Quarta, 22 Julho 2015 08:25

Artigo enviado pelo Prof. Jose Domingues de Godoi Filho, intitulado SELICpor Silvio Caccia Bava, em anexo. 

Olá, Pessoal.

Uma bela e contundente análise (em anexo) de motivos que se somam às nossas justificativas para a continuidade da greve em busca de nossas reivindicações.São argumentos importantes para não nos curvarmos frente às indecorosas propostas do governo. Resistir nunca foi tão necessário.
Trata-se do Editorial do Le Monde Diplomatique, edição de julho 2015, escrito  por Silvio Cássia Bava com o título de“Selic” :
- “Se tomarmos como referência a taxa Selic de dezembro de 2014, veremos que até junho de 2015 ela subiu de 11,75% para 13,75% ao ano. Esse crescimento de dois pontos percentuais sobre uma dívida pública federal de R$ 2,451 trilhões representa um pagamento extra dos juros da dívida da ordem de R$ 49 bilhões – valor pouco menor do que o ministro Levy se esforça por amealhar com os cortes nos gastos federais.
Como podemos então compreender essa engenharia, segundo a qual o governo corta fortemente as políticas sociais e reduz o orçamento de todos os ministérios para reunir algo como R$ 60 bilhões com vistas a garantir os recursos para pagar os juros da dívida pública federal e, ao mesmo tempo, aumentando a Selic, eleva o gasto público em R$ 49 bilhões?”
Na UFRJ, de acordo com projeção apresentada pela administração central, o déficit da universidade pode bater a casa dos R$ 300 milhões até o final do ano. “Isso contando com o orçamento cheio, sem cortes”, frisou o reitor Roberto Leher. 
E na UFMT, qual é a situação? E nas demais IFE? Fica como sugestão para o CNG e os CLG’s, se for o caso, apurarem.
Não deixem de ver também a didática entrevista de Amir Khair na edição de junho de 2015 do Le Monde Diplomatique Brasil. http://www.diplomatique.org.br/artigo.php?id=1881.
Abraços e boas reflexões.

Prof. José Domingues

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Terça, 21 Julho 2015 09:18

 

JUACY DA SILVA*

Em pouco mais de dois anos  e quase quatro meses, o Papa Francisco  faz mais uma viagem internacional, desta vez aos  três países com maiores índices de pobreza, indígenas  e seus descendentes da América do Sul: Equador, Bolívia e Paraguai, bem no coração do continente.

Nessas viagens Francisco  tem aproveitado tanto para dialogar com a própria igreja, que sofre  quanto para levar suas mensagens de fé, de esperança, de justiça, de equidade e caridade; avivando a fé de milhões de católicos, quanto para abrir e aprofundar um diálogo inter-religioso e intersocial.

Suas recentes cartas apostólicas e Encíclicas não deixam dúvida que aos poucos está revolucionando tanto as estruturas da Igreja quanto as práticas de evangelizar. No diálogo interno, com o mundo católico, tem estimulado a discussão  sobre temas  até  então proibidos ou que eram tratados de forma velada, jamais com a coragem e ao mesmo tempo com a humildade que Francisco  trata dos mesmos.

Temas como o sacramento da comunhão para os separados ou recasados; a questão do homossexualismo, do celibato, a questão dos padres  casados, o papel dos leigos e leigas na igreja, a pedofilia que denigre clérigos e a Igreja, a corrupção no Banco Vaticano e na própria Igreja não tem escapado aos olhares e orações de Francisco, este papa que veio do fim do mundo, como ele mesmo o disse ao ser escolhido para ocupar o Trono de São Pedro.

Depois do papado de Gregório III, que governou a Igreja Católica entre 731 e 741, nascido na Síria, são mais de 1.270 anos que um papa não europeu é escolhido.  Francisco foi o primeiro  papa do continente Americano, da América Latina e do Sul  e também o primeiro papa jesuíta a assumir o trono de São Pedro, escolhendo muito apropriadamente  o nome em homenagem  a São Francisco de Assis, o santo dos pobres e do meio  ambiente.

