalho coletivo que sinergizou articulação, curadoria, estrutura, música, vídeo e fé”.
              Na sequência, eis um recorte do depoimento do mesmo jornalista:
              “...É difícil recordar do momento exato quando acabou a gravação de ‘Vamos lá Votar’, e Caetano e Kleber começaram a cantar ‘Deus Cuida de Mim’. Foi daqueles momentos em que todas as pessoas que estavam no estúdio assumiram suas funções e a mágica foi acontecendo”.
              Em outros espaços da mídia, ficamos sabendo que os dois cantores já haviam se encontrado – na casa do expoente da MPB – para os cuidadosos ensaios dessa “mágica”.
              Mas voltando à matéria de Altenfelder, quase em seu final, é registrado que, “num diálogo sincero de um dos maiores mestres da MPB, Caetano diz que não é mais ateu e adentra no mundo gospel num novo tempo de esperança para mandar uma mensagem divina para os mais de 60 milhões de brasileiros dessa religião”.(!!!)
              Pois bem. Nas pegadas das sandálias do padre Anchieta e de outros jesuítas dos tempos coloniais, desejo ao pretensioso e mais novo mensageiro da fé, boa sorte na missão; ademais, para nosso conforto, diante de uma conversão exposta de forma tão aberta, é sinal de que nenhum oportunismo (político e/ou econômico) está em jogo, como esteve em nosso passado na atuação dos jesuítas durante a exploração portuguesa.
              E se de fato nenhum tipo de oportunismo se faz presente, melhor assim, mesmo não nos cabendo ter qualquer senão contra empreendimentos profissionais no campo das artes, tampouco na militância política de quem quer que seja; todavia, convenhamos, tem sido cansativo e constrangedor ver tanta gente usando o recurso da fé para interesses em nada afeitos à fé em si mesma. Numa proposital cacofonia, é fé demais neste país de cultura de menos, e, pelo jeito, desde sempre e pelos séculos e séculos.
              Seja como for, um momento ímpar como esse merecia ter sido, poeticamente, melhor preparado e apresentado ao público que admira Caetano e, creio, ao próprio Senhor dos Céus. Cá venhamos, uma conversão de um ateu desse nível e projeção merecia uma poesia de maior qualidade, que se aproximasse, pelo menos, daquele velho “Jesus Cristo”, de Roberto Carlos. Claro que muitos religiosos dirão o contrário; que em Matheus, 19.14, não se lê que o céu pertence aos intelectuais e eruditos, aos ricos e poderosos, mas àqueles que são semelhantes às crianças, aos simples. Se for assim, a canção que embala a conversão de Caetano está no patamar adequado, poeticamente falando. Tudo é muito raso; logo, longe de uma grande inspiração, humana que seja!
              Como contraponto disso tudo, resgato a canção, inteligentemente engajada, intitulada “Eterno Deus MU-Dança”, de Gilberto Gil, composta em 1989, ano de sua eleição como vereador de Salvador-BA, bem como da primeira eleição presidencial pós-golpe-ditadura militar/64, antagonizada, no segundo turno, por Collor e Lula.
              Naquele momento, o eu-lírico de Gil, ao invés de pedir cuidados exclusivos de Deus para si, numa perspectiva de obtenção dos privilégios individuais, apostou na força da multidão por meio de uma brincadeira fonética, que faz da primeira sílaba de “MU-dança” o nome de um deus hipotético, a quem o futuro se assemelha a uma dança, que aposta na dinamicidade da existência humana, marcada pelos processos de ruptura, e não de aceitação e/ou de resignação, com o establishment.
              Bem ao contrário dessa conexão trazida por Gil, arraigada à terra e à Terra, o mítico e o eflúvio celestial parecem ter tomado conta do espaço da gravação do clipe acima citado, culminando, mesmo em um ambiente de “conscientizados políticos” do campo progressista brasileiro, em uma retumbante vitória do teocentrismo à lá Idade Média, pautado pelo extremista de direita Jair Bolsonaro, aliás, de forma tão abrangente como nenhum outro político conseguiu, até então, pautar; quiçá, nem mesmo algum religioso tenha tido tanta força para esse tipo de imposição, intimamente, vinculada às pautas de costumes, tão rompidos, em idos tempos, justamente por Caetano e tantos outros ícones de nossa MPB, via de regras, magnífica em conteúdos e formas.
              Assim, ironicamente, Caetano, um opositor e crítico de Bolsonaro, a partir de sua conversão religiosa, materializada na gravação de “Deus cuida de mim”, coloca-se sob o mesmo manto do pesado lema “Deus acima de tudo e de todos”.
              Mistérios da “força estranha... no ar”?

