Congresso Mundial contra o Neoliberalismo chega ao fim e aprova chamamento internacional à luta
Após quatro dias de debates intensos, profundas trocas e compartilhamentos de experiências e dores na luta em defesa da classe trabalhadora e da juventude contra os ataques do Capital, chegou ao fim na quinta-feira (14) o III Congresso Mundial contra o neoliberalismo na Educação. O Congresso foi realizado no Rio de Janeiro de 11 a 14 de novembro, mas manteve atividades até o dia 16, quando aconteceram visitas a movimento sociais e comunidades do Rio de Janeiro.
Nas declarações finais, foi reafirmada a urgência na construção da unidade entre os movimentos sindical, estudantil, sociais e de toda a classe trabalhadora no enfrentamento aos ataques do neoliberalismo – em suas mais diversas formas – sobre a Educação.
Em sua fala final, o presidente do ANDES-SN, Gustavo Seferian celebrou as participações vindas das mais diversas partes do Brasil e das Américas, bem como da Europa. “Saímos certos de que temos muito a construir de forma unitária. É fundamental balizar nossas ações pelos pontos comuns, respeitando a diversidade de tradições políticas, sociais e culturais. A riqueza dessas diferenças fortalece nossa luta por uma educação emancipatória, internacionalista e anticapitalista”, apontou Seferian.
O presidente do ANDES-SN continuou. “A luta educa e cada experiência nos prepara para os desafios futuros. As tarefas apontadas serão cumpridas por cada entidade, movimento e organização. Pelo Sindicato Nacional, destacamos avanços qualitativos em relação ao segundo congresso, especialmente com a presença do movimento estudantil, que, mesmo com diferenças nas disputas internas, construiu aqui um caminho comum”, acrescentou.
Como resultado dos debates, o Congresso aprovou uma Declaração Final na qual destaca a discussão sobre a importância das questões raciais, de gênero e de classe na construção de uma educação emancipadora, na qual os sindicatos dos trabalhadores e das trabalhadoras da educação e o movimento estudantil organizado desempenham um papel central.
O documento aponta ainda os riscos da digitalização acelerada dos sistemas escolares e universitários, que não é acompanhada de equidade social e de um aumento do financiamento público para a educação. A avaliação é que uma educação híbrida sem que o Estado financie a conexão à internet e forneça equipamentos adequados, para trabalhadoras e trabalhadores da educação e estudantes, constitui um novo modelo de privatização educacional.
A declaração assevera ainda que a defesa da laicidade, da liberdade de ideias, da educação sexual integral, do direito de decidir livremente sobre nossos corpos e do reconhecimento da diversidade sexual, étnica e das negritudes está seriamente ameaçada pelo neoconservadorismo educacional.
Para conhecer a íntegra da Declaração Final do III Congresso Mundial contra o Neoliberalismo na Educação, clique aqui.
Apelo mundial à resistência
O III Congresso Mundial também aprovou um apelo para impulsionar um processo internacional de articulação sindical e gremial dos trabalhadores e trabalhadoras da educação junto ao movimento pedagógico, das educações populares e estudantil na construção conjunta de resistências antineoliberais e anticapitalistas.
O chamado propõe a convergência de perspectivas entre sindicatos, organizações gremiais, movimentos estudantis e de juventudes, coletivos de educações populares e pedagogias críticas, setores organizadores da educação não formal e autônoma, movimentos sociais da educação, grupos de educadores e educadoras indígenas, organizações com perspectiva de gênero e diversidades sexuais, que compreendem a importância de consensuar posições e coordenar esforços em defesa da educação pública e contra o neoliberalismo na Educação, bem como a ofensiva capitalista sobre os sistemas escolares e universitários.
O documento se apresenta como proposta às entidades e organizações das resistências educacionais que participaram do III Congresso Mundial contra o Neoliberalismo na Educação, assim como a todos os coletivos ao redor do mundo que lutam pelo direito à educação pública presencial. "Fazemos isso com o pedido expresso para ser avaliada a adesão à iniciativa nos próximos meses, antes da Conferência Internacional de abril de 2025, que será realizada no México, onde avançaremos na construção de um plano de ação", afirma o texto.