Talvez por todas essas  razões podemos entender a urgência que Francisco trabalha  para dar uma nova cara para a Igreja, um pouco mais comprometida com o destino dos pobres, dos excluídos, sua condenação às práticas de violência e preconceitos, as guerras, os conflitos e a prepotência  dos governantes e o materialismo dos portentados. De nada adianta amealhar poder e riqueza,  nada disso é levado ao final de nossa vida aqui na terra, parece querer dizer Francisco em suas mensagens, por isso  sua ênfase na caridade, na equidade , na justiça social e na solidariedade e nos cuidados com a natureza.

Aos líderes nacionais e internacionais ele os exorta às boas práticas da governança, o uso do poder para promover ações voltadas  aos pobres e não para  enriquecerem ainda mais os ricos. Por  tabela  faz uma condenação constante a corrupção no governo, na sociedade e na Igreja. Aos ricos ele os exorta para que sejam mais humildes, menos prepotentes, menos egoístas, menos materialistas e a ajudarem a cuidar das obras da criação, onde o meio ambiente merece  um grande destaque. Foi neste sentido que escreveu recentemente a chamada ENCÍCLICA VERDE, para que todos tenhamos um pouco mais de respeito e cuidado com o meio ambiente, reduzindo o consumismo e a degradação ambiental.

Nesta viagem a América  do Sul, em  um de seus pronunciamentos na Bolívia,  talvez movido pela compaixão frente à pobreza e exclusão social, econômica e política, Francisco enviou um duro recado tanto aos países ricos quanto aos ricos que exploram os pobres ao condenar de forma explícita o capitalismo, pela forma como o mesmo continua explorando o povo e disse que a economia  precisa  ser mais solidária  e humana, ou seja, precisamos colocar limites na busca desenfreada pelo lucro. Neste contexto voltou a condenar a destruição do meio ambiente na busca desenfreada por resultados imediatistas,  esquecendo-se de que o passivo ambiental acabará sendo pago por todos, principalmente, pelos mais pobres e as gerações futuras.

Francisco  fala mais diretamente ao coração dos pobres, razão pela qual  é tão aplaudido em todas as suas viagens, inclusive a que fez ao Brasil e nesta atual aos países mais pobres da América do Sul. Oxalá  também os poderosos, os governantes e as elites que se dizem cristãos  e a maioria desses que se dizem católicos ouvissem e praticassem o que Francisco  tem dito. Com  certeza o mundo, nossos países e nossas sociedades seriam muito melhores, livres das mazelas que tanto infelicitam o povo,  principalmente os menos afortunados.

Suas mensagens  também  são dirigidas diretamente à Igreja para que volte-se mais  voltem- aos pobres, os  humildes e  excluídos, razão maior de seu pontificado. Nossos países , o mundo e a Igreja tem muito a aprender com Francisco.

*JUACY DA SILVA, professor universitário, fundador, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia. E-mail O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Twitter@profjuacy Blog  www.professorjuacy.blogspot.com

Terça, 21 Julho 2015 07:38
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Terça, 21 Julho 2015 07:36

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Quinta, 16 Julho 2015 07:17

Benedito Pedro Dorileo 

O destino muitas vezes centenário das bibliotecas na humanidade foi sempre o de compor a base educacional do povo, fecundando a sabedoria para a liberdade e a cultura para o avanço do conhecimento. Destinam elas, ademais neste século XXI, com ofertas de mídias digitais e redes sociais com meios compartilhados, compor o arsenal de afinação da inteligência, do avigoramento da ciência e da tecnologia.

Temos, em Cuiabá, a biblioteca pública estadual, criada em 26 de março de 1912, encimando o nome de Estêvão de Mendonça, com 120 mil títulos, organizada no Palácio da Instrução, que ali deve permanecer sempre. Ainda, a biblioteca municipal Manoel Cavalcante Proença; outra na Universidade de Cuiabá, tantas no Estado, como na Universidade Estadual, com sede em Cáceres, a do Centro Universitário de Várzea Grande, bibliotecas das Faculdades regionais, das particulares, e ainda as dos Colégios. A Academia Mato-Grossense de Letras e o Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso estabeleceram dever a Casa Barão de Melgaço abrir permanentemente as portas da sua biblioteca.