Quarta, 14 Dezembro 2022 11:05

 

 

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Aldi Nestor de Souza*
Marlene Menezes**

 


A partir do chamado estabelecido pela circular nº 431/2022, do ANDES SN, aconteceu na última segunda feira, dia 12 de dezembro de 2022, de modo virtual, uma reunião do Setor das Federais desse sindicato, tendo como pauta:

1.  Informes nacionais;

2.  Conjuntura e cortes na educação;

3.  Encaminhamentos.

A reunião foi motivada pela intensificação dos cortes de recursos da educação, feitos pelo governo federal, que tornou impossível o funcionamento das universidades federais.
Participaram 38 pessoas dessa reunião e, pela ADUFMAT SSIND, os sindicalizados Marlene Menezes, com direito a voto, e Aldi Nestor de Souza, como observador. 
No ponto Informes Nacionais, a direção do ANDES SN, na pessoa de Rivanda Moura, informou da reunião que a direção do sindicato teve com a Equipe de Transição do novo governo federal brasileiro que tomará em 01/01/2023. Destacou que foi entregue um documento, escrito a partir da carta aos presidenciáveis, aprovada no Conad Extraordinário, realizado em 2022 na cidade de Vitória da Conquista, que, dentre outras coisas, contém os seguintes pontos programáticos:
- Recomposição do Orçamento da Educação, que está associado à revogação da Emenda Constitucional 95;;
- Fim da lista tríplice para a escolha dos reitores das universidades;
- Revogação das intervenções nas reitorias das Universidades, feitas no governo Bolsonaro;
- Arquivamento do projeto Reuni Digital;
- Revogação da Reforma do Ensino Médio;
- Revogação de todos os decretos, leis e medidas, feitas pelo governo federal, que atingem e prejudicam a educação nos últimos anos.
Informou ainda que a Equipe de Transição indica a impossibilidade orçamentária para recomposição das perdas causadas pela inflação nos salários dos servidores públicos federais.
Com relação ao Sigilo de 100 Anos sobre alguns temas, decretado pelo governo Bolsonaro, Rivânia Moura informou que há uma negociação entre a Equipe de Transição e o presidente da câmara dos deputados, Artur Lira, sobre quais desses decretos serão revogados.
Um outro informe nacional foi com relação ao encontro realizado em Foz do Iguaçu-PR, pelo ANDES SN, composto por II Seminário Internacional Educação Superior na América Latina e Caribe e Organização dos(as) Trabalhadores(as), o I Seminário Multicampia e Fronteira e o I Festival de Arte e Cultura Sem Fronteiras. Destacou a realização, durante esse evento, do ato Em defesa da Educação Pública e pela Integração Latinoamericana que teve como palco a Ponte Internacional da Amizade, na fronteira entre  Brasil e Paraguai.
No ponto, Conjuntura e Cortes na Educação, a situação dramática em que se encontram as universidades deu o tom da discussão. Há relatos, como o da FURGS, que se encontra ameaçada de não conseguir rodar a folha de pagamento do mês de dezembro, dos professores daquela universidade, em virtude da falta de recursos impedir o pagamento feito a médicos residentes que são parte componente/adicional da folha.
Da ADUFPEL, a representante destacou a dificuldade de contar com a participação dos estudantes daquela universidade em virtude do DCE assumir uma posição apaziguada com a reitoria.  Da ADUA veio o complemento de que naquela universidade não existe DCE.
O repasse da ADUFMAT destacou o histórico dos cortes, vindo desde o corte de energia elétrica que deixou a universidade sem luz em 2019 até o mais recente, que deixou os animais do antigo zoológico sem comida, o que fez com que uma campanha de arrecadação de alimentos fosse realizada.
A evasão gigantesca de estudantes das universidades, em parte em função do valor das bolsas estudantis, que estão a mais de 10 anos sem reajuste, em parte pelo atraso e incertezas de pagamento das mesmas,  também teve lugar na discussão de conjuntura.
Ao longo da discussão, destacou-se ainda o fato de algumas Centrais Sindicais, que andam dizendo não haver necessidade de se revogar a Reforma Trabalhista de 2017. Ainda teve lugar na discussão da conjuntura, em virtude de parte da base do ANDES SN ter afinidade com o governo eleito e, em função disso, entender que “se deve dar um tempo ao novo governo”, qual deve ser a postura do ANDES SN diante do novo ciclo que se inicia em 2022.
Mesmo considerando que estamos no final do ano, com algumas universidades já com as atividades encerradas, o entendimento foi que a situação impõe que é tão dramática que se impõe e exige ação.

Foram aprovados os seguintes encaminhamentos:

1) Jornada Nacional de luta nas universidades contra os cortes – 15 e 16 de dezembro (atos, debates, universidade na praça, faixaços). Data a ser construída com demais entidades da educação.
2) Que o Setor realize um levantamento sobre os calendários acadêmicos das IF e existência de movimentos unificados dentro das IF e com outros movimentos sociais.
3) Reforçar com o GTPE a necessidade de pesquisa e aprofundamento sobre Reuni Digital e Ead.
4) Que as seções sindicais informem suas articulações de luta nos próximos dias via formulário do andes( esse informe deve ser feito em formulário específico que será enviado pelo ANDES SN).
5) Protocolar nossa pauta para o novo governo solicitando uma agenda de discussão e negociação e realizar um ato em Brasília convocando representação das seções sindicais.
6) Impulsionar e ampliar a Campanha pela defesa da educação pública e contra os cortes