A íntegra do chamado pode ser lida aqui.
Resoluções, manifestos e declarações
O III Congresso Mundial também aprovou, ainda, resoluções, moções, declarações e manifesto, que podem ser acessados a seguir:
- Manifesto contra a criminalização da luta pela educação no Rio de Janeiro
- Comunicado Solidário III Congresso Mundial com o SIMTA
- Manifesto em solidariedade ao Professor Adriano Gomes da Silva
- Manifesto do III Congresso Mundial contra o Neoliberalismo na Educação sobre a reunião do G20
IV Congresso Mundial contra o Neoliberalismo na Educação
Outra importante deliberação aprovada pelo plenário foi a construção do IV Congresso Mundial contra o Neoliberalismo na Educação, para 2026. Já em abril do próximo ano ocorrerá, no México, a Conferência Organizativa que viabilizará o IV Congresso.
Assista aqui todo o debate da última mesa do III Congresso Mundial contra o Neoliberalismo na Educação.
Fonte: Andes-SN
Começa o III Congresso Mundial contra o Neoliberalismo na Educação no Rio de Janeiro
Evento foi organizado pelo ANDES-SN junto com estudantes e entidades da Educação Pública
A Internacional Socialista foi a nota de abertura do III Congresso Mundial contra o Neoliberalismo na Educação, na tarde desta segunda-feira (11), no Teatro Odylo Costa Filho, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). O evento, que conta a participação de militantes sociais, estudantes, trabalhadoras e trabalhadores da educação de diversos estados do Brasil e dezenas de países, discutirá até domingo (17), a luta e a resistência aos ataques neoliberais e à mercantilização e financeirização da educação em todo o mundo.
A mesa de instalação foi coordenada por Raquel Dias, 1ª vice-presidenta do ANDES-SN, que reforçou a importância das presenças de todas e todos, na perspectiva de construção da resistência aos ataques neoliberais sobre a educação pública, e por Luz Palomino, da organização Otras Voces em Educación, com sede no Panamá, que trouxe o histórico da luta contra o processo de mercantilização da educação pública que resultou, em 2020, na primeira edição do Congresso Mundial contra o Neoliberalismo na Educação, em plena pandemia de Covid-19. As edições seguintes aconteceriam em 2023 na cidade do Panamá e Rio de Janeiro, em 2024. Palomino também apontou a temática que estará em discussão neste Congresso.
Representando o ANDES-SN, a 1ª tesoureira Jennifer Webb falou da importância desse debate neste momento, numa conjuntura que está cada vez mais pressionando as categorias da educação. “Entendemos que esse evento é fundamental não só para a categoria docente, mas sobretudo para a organização de todos os que defendem a educação pública. A participação do ANDES-SN foi uma deliberação da nossa base, que conta com cerca de 70 mil filiados. Estamos aqui não só como direção, mas há diversas seções sindicais representadas. Isso demonstra a convicção de colocar o ANDES-SN a serviço desta luta com técnicos, estudantes e todos(as) que seguem no caminho da resistência, construindo um caminho de resistência”, afirmou.
Ao finalizar, Jennifer Webb lançou um alerta feminista quanto à tentativa de votação, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJC) da Câmara dos Deputados, de projeto do ex-deputado Eduardo Cunha, que tenta proibir qualquer tipo de aborto no Brasil, mesmo aqueles previstos em lei. “Isso afeta diretamente o direito de todos aqueles e todas que gestam e nós não podemos permitir isso. Seguiremos resistindo para que todos aqueles e aquelas que gestam possam tomar decisão sobre seus próprios corpos”, asseverou, ao passo que a plateia respondeu com a palavra de ordem “Criança não é mãe, estuprador não é pai.”.
Para a coordenadora do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica (Sinasefe), Laryssa Braga, o III Congresso já é um marco histórico da luta pela educação pública. “O encontro é um ato de resistência e mostra que nos manteremos unidos contra o avanço da extrema-direita no mundo inteiro. Teremos tempos ainda mais difíceis do que agora. Especialmente para a educação no Brasil, com nosso orçamento cortado para servir o capital e a lógica neoliberal. A educação não resolve todos os problemas sociais mais é fundamental para construir essas resoluções”, sintetizou.