Por razão memorativa, neste ano de 2015, há de ser considerada a Biblioteca Central da Universidade Federal de Mato Grosso, em seus 35 anos de organização, em 1980, no campus-sede, em Cuiabá. Suas raízes estão fincadas, ora na antiga Faculdade Federal de Direito, que, em 2014, completou 80 anos, quando das primeiras clarinadas jurídicas na Praça da República, em 1934; ora no Instituto de Ciências e Letras, criado em 1966, com cursos de graduação distribuídos em diversos prédios públicos cedidos provisoriamente na capital mato-grossense, para onde acorriam estudantes e professores. Todos eles embalados na campanha pela Universidade Federal.

Na iniciante UFMT, em 1971, sacrificamos salas de aula para reunirmos os acervos, participando os estudantes, até que, em 5 de março de 1980, houve a instalação definitiva da biblioteca central com sede própria, em ampla área construída. Nesse ano, regulamentou-se a biblioteca regional do campus de Rondonópolis. Foi a primeira diretora, Dinalva Gomes de Paiva, que programou e difundiu a Feira do Livro Universitário Latino-Americano – Flula.

No dia em que o edifício da administração superior for levantado, com previsão ‘ab ovo’ na vertical, a biblioteca central retomará o espaço de ocupação. Devem ser lembradas as aquisições e doações de acervos bibliográficos particulares, como a doação da biblioteca do professor Cesário Neto, com 2.800 obras de Linguística e de Literatura, inaugurando a sala especial em memória do poliglota, filósofo e filólogo; como também a sala Rubens de Mendonça, com obras do historiador.

Nos dias que correm, a biblioteca central tem as portas cerradas com vedação imposta pela greve, a provocar clamor da população cuiabana. O movimento paredista, reincidente para conquista de meios e recursos, desenvolve sua programação à procura de resultados; todavia, pode logo devolver o funcionamento do universo dos livros – abrir as três portas para ingresso dos consulentes, universitários ou não.

No alvorecer do campus em Cuiabá, em 1970, sementes foram lançadas, brotaram árvores, nasceram jardins, precedendo à biblioteca. Marco Túlio Cícero, filósofo, tribuno e estadista romano (106-43 a.C.) proclamou: ‘se tiveres uma biblioteca com jardim, terás tudo’. Manda a inteligência que a barricada seja afastada dos portais da biblioteca central. Facultem o retorno para o encantado namoro da mocidade com os livros, já enfadonha pelo amor da distância. Livro aberto é cérebro que fala. Professor também é estudante um grau a mais. Que a esperança não morra nas praças infames da droga e da criminalidade.

Também é inteligente comemorar os 35 anos da biblioteca central da UFMT, revitalizando o campus desolado pelo silêncio, o qual pode ser interrompido pelo canto entoado por Castro Alves: ‘ Oh! bendito o que semeia / Livros à mão cheia / E manda o povo pensar’...                                                         

                                                                            Benedito Pedro Dorileo é

                                                                            Advogado e foi reitor da UFMT

Quinta, 16 Julho 2015 07:16

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Sexta, 10 Julho 2015 13:20

 

JUACY DA SILVA* 

Seguindo a mesma  “escola”  e formas de mistificar  a  realidade que seu criador  e antecessor ex-presidente Lula, a atual presidente Dilma, sempre que acuada pelas notícias, pelos meios de comunicação  e pela opinião pública  tenta desqualificar tanto as acusações quanto seus acusadores.

Parece  que ambos  são mestres na arte de dissimulação  e enrolação  através  de muitas lorotas e bravatas  como a que a mesma  acaba de proferir  em entrevistas durante sua atual viagem  aos EUA. Indagada  e bombardeada pelos jornalistas brasileiros e alguns estrangeiros quanto às denúncias feitas no andamento da operação LAVA-JATO, que apura o maior escândalo  de corrupção  na  história  brasileira, Dilma não se fez de rogada e disse “não  respeitar  delatores”.

Na  sequência  tentou comparar  as denúncias do Presidente  da UTC , uma  das grandes empreiteiras, que  é  acusado de ser o ‘presidente do clube das empreiteiras”  que até pouco tempo tinha livre acesso a gabinetes palacianos  e  ministeriais,  com  as  tentativas que os  agentes dos governos militares  no DOI/CODI tentavam  transformar presos políticos em delatores de “companheiros” que  lutavam contra o governo e o Estado naquela época.