*Aldi Nestor é professor do departamento de Matemática da UFMT-Cuiabá
**Marlene Menezes é professora aposentada da UFMT – Cuiabá

Terça, 13 Dezembro 2022 17:13

 

 

Último dia teve performance, carimbó, maracatu e show com Letícia Sabatella e Caravana Tonteria, entre outras apresentações. Fotos: J. Alex

 

A importância da arte e da cultura como instrumentos de resistência dos povos da América Latina e Caribe e também como ferramenta de luta foram temas do último debate do evento realizado pelo ANDES-SN na Universidade Federal de Integração Latino-Americana, em Foz do Iguaçu (PR), entre os dias 6 e 9 de dezembro. O dia também teve diversas apresentações musicais e foi encerrado com show de Letícia Sabatella e a caravana Tonteria.

Iniciando os trabalhos de sexta (9), houve a abertura do Festival Cultural (Fecult) da Unila, que coincidiu com a realização do I Festival de Arte e Cultura do ANDES-SN, com apresentações musicais. Na sequência, a mesa “O papel da arte e da cultura na resistência de nossos povos da América Latina”, com Priscila Rezende, artista visual e performer de Belo Horizonte (MG), Félix Eid, professor de música da Unila e Priscila Duque, artista do carimbó de Belém do Pará (PA).

As falas trouxeram diferentes referências de expressões artísticas e como elas contribuem para denunciar violências e expressar diferentes pautas, resgatar e divulgar saberes e tradições de diferentes povos. Também abordaram os diversos tempos do fazer artístico e as incompatibilidades com o tempo ocidental imposto pelo capitalismo, muitas vezes acelerado, inclusive nas produção de conhecimento dentro das universidades.

Priscila Rezende destacou a importância da arte como instrumento de denúncia das violências da sociedade capitalista, patriarcal, racista, machista, lgbtquiap+fóbica e capacitista. A artista utiliza seu corpo como ferramenta de seu trabalho e cunhou a expressão “corpo combate” para descrever sua obra.

 

“Eu costumo falar para as pessoas que o meu trabalho é totalmente incômodo, eu sei que assusta muita gente, a intensão é que seja incômodo mesmo”, afirmou Priscila. “A violência ela é atroz, a violência que a gente vive é atroz. O machismo, o racismo, a lgbtfobia são atrozes. Eu acredito que a reação não”, acrescentou, destacando que sua arte traz uma resposta ao racismo e machismo por ela vivenciados. 

Feliz Eid refletiu sobre o silenciamento das expressões artístico-culturais dos povos da América Latina e do Caribe, e salientou a resistência dessas culturas e povos, através da arte. “Os tempos impostos pelas instituições de ensino ‘normal’ nem sempre são compatíveis com a organicidade de tempo dos povos latino-americanos, indígenas e afrodescendentes. Temos que romper com essa estrutura”, afirmou, ressaltando que tem buscado encontrar esse tempo nas atividades de extensão que desenvolve na Unila. 

Priscila Duque trouxe sua vivência com movimentos de esquerda - partidários e sociais – e também com o carimbo, que segundo ela, carrega os saberes do estado do Pará. “O carimbó é o encontro dos povos subalternizados na Amazônia, criminalizados, exterminados em ideia, em afeto e em território na Amazônia. O carimbó é negro e é indígena”, afirmou.

 

A artista e jornalista destacou a necessidade dos movimentos sociais, sindicais e partidários valorizarem os artistas de resistência e as expressões culturais que não são absorvidas pela indústria cultural. “A esquerda precisa compreender que as ideias, os afetos, os sentimentos, a coesão, os laços com a ancestralidade não estão em panfletos, não estão em carros som, não estão em plenárias, apenas. Eles estão em toda a nossa força. E se a indústria cultural não absorve o artista de resistência, isso significa que ele só tem a vontade dele para existir. E eu percebo que a ampla esquerda também não absorve o artista de resistência. Discute a revolução, a tomada do poder, mas quando faz a sua festa coloca indústria cultural para tocar, quando paga artistas da indústria cultural paga o valor do mercado, e para o artista de resistência paga ajuda de custo, às vezes um lanche, porque ele tem consciência, porque ele é revolucionário”, ressaltou, convidando as e os participantes à reflexão.

Durante toda a sexta-feira (9), ocorreram atividades culturais do Fecult da Unila e, no final do dia, a apresentação dos maracatus Baque Mulher e Alvorada Nova conduziram, num cortejo pelos corredores da universidade, os e as participantes de volta ao auditório onde aconteceu o show de encerramento do evento com Letícia Sabatella e a Caravana Tonteria. 

Confira a cobertura fotográfica em nossa página no Facebook

Avaliação 

O evento do ANDES-SN na Unila reuniu o II Seminário Internacional Educação Superior na América Latina e Caribe e Organização dos/as Trabalhadores/as, I Seminário Multicampia e Fronteira e o I Festival de Arte e Cultura: Sem fronteiras, a arte respira lucha (arte respira luta. Luta respira arte), que aconteceram de forma intercalada de 6 a 9 de dezembro. 