Representando a Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil (Fasubra), o servidor Francisco de Assis dos Santos defendeu ser preciso avaliar e fortalecer as estratégias para combater não só o neoliberalismo, mas também as formas como ele têm se diluído nas populações mais pobres.
Amanda Moreira, presidente da Associação de Docentes da Uerj (Asduerj seção sindical do ANDES-SN), anfitriã do evento, falou da alegria da Uerj sediar Congresso. “Somos uma universidade popular. Temos um perfil composto por filhos e filhas da classe trabalhadora e esse ano passamos por muitos desafios, advindos do subfinanciamento que enfrentamos ano a ano. E neste, especificamente, contamos com uma importante luta dos estudantes para garantir a sua permanência. Precisamos, de fato, nos organizar enquanto trabalhadores e estudantes, para enfrentar essa lógica neoliberal tão perversa. Construir essa contra-hegemonia é uma tarefa que está posta para nós que estamos aqui hoje”, concluiu.
Representando a Otras Voces, Luis Bonilla avaliou ser esta edição do Congresso Mundial contra o Neoliberalismo na Educação, um reforço singular na América Latina e no mundo para poder pensar a qualidade da educação em uma conjuntura tão difícil que se apresenta. Evocando Gaza, o professor reforçou a denúncia do maior genocídio cometido na atualidade, os ataques de Israel contra o povo palestino.
Bonilla finalizou cumprimentando as delegações que estão Rio de Janeiro, vindas dos Estados Unidos, do México, da Costa Rica, do Panamá, da Colômbia, da Argentina, da Venezuela, Uruguai, Paraguai, do Chile, Porto Rico e as participações, por vídeo, da Espanha, Inglaterra, Suécia e Escócia.
Também participaram da Instalação do III Congresso a servidora Vanderlea Aguiar, representado o Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Estado do Rio de Janeiro (Sepe-RJ), a estudante Brenda Amorim do Diretório Central dos Estudantes da UFF e Thaís Raquel, representando a União Nacional dos Estudantes (UNE).
A íntegra da transmissão desse primeiro dia de trabalho do III Congresso Mundial, que contou ainda com uma conferência de abertura e a mesa “Palestina: Clamor pela paz e denúncia do genocídio na Faixa de Gaza”, você pode assistir clicando aqui.
Durante a instalação do III Congresso Mundial contra o Neoliberalismo na Educação também foi lançado o InformANDES Especial "As Lutas da Educação", editado também em Português e Espanhol, que pode ser acessado aqui.
A programação detalhada você acessa aqui: em Português e em Espanhol
Fonte: Andes-SN (cm apoio da Comunicação da Asduerj SSind. Fotos: Eline Luz/ Imprensa ANDES-SN)
De 11 a 17 de novembro, a capital fluminense receberá o III Congresso Mundial contra o Neoliberalismo na Educação. O evento, que será sediado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), é organizado pelo ANDES-SN em conjunto com Sinasefe, Fasubra, Apeoesp, Sepe/RJ, Associação de Docentes da Uerj (Asduerj Seção Sindical do ANDES-SN) e, ainda, a entidade Outras Vozes da Educação, que organiza internacionalmente a atividade.

Este congresso mundial tem como tema central “a unidade dos/as trabalhadores/as docentes em defesa da Educação Pública”. A atividade será um espaço para reunir diferentes categorias do setor da Educação, estudantes e representantes de movimentos sociais e sindicais em um espaço para continuar construir um tecido social de resistência às agendas do neoliberalismo e, ao mesmo tempo, fortalecer a educação pública mundial.
“Com muita honra e muita alegria nós vamos sediar esse importante evento, especialmente nesse contexto de décadas de neoliberalismo na educação, de políticas neoliberais na educação levadas a cabo pelo empresariado, especialmente no Brasil, mas não só. É importante que a gente consiga articular essa luta com trabalhadores e estudantes”, afirmou Amanda Pereira, presidenta da Asduerj SSind.