Ninguém ignora que após deixar a presidência da República Lula  viajou algumas vezes em jatinhos da empreiteira Odebrecht  a  outros países onde a referida empreiteira  e outras mais tinham atividades e recebiam financiamentos do BNDES, os quais ainda estão encobertos por um manto de sigilo, verdadeiras operações secretas, que Dilma  vetou para que não se tornassem públicas  e transparentes.

Tal comparação não tem nenhuma relação e representa  uma distorção da história política e institucional brasileira e,  ao  mesmo tempo, é uma  agressão ao ordenamento jurídico estabelecido democraticamente, que oferece aos criminosos  tanto de colarinho branco quanto os bandidos cujos colarinhos são de outras cores, a colaborarem  com a justiça, mediante um acordo livre  e assistido por seus advogados, apresentando dados e informações que facilitem a justiça chegar a atos  praticados por outros criminosos que ainda não prestaram contas à justiça.

Com  certeza a OPERAÇÃO LAVA-JATO,  presidida pelo Juiz Federal Sergio Moro, tendo o apoio  do Ministério Público Federal e as ações  investigativas da Polícia Federal  deverão ir a fundo nessas  denúncias, doa a quem doer, como costuma dizer a Presidente Dilma,  e a verdade deverá vir a tona.

As  denuncias feitas pelo Presidente da UTC  e de outros presos pela operação LAVA-JATO,  não foram  feitas  sob tortura ou qualquer constrangimento, mas amparadas pela  legislação e princípios legais, constitucionais, não precisando a Presidente diga que caberá  a Justiça, ao  Ministério Público  e a Polícia Federal fazer, pois cabe a essas instituições apenas cumprirem  suas missões, investigarem e punirem os culpados.

Se houve dinheiro sujo nas campanhas de Lula, de Dilma e de outros políticos, isso é crime  e como tal  deverá  ser tratado  e os  responsáveis punidos com  os rigores da Lei, afinal vivemos em um Estado de direito e democrático, em uma República, onde todos devem ser tratados de forma igual, sem privilégios.  Está mais do que na hora de o Brasil acabar com a imunidade, o foro privilegiado, os privilégios dos governantes e portentados.  Só  assim o combate `a corrupção  será algo verdadeiro e não apenas para  “inglês  ver”. A denúncia  foi feita formalmente pelo presidente da UTC, cabe agora essas entidades irem a fundo nas investigações.

Desde a década de noventa, portanto há quase vinte anos, o Brasil é signatário de vários tratados internacionais aprovados pela ONU, OEA, OECD e outros mais, para que o combate `a corrupção seja  uma prática efetiva por parte dos governos nacionais.

Apesar disso, diversos casos escabrosos de corrupção, onde o MENSALÃO  e o PETROLÃO – LAVA JATO são os símbolos maiores, ocorreram e continuam a ocorrer durante  os mandatos  de Lula  e Dilma, atingindo figuras importantes de seus governos e do PT e outros partidos aliados no Congresso.

Com  certeza não será com bravatas e lorotas que os atuais donos de poder irão intimidar o Ministério Público, a Polícia Federal e muito menos juízes íntegros como o ex-Ministro Joaquim Barbosa e o Juiz  Federal Sérgio Moro. Estamos em plena  fase da operação “mãos limpas” tupiniquim. Praza  Deus que possamos passar nosso país a limpo e banir os corruptos e as práticas  de corrupção no Governo e meio empresarial como aconteceu na Itália há algumas décadas.

 

*JUACY DA SILVA, professor universitário, fundador, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia, articulista de A Gazeta, Email O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Blog www.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy

Quinta, 09 Julho 2015 08:14

Roberto Boaventura da Silva Sá

Dr. Jornalismo/USP; Prof. Literatura/UFMT 

Escrevi este artigo em clima do corajoso “oxi” (“não”, em grego) que o país-berço da democracia deu à zona do euro e ao próprio sistema, representado pelo FMI. O mundo capitalista está em pânico.

Ao contrário disso, enquanto novas denúncias de corrupção surgiam contra ministros do governo brasileiro, Dilma dizia um “sim” atrás do outro aos EUA de Barack. Na linhagem político-econômica das Parcerias Público Privadas, vários acordos foram firmados, inclusive para a educação.

Essa visita de Dilma me fez lembrar dos versos finais de “Quem dá mais” de Noel Rosa: “Quanto é que vai ganhar o leiloeiro// Que é também brasileiro// em três lotes vendeu o Brasil inteiro?

Mesmo diante de uma agenda política forte, falarei de algumas violências simbólicas que ocorreram recentemente em nosso país.

De tudo, destaco um adesivo contra a honra justamente de Dilma, as injúrias raciais contra a Maju do Jornal Nacional e as condenações à excelente crítica cultural que Zeca Camargo fez em torno do funeral e do tipo da “obra” de Cristiano Araújo.

O adesivo contra Dilma foi publicado no site da MercadoLivre. Trata-se de uma das mais grosseiras e ofensivas montagens que já vi. O rosto é da presidente. O corpo, possivelmente, é de uma mulher que poderia ter posado para alguma revista pornográfica.  

O adesivo foi produzido para ser colado na entrada do tanque de gasolina dos automóveis, de tal forma que aquele orifício fosse visto com uma vagina.

Para quem adquiriu o produto, ele serviria como uma forma de protesto contra o aumento do preço da gasolina. Injustificável.

De minha parte, sou crítico contumaz da política do governo Dilma/PT, acentuadamente ao que concerne à tal “Pátria educadora”. É raro eu considerar positivamente algum encaminhamento político de seu (des)governo. Linhas acima deste próprio artigo são provas disso.

Todavia, o decalque é repugnante. Ele depõe contra a própria noção de crítica.

Já os ataques que a nova apresentadora do tempo no JN sofreu no Facebook – por aproximadamente “cinquenta criminosos” – demonstram que ainda temos longo caminho cultural a percorrer no sentido de vencer as manifestações de injúrias raciais, ainda que sempre localizadas, como atesta, neste caso, a própria Globo.

Sobre essa questão, todos precisamos sonhar e lutar para a chegada urgente do dia em que nenhum brasileiro negro precise dizer que “Eu já lido com esta questão do preconceito desde que eu me entendo por gente”. Inaceitável.

Inaceitáveis também são as condenações públicas que o apresentador Zeca Camargo, também da Globo, tem recebido. Motivo: falou algumas verdades em torno do funeral e do tipo de música que Cristiano Araújo cantava.

Em suma, Camargo expôs, na Globo News, uma análise sobre nosso panorama cultural a partir da morte do cantor. Essencialmente, falou do exagero da cobertura da TV que acompanhou cada momento do velório e do enterro daquele jovem. 

Falou mais. Disse que não entendia a idolatria diante de "uma figura relativamente desconhecida"; que aquilo revelava a "pobreza da atual alma cultural brasileira".

Algum erro de análise?

Nenhum.

A prova do relativo desconhecimento do cantor foi dada por Fátima Bernardes e Marcela Monteiro, ambas da Globo. Elas confundiram Araújo com Ronaldo, jogador que também é Cristiano.

Confesso: também tive dificuldade semelhante. Ainda hoje troco Cristiano por Eduardo Araújo, nome de um cantor da jovem guarda, ainda vivo.

No tocante à "pobreza da atual alma cultural brasileira", pergunto: alguém ainda duvida disso?

Segunda, 06 Julho 2015 20:40

 

 

 

Benedito Pedro Dorileo 

Devíamos aliar a inteligência à criatividade para aprofundar o humanismo, pois, aquele tempo, mais do que o debate político, exigia doação e fervor. Não podia perecer a decisão do governo federal em instituir a Universidade Federal em Cuiabá, ainda no papel, para torná-la palpitante realidade – diante de fracassos de gestão em desperdiçar por incúria tantos programas advindos de Brasília. Enfrentando a empreitada, lembramos como âncora o escultor Augusto Rodin (França: 1840-1917), quando escreveu L’Art, em seu diálogo com Paul Gsell: ? ‘Hoje, a arte está ausente da vida cotidiana. Buscam a utilidade da vida moderna, esforçam-se para melhorar materialmente a existência, apenas’. Ao que Gsell rebateu: ‘Eu sei, mas desejo que este livro seja um protesto contra as ideias de hoje; que vossa voz desperte nossos contemporâneos para o amor à arte e à beleza’. Esta a inspiração: extirpar o marasmo e a bestealidade para produção do encanto do pensamento, robustecer os sentimentos para o serviço da implantação da Universidade, a pioneira. Precisávamos encontrar beleza até na cólera, como, na paisagem, a ave desfere o grito de guerra, para, desconhecendo a selvageria, identificar o belo.

Já se disse que Gabriel, o reitor da arrancada inaugural, tocava obra dia e noite, ensejando pensar que o trabalho só é bendito quando se realiza cantando. Dessa maneira, a vontade tinha dimensão acentuada no décimo ano da criação, em 1980. Urgia a cantante voz humana na desenvoltura dos esforços – dos laços que o amor arma brandamente (Camões). Foi que, na fremente colmeia, houve o alargar do voo em busca do banimento da descrença. – Felizes o povo, professores, técnicos e estudantes do Instituto de Ciências e Letras e da Faculdade Federal de Direito que acreditaram. Prevaleceu a premência do fazejamento pela angústia do tempo – fazer à toda brida.

A Orquestra Sinfônica Universitária iniciou os passos em 1974; muito cedo foram as suas raízes na banda sinfônica – resposta à desoladora baforada: ‘banda de música no interior é com prefeitura’. Com música erudita, em 1979, estava ela organizada, sob direção do maestro fundador, Konrad Wimmer, acolitado por Domingos Vieira de Assunção. Nenhuma ideologia ou escola literária exerceram influência, tampouco contribuíram, ainda que à distância na organização da OSU e do Coral Universitário. Foi arte pela arte.

Nasceu o Coral, em 29 de abril de 1980, visando à construção de um veículo de cultura musical do mais alto valor artístico, objetivando atuar como elemento de integração da universidade com a comunidade. Tanto Orquestra quanto Coral foram  organizados pelo vice-reitor, autor deste texto, mediante delegação de competência.

Tempo de inigualável inventividade, nas décadas de 1970 e 80, com editora, cineclube, núcleo de documentação e história regional, museus, biblioteca, audiovisual, departamento de artes, esportes e teatro. Sôfregas tarefas à procura de recomposição de energias na música e na revivescência das atividades culturais.

Buscamos almas solícitas, sob as virtuosidades de Peter Ens e Lydia Ens, o primeiro, o maestro fundador, admitidos como professores visitantes, dados os admiráveis currículos na arte musical e experiência vivenciada em Estados da Federação. Organizar um Núcleo Permanente foi ato ímpar com membros da comunidade universitária e da sociedade cuiabana. Para tanto, criamos o quadro de Colaborador de Ensino, convertido depois em Agente Didático. Privilegiada improvisação que deu certo. Como Agentes, tivemos figuras ilustres: Rubens de Mendonça, Pedro Rocha Jucá, Dunga Rodrigues e outros, além dos coralistas. Logo o Coral atinge 130 componentes, ganhando os estudantes partícipes incentivos de créditos nos estudos.

Em 5 de maio de 1980, Dia Nacional da Comunicação, houve apresentação inaugural em homenagem à memória do patrono, o cuiabano, marechal Cândido Mariano da Silva Rondon, um nome universal (nasceu em Mimoso, Santo Antônio, distrito na época, em 1865, do município de Cuiabá). O repertório avantajava-se progressivamente, cantando à ‘capella’ ou com a OSU. Ouvia-se o Hino de Mato Grosso, obrigatoriamente nos eventos cívicos. Também: O Coro dos caçadores, de Antônio Carlos Gomes; Jesus, alegria dos homens, de J. Sebastian Bach; Saudade de Matão, de Raul Torres e Galati. Ou Aleluia, de George F. Händel. E mais. Chegou-se ao Laboratório Coral em 1981, integrando instituições de ensino e cultura. Decorridos, neste 2015, os 35 anos de existência, o Coral Universitário da UFMT tem o condão de harmonizar trabalho e engenho artístico, integrar a formação do ‘homo totus’e liderar o canto coral em Mato Grosso, que muito tem expandido. 

                                                                            Benedito Pedro Dorileo é  

Advogado e foi reitor da UFMT.