 

Ao todo, cerca de 150 docentes de seções sindicais de todo o país, mais de 35 convidadas(os) debatedores(as) e mais de 50 artistas envolvidas(os) nas expressões individuais e coletivas foram recebidos no campus Jardim Universitário, que tem em sua entrara um mural em homenagem à Marielle Franco. A organização do evento envolveu membros da diretoria do ANDES-SN, da Sesunila SSind e também da Adunioeste SSind.  Dentro da programação também foi realizado um ato em defesa da Educação Pública e pela integração Latino-americana, na Ponte da Amizade, que liga o Brasil ao Paraguai.

“Para a Sesunila SSind, e certamente também para a Adunioeste SSind, foi muito importante receber os seminários e o festival, dando encaminhamento à deliberação do Congresso do nosso Sindicato. Realizar essas atividades de formação, debate e arte aqui na fronteira permitiu lançar luz não apenas à nossa realidade, mas também para as contradições e também para as potências dos territórios de fronteira. Pelo que pudemos debater numa das mesas do seminário, há uma estimativa de que temos em zonas de fronteira 12 universidades federais, com 22 campi, e 04 universidades estaduais, com 42 campi”, afirmou Fernando Correa Prado, presidente da Sesunila SSind. e representante da Comissão Local de organização.

Prado destacou o fato de que a Unila recebe estudantes de toda a América Latina e Caribe, o que também deu um sentido importante de integração às atividades. “Isso pôde ser sentido, por exemplo, na manifestação do movimento estudantil frente aos cortes criminosos que o atual governo tem feito na educação, que levam milhares de estudantes a situação de fome, de falta de moradia e impossibilidade de seguir estudante e criando ciência”, disse. “Em síntese, foi uma alegria e uma imensa honra receber esse evento. Que venham muitos pela frente, Brasil afora, com bons debates, muita arte e luta!”, concluiu.

Rivânia Moura, presidenta do ANDES-SN, destacou que a programação recebeu muitos elogios das e dos participantes. Ela reforçou a riqueza imensa de debates, de trocas, de pluralidade de diversidade, de profundidade das discussões, com representação de vários países. “Nós vivenciamos, durante esses dias, debates de muita intensidade e, com certeza, nos fortalecemos muito para as nossas lutas e para os enfrentamentos que nós vamos precisar fazer e continuar fazendo ao longo da história do nosso sindicato”, avaliou. 

Para a presidenta do Sindicato Nacional, foi muito acertada a realização do I Festival de Artes e Cultura do ANDES-SN, que culminou com o Festival de Cultura da Unila. “Foi também um momento de muita troca e de muita diversidade, com a presença de vários artistas que passaram por aqui e que trouxera, em suas apresentações, a responsabilidade que esse Sindicato tem de fazer com que a política respire arte cada vez mais, que a arte continue respirando política e nos alimentando, porque a nossa vida e a nossa luta também é feita de arte, de poesia, de música, de maracatu e de tantas outras expressões culturais que tivemos nesses dias”, lembrou. 

“Que a arte possa ser também constante e possa ser também determinante para os nossos planos de luta e para o que temos construído no âmbito do nosso sindicato. Nós tivemos a honra de contar com a apresentação de Letícia Sabatella e a caravana Tonteria, uma grande artista mulher, que além de arte faz política, que também nos instiga, nos motiva, nos incentiva e também serve de exemplo. Certamente, saímos dessa semana de atividades bastante fortalecidas e fortalecido, com a certeza de que o ANDES-SN se constrói na base, se constrói na luta, e é na luta que nós vamos permanecer e vamos seguir, juntas e juntos”, finalizou.

 

 

Fonte: Andes-SN

Terça, 13 Dezembro 2022 16:59

 

 

Dentro da programação do evento do ANDES-SN na Unila, aconteceu na manhã (8) desta quinta-feira (8) o debate "Universidade, pandemia e mudanças tecnológicas na AL: uma nova forma de exclusão", com as professoras Amanda Moreira (UERJ/Bra) e Juliana Melim (UFES/Bra) e os professores Ivan Lopez (UNAM/Mex) e Javier Blanco (UNC/Arg).

O evento reúne o II Seminário Internacional Educação Superior na América Latina e Caribe e Organização dos/as Trabalhadores/as, I Seminário Multicampia e Fronteira e o I Festival de Arte e Cultura: Sem fronteiras, a arte respira lucha (arte respira luta. Luta respira arte), que acontecem de forma intercalada, de 6 a 9 de dezembro. 

 

 

As falas da mesa abordaram a plataformização do trabalho docente, os impactos na pandemia no aprofundamento da super exploração e precarização do trabalho e do ensino e a expansão da educação e do trabalho remotos. O cenário brasileiro se repete em outros países da América Latina, de acordo com as explanações da mesa, que expressaram a preocupação com as atuais condições de trabalho e também de organização da categoria docente.

Amanda Moreira lembrou que a educação não fica imune às alterações do mundo do trabalho e destacou que a pandemia criou o cenário perfeito para ampliação da plataformização na Educação.

“A precarização [do trabalho docente} é de longa data, mas com a plataformização, a separação entre trabalho e vida deixa de existir. Isso traz aspectos ainda mais avassaladores da precarização”, afirmou, ressaltando ser importante “criar formas de diálogo com a categoria para avançar na mobilização”.

 

 

Desafios da multicampia

“Os desafios das universidades públicas multicampi no Brasil”, foi o tema do painel com diversas seções sindicais do ANDES-SN. Milton Pinheiro (Uneb), Kate Lane (UFF), Túlio Lopes (Uemg), Valmiene Farias (Ufam), Claudio Fernández (IFRS), Gilberto Calil (Unioeste) abordaram os desafios para o movimento docente nessas instituições.

As falas apresentaram as experiências de suas seções sindicais na organização da categoria e no enfrentamento às diversas particularidades dessa forma de estruturação de várias universidades federais e estaduais. Trouxeram também as dificuldades internas do movimento sindical de perceber as diferenças das condições de trabalho nos campi centrais e naqueles interiorizados.

As e os palestrantes, bem como as e os participantes que trouxeram questionamentos, destacaram a necessidade do ANDES-SN intensificar a luta por melhores condições de trabalho, acesso e permanência estudantil nessas instituições multicampi, bem como de avançar na reflexão de como ampliar e fortalecer a organização da categoria e a participação docentes nos espaços do sindicato, como as assembleias de base.

Milton Pinheiro, que também é vice-presidente do ANDES-SN, ressaltou que a universidade multicampi é um aparelho de perspectiva hegemônica em disputa. “O fazer universitário é rico e é uma contradição em processo, que estimula uma necessidade de entender a região, uma perspectiva de encontrar objetos de pesquisa nas mais diversas regiões e também permite uma perspectiva de docência articulada com as necessidades da comunidade e de uma extensão séria voltada para segmentos populares”, ressaltou.

No entanto, segundo ele, essas características não conseguem se impor em muitas instituições devido à parca autonomia financeira das universidades, que segundo não permite responder a essa contradição em disputa que é uma universidade multicampi.

“O olhar do sindicato é da perspectiva da categoria e da organização sindical e da construção de uma universidade, que não é essa que temos no momento”, lembrou o diretor do ANDES-SN.

 

A professora Valmiene Farias, da Federal do Amazonas, falou da dificuldade de organização sindical, especialmente nesse último período. “Muitos professores têm se tornado alheios à luta. Em nosso sindicato, nos últimos dois anos, estávamos preocupados em sobreviver. E acredito que tenhamos acumulado a luta, nesse ano de 2022, no nosso retorno às ruas para derrotar Bolsonaro”, avaliou.

“É uma tarefa hercúlea retomar questões que são fundamentais para a luta, nesse momento de reorganização da esperança. Precisamos colocar o pé no chão, no otimismo da vontade e no pessimismo da razão” acrescentou, ressaltando o papel estratégico da comunicação. “É necessário trazer os docentes para as assembleias e para a organização sindical”, afirmou.

 

Arte e Cultura

As mesas desta quinta (8) foram antecedidas das apresentações musicais do professor da Unila, Marcelo Villena, e da professora da Ufac, Ana Lúcia Fontenele. A noite desse terceiro dia de encontro foi reservada para a celebração de dez anos do Cinelatino, com a exibição do filme “Eami”, de Paz Encina, seguido de um debate sobre o filme.

Ainda na programação, a atividade “Sem fronteiras: a arte respira lucha”, com “Piseras do Embauba”, com Mulheres do coco”, “Herencia Latina”, com o Grupo Musical de Salsa e Performance com Tambores de Carimbó, com Priscila Duque, do Belém do Pará.

 

Fonte: Andes-SN

Terça, 13 Dezembro 2022 16:21

 

A situação financeira da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) está longe de ser resolvida. As últimas devoluções dos recursos retirados este mês não são suficientes para garantir a conclusão das atividades do final deste ano e, menos ainda, o início das atividades de 2023.

 

O catastrófico presente de despedida do Governo Bolsonaro simbolizou o desfecho de cerca de seis anos de cortes consecutivos e uma prévia do projeto capitalista para a universidade pública: a privatização.

 

Em primeiro de dezembro de 2022, às 19h36, as instituições receberam um e-mail da Subsecretaria de Planejamento e Orçamento do Ministério da Educação dizendo que a publicação do Decreto 11.269, de 30/11/22, “zerou o limite de pagamentos das despesas discricionárias para o mês de dezembro” e, com isso, as unidades vinculadas ao MEC poderiam efetuar pagamentos somente com os recursos que já possuíam em suas disponibilidades financeiras.  

 

Na manhã de terça-feira, 06/12, a administração da UFMT enviou um convite informal aos representantes da comunidade acadêmica, via aplicativo de mensagens, convidando para uma reunião. Na ocasião, informou que não haveria o repasse esperado, que a universidade dispunha de R$ 10 mil em caixa, e que as despesas mensais ultrapassavam R$ 5,2 milhões.

 

Ocorre ainda que parte dos recursos também foram bloqueados em meses anteriores. Em novembro, por exemplo, a UFMT recebeu apenas 30% do valor previsto no orçamento. Assim, hoje, o déficit financeiro estimado para o pagamento das despesas de custeio da universidade é de cerca de R$ 10 milhões, segundo a própria administração.  

 

Após a reunião do dia 06/12, a Adufmat-Ssind se manifestou por meio de nota, lamentando que a Reitoria tenha se preocupado em “discutir” a questão tão tardiamente (leia aqui). Comunidades acadêmicas, especialmente estudantes, que ficaram sem auxílios e bolsas, se levantaram imediatamente em diversas regiões do país.  

 

No dia 08/12 a UFMT publicou em seu site que havia conseguido liberação parcial de recursos e, com isso, efetuou o pagamento, até então suspenso, das 1.726 bolsas e auxílios estudantis. A maioria dos estudantes confirmou, mas alguns reclamam que ainda não receberam. A Adufmat-Ssind solicitou informações oficiais sobre o pagamento das bolsas, mas a Reitoria ainda não se manifestou.

 

“O sindicato se preocupa com o funcionamento da universidade, tanto para o encerramento das atividades quanto para o início do próximo ano letivo, considerando que o repasse parcial anunciado pela Reitoria foi utilizado para o pagamento das bolsas, o que é prioridade, obviamente, mas há ainda outras muitas demandas essenciais para que ela possa funcionar efetivamente”, afirmou o professor Leonardo Santos, diretor geral da Adufmat-Ssind.

 

Nessa quinta-feira, 15/12, a categoria debaterá, mais uma vez, a questão dos cortes de recursos em assembleia geral (leia aqui o edital de convocação).   

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

Terça, 13 Dezembro 2022 11:12

 

 

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Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
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Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.

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Por Vicente Machado de Avila
Professor Aposentado da UFMT

 

 

CONTINUAÇÃO...


                       Continuando a valiosa contribuição da psicanalista DESCHAMPS: “A psicanálise sozinha não consegue dar conta. Bons textos de FREUD para tentar destrinchar esse caldo são “Psicologia das Massas e Análise do Ego”, “Futuro de Uma Ilusão” e “Mal estar na Cultura”. Pra começar entender o magnetismo que esse tipo de liderança perversa exerce sobre sujeitos com dificuldades constitucionais de lidar com o desamparo que faz parte do viver.

                      O desvio anormal da energia que deveria agregar e construir vida e laços afetivos é capturada e desviada para a gana de destruição. Erguem inimigos imaginários que condensam seus conflitos de desejo e atacam com um grau imenso de satisfação”.

 


Rio de Janeiro-RJ, 22/11/2022


DENISE DESCHAMPS
PSICANALISTA

 

 

Segunda, 12 Dezembro 2022 14:44

 

Na manhã desta quarta-feira (7), docentes se reuniram na Ponte Internacional da Amizade, que liga o Brasil e o Paraguai, para realizar um ato em defesa da Educação Pública e pela integração Latino-americana. 

O ato fez parte da programação do evento do ANDES-SN, na região da tríplice fronteira, composto pelo II Seminário Internacional Educação Superior na América Latina e Caribe e Organização do(a)s Trabalhadore(a)s, o I Seminário Multicampia e Fronteira e o I Festival de Arte e Cultura: Sem fronteiras, a arte respira lucha (arte respira luta. Luta respira arte), que acontece na cidade de Foz do Iguaçu (PR) até a próxima sexta-feira (9). 

Para Rivânia Moura, presidenta do ANDES-SN, a realização do ato reforça que a luta e a resistência fazem parte da história do Sindicato Nacional, reafirmando a necessidade de combater todos ataques  aos direitos básicos da população. “Não podemos dormir tranquilos e tranquilas enquanto soubermos que o futuro das nossas crianças e jovens têm sido roubado todos os dias. Tem sido estabelecido, no nosso país, e nos demais países da América Latina, um sistema que privatiza nossos sonhos, privatiza a educação, privatiza a saúde ao dizer que a educação e saúde de qualidade são só para quem pode pagar”, sintetizou a presidenta.  

Ela reforça a educação é um direito fundamental. "A educação precisa ser garantida para nossas crianças e jovens de forma pública e gratuita. Nós seremos o tormento daqueles e daquelas e tentam, todos os dias, roubar os nossos sonhos”, finalizou. 

Já segundo Francieli Rebelatto, 2ª secretária do ANDES-SN, a maior parte dos estudantes da Universidade Federal da Integração Latino-americana (Unila), onde acontece o evento, são paraguaias e paraguaios, que cruzam a fronteira em busca de educação superior gratuita. Segundo ela, é preciso lutar para uma integração e força entre os países vizinhos.

“Grande parte dos filhos e filhas da classe trabalhadora do Paraguai não têm acesso a universidade pública e gratuita e, por isso, têm cruzado essa fronteira (entre o Brasil e o Paraguai) para buscar construir os seus sonhos, a partir da educação. É importante que possamos sair daqui com o comprometimento de que nós temos que reforçar nossa luta internacionalista”, conclamou.

Além disso, Francieli relembrou que a integração internacionalista precisa acontecer em todas as universidades públicas e não somente na Unila. “Não é possível estarmos apartados dessa perspectiva de uma educação internacionalista, e não pode só a Unila a fazer isso. Tem que ser um compromisso de todas as universidades brasileiras e também do ANDES-SN, que, com muita responsabilidade tem assumido essa tarefa de avançar na integração, não só das lutas povos latino-americanos, mas da nossa na luta sindical, dos movimentos sociais e reorganização da juventude”, alertou. 

O ato contou com a presença de mais de 130 docentes, do Brasil e de outros países latinoamericanos, participantes do evento do ANDES-SN,  que acontece na cidade até sexta-feira (9). 

Confira a programação completa do II Seminário Internacional Educação Superior na América Latina e Caribe e Organização do(a)s Trabalhadore(a)s, o I Seminário Multicampia e Fronteira e o I Festival de Arte e Cultura: Sem fronteiras, a arte respira lucha (arte respira luta. Luta respira arte).

 

Fonte: Andes-SN

Segunda, 12 Dezembro 2022 14:28

 

Representantes do Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos Federais (Fonasefe) participaram de reunião na terça-feira (6) com os Grupos Técnicos (GTs) de Trabalho e de Planejamento, Orçamento e Gestão da equipe de transição do futuro governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Integrantes do Fórum Nacional Permanente das Carreiras Típicas de Estado (Fonacate) e de outras centrais sindicais também participaram do encontro.


As servidoras e os servidores públicos elencaram suas principais reivindicações as e aos integrantes dos GTs, como a revogação de todos os ataques às categorias do funcionalismo público ocorridos durante o governo Bolsonaro, a exemplo da PEC 32/20 (Reforma Administrativa) e, também, da Emenda Constitucional 95/16, que impõe o Teto dos Gastos. 


A defasagem salarial de 27%, referente à inflação acumulada durante o governo Bolsonaro, para todas as categorias do serviço público foi outro assunto discutido durante a reunião, assim como a cobrança de reajuste salarial.


As e os integrantes dos GTs ouviram as e os representantes das entidades e informaram que o futuro governo se comprometeu, já em 2023, a arquivar a PEC. Também disseram que contará nos relatórios de ambos os grupos a recomendação da retomada imediata das mesas de negociações com as entidades representativas das servidoras e dos servidores públicos.

 

No fim da tarde de terça-feira, o Fonasefe organizou uma coletiva de imprensa online no auditório Marielle Franco, localizado na sede do ANDES-SN. Luiz Henrique Blume, 3º Secretário do ANDES-SN, destacou que a reunião foi um passo em direção ao diálogo com o novo governo. Entretanto, é preciso manter a unidade e a mobilização das categorias em defesa dos salários, da carreira e da democracia, que ainda está sob risco. “Compreendemos a importância dessa reunião no sentido de reestabelecer o diálogo civilizatório com o novo governo que se apresentou para dialogar com as entidades representativas do serviço público sobre as nossas reivindicações. Porém precisamos avançar em relação aos recursos previstos na Lei Orçamentária Anual de 2023 para o reajuste das servidoras e dos servidores públicos e não será fácil. A unidade do Fonasefe, nos últimos quatro anos, foi de suma importância, colocamos pautas em comum, em alguns momentos recuamos porque não havia consenso sobre alguns temas, mas mesmo assim conseguimos construir uma grande unidade em defesa da democracia e na derrota de Bolsonaro nas urnas. Agora precisamos manter essa mobilização para que possamos reconstruir o país de forma democrática”, analisou Blume.

 

Fonte: Andes-SN

Segunda, 12 Dezembro 2022 14:14

 

Entidades nacionais da educação, entre elas o ANDES-SN, saíram às ruas na quinta-feira (8) em uma atividade contra os bloqueios no orçamento da Educação que afetam diretamente o funcionamento das instituições de ensino superior no país. Falta recurso para o pagamento de contas de água, luz, segurança, contratos terceirizados e até para manter restaurantes universitários (RU).

Estudantes, docentes, técnicas e técnicos protestaram em diversos locais do país como em Brasília (DF), Curitiba (PR), Salvador (BA), São Paulo (SP), Goiânia (GO), entre outras cidades do Brasil, contra o mais novo corte de R$ 344 milhões na educação, feito pela equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes, por meio do Decreto 11.269/22, que voltou a bloquear os recursos das universidades e institutos federais. Além dos sucessivos cortes e confiscos feitos nos recursos destinados ao Ministério da Educação durante os quatro anos do governo de Jair Bolsonaro (PL). Os novos bloqueios atingiram ainda o pagamento de mais de 200 mil bolsas destinadas a estudantes de mestrado, doutorado e pós-doutorado da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Após os protestos, o ministro da Educação, Victor Godoy, anunciou em sua rede social a liberação de R$ 460 milhões para despesas discricionárias da Educação e que o pagamento das bolsas da Capes vai acontecer até terça-feira (13).

Na capital federal, as e os manifestantes começaram a se concentrar em frente ao Ministério da Educação, na Esplanada dos Ministérios, por volta das 16h. Depois seguiram em passeata em direção ao Congresso Nacional. O ato em frente ao MEC contou com várias entidades presentes, entre elas o ANDES-SN, a Associação Nacional da Pós-graduação (ANPG), a União Nacional dos Estudantes (UNE), União Brasileira dos Estudantes Secundarias (Ubes), além de entidades locais, como a Adunb, que é seção sindical do ANDES-SN na Universidade de Brasília (UnB). Na Unb, o confisco feito pelo governo de R$ 17 milhões do orçamento da universidade inviabilizará o pagamento de bolsas de milhares de estudantes e de bolsistas de residência médica, dos serviços terceirizados, entre outros.

Para Erlando Rêses, professor da UnB e integrante do coletivo ANDES-SN de Luta e pela Base, e que esteve no ato em frente ao MEC, as manifestações de quinta (8) apontam para todos os ataques deferidos pelo atual governo. ''Nos últimos quatro anos lidamos com perseguição política a docentes, linchamentos públicos, fortalecimento e intenção de aprovação do projeto Escola sem Partido, além dos severos cortes no orçamento da educação que praticamente inviabilizaram atividades básicas das universidades, institutos e cefets. Foram diversos ataques que causaram a descontinuidade de políticas públicas e que passaram a atender as demandas do mercado. Com isso, estamos em luta pela revogação da EC 95 e é por isso que ocupamos o Brasil'', comenta Erlando.

Estados

O novo ataque promovido pelo governo de Jair Bolsonaro (PL) fez com que os caixas da Universidade Federal de Pelotas (Ufpel) e do Instituto Federal Sul-rio-grandense (IFSul) zerassem, segundo as instituições. Em resposta, estudantes da Ufpel ocuparam o Campus II da universidade pelo fim do desbloqueio do orçamento financeiro e dos cortes orçamentários.  Além da ocupação, as e os estudantes da Ufpel junto com do Ifsul foram às ruas do centro da cidade para reforçar que não ficarão de braços cruzados enquanto Jair Bolsonaro tenta destruir a educação pública.

De acordo com o movimento, a situação é extremamente séria, pois afeta diretamente a permanência de muitos estudantes na universidade e a sobrevivência na cidade. Conforme contam, muitos dos aluguéis já venceram ou vencem esta semana e não há como conseguir dinheiro para cobrir o valor dos auxílios que foram retirados. 

A situação da Universidade Federal de Santa Maria (Ufsm) também é preocupante. Em nota, a Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis apontou para uma situação caótica na universidade neste final de 2022, caso os cortes não sejam revertidos.  Além das bolsas estudantis, os restaurantes universitários e as casas de estudantes também correm o risco de parar tendo em vista o não pagamento dos contratos de serviços de alimentação no mês de dezembro. No momento, na Ufsm, são servidas cerca de 10 mil refeições diárias entre café, almoço e jantar.

Um ato público contra os cortes ocorreu em frente ao RU da universidade, na quarta-feira (7). Integrantes da diretoria da Seção Sindical dos Docentes da UFSM (Sedufsm SSind.) participaram do protesto, repudiando a postura irresponsável do governo Bolsonaro.

Um grupo de estudantes da Universidade Federal de Sergipe (UFS) realizou vigília durante todo o dia de quarta-feira (7), no pórtico da reitoria, no campus de São Cristóvão em protesto contra os bloqueios de verba no Ministério da Educação no orçamento de 2022.

No Rio de Janeiro, uma plenária contra os cortes de verba no orçamento reuniu a comunidade acadêmica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). De lá, as e os manifestantes seguiram em passeata até a praça Cinelândia, localizada no centro da cidade. Os cortes impactarão os grupos mais afetados como as trabalhadoras e os trabalhadores terceirizados e as e as e os estudantes que ficaram sem as bolsas.

Ocorreram ainda assembleias estudantis para a construção de mobilizações nas universidades Federal do Espírito Santo (Ufes)  e Federal da Integração Latino-Americana (Unila) que contou com a participação de Rivânia Moura presidenta do ANDES-SN.

Para Rivânia, os ataques contra os orçamentos das universidades não são movimentos aleatórios e fazem parte do projeto de um governo fascista que tenta acabar com a educação pública no Brasil. "É urgente e necessário que a gente pare as universidades, os institutos e cefets. Sem comida, sem transporte, sem restaurante universitário e sem moradia não há como estudar e essa luta não pode ser apenas das estudantes e dos estudantes. Essa luta precisa ser dos trabalhadores da educação, mas também de outros sindicatos, movimentos sociais e populares que precisam entender que a defesa da educação pública tem que ser necessariamente uma defesa da classe trabalhadora porque o direito de estudar foi negado historicamente a nossa população, assim como o direito de sonhar está sendo nos roubado todos os dias. Por isso seguiremos em luta", ponderou Rivânia.

 

Fonte: Andes-SN (com informações das seções sindicais do ANDES-SN e Andifes)