A programação do Congresso prevê oito mesas, dentro dos eixos educacional e sindical, que vão abordar temas como Questões raciais, gênero e classe; Territórios e crise climática; Grêmios, sindicatos e transformação social; Digitalização, Inteligência Artificial, EAD e desafios educacionais; Internacionalização, avaliação e inclusão; Organização de classe e democracia, uma relação conflitiva?; Projetos conservadores em educação, violência, homeschooling e laicidade; e Sindicatos, grêmios e movimentos sociais. Estão previstas também diversas atividades autogestionadas, além de atos políticos e culturais.
De acordo com Jennifer Webb, 1ª tesoureira do ANDES-SN que participa da organização do evento, mais de 40 delegações internacionais já estão confirmadas. “Estamos aqui para convidar as nossas seções sindicais a participar desse evento”, afirmou durante a apresentação do congresso às e aos participantes do 15º Conad Extraordinário do Sindicato Nacional.
“Uma solicitação, por parte daquilo que é constituição do ANDES-SN, é que as seções sindicais também possam fomentar, juntamente com o movimento estudantil, essa ida desses estudantes para esse evento. E esse também é o momento da gente, enquanto sindicato, dar apoio e incentivar o conjunto do movimento estudantil a participar desse Congresso”, acrescentou Jennifer.

As inscrições são gratuitas e serão emitidos certificados de participação para 40 horas acadêmicas. Trabalhadores/as da Educação podem se inscrever clicando aqui. Estudantes podem se inscrever clicando aqui.
Confira a programação do III Congresso Mundial contra o Neoliberalismo na Educação (sujeita a pequenos ajustes)
SEGUNDA, 11 de novembro
13h às 15h – Credenciamento
15h às 18h - Instalação do Congresso
18h - Ato político de instalação do Acampamento dos Estudantes
19h – Ato político Cultural com presença do coral da Uerj – Altivoz
TERÇA, 12 de novembro
9h às 12h- Mesas temáticas
Eixo Educação - Mesa 1: Questões raciais, gênero e classe
Eixo Educação - Mesa 2: Territórios e crise climática
Eixo sindical - Mesa 3: Grêmios, sindicatos e transformação social
ALMOÇO
14h30 às 17h30 – Mesas Temáticas
Eixo Educação - Mesa 4: Digitalização, Inteligência Artificial, EAD e desafios educacionais
Eixo Educação - Mesa 5: Internacionalização, avaliação e inclusão
Eixo Sindical - Mesa 6: Organização de classe e democracia, uma relação conflitiva?
17h30 às 19h – Atividade Cultural - Fanfarras – Honk.
Apresentação de livros, vídeos, cartazes.
19h às 21h – Atividades autogestionadas do Acampamento dos Estudantes
QUARTA, 13 de novembro 2024
9h às 12h – Mesas temáticas
Eixo Educação - Mesa 7: Projetos conservadores em educação, violência, homeschooling e laicidade
Eixo Sindical - Mesa 8: Sindicatos, grêmios e movimentos sociais
ALMOÇO
14h30 às 18h - Apresentação de informes nacionais de luta contra o neoliberalismo na educação
18h às 20h – Atividades autogestionadas do Acampamento dos estudantes
QUINTA, 14 de novembro
9h às 11h - Continuação da apresentação de informes nacionais de luta contra o neoliberalismo na educação
11h às 12h - Atividades autogestionadas do Acampamento dos estudantes
ALMOÇO
14h às 15h - Leitura de acordos, resoluções e da Declaração Final do Congresso. Fechamento e apresentação do local para o IV Congresso Mundial contra o Neoliberalismo na Educação
17h às 19 h - Reunião de delegações dos sindicatos.
19h – Ato-show (atração a confirmar). Abertura do show com “Ah Banda!”
SEXTA, 15 de novembro
8h às 19h - Atividades autogestionadas
SÁBADO, 16 de novembro
Visita a espaços dos movimentos sociais e culturais do Rio de Janeiro, a partir de roteiros e sugestões fornecidas pela organização do evento.
DOMINGO, 17 de novembro
Retorno das delegações nacionais e internacionais
Fonte: Andes-